quinta-feira, 29 de junho de 2023

Sarau Cultural - As Multilinguagens no Museu


 Poema para Abertura do Sarau Cultural

As Multilinguagens no Museu- 4ª Edição - Dia 30 junho – 19h

No Museu Histórico de Campos

em memória de Kapi e Yve Carvalho

 

Pontal.Foto.Grafia

 

Aqui,

redes em pânico pescam

esqueletos no mar

- esquadras - descobrimento

espinhas de peixe convento -

cabrálias esperas relento -

escamas secas no prato

e um cheiro podre no

AR

 

caranguejos explodem

mangues em pólvora

Ovo de Colombo quebrado

areia branca inferno livre

Rimbaud - África virgem

carne na cruz dos escombros

trapos balançam varais

telhados bóiam nas ondas

tijolos afundando náufragos

último suspiro da bomba

na boca incerta da barra

esgoto fétido do mundo

grafando lentes na marra

imagens daqui saqueadas

Jerusalém pagã visitada

- Atafona.Pontal.Grussaí -

as crianças são testemunhas:

Jesus Cristo não passou por aqui

Miles Davis fisgou na agulha

 

Oscar no foco de palha

cobra de vidro sangue na fagulha

carne de peixe maracangalha

que mar eu bebo na telha

que a minha língua não tralha?

penúltima dose de pólvora

palmeira subindo a maralha

punhal trincheira na trilha

cortando o pano a navalha

- fatal daqui Pernambuco

Atafona.Pontal. Grussaí -

as crianças são testemunhas :

Mallarmé passou por aqui.

 

bebo teu fato em fogo

punhal na ova do bar

palhoças ao sol fevereiro

aluga-se teu brejo no mar

o preço nem Deus nem sabre

sementes de bagre no porto

a porca no sujo quintal

plástico de lixo nos mangues

que mar eu bebo afinal?

 

Artur Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

foto: Alice Lira 

leia mais no blog https://secretasjuras.blogspot.com/



Poema de Adriano Moura

Para a 4ª Edição do Sarau Cultural

As Multilinguagens no Museu

Dia 30 de junho 19h

no Museu Histórico de Campos

 

Porque não só rio

 

Porque me cortas a cidade

E o peito

Com águas e lembranças,

Deságuas nos meus olhos

Alegrias e detritos,

Alimentas e derrubas

Minhas casas e esperanças

E quando seco

Meninos brincam nas areias de teus quintais

Porque inspiras protestos e poesias

Dais abrigo a beatas e piranhas,

Lavas homens e animais...

Rio

E te atravesso apesar das correntezas

E

Rio

Porque tens lágrimas demais

E meus dentes se misturaram a teu lodo fértil,

Manguezais formaram-se em minha boca,

Guaiamuns fartaram-se de poesia

E as palavras tragaram os catadores de livros

E puãs

Entre a minha

e a tua vida

há o naufrágio de grandes vapores

e a teimosia de pequenos barcos

Rio

Porque me guarda um beijo quente

O oceano

 

Sarau Cultural – As Multilinguagens no Museu

Dia 30 junho 19h – no Museu Histórico de Campos

performance teatral: poema Usina – autor: Antônio Roberto de Góis Cavalcanti – Kapi

 

Usina:

 

Usina são uns olhos

Despertados antes do sol.

A boca mal lavada

num gole de café

e um esfregar de mãos

para aquecer o dia.

 

Usina é uma longa

e curta

caminhada.

Inventada em carrocerias,

carroças e bicicletas

ou um usar de pés

para se fazer o dia.

 

Usina é um balé:

de lenços de cabeça,

camisas de xadrez,

foice e facão

entre gole e outro

de café.

 

Usina é um apito,

de sol à pino

(feito de marmitas)

quando os olhos nada dizem

e as bocas são limpas

por mãos em costas.

 

Usina é um gosto

(doce-amargo)

de uns caldos

escorrendo,

ora nas moendas

ora nos moídos.

 

É um fazer-de-conta,

pós-apito,

na birosca ao lado

com uns parceiros:

um remedar de vida.

 

Depois

um mal dormir

de pais e filhos

(de fome, de frio, de medo)

para que antes do sol

se tenha despertado.

 

USINA É USURA.

 

São uns olhos

que se estendem

quando em vez

a casa grande.

São umas vidas

escapando

pela chaminé.

 

Antonio Roberto de Gois Cavalcanti (Kapi) – ATO 5 – GRUPO Uni-Verso - Campos dos Goytacazes-RJ – 1979 

encenação: Paulo Victor Santana e Jonas Menezes

Direção Cênica: Paulo Victor Santana

Leia mais no blog

https://fulinaimagens.blogspot.com/



Movimento Companhia de Dança apresenta coreografia inédita em homenagem a Gal Costa, no Sarau Cultural – As Multiliguagens no Museu

Dia 30 junho – 19h – no Museu Histórico de Campos.

foto: Cristiano França - pra sempre fotografia 

Direção: Maurício Arêas


Rapper Zabú e Ancorano estarão nesta sexta 30 de junho às 19h mostrando  algumas músicas  de seus repertórios no Sarau Cultural – As Multilinguagen no Museu – no Museu Histrórico de Campos

 Produção e Direção Musical: Saullo Oliveira

leia mais no blog https://fulinaimagens.blogspot.com/


Nesta 4ª Edição do Sarau Cultural As Multilinguagens Museu, entre uma atração e outra teremos dicas sobre Educação Ambiental, com o Engenheiro Ambiental, Professor e Escritor: Cristiano Peixoto Maciel

 Dia 30 junho - 19h

no Museu Histórico de Campos

leia mais no blog

https://fulinaimargem.blogspot.com/



 

Sarau Cultural – As Multiliguagens no Museu

Dia 30 junho 19h – no Museu Histórico de Campos

performance poética musical: Saullo Oliveira e Gabrielle Almeida

música: Boi Pintadinho – Artur Gomes/Paulo Ciranda

poema: Muda – Aluysio Abreu Barbosa

 

muda

 

a memória sai da toca

sobe pela palafita

ainda escorrendo lama

e me fita

com olhos de caranguejo

entre as tábuas do piso

do bar do espanhol

quando o pontal era ponta

tinha fé de igreja

e luz de farol

na boca do mangue

passei minha rede de arrasto

mas só peguei filhotes de bagre

que me ferraram o pé

ao chutá-los de volta à água

até que pedro me ensinou

a pegar pitu de mão

entre raízes do mato

na beira do alagadiço

hoje passo no mangue

e não piso na lama

mas na asfixia lenta

dos aterros do homem

e do avanço do mar

perto das ilhas da convivência e pessanha

siamesas da mesma terra

onde ficou minha casca da muda

de caranguejo a espera-maré

atafona, 06/2000

 

Aluysio Abreu Barbosa

*Poema vencedor do IX FestCampos de Poesia Falada, em 2007

e parte do repertório do espetáculo poético teatral Pontal - criado e dirigido por Kapi – 2010 

Gustavo Rangel – versão musical para o poema Lunática de Artur Gomes


Lunática

poema de Artur Gomes publicado nos livros: Couro Cru & Carne Viva - 1987 - e Pátria A(r)mada - 2022 - ganha versão musical de Gustavo Rangel

 

lunática

 

um gato noturno

atira pedra nas estrelas

palavras e mais palavras

na carne da princesa

onde o papel não bate

onde o pincel não toca

o gato noturno lambe a barriga

bem perto da virilha

e trepa

no muro mais próximo

tentando alcançar o outro lado da rua

em seu instante letal

de desespero e solidão 



Dinâmica coletiva – com participação do público e de alunos do Curso Teatro de Rua –
com a música: Quem Me Ensinou A Nadar 

Direção: Paulo Victor Santana



Equipe de Produção:

Artur Gomes, Guilherme Freitas, Paulo Victor Santana, Jonas Menezes e Saullo Oliveira

Direção Geral: Artur Gomes 


uma menina chamada Beth Araújo

  Esse espaço tem "mil"textos fantásticos. Poesia ? Prosa ? Não importa ! Imponderáveis,   não há como definí-los. A construção po...