meta/fórica
ouço a música
nesse disco estrangeiro
a musa tem o nome: guanabara
no silêncio ela ri da nossa cara
a flor do mangue agora mora
onde seu leito jorra lama
por sua boca desdentada
peixe podre explode angra
em meu poema carNAvalha
naturalismo onde supunha
sal da terra no esgoto
eco sistema não interessa
ao senhor do mato grosso
agro-negócio é matadouro
soja pasto para os bois
o simbolismo da escrita é só metáfora
a concretude o modernismo vem depois
Artur
Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2019
Tem coisas que só
as bruxarias explicam
Quem me conhece pelo menos um pouco, e já leu Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade, sabe muito bem o porque da minha paixão por este personagem. O vejo como um Artur Gomes cagado e cuspido. Ali me encontro em tudo dele, as putarias, as sacanagens, inclusive também a profissão, tipógrafo de uma repartição pública.
Quase todas as pessoas que tem acesso a minha escrita, cita
Oswald, como uma de minha referências, e está corretíssima a afirmação, pois
desde 1983 quando criei a Mostra Visual de Poesia Brasileira, com o objetivo de
pesquisar e mostrar a produção poética contemporânea, em todas as suas multi
facetas e multi linguagens, Oswald é um dos poetas que até hoje povoam o meu
imaginário e permanece em minhas camas do desassossego.
Dia desses muito antes de ser anunciada essa premiação, estava
pensando a semana de 22, e refletindo sobre os 100 anos dela em 2002, que bate
a nossa porta com todas essas dúvidas que pairam no ar. Escrevi esse poema
acima, e nele a afirmação de ter em Oswald de Andrade o meu espelho.
Me lembro que, na semana de 1922, Fulinaíma, irmão de
Macunaíma, teria fugido numa caravana, escondido no capô do carro do Oswald de
Andrade.
Dizem que este foi um dos motivos pelo qual Mario de Andrade
(autor de Macunaíma e suposto criador de Fulinaíma) e Oswald, tiveram uma briga
fenomenal.
100 anos depois, o único descendente direto da linhagem de
Fulinaíma é o poeta Artur Fulinaíma, vulgo, Artur Gomes e que, por ironia do
destino, acaba de ganhar o prêmio Oswald de Andrade, confirmando assim, a tese
de que, segundo diria Vitálitas Maritákis, poeta e pensador grego (Tessalônica
1902), ainda vivo.
Esse, talvez seja, o mais importante prêmio literário do
Brasil, o que nos faz felizes por saber que a semente fértil de 1922 ainda
graça nos jardins poéticos de Campos dos Goytacazes e São Francisco de Itabapoana.
*
* Tartufo de Hollanda -
Crítico, especializado na obra de Vitálitas Maritákis, poeta e crítico grego,
nascido em 1902 e ainda vivo e lúcido.
O destino reservou a Artur Gomes o prêmio, que leva o nome do
seu "salvador” Oswald de Andrade.
Fulinaíma
MultiProjetos
(22)99815-1268 – whatsapp
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Studio Fulinaíma Produção Audiovisual
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