Uma
cidade sem poesia não é nada
Zeus meu deus arcaico marllarmélico mallarmaico me ensinou a
entender no aramaico meus desejos
brazilíricos e transformar as tragédias
do bordel em manifestos bordelíricos
Federika
Lispector
Nem sei o que ela anda fazendo
hoje em meio a pernambucanos marxistas ela que nunca foi chegada a Marx
e nunca leu O Capital ela que que em 1987 me namorou na Ciranda do Boi Cósmico
e na hora de encarar o Arino na Pedra do Reino fugiu da Oficinas de Artes
Cênicas da ETFC foi estudar matemática e morar em Niterói.
Artur Gomes
O Homem Com A Flor Na Boca
https://www.facebook.com/arturgomespoeta
Terra em
Transe
Corpo Em
Trânsito
22 – 100
Anos Depois
A tropicália comeu Oswald de Andrade, eu também li re-li
devorei comi e também criei meu SerAfim, depois devorei comi o quinteto
tropicanalista Tom Zé Caetano Gil Capinam Torquato.
Acho que a minha
antropofagia começou na Mostra Visual de Poesia Brasileira –
você tem fome de quê?
você tem sede de quê?
Eu tenho fome sede de V(L)ER.
Manifesto antropofágico – Oswald de Andrade
antropofagia – tropicália – o que será o que seria
roteiro para um filme de humor sarcástico – santa loucura
santa nesse hospício do homem do pau brasil
Macuaíma Versus
Fuliaíma - a febre criativa de Mário de
Andrade na lira Paulistana de Artur Gomes
Intervenções ocupações parangolés de Hélio Oiticica
Caldeirão de Cultura pós tudo
tempo
suspenso
caso descrevesse a fugaz aparição como
:
um
fenômeno óptico meteorológico
separou a
luz do sol do seu espectro
(aproximadamente)
contínuo
e o
brilho de sua luz sobre gotas de chuva
formou
uma curvatura colorida
com as
cores do espectro solar
tal esforço teórico
pouco diria da
ponte celeste, erguida
sobre o azul
arcoirisando a tarde
visão plena de beleza
entre
fenômeno atmosférico
x
carga simbólica
vale a lenda
reencantamento
tesouros
over the
rainbow
dalila teles
veras
in uma pausa na luta
coletânea – org. manoel ricardo de lima
mórula editorial – 2020
1
deus se recorda
como se fosse hoje
teria de fazer tudo em sete dias
e fez
e passamos a numerá-los
como conta de mentiroso
2
a maçã foi comida
a serpente voltou para a árvore
o jardim virou mato e ferrugem de planta.
era uma vez o paraíso
3
primeiro queimaram os livros
depois queimam os próprios homens
para apagar de vez a memória dos
livros
4
quando ana cristina césar
olhou naquela manhã pela janela
o céu de Copacabana
parecia um coberto azul
5
nossa senhora das flores
começa a colecionar miniaturas de genet
para suportar as madrugadas de insônia
6
trinta anos de hospício
e deus ainda hesita em voar
das mãos de camille claudel
7
depois que kurt schwiters morre em 1948
ana flor passa o resto da vida
tatuando borboletas no corpo
e voando sobre os campanários
Celso
Borges
In pequenos poemas viúvos
OlhoD´Água Edições – 2020
Êxodo
I
vigília é uma onda de fósforo
que expõe névoa sobre névoa
vislumbra no espelho frio
os répteis do alvorecer
chuva sobre o deserto
sobre todos os inocentes
o mundo espia
- o que sabem eles das
papoulas¿
II
0 céu é imenso e tudo o que temos
São estrelas exiladas em silêncio
outras crianças solitárias
entre lágrimas derramadas
â noite – nós abraçamos
os bravos corações imortais
paraíso de ninguém
- onde ninguém se move
III
recordar do paraíso dos figos
das oliveiras ciprestes
dos pássaros que cantam hinos
das flores que nascem em granadas
é preciso recolher os pertences
antes que sequem os pastos das colinas
são olhares cruzando o deserto
- ao próximo voo¿
ziul
serip
in nakba – flor da
ressurreição
Editora Lobo Azul – 2020
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Artur Gomes
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