quarta-feira, 29 de setembro de 2021

poesia o que me resta

 


poema

concreto

grosso

duro

ereto

 

a mulher dos sonhos

 é de carne e osso

tem sangue medula cabelo

ágora agora me aliviando

as tensões e pesadelos

 

embora onipresente oculta

nada sabe tudo de mim

teus olhos dois búzios safira

pétalas na carne de sal que me atira

ao mar das metáforas serafim

 

absurdo não saber que absinto

absurdo não saber o que absente

absurdo sentir como eu te sinto

magnética essa elétrica corrente

quando bebo tuas águas além mar

e as mágoas pro infinito vou levando

em teu corpo sempre hei de me lavar

 

ando

tão tenso

nesse tempo

estático


                                    Tropicalirismo

 

girassóis  - pousando

nu teu corpo – festa

beija-flor seresta

poesia fosse

esse sol que emana

do teu fogo farto

lambuzando a uva

de saliva doce

 

Poética 58

 

se a negritude ameríndia

do meu canto

lhe causa desconforto

insana criatura

com se assuste com essa química

isso se chama

SagaraNAgens Fulinaímicas

meu girassol de metáforas

 meu caldeirão de misturas




 talvez nem mesmo Rimbaude

soubesse o que  estava escrito

embora muitas vezes tenha dito

 

assim que ela me veio

tirei o freio dos pedais

 

 Rúbia Querubim  


o que vai

de um lado da ponte

a outra

é o que sai da boca

 

o que entra é língua

que entorta

beija sem pedir licença

chupa morde - atrevida

e os caninos  gozam

na entrada e na saída


                                            Le Gumes

para 

Jiddu Salanha e Tchello d´Barros

 

o gume da minha faca

está bem afiado

quando fura sangra

não é funk nem fake

é punk koereano

 

 era uma vez um país

na esperança de ser feliz

aí veio um infeliz e destruiu

 

               EuGênio Mallarmè




 poesia o que me resta

22 – 100  Anos depois

 

Meu poema esse objeto estranho

feito de ferro alumínio barro

 chumbo antimônio estanho

nuvem pesada

por cima de cabeças ocas

flecha de índio em tua cara pálida

o brasil perdeu o pau da brasa

destruiu a casa

minha vida

se não fosse poeta

não estaria enfiando

a faca na ferida

 

não pertenço a esta tribo

a(r)mada de verde amarelo

a minha tribo é muito mais sacana

fulinaímica sagarana

canibal tupiniquim

venho das matas Cacomanga

das plantações de aipim

 

antropofágico goytacá

em overdose NU vermelho

meu coração DuBoi tatá

Oswald de Andrade meu espelho

nos  roçados de mandioca

já fabriquei muita farinha

meu poema metrofágico

foi traduzido em Mandarim

dentro da aldeia carioca

sou Cordel Lua Madrinha

nos verões de fevereiro

nos carnavais do SerAfim

 

Artur Gomes

www.fulinaimargens.blogspot.com



Artur Gomes

FULINAIMICAMENTE

www.fulinaimcamente.blogspot.com

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