quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

mulher/cidade

 

mulher\cidade

 

curto

poema

curto

enxuto

curto e grosso

amo poema osso

 

o corpo

velo\cidade

língua\dente

mulher\cidade

mesmo não fosse

em mim tanto seria

e o que antes no foi feito

estando assim claro faria

algum poema no alvoroço

 

amo

a vera\cidade

amarelinho lapa

cinelândia

qualquer encontro de surpresa

a noite na lua tesa

no parque das ruínas

um beijo na rua guesa

o olhar quase alucina

vidrado em sua íris\retina

no trenzinho pra santa teresa 

 

Artur Gomes

https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/

domingo, 25 de fevereiro de 2024

fulinaimicamente

              Fulinaimicamente
                 para Isabela Veras

do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
no improviso do repente
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente

o coração ainda pulsa
enquanto há tempo
enquanto é tempo
enquanto posso
o coração ainda pulsa
no café no jantar e no almoço
o coração ainda bombeia
sangue na veia
poema em carne osso

navego por caravelas
não por acaso
no improviso de repente
em novecentos e noventa e dois
conheci uma menina
trinta e dois anos depois
uma mulher potente
seu coLATERAL
é um presente pra pensar nosso futuro
lamparina incandescente
pra clarear o Templo escuro

Artur Fulinaíma

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https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com



sábado, 24 de fevereiro de 2024

arquitetura/poesia

            arquitetura/poesia

 

enquanto arquitetos

                  desenhistas

desenhavam

eu escrevia poesia

 

muitas vezes a arquitetura do poema

me vem em linhas fulinaímicas

                                         sinuosas

se em verso

      ou prosa

  não explico

 

o que me importa

é o ofício

ao qual eu me dedico

 

Artur Gomes

para o livro Vampiro Goytacá

Canibal Tupiniquim

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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Múltiplas Poéticas

Você que agora acaba de abrir este livro, prepare-se bem: instale-se num lugar cômodo, esqueça outras tarefas, porque você não vai conseguir parar de ler até a última página.

Este livro faz o que, a meu ver, toda literatura deveria fazer: permite-nos viver, por algum tempo, outras vidas e tornar-nos capazes de compreendê-las um pouco melhor, talvez nos dotar de maior empatia por elas, esse sentimento hoje tão em falta em certas pessoas e tão necessário para que o mundo volte a ser um lugar minimamente vivível. Sim, o livro de Isabela de fato possibilita, com imensa fidelidade ao outro, essa saída de si para o encontro humanizante com o igual/diferente , com um preciso e rico uso das diferentes linguagens, ultrapassando, porém, as diferenças enquanto limites e chegando àquilo que faz de todas as vidas uma vida só. Nenhuma palavra de sobra neste livro, tudo o que aqui se diz é indispensável e você chegará ao fim com vontade de agradecer a Isabela em nome de todas as mulheres que, se assim continuarem a tomar em mãos as rédeas do mundo, vão salvar o nosso povo e a nossa vida.


Maria Valéria Rezende


Mãe solo e feminista(fatos que dizem mais de mim do que qualquer outra coisa que eu possa escrever aqui). Ainda assim, acrescento que sou formada em Publicidade e Propaganda, pós-graduada em Design Gráfico, produtora editorial e designer responsável pelos projetos do estúdio Fabricando Ideias Design Editorial.

Recentemente, descobri o quanto a escrita pode ser transformadora, passando a ser parte do meu dia a dia. Através da escrita consigo arrancar de dentro de mim tudo aquilo que me sufoca e angustia na vida cotidiana. Não necessariamente na minha vida, mas na vida de todos aqueles que me cercam, porque acredito na força do coletivo e em uma sociedade mais igualitária.

Fui premiada com menção honrosa e 4º lugar pelo conto Baú de Diálogos no VI Prêmio Literário Cidade Poesia (ASES – Bragança Paulista/2022) e participo da Coletânea Dias Distantes (Alpharrabio Edições /2021) com  o conto Por amor.

Espero que este Colateral, meu primeiro livro autoral, de alguma maneira encontre leitores que se identifiquem com o meu olhar sobre nossa sociedade,  em grande parte, adoecida e possa colaborar com futuras reflexões, Adoraria saber o que acharam após o término deste leitura. Quem tal me enviar um feedback sobre, no perfil @isatelesveras?


4

 Desde muito nova, sempre que eu fazia algo relacionado à casa, acompanhada de um largo sorriso, ouvia a frase: Já pode casar!

 Arrumou a cama, já pode casar! Fez a sobremesa, já pode casar! Lavou a louça, já pode casar! E por aí vai. Parecia que casar era o grande prêmio, e eu tinha que ser ótima nos afazeres domésticos, senão nenhum homem ia querer casar comigo.

 Cresci com essa ideia, de que se não casasse seria uma pessoa infeliz.

 Comecei a namorar e me senti a tal. Ele era o garoto mais cobiçado do colégio. Fazia parte do time de basquete. Dava pra sentir a inveja das meninas quando eu desfilava de mãos dadas com ele pelos corredores. Depois de oito anos de namoro, já não aguentava mais ouvir a mesma pergunta: O casamento é pra quando?

 Então, decidimos marcar a data. Fizemos uma festa linda e convidamos todo mundo do nosso convívio. Agora vai acabar a cobrança, pensei. Ledo engano, a cobrança agora era pior: Quando virão os filhos? Não seja egoísta, você não vai ser uma mulher de verdade se não tiver filhos! Quem vai cuidar de você na velhice? Pronto, se antes eu achava que só precisava casar para ser feliz, agora precisava também ter filhos.

 Eis que meu primeiro filho veio e realmente me encheu o coração de alegria. Se existe amor maior que este, desconheço. Mas com ele vieram noites maldormidas. Cansaço. Nunca mais tive tempo para academia, justo quando mais precisava, já que engordei vinte quilos na gravidez, dez dos quais nunca mais perdi. E junto com o filho veio mais uma cobrança: Não vão dar um irmão para ele?

 Meu marido sempre trabalhou muito, eu também, afinal é muito caro sustentar uma casa. Nos víamos à noite, nem sempre jantávamos juntos, já que cada um chegava num horário e, na maioria das vezes, com fome. Aos finais de semana íamos ao clube, para a praia, para o campo. Quase nunca em casa. Sempre rodeados de pessoas. Assim como minha mãe, assumi todo o serviço da casa, afinal quem entende de casa é mulher.

 Homem não nasceu pra isso.

 Com filho pequeno a rotina mudou, e assim passamos a perceber que o convívio diário não eram só flores. Adicionar ao trabalho a rotina de uma criança mais os afazeres de uma casa não parecia nada bom. Eu dormia pelos cantos, estava sempre cansada. Chegava do trabalho e ainda tinha que ajudar o filho com o dever de casa, me preocupar com a janta (criança não pode jantar qualquer coisinha, ou lanche, como eu fazia quando não era casada), nos finais de semana tinha que fazer faxina, e meu Deus, como criança faz sujeira, nunca mais vi minha casa limpa por mais de duas horas.

 As roupas, então, parece que não largam o encardido nunca. Não sei o que criança faz pra deixar tudo assim. Penso que meias deveriam ser descartáveis. O sexo ficou em último plano. As brigas começaram a surgir. Mas eu não podia terminar o casamento. Se meu casamento não desse certo a culpa com certeza seria minha, que não soube segurar o marido. O que os vizinhos iriam dizer? E meus avós, então! Nunca na minha família alguém se separou.

 Quando estava quase jogando a toalha e desistindo do casamento, veio o segundo filho. Agora que não posso mesmo me separar. Com dois filhos? Como vou dar conta disso sozinha? As agressões foram intensificadas. Sua gorda... se eu me separar de você ninguém vai te querer. Não sabe nem cuidar de uma casa. Não cuida dos filhos direito. Olha essa comida, que porcaria. Não sei nem como ainda tem emprego. Eu me sentia a pior mulher do mundo. E me sentia culpada, fracassada. Afinal, não conseguia dar conta de tudo. Vez ou outra, quando ele me procurava na cama pro sexo, eu, que já não sentia mais tesão por aquele homem, nem admiração, nada, deixava ele me penetrar e cumpria o meu papel de esposa. Depois me sentia mal, invadida, mas eu era casada, tinha que fazer isso.

 Foi então que veio o golpe fatal: a covid-19. Uma pandemia acompanhada de isolamento social era o que faltava para degringolar tudo. A família teria que conviver 24 horas por dia, sete dias por semana. O trabalho seria remoto. A escola seria on-line.

 As primeiras barreiras foram as práticas, do dia a dia. Na minha casa só havia um computador. Por sorte, eu e Marcelo pudemos trazer o notebook da empresa para casa. A internet, que era usada bem raramente, não aguentou uma semana, tivemos que trocar por uma melhor. O computador de casa ficou para os filhos usarem na aula a distância. Opa... eles são dois... e só havia um computador. Liga pra um, liga pra outro, até que minha irmã, que tinha um notebook só usado em viagens (já que era autônoma e não saía sem um computador a tiracolo), o emprestou para nós durante esse período crítico.

 Com filhos em casa, o home office virou uma tortura. Não sabia mais que desculpas dar para o meu chefe. Ajuda a conectar a aula on-line de um, faz o almoço, dá um lanche pro outro, separa a briga dos irmãos, limpa o vômito do menor, o maior precisa concluir o dever e grita dizendo que não tem papel na gaveta, corre para pegar mais em cima do armário, e, em meio a tudo, trabalho. Reuniões foram interrompidas por criança querendo algo, concentração zero, muito a fazer e nada feito direito.

 Meu marido precisava de silêncio para trabalhar, então se trancava o dia todo no quarto para que as crianças não o atrapalhassem, só saía para comer quando eu avisava que o almoço já estava na mesa.

 Vez ou outra sabia-se da sua existência, pois abria a porta e dava um grito: Porra! Faz esse menino ficar quieto! Estou trabalhando!

 Eu ia ao mercado, pois ele não sabia escolher as coisas, não sabia diferenciar escarola de rúcula, salsinha de coentro, banana-prata de nanica, nada... No meio das compras meu celular tocava: Vai demorar muito? As crianças não param e não estou conseguindo ler as notícias. Quando voltava das compras, tirava a máscara, trocava de roupa, limpava tudo com todo o cuidado para que as crianças não tocassem em nada antes de estar devidamente higienizado.

E foi numa dessas idas ao mercado que ao chegar em casa veio mais desaforo: Demorou demais! Estava fazendo o quê? Se demorar desse jeito, na próxima vez vai ficar na rua pra aprender.

 Olhei para trás e vi meu filho encolhido, com medo, ouvindo o pai gritar daquele jeito. Foi a gota-d’água. Como um filme, cenas de todas as agressões que vivi começaram a rodar na minha cabeça: Sua vaca! Olha só essa barriga horrorosa. Fui enganado quando casei. Sua porca! Olha o estado dessa cozinha! Só vive cansada! Não serve pra nada, nem pra transar! Vou gozar nessa sua cara feia!

 Como pude aguentar? Isso não está certo! Ele não pode me tratar assim! Tenho que tomar uma atitude! E eu, que sempre me consolei com frases como mas ele é meu marido, ele me ama, é o pai dos meus filhos, tenho que cuidar do meu casamento e coisas que nem de longe justificavam tantas agressões, finalmente enxerguei, pelo olhar do meu filho, que já era hora de dar um basta! Chega!, gritei. Por um instante ele parou e me olhou desconfiado, nunca tinha me visto reagir. Você não vai mais falar comigo assim! Exijo respeito!

 Me virou foi um tapa na cara e disse: Está aí o seu respeito! Fiquei muda, sem fala, com medo. Ele nunca havia me batido. Meu filho viu tudo e começou a chorar. Corri para ele, abracei e disse: Não chore. A mamãe está aqui, está bem? Olhei para aquele homem em pé na minha cozinha, com toda a fúria do mundo, e ele disse: Quer mais? Eu respondi: Você não faria isso. Foi então que ele pegou uma faca na gaveta. Olhei firme para meu filho e falei: Pega seu irmão e corre para o banheiro. Ele veio pra cima de mim e fez um corte de raspão no meu braço. Eu gritava pedindo socorro. Ele puxou meu cabelo, me jogou no chão, me chutando. Me xingava de vadia, cachorra. Dizia que eu não prestava pra nada. Que ia acabar comigo. Eu só pensava por que não tinha tomado uma atitude antes e que agora ia morrer e meus filhos iam ficar com aquele covarde.

 Consegui jogar um vaso em cima dele e, nesse minuto de distração, me juntei aos meus filhos no banheiro. Ele batia na porta, gritava. Eu tinha muito medo dele arrebentar aquela tranca. Mas tinha que deixar meus filhos calmos. Vamos cantar uma música e desenhar? Foi assim que tive a ideia, pegamos as toalhas, minha maquiagem, e começamos a escrever nelas com batom. Peguei uma delas, escrevi “SOS apto 22” e joguei pela janela, rezando para que alguém entendesse meu pedido de socorro. Uma vizinha viu e chamou a polícia, que em pouco tempo estava lá e prendeu meu marido em flagrante, enquanto ele gritava me chamando de puta e vagabunda.

 O isolamento social continua, o corre-corre continua, ainda durmo pelos cantos e ainda tenho que dar mil desculpas ao meu chefe. Liberdade é sinônimo de felicidade. O que os vizinhos vão pensar? O que minha família vai pensar? E meus avós? Foda-se.

 

Isabela Veras

 

Obs.: eu que quando conheci a Isabela, lá pelos idos de 1992, na minha primeira ida a Santo André-SP, um menina em sua plena adolescência -  e por alguns anos estivemos próximos, entre 1993 e 1997, quando tive o espaço Alpharrabio como o meu QG de produções, já nutria uma grande admiração por ela, agora então depois de ler o seu COLATERAL – posso dizer: Isabela obrigado: com amor afeto e carinho. Grande beijo 

Artur Gomes 


LISBOA AINDA

 

não percebi

essa distância

nas ruas da cidade

 

agora sei

que este poema

diz lua cheia

e nele está

o seu olhar

 

este lugar

onde encontrei

felicidade

é hoje o mesmo

a me trazer

tanta saudade

 

no templo

da lealdade

todo bem

não mais existe

 

fugiu

da minha vida

sem despedida

 

um fado amigo

só o que ficou

para consolar

 

vejo ainda

o rio-mar

imitação triste

de um olhar

 

José Antonio Gonçalves

Do livro – corpo em mim

PRIMATA – são Paulo – out/2019 


 

PALAVRAGEM

- A poesia não é a torneira desatada do sentimento. A arte é um modo específico de expressão e construção. Não existe arte sem racionalidade. Mesmo a arte convulsa tem um fio de racionalidade.

 - A potência poética existe em todos os animais racionais como uma caixa de surpresas guardada no porão, com maior ou menor grau de ocultamento e acesso. Pode estar lacrada, entreaberta, escancarada, mas está presente e pode ser acessada em qualquer tempo.

- A pedagogia poética consiste em estimular as pessoas a encontrarem e começarem a abrir essa caixa fazendo fiação de palavras com o que vem dela.

- Trilhando as entrelinhas do oculto, o poeta em viagem sensitiva cavalga sons que veste com palavras sem abc. Na catrúcia antacaliza astrumando esgomalia. É desse jeito ou mais ou menos assim. Nesse caso o músico ultrapassa o poeta, porque partituriza e entra no miolo, enquanto o poeta só pode palavrizar, ralando letra na casca do som.

- A arte revolve os doidos e doídos e sem eles não seria nada.

- O cantil do encanto se abastece nas fontes mais próximas.

- Vivo um quadrilátero amoroso com três figuras: D.Literavida, D.Reflexchão e o ancião-menino ou menino-ancião chamado Seu Humor. Moramos na mesma casa em cômodos separados que se comunicam. Há momentos em que chego mais perto e faço mais coisas com um ou com outro. Mantemos uma convivência tranquila e diariamente nos alimentamos juntos. Assim vamos levando vamos lavando vamos lavrando a vida.

- Escrevo o que do arco-íris em mim lateja em espiral.

- Eu faço literavida.

 

Marcelo Mário de Melo


"Pessoas como Nós"

Todas as pessoas sabem,
Todas as pessoas dizem,
Ou começamos a ir
Ou teremos que esperar

Enquanto as pessoas tentam
Nosso sol nunca se atrasa,
E dia após dia, noite após noite,
Pessoas como nós
Escolhem a melhor maneira
Para que você possa descansar na vida.

Pare o intervalo,
O tempo acabou,
E todas as pessoas permanecem
Como sombras no espelho do verão

 

Igor Calazans

Igor Calazans - Poeta, Jornalista e Produtor Cultural. Nascido em Niterói-RJ, é autor de 5 livros, além de participações destacadas em importantes antologias nacionais. Atualmente é editor do site RecantodoPoeta.com , coordenador do Movimento LaB Poético e curador do Sarau Epoché.


UM TOQUE

Não sou campanhia
pra você me tocar
e sair correndo.


Fique ao menos
alguns instantes
e tenha a coragem
de me ver sofrendo.

Jorge Mizael


Múltiplas Poéticas

 

Urban Sketchers é um movimento internacional iniciado em 2007 na cidade de Seattle-USA, voltado para pessoas que gostam de desenhar a cidade onde vivem ou visitam. São desenhos realizados no local por observação direta, e são um registro do tempo e do lugar. Atualmente existem grupos de Urban Sketchers em cidades por todo o mundo. O grupo Urban Sketchers Campos dos Goytacazes realizou o primeiro encontro no dia 20/Out/2018 na Praça São Salvador. Depois foram feitos encontros em vários locais da cidade, como Jardim São Benedito, Igreja da Lapa, Museu Histórico de Campos, Jardim do Liceu, Usina do Queimado, Faculdade de Medicina de Campos – FMC, Colégio Auxiliadora, Lagoa do Vigário, Villa Maria, Ao Livro Verde, Teatro Trianon. Em junho de 2019 o grupo participou do IV Encontro Urban Sketchers Brasil em Ouro Preto, e em 2022 participou do V Encontro Urban Sketchers Brasil no Rio de Janeiro, participando das exposições coletivas dos eventos. Em Campos o grupo realizou exposições no Museu Histórico de Campos, Faculdade de Medicina – FMC e Villa Maria. O grupo é formado por arquitetos, artistas, designers, estudantes e pessoas que simplesmente gostam de desenhar no local.

 

Ronaldo Araújo - coordenador do grupo

Múltiplas Poéticas 

leia mais no blog https://arturkabrunco.blogspot.com/  

domingo, 4 de fevereiro de 2024

múltiplas poéticas

 

Sem a mínima vontade de gastar meu precioso tempo escrevendo sobre política.

Como diz o outro, eles que são brancos - e ricos - que se entendam.

Minha filiação e refiliação sempre foi a poesia - essa viralata de raça que não dá dinheiro algum, muito menos poder - exceto o de me manter sempre atento, "distraidamente concentrado, concentradamente distraído", como me lembra o zen.

 

Ademir Assunção 


"os amores de Edgar Allan Poe"

 

Valéry amava Mallarmé que amava Baudelaire

que amava Allan Poe que amava Virginia

dos cabelos negros como o corvo

 

Valéry morreu depois de ter projetado o Anjo

sua última inspiração poética

Mallarmé ainda procura O Livro essencial

quando encontrou a Morte

Baudelaire sofreu uma longa agonia

antes de morrer e ser enterrado

no cemitério de Montparnasse em Paris

e Allan Poe casou-se com Virginia

que morreu aos 25 anos

 

"los amores de Edgar Allan Poe"

 

Valéry amaba a Mallarmé que amaba a Baudelaire

que amaba a Allan Poe quién amaba a la Virginia

de cabellos negros como el cuervo

 

Valéry murió después de proyectar el Angel

su última inspiración poética

Mallarmé buscaba aún El Libro esencial

cuando encontró la Muerte

Baudelaire sufrió uma larga agonía

antes de morir y ser enterrado

em el cementerio de Montparnasse en Paris

y Allan Poe se casó con Virginia

que murió a los 25 años

 

Cristiane Grando 

Traducción: Espérance Aniesa


                           *

 

"o mundo é um avesso"

 

o fogo-vento entra pelas entranhas

como se nascesse um bebê ao contrário

 

o vento toca as minhas pernas

como um fogo que acaricia

 

eu me olho por dentro

me molho por dentro

me abraço e me acaricio também

 

o vento, meu Deus, o fogo

era um homem

 

                  *

 

 "fevereiro generoso"

 

dia 1o é para celebrar

o aniversário de uma amiga

 

dia 2 para seguir celebrando

 

dia 3, agradecendo as bênçāos

do Pai, do Filho e do Espírito Santo

 

dia 4 é para pôr os pés

sobre a mesinha da sala

e ler um livro

 

dia 5 sair em bando de amigas

por aí

 

dia 6, tomar um café com pāo de queijo

 

dia 7, chocolate gelado

com um enorme cookie artesanal

 

dia 8 é para escrever

umas linhas a mais

que de costume

 

dia 9, um número apropriado

para fazer nada de nada de nada

 

dia 10, seguir vivendo

até o dia 28 chegar

ou o 29, se houver

 

dia 30, promessas que nunca se cumprirāo

(Deus que me livre e guarde!)

 

Cristiane Grando


Gravação de entrevista a Cineas Santos, Professor, Escritor e figura destacada das letras do Piauí, para o quadro "Cadeira na Calçada" no programa "Feito em Casa", transmitido pela TV Assembleia daquele estado brasileiro, na livraria Entrelivros.

 

Dalila Teles Veras 


                 AQUELE QUE MATA

 

Mata em nós

Por nós

Mesma espécie

 

Em cada um que morre

Morremos todos

Mesma carne

 

Somos quem mata e quem morre

 

O ato vil de um único homem

Nos envilece a todos

 

Quem mata faz da humanidade uma espécie assassina

Quem morre, nos faz vítimas

 

Os imorais nos igualam

Os íntegros nos diferenciam

Balança desequilibrada

 

Tudo o que é humano está latente

Nada nos escapa

Podemos tudo

E, talvez por isso,

Perdemos tudo 


Armando Liguori Junior 


Eu, Armando Liguori Junior, 59 anos, paulistano, ator e jornalista por formação, humano de nascença. Poderia ser médico, arquiteto, astronauta, oceanógrafo, carcereiro, estilista, personagem num parque da Disney, limpador de lutador de sumô, influenciador, meteorologista, filósofo, mergulhador. Poderia ser um viajante rodando o mundo quantas vezes fosse possível numa vida. Poderia ser qualquer coisa, qualquer um, sou humano: se outros podem, também posso.  Mas escolhi escrever para estranhos.


Atrás da porta

"Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei
Eu te estranhei, me debrucei
Sobre o teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito, teu pijama
Nos teus pés, ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
Até provar que ainda sou tua"

Francisco Buarque de Hollanda 


gosto de percorrer

territórios de palavras

às vezes as escrevo

de forma simples

noutras rebuscada

 

amarro o céu

na ponta da lua

para sacolejar estrelas

 

no café da manhã

pão com manteiga

o beijo do sereno

 

tenho pelas palavras

tremendo respeito

não as desajeito

em ideias mirabolantes

 

esses dias

vi uma delas

na carona de

um basculante

 

confesso fiquei atordoado

com tamanha ousadia

pensei se caísse

o que aconteceria

 

palavras tem dessas coisas

se desprendem

da razão

se contentam

em provocar emoção

 

também penso sobre isso

da necessidade do poema

se o tudo já escrito

já não valeu a pena

 

de drummond a pessoa

de quintana a leminski

dos novos e velhos poetas

que ainda insistem

 

vou parando por aqui

pra não enrolar mais a conversa

daqui a pouco vão dizer

que sou mais um

metido a poeta

 

Dinovaldo Gillioli 


OBLIVION

Esqueci os sons das palavras,
como consultar dicionários,
os nomes das borboletas.

Hoje vigoram ruídos,
os mergulhos dos afogados,
a estridência dos espectros.

Será preciso reconstituir
a ingenuidade da ortografia,
os resquícios dos pergaminhos,
a criação do alfabeto.

Só então poderei nomear
as flores fecundadas no silêncio.

 

Cleber Pacheco 


 

"Eu me esqueci no armário.
Pensei estar vivendo,
estudando, trabalhando, sendo!
Pensei ter amado e odiado,
aprendido e ensinado,
fugido e lutado,
confundido e explicado.
Mas hoje, surpreso,
me vi no armário embutido
calado, sozinho, perdido, parado."

Mário Quintana


Sem pouso

Como pássaros que voltam para um último olhar
Como anjos que voam pro infinito
Como folhas verdes que tremem na pulsação da terra
como o gotejar irregular da água caída das folhas
depois que a tempestade se acalma

Mártir da minha própria agonia
Sempre em sussurros de coceiras e sedes

E o amor, esse soluço líquido da vida

Volto para o útero da emboscada da vida
Vadia, em seus prazeres libidinosos tão-somente

Rogo aos ventos do outono
Uma vida áspera e viçosa
De caminhos nunca antes trilhados

Há um cansaço de inteligência abstrata em poder respirar a alma...
São tantas as incertezas...

'O mundo é para quem nasce para o conquistar. E não para quem sonha que pode conquisTá-lo, ainda que tenha razão'.

LUIZA SILVA OLIVEIRA


(Abaixo minha pintura , em horas de lazer kk)


Degenerados

(Clique sobre as imagens para ver melhor)

Valdir Rocha 


Seu nome eu não sei qual é,
pseudônimo ou terra natal;
sua arte, em meu simples chalé,
o torna um ser imortal.

Claudia Lundgren


CORPOS D’ÁGUA (Poesia, 2023)

 

Paulo Ramos

 

Mulê da Gota

Tentam esgotar o meu corpo

Tentam secar o meu corpo

Tentam definhar o meu corpo

Orquestradamente se escondem

Debaixo de minha saia

De gota, em gota

Que se enche o rio

De gota, em gota

Que se enche o balde

De gota, em gota

Que se enche o pote

De gota, em gota

Que se enche o copo

De gota, em gota

Se enche um corpo

De desgostos, esgoto

Esvazia o corpo

Seca, definha, esgota corpo

Corpo menstruação

Corpo amamentação

Corpo parto

Corpo lágrima

De gota, em gota sangue

De gota, em gota leite

De gota, em gota bolsa

De gota, em gota prantos

De gota, em gota dor

Meu corpo é como mandacaru

Quanto mais escasso

O Estado deixa

Mais água meu corpo destila

O Estado não sai debaixo de minha saia

É por medo de ser levado por um mar de gente

Ninguém percebe minhas inquietações

Logo, não me incomodo

Porque escondo as minhas dores

Debaixo da saia.

-

Paulo Ramos teceu com cuidado e beleza deste livro de poesia. Corpos d’Água é um presente - um vislumbre profundamente reflexivo e reflexivo da política de raça, gênero, sexualidade, ancestralidade, terra e tempo nas nossas vidas nas Américas. Cada palavra ecoa no espaço-tempo de nossa experiência negra. [...] Beba cada palavra e saboreie a vida. Obrigada Paulo, pela tua beleza, pela tua visão. Obrigado por nos ver, mulheres negras, e escrever nossas vidas na página. Axé. –

 

CHRISTEN A. SMITH, escritora e professora Departamento de Estudos da África e da Diáspora Africana Universidade de Austin, Texas.

 

A água e suas propriedades intrínsecas são mais que um motivo poético, mas um padrão estrutural para a reconexão de si com um fluxo perdido. Interrompido. Represado. Corrompido. “Corpo menstruação/Corpo amamentação/Corpo parto/ Corpo lágrima”, canta Ramos novamente. Materialidade fluida, como a poética e a própria negritude [...] Paulo Ramos, menino preto feiticeiro, faz do corpo água para enxaguar toda a dor de nossa História. –

 

OSMUNDO PINHO, escritor e professor Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

 

Este livro não é de poesia, puramente. Por favor, não o coloque nesta seção, na sua prateleira, nas bibliotecas. Não o faça assim. Seria minimizar a importância e o peso histórico que possui cada letra, palavra, frase e sentidos no fazer memória.

 

- DINA ALVES Doutora e Mestra em Ciências Sociais PUC/SP Atriz e advogada

PAULO RAMOS, natural do útero de Terê, ator/poeta e jurista. Doutorando e mestre do Programa de PósGraduação em Ciências Sociais Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Membro dos grupos de pesquisa: Observatório do Racismo e INANNA - Núcleo de Pesquisa sobre Sexualidade, Feminismo, Gênero e Diferenças PUC/SP. Idealizador do selo Pretaquisador.

 

Capa Brochura - formato 14x21 cm - páginas 92

 

Claudinei Vieira – Desconcertos Editora


Para Ti

Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida


 Mia Couto

In "Raiz de Orvalho e Outros Poemas" 


Pode ser que eu vá na tua boca

comer teu pão e entregar teu olho

matar o sono que nunca encontrei

ver tua alma e não saber de ti."

 

Romério Rômulo 


poesia

 

I

chegas a mim

como uma égua assanhada

não quer saber do meu carinho

só quer saber de ser trepada

 

II

 

eu te penetro

em nome do pai

do filho

do espírito santo

amém

 

não te prometo

em nome de ninguém

 

terra

 

amada de muitos sonhos

e pouco sexo

deposito a minha boca

nu teu cio

e uma semente fértil

nos  teus seios como um rio

 

Artur Gomes

Suor & Cio – MVPB Edições – 1985

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metáfora

 

meta dentro
meta fora
que a meta desse trem agora
é seta nesse tempo duro
meta palavra reta
para abrir qualquer trincheira
na carne seca do futuro 
meta dentro dessa meta
a chama da lamparina 
com facho de fogo na retina 
pra clarear o fosso escuro


Artur Gomes

O Homem Com A Flor Na Boca

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escrevo sobre a mulher que sou com letra cursiva
fujo dos nomes, das origens e da palavra que oprime

sem álibi ou embaraço
meus passos são largos
sempre apressados

equilibro-me num tango adulterado e dramático
às margens do abismo

minha mãe não contou sobre as ruínas do mundo
nada falou e calada apenas me olhou

naquele instante, tremi com o corpo úmido
sob um céu sem estrelas

e desde então, aprendi a inventar
pequenas alegrias
nas balbúrdias do dia a dia

Benette Bacellar - 2024
Imagem via Pinterest


BOLAÑOLATRIA

Me lembro do primeiro livro de Roberto Bolaño que caiu sob as minhas vistas.

Foi o "Noturno do Chile". Espiei lá dentro. O título e a linguagem me chamaram de imediato a atenção.

Notei que o autor havia morrido cedo, aos exatos 50 anos de idade. Pensei: parece ser um escritor latino-americanos adepto de experiências vanguardistas. Desses que aprontam um bocado e se despedem cedo do mundo.

Não comprei o livro. Só o leria bem mais tarde, depois de descobrir Bolaño de fato. E o meu primeiro passo efetivo rumo ao seu universo literário veio com o romance "Os detetives selvagens". Era o início de minha bolañolatria.

Quase toda a obra do chileno já foi lançada no Brasil. Do que restava publicar, chega agora um de seus livros badalados, "O gaúcho insofrível".

Mais uma vez é hora de celebrar o maior expoente literário de sua geração, responsável por promover um novo boom cujo epicentro se localizou na América Latina, como antes, com seus predecessores do realismo mágico.

Não faltou a Bolaño o reconhecimento da força daqueles que vieram antes dele, pavimentando-lhe o caminho.

Vejamos o que ele declarou a respeito daquele boom inaugural e seus principais protagonistas, na última entrevista que concedeu, reunida no livro "Roberto Bolaño - the last interview and other conversations":

"A literatura de Vargas Llosa ou de García Márquez é gigantesca. O trabalho de Vargas Llosa, por exemplo, é imenso. Ele tem milhares de pontos de entrada e milhares de pontos de saída. Assim é a literatura de García Márquez. Ambos são figuras públicas. Não são apenas figuras literárias. Vargas Llosa foi candidato a presidente. García Márquez é um peso-pesado político e muito influente na América Latina. Eles são superiores, superior às pessoas que vieram depois e, com certeza, aos escritores de minha geração. Livros como 'Ninguém escreve ao coronel' são simplesmente perfeitos."

Roberto Bolaño não viveu o suficiente nem para ver o estrago que a adesão ao neoliberalismo provocou em certas reputações, nem para colher os louros do seu sucesso estrondoso. Talvez não hesitasse em também se admirar com o mérito do seu próprio boom. 

 

                                    Paulo Lima 


 
cinquentenário

vivo comigo

há 50 anos

não me entendo

como não entendo

a minha poesia

talvez viver

seja isso

essa quase urgência

em nunca saber

viver é moderno

envelhecer é eterno

 

Do livro ‘ parangolares, pg. 26, do poeta

Aroldo Pereira.


Aroldo Pereira Poeta-Performer-Ator, ‘tá na pista’, já por 1/2 século com sua poesia sarcástica, marginal, ácida, sentimental, por esse Brasil a fora — vivendo, rebolando-se em ‘parangolés’, resistindo (sem correr com os versos debaixo dos braços / quando a barra pesa), vendendo seus filhos-filhas poéticas, ”só assim ele pode voltar e pegar um Sol em Copacabana”!

 

João Bosco Gomes 


A SINTONIA DO POEMA

 

O poema é elemento vivo que se estende

sobre a mesa feito um pão ou vero vinho,

é algo que perdura em oferenda,

hálito de sal, sopro de búzio e trompa,

toda uma sinfonia que sozinha soa

enquanto o maestro lhe solfeja o sol

da existência que lhe insufla uma alegria,

ser conforme o tempo em plena sintonia.

 

José Eduardo Degrazia


corpos à deriva

 

reativos

da ponta do indicador ao outro

 

... parecemos pinturas valiosas

expostas em molduras,

proibidos ao toque

 

corre um rio

um rio largo escorre

de uma boca a outra

 

mas se a conversa é séria

inter/dito

cada um na sua margem de contenção

quando o silêncio é o que impera

em um olhar que nos mira fundo

 

escapole diante às abordagens

do que há dentro da pele,

não penetra

a verdade

não remove as linhas do remendo

que nos ata o tear da vida

e nos faz incomunicáveis

- banais para o amor

impenetraveis ao coração

 

o desnudar

dos aflitos que somos

nos condenam às gazes do entorno

do peito

tirar dói, manter dói

fingir nos arrebenta

 

que queres aqui dentro

se não te pertenço, não te faço parte?

quem é você no mundo que te tem?

quem te habita o lado de dentro?

 

quem sustenta teu olhar em riste...

- sem, amolecer?

 

és tu,

ali naquela galeria de belas artes...

aqui em mim?

nessa boca que não alcanço

o fluir que leva adentro...

que muro é esse entre nós e o outro?

que é tão vapor

que quase sentimos o cheiro da pele?

 

acho que se fôssemos uma tela exposta

estaríamos tão frescos

que escorreríamos além da moldura,

da parede até o chão

e evaporaríamos para além do teto

 

estais à deriva dos desejos?

estou?

 

Rosa

 

Rosangela Ataide 


"Agora já não há espera

quando não estás, não sou.
E quando chegas,
o tempo não sabe mais de mim.
Eis-me prisioneiro
do instante infinito.
Posso sangrar
na lâmina da despedida.
Mas nunca mais
tenho partida."
.


Mia Couto 


A pesquisa acadêmica por vezes parece ser solitária. Há aquela imagem batida de um escritor/pesquisador sentado na escrivaninha, anotando coisas num caderninho, digitando rapidamente no computador, com óculos de tartaruga.

Uma coisa que aprendi ao longo dos 4 anos de doutorado é que, além de uma pesquisa focar em fenômenos coletivos, todo seu caminho de construção também pode ser feito com muitas mãos.

Daí que Cecília Castro, Ana Elisa Ribeiro e Samara Coutinho organizaram "Mulheres que editam", com a contribuição de outras mulheres pesquisadoras, a fim de incluírem diversos verbetes com o nome e a história de mulheres que editaram e editam livros no Brasil. Claro que estamos falando de um recorte, mas é fundamental que façamos esse rastreio na linha cronológica brasileira.

Tive o prazer de participar como pesquisadora, enviando 4 verbetes de editoras mulheres. Também fui entrevistada pela Samara Coutinho e incluída como um verbete, contando rapidamente sobre minha experiência enquanto editora da Macabéa Edições.

Uma grande conquista para as futuras e futuros pesquisadores de nosso país nas áreas de edição, literatura e história! 

 

Priscila Branco 


curuminha

para Rúbia Querubim

 

tua pele clara de pêssego

ou mesmo de manga fosse

lembra-me frutas tropicais

com sal e mel agridoce

intenso sabor tupiniquim

clarice beatriz que fosse

ou mesmo esse anjo serAfim

que dorme em praias distantes

e acorda dentro de mim

 

Artur Gomes

https://porradalirica.blogspot.com/


Todo Dia É Dia D Poesia Todo Dia


pela lei dos meus enganos

eu sou drummundo 

fulinaímico leviano

Zeus amante de Afrodite

mesmo que seja Vênus

e ninguém mais acredite

 

SagaraNAgens Fulinaímicas

 

guima meu mestre guima

em mil perdões eu vos peço

por esta obra encarnada

na carne cabra da peste

da hygia ferreira bem casta

aqui nas bandas do leste

a fome de carne é madrasta

ave palavra profana

cabala que vos fazia

veredas em mais sagaranas

a morte em vidas severinas

tal qual antropofagia

teu grande serTão vou cumer

nem joão cabral severino

nem virgulino de matraca

nem meu padrinho de pia

me ensinou usar faca

ou da palavra o fazer

a ferramenta que afino

roubei do meste drummundo

que o diabo giramundo

é o narciso do meu Ser

 

Artur Kabrunco 

Sagaranagens Fulinaímicas

Juras Secretas

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uma menina chamada Beth Araújo

  Esse espaço tem "mil"textos fantásticos. Poesia ? Prosa ? Não importa ! Imponderáveis,   não há como definí-los. A construção po...