quinta-feira, 27 de outubro de 2022

íntima foto.grafia

 


grafitarei na tua blusa

minha íntima foto.grafia

meu poema em linha reta

natural antropofagia 

enquanto eu for poeta

para esta musa

não faltará poesia ins-piração

concreta sem metáforas

como flechas de cupido

diretas ao coração


Teatro do Absurdo

 

o quarteto da hipotenusa

versus o quadrado do quarteto

da hipotenusa a musa no quadrado

do retrato fosse apenas fotografia

 

mas não sendo hipotenusa

somente musa algaravia

 

uma palavra mais que estrada

sendo musa multi via

me levou nessa jornada

para fora da bahia

 

todos os santos mar aberto

no abismo a fantasia

de querer musa entretanto

muito mais que poesia

 

 muitas vezes

 descrevo minha musa

num poema menos lírico

mais intenso

mais irônico menos penso

muitas vezes    

 quero estar em  alfa

mas estou em beta

a massa do abstrato

na argamassa do concreto

minha musa é linha curva

não  poema em linha reta 


algo no teu ser é fogo aceso

grande sertão em chamas

no íntimo teu coração é mar

veredas do amor primeiro

rio que ficou por mergulhar


                           Muitas vezes

penso a travessia

para outra margem do rio

a terceira de Guimarães

Rosa ou Diadorim quem sabe

lá me espera em verso ou prosa

muitas vezes

traço um itinerário tortuoso

uma trilha torta

que vai dar num beco sem saída     

mas sempre volto

outra musa encontro

o que refaz a minha vida 


esfinge agora perto

 

porto alegre cais do porto

ela me veio assim

em um dia meio torto

uma sexta feira de quase

acalmar os meus instintos

meus teatros absurdos

querendo conhecer Rúbia Querubim

meus Retalhos Imortais do SerAfim

mal sabe ela - esfinge agora perto

é que me instiga o ponto certo

para tirar leite das pedras

nos seios desse deserto

 

Artur Gomes

https://porradalirica.blogspot.com/



FlorBela ultimamente era quem estava me inspirando como a mulher dos sonhos as vezes ponho poesia em tudo que vejo até nas coisas que me provocam indignação nas coisas também que me excitam me transpiram me piram por não ter o direito de  tocá-las aí fica essa distância esse te amo em segredo mas não tenha medo pode doer pode sangrar e feri fundo mas é razão de estra no mundo nem que seja por segundo  por um beijo mesmo breve porque te amo no sol no mar na neve 



Revirando A Tropicália

 

geleia geral arte que renasce

como grão de uma semente

plantada ao chão que Deus me deu

sempre Nu cio

ela moça que mora longe

me lança a flecha do outro lado do rio

Itabapoana Pedra Pássaro Poema

música da Tropicália

a sinfonia das águas


ouvidos negros milos trumpe nos tímpanos

era uma criança forte como uma bola de gude

era uma criança mole como uma gosma de grude

tanto faz como tanto fez

era uma anti-versão de blues

nalguma night noite uma só vez

ouvidos black rumo premeditando o breque

sampa midinight ou aversão de brooklin

não pense aliterações em doses múltiplas

pense sinfonia em rimas raras

assim quando despertas do massificado

ouvidos vais ficando dançarina rara

ao ter-re arte nobre minha musa Odara

 

ao toque dos tambores ecos suburbanos

elétricos negróides urbanoides gente

galáxias relances luzes sumos pratos

delícias de iguarias que algum deus consente

aos gênios dos infernos que ardem gemem arte

misturas de comboios das tribos mais distantes

de múltiplas metades juntas numa parte



A Rosa do Povo

para Drummond, Darcy Ribeiro e Oscar Niemayer  in Memória

 

a rosa de Hiroshima ainda fala

a rosa de Hiroshima ainda cala

Frida e seus cabelos de aço

Picasso pintou Guernica

e quando os generais de Franco

lhe perguntaram:

- foi você quem fez isso? :

ele prontamente respondeu

- não, foram vocês quem fizeram.

 

Agora trago a Rosa do Povo

para os dias de hoje nesse Templo escuro

quem poderá viver nesse presente?

quem poderá prever nosso futuro?

nem Zeus nem o diabo que os carregue

eu quero um reggae um arte lata

a vida é muito cara nada barata

eu sou Drummundo Curumin - no fundo 

Tupã Rebelde não pede  arrego

poesia é pra tirar o teu conforto

poesia é pra bagunçar o teu sossego

 

Artur Gomes

https://porradalirica.blogspot.com/

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Fulinaíma Sax Blues Poesia


Fulinaíma Sax Blues Poesia


Este ano estamos comemorando o lançamento do CD Fulinaíma Sax Blues Poesia - um caldeirão de misturas poéticas sonoras blues rock poesia - para ser ouvida deliciando um bom vinho branco tinto seco, como em 2002 a gente ouvia pelas cantinas de Bento.

 

Jura Secreta 41

Goytacá Boy

musicado e cantado por Naiman

no CD fulinaíma sax blues poesia

 

ando por São Paulo meio Araraquara

a pele índia do meu corpo

concha de sangue em tua veia

sangrada ao sol na carne clara

juntei meu goytacá teu guarani

tupy or not tupy

não foi a língua que ouvi

em tua boca caiçara

para falar para lamber para lembrar

da sua língua arco íris litoral

como colar de uiara

é que eu choro como a chuva curuminha

mineral da mais profunda

lágrima que mãe chorara

para roçar para provar para tocar

na sua pele urucum de carne e osso

a minha língua tara

sonha cumer do teu almoço

e ainda como um doido curuminha

a lamber o chão que restou da Guanabara

 

Artur Gomes

livro Juras Secretas

Editora Penalux 2018

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sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Por Uma Quarta Na Feira

 



Por uma Quarta na Feira

 

Nesta próxima quarta-feira 26 de outubro às 9h estarei fazendo um recital coma  poesia do meu livro PátriA(r)mada, segunda edição, na Feira Literária do Colégio Estadual João Pessoa, em Campos dos Goytacazes-RJ, a convite da minha querida amiga professora e grande atriz Adriana Medeiros de Brito. E conversarei também com os estudantes sobre as múltiplas formas de violência que hoje estraçalham a cultura e as artes. Tema que será abordado também na quinta edição da Geleia Geral – Revirando A Tropicália, na próxima sexta-feira 28, por Aline Portilho e Vera Pletitsch.


Artur Gomes

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Oficina Teatro Fotografia e Produção   Audiovisual

Ong Beija Flor – Gargaú

São Francisco de Itabapoana- RJ

Início – sábado -  12 de novembro -  15 às 18h

 

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Deusa de Marfim

 

tenho na carne o sal da Lagoa Doce

Angélica um dia me trouxe  areias  

no mar da boca  - manguezal de Gargaú

algas conchinhas mariscos - poema abissal absoluto

 

o canto triste do Macuco

que anda vivo na memória

começo aqui minha história

nos verões dos séculos passados

 

ainda trago guardado

primeiro poema pra musa

FlorBela me espanca me abusa

minha Rúbia Querubim

 

nos carnavais de Guaxindiba

nos fogueirais de Santa Clara

vestida de serpentina

a pele vermelha de cetim

 

ainda trago comigo

os beijos  embriagados

nos bares dos namorados

pelo sertões do mar sem fim

 

paixão água-ardente  brasa viva

punção de um   fogo sagrado

que nunca apagou a chama

profano corpo sem porto

leviano  barco sem cais

 

hoje ainda voa comigo

muitas vezes por São Paulo

Brasília Espírito Santo Guarapari

desde  quando nos encontramos 

na preamar de  Guriri


só acontece com quem ama

não perde tempo – sempre faz

e parte pra deixar saudades

com as bênçãos de Vinicius de Morais

 

Artur Gomes

22 outubro – 2022 

para o livro: O Homem Com A Flor Na Boca : Itabapoana Pedra Pássaro Poema

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que as nossas lutas

sejam braços abertos

apontando direções ao mundo

 

levanta meu boi levanta

que é hora de levantar

acorda boi, povo todo

povo e boi tem de lutar

 

Artur Gomes

Do livro - O Boi-Pintadinho – 1980/1981

Adaptado para Teatro de Rua, com  alunos da Oficina de Teatro da ETFC – desfilamos pelas ruas de campos até 1987, quando criamos a Ciranda do Boi Cósmico para comemorar  a eleição   de Luciano D´Ângelo  para a direção da Escola. Além das performances de rua, a  Ciranda do Boi Cósmico foi encenada durante uma semana, no Ginásio de Esportes, com cenário criado pelo então ex-aluno Genilson Paes Soares e o Boi levava em sua  pele branca poesia em movimento, e a sua cabeça foi criada pelo professor de eletro Marco Maciel,  utilizando pequenas engrenagens do laboratório de Eletrotécnica. Os chifres, eram tubos de PVC, e os olhos duas lâmpadas movidas a bateria de 6 volts. Depois disso a ETFC deixou de ser o que  era antes, uma  escola de ensino totalmente tecnológico, para se tornar CEFET e  IFF, com uma rede e cursos voltados para áreas humanas. Desconfio que tem uma pequena contribuição minha aí, para essa transformação.

 

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Mana Chica do Caboio

 

bom dia meu anjo azul

a moça mais linda que veio

do Rio Grande do Sul

 

palavras pessoas poemas

prendas da minha história

quando vivas na memória

levo pro papel pro palco pro cinema

 

vem minha moça bonita

já não somos castos

o sangue escorre nas veias

abertas as nossas feridas

 

a roda gira gigante

ó minha prenda querida

a lenda mais em/cantada

pelos cantadores da vida

 

a roda gira não para

essa serpente atrevida

poema pulsa universo

e a moça dançou no arroio

e veio  do Rio Grande pra festa

 da Mana Chica do Caboio

 

anjo de azul vermelho

mana chica no espelho

saia de renda rodada

 abre a roda ventania

onda do mar me vem dela

 inspiração poesia

 

e para cantar esses versos

a todos pedimos apoio

:

 

Mana Chica Mana Chica

Mana Chica do Caboio

Quem nunca comeu pimenta

Não sabe que coisa é moio

 

Artur Gomes

Geleia Geral – Revirando A Tropicália

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Lançamento do livro dia 28 – 19h – outubro – 2022 – na Santa Paciência – Casa Criativa – Geleia Geral – Revirando A Tropicália – Rua Barão de Miracema, 81 – Campos ex-dos Goytacazes-RJ

 


domingo, 16 de outubro de 2022

Geleia Geral - Revirando A Tropicália



Geleia Geral – Revirando A Tropicália

28 outubro ou nada - 2022 - 19h

Por onde andará Fulinaíma?

 

Elenco:

 

Artur Gomes + Adriano Moura + Aimèe Cisneiro + Aline Portilho + Christina Cruz + Joilson Bessa + Marcella Roza + Marcelo da Rosa + Serginho do Cavaco + Tchello d`Barros  




Mostra Visual de Poesia Brasileira

Poesia em Movimento

 

o delírio

é a lira do poeta

se o poeta não delira

sua lira não profeta

 

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QUE PAÍS É ESTE?

Fragmento

 

Universidade Livre de Alvito

(Afonso Romano de Sant'Anna)

 

1

Uma coisa é um país,

outra um ajuntamento.

Uma coisa é um país,

outra um regimento.

Uma coisa é um país,

outra o confinamento.

 

Mas já soube datas, guerras, estátuas

usei caderno “Avante”

— e desfilei de tênis para o ditador.

Vinha de um “berço esplêndido” para um “futuro radioso”

e éramos maiores em tudo

— discursando rios e pretensão.

 

Uma coisa é um país,

outra um fingimento.

Uma coisa é um país,

outra um monumento.

Uma coisa é um país,

outra o aviltamento.

 

Deveria derribar aflitos mapas sobre a praça

em busca da especiosa raiz? ou deveria

parar de ler jornais

e ler anais

como anal

animal

hiena patética

na merda nacional?

 

Ou deveria, enfim, jejuar na Torre do Tombo

comendo o que as traças descomem

procurando

o Quinto Império, o primeiro portulano, a viciosa visão do paraíso

que nos impeliu a errar aqui?

 

Subo, de joelhos, as escadas dos arquivos

nacionais, como qualquer santo barroco

a rebuscar

no mofo dos papiros, no bolor

das pias batismais, no bodum das vestes reais

a ver o que se salvou com o tempo

e ao mesmo tempo

– nos trai

 

2

Há 500 anos caçamos índios e operários,

há 500 anos queimamos árvores e hereges,

há 500 anos estupramos livros e mulheres,

há 500 anos sugamos negras e aluguéis.

Há 500 anos dizemos:

 

que o futuro a Deus pertence,

que Deus nasceu na Bahia,

que São Jorge é que é guerreiro,

que do amanhã ninguém sabe,

que conosco ninguém pode,

que quem não pode sacode.

 

Há 500 anos somos pretos de alma branca,

não somos nada violentos,

quem espera sempre alcança

e quem não chora não mama

ou quem tem padrinho vivo

não morre nunca pagão.

 

Há 500 anos propalamos:

este é o país do futuro,

antes tarde do que nunca,

mais vale quem Deus ajuda

e a Europa ainda se curva.

 

Há 500 anos

somos raposas verdes

colhendo uvas com os olhos,

semeamos promessa e vento

com tempestades na boca,

sonhamos a paz da Suécia

com suíças militares,

vendemos siris na estrada

e papagaios em Haia,

nada nada congemina:

a senzalamos casas-grandes

e sobradamos mocambos,

bebemos cachaça e brahma

joaquim silvério e derrama,

a polícia nos dispersa

e o futebol nos conclama,

cantamos salve-rainhas

e salve-se quem puder,

pois Jesus Cristo nos mata

num carnaval de mulatas.

 

Este é um país de síndicos em geral

este é um país de cínicos em geral

este é um país de civis e generais.

Este é o país do descontínuo

onde nada congemina

e somos índios perdidos

na eletrônica oficina

Nada nada congemina:

 

a mão leve do político

com nossa dura rotina,

o salário que nos come e

nossa sede canina,

e a esperança que emparedam

a nossa fé em ruína,

placidez desses santos

e a nossa dor peregrina,

e nesse mundo às avessas

– a cor da noite é obsclara

e a claridez, vespertina.




Fulinaíma MultiProjetos

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