segunda-feira, 29 de maio de 2023

Curso Teatro de Rua


 A Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, através da Gerência de Formação em Arte e Cultura está abrindo inscrições para o Curso Teatro de Rua que irá acontecer no Museu Histórico de Campos todas as terças-feiras e  quartas-feiras das 15h às 17h.

 O curso terá a coordenação dos professores Artur Gomes e Lúcia Talabi.

Esta modalidade de Teatro se propõe a atuação em espaços abertos como praças, ou em cortejo pelas ruas surpreendendo o público por ir ao encontro do cotidiano dos transeuntes.

O curso tem o objetivo de estimular o interesse por esta modalidade de teatro e a formação de pessoas que queiram aprofundar conhecimento para a prática da encenação em espaços não convencionais.

O aluno deverá ter a idade mínima de 16 anos.

O curso irá acontecer no Museu Histórico de Campos as terças e quartas feiras a partir do mês de junho no horário de 15h às 17h com a coordenação dos Professores Artur Gomes e Lucia Talabi.

O curso terá 20 vagas disponíveis com análise de experiência artística dos candidatos, o número de inscrição acima das vagas disponíveis ficará como cadastro reserva.

 

link para inscrições

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScadPw21PMFjuHYp9Ujp2ls5nmZmi8QIRFfkDC9marHHPn_mw/viewform


quarta-feira, 24 de maio de 2023

HOJE 25 - maio - 19h - na Faculdade de Medicina de Campos


A Cor da Pele

 

África sou raíz & raça

orgia pagã na pele do poema

couro em chagas que me sangra

alma satã na carne de Ipanema


Origem

 

sou afro-tupi

guarani

goitacá que subiu o paraíba

para o litoral paulista

nasci na cacomanga

bicho do mato

curupira  carrapato

sou campista

não tiro onda de turista

comigo é assim

:

nem fiado nem à vista

 

Artur Gomes

Suor & Cio – 1985

leia mais no blog

https://suorecio.blogspot.com/


        AGORA

 

É hora

de amolar a foice

e cortar o pescoço do cão.

— Não deixar que ele rosne

nos quintais

da África.

É hora

de sair do gueto/eito

senzala

e vir para a sala

— nosso lugar é junto ao Sol.

 

ADÃO VENTURA (1946 - 2004)


              SENTENÇA

 

faz muito tempo que eu venho

nos currais deste comício,

dando mingau de farinha

pra mesma dor que me alinha

ao lamaçal do hospício.

 

e quem me cansa as canelas

é que me rouba a cadeira,

eu sou quem pula a traseira

e ainda paga a passagem,

eu sou um número ímpar

só pra sobrar na contagem.

 

por outro lado, em meu corpo,

há uma parte que insiste,

feito um caju que apodrece

mas a castanha resiste,

eu tenho os olhos na espreita

e os bolsos cheios de pedras,

eu sou quem não se conforma

com a sentença ou desfeita,

eu sou quem bagunça a norma,

eu sou quem morre e não deita

 

Salgado Maranhão

 

leia mais no blog

www.arturkabrunco.blogspot.com


 hipotemusa

 

a menina da lanchonete

hoje rói as unhas de ira

pira quando quero

o que ela pensa que é

apenas bolero

na praça são salvador

com esse poema torto

que te leva ao desconforto

de pensar o que não sinto

como ela vive sozinha

entre pastéis e empadas

sua vida é hora marcada

de entrada e de saída

não conhece uma outra vida

por isso me olha estranha

com uma sede faminta

de comer meus olhos

palavras – quando te disse

: não minta

 

Artur Gomes

Maio 25 – 2023

Leia mais no blog

https://fulinaimargem.blogspot.com/



USINA

Antônio Roberto Kapi de Góis Cavalcanti

 

Usina:

Usina são uns olhos

despertos antes do sol,

a boca mal-lavada

num gole de café...

e um esfregar de mãos

para aquecer o dia.

 

Usina é uma longa

E curta caminhada,

Inventada em carrocerias,

carroças e bicicletas.

 

Ou um usar de pés

pra se fazer o dia.

 

Usina é um balé!

de lenços-de-cabeça,

camisas de xadrez,

foice e facão...

entre gole e outro

de café,

 

Usina é um apito

de sol a pino,

feito de marmitas,

quando os olhos nada dizem

e as bocas são limpas

por mãos em costas.

 

Usina é um gosto

(doce-amargo)

de uns caldos escorrendo,

ora nas moendas

ora nos moídos...

 

É um fazer de conta,

Pós-apito,

Na birosca ao lado

Com uns parceiros:

Um remedar da vida.

 

Depois

Um mal dormir

De pais e filhos

(de fome, de frio, de medo)

Para que antes que o sol

Se tenha despertado,

 

— USINA É USURA!

 

São uns olhos

Que se estendem

Quando em vez

À casa-grande...

 

São umas vidas

Escapando pela chaminé

 

Leia mais no blog

 www.fulinaimagens.blogspot.com




segunda-feira, 22 de maio de 2023

Sarau Cultural - As Multilinguagens no Museu

Sarau Cultural


As Multilinguagens no Museu
3ª Edição - Dia 26 maio - 19h no Museu Histórico de Campos
Homenagem as memórias de: Kapi, Félix Carneiro, Yve Cavalho, Maria Helena Gomes e Lucia Miners.

produção: Artur Gomes 

Fulinaíma MultiPrtojetos

fotos: Atônio Filho 

 

Um rio

 

Era uma vez…

Um rio

Que de tão vazio,

já não era rio

e nem riachão,

tão pouco riacho.

 

Não era regato,

nem era arroio,

muito menos corgo.

 

Era uma vez…

um rio

que, de tanta cheia,

já não era rio

e nem ribeirão.

 

Era mais que Negro,

era mais que Pomba,

era mais que Pedra,

era mais que Pardo,

era mais que Preto,

bem maior ainda

que um rio grande.

 

Era uma vez…

um rio

que de tão antigo

era temporário,

era obsequente,

era um rio tapado

e antecedente.

 

Que não tinha foz,

que não tinha leito,

que não tinha margem

e nem afluente,

tão pouco nascente.

 

Mas que era um rio.

 

Não era das Velhas,

não era das Almas,

não era das Mortes.

 

Era um Paraíba,

era um Paraná,

era um rio parado.

 

Rio de enchentes,

rio de vazantes,

rio de repentes:

Um rio calado:

 

Sem Pirá-bandeira,

Sem Piracajara,

Sem Piracanjuba.

 

Em suas águas

não havia Pira

não havia íba,

não havia jica,

não havia juba.

 

Nem Pirá-andira,

nem Piraiapeva,

nem Pirarucu.

 

Era um rio assim:

Sem pirá nenhum.

 

Mas que era um rio.

 

Era uma vez….

Um rio.

 

Que, de tão inerte,

Já não era rio.

 

Não desaguou no mar,

não desaguou num lago,

nem em outro rio.

 

É um rio antigo,

que de tão contido

não é natureza.

 

Um dia foi rio,

há muito é represa.

 

Antônio Roberto Góis Cavalcanti(Kapi)


Epifania

(p/ euclides, yeats e soffiati)

 

guiava a picape pela montanha

entre curvas da estrada e do rio

que ambos seguiam à planície

na qual não nasci, mas habito

desde quando aprendi a pisar

e a montanha nas suas certezas

de subir e descer no caminho

falou-me na língua das pedras

de onde brotam as águas:

— decifra-me ou te desfaço!

 

feito do barro massapê

sobre o qual caminhei a vida

tendo o plano por destino e partida

consultei as cores do crepúsculo

que, melancólicas, se riram de mim:

— de onde vens? — indagaram-me as cores

— de cambuci, refúgio dos puris!

— para onde vais?

— aos campos dos goitacás!

— o que corre ao seu lado?

— o rio!

— e para onde corre o rio?

— ao mar!

e riram-se de novo as cores:

— pois então!

 

a montanha, descontente pela ajuda

escondeu o sol e exilou as cores

antes que se voltasse a mim, respondi:

— não te decifro, sou você

sou teu barro, que o rio lava,

carreia e forma a planície

sou o que deságua no mar e o escurece

meu templo não se ergue na pedra

mas no que nela colide e desprende

não me desfaço, transformo!

 

Aluysio Abreu Barbosa

 atafona, 04/06/2000

 www.arturkabrunco.blogspot.com 



uma menina chamada Beth Araújo

  Esse espaço tem "mil"textos fantásticos. Poesia ? Prosa ? Não importa ! Imponderáveis,   não há como definí-los. A construção po...