segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

múltiplas poéticas




A Geografia Poética de Artur Gomes, em Música, Prosa e Verso
ou
A Arte da Palavra em Movimento


Por Cristiane Grando*

“todo poema tem dois gomes
toda faca tem dois gumes"

Artur Gomes


“A poesia é palavra que não fere o silêncio.”
Jorge Berchet

É possível encontrar, na poesia de Artur Gomes (Cacomanga-RJ, 1948), uma série de referências culturais, uma espécie de mapa, uma geografia poética. Seus versos são visitados por diversos artistas e intelectuais, vivos e eternos, da arte brasileira e universal, como os músicos Caetano Veloso, Miles Davis, Janis Joplin, e John Lennon, os cineastas Godard, Truffaut, Fellini e Glauber Rocha, filósofos, dramaturgos, artistas plásticos, os poetas-amigos Dalila Teles Veras, Luíza Buarque e Zhô Bertholini, além de uma infinidade de escritores e poetas: Hilda Hilst, Paulo Leminski, Ferreira Gullar, Fernando Pessoa, Drummond, Lorca, entre outros, e especialmente seus mestres – os Andrades, Mário e Oswald e Guimarães Rosa... Macunaíma, Serafim Ponte Grande e Sagarana, são referências constantes na obra de Artur Gomes.

Num diálogo intenso com a tradição literária, Macunaíma transforma-se em Fulinaíma, e, acrescida da obra do mestre Guima, metamorfosea-se em SagaraNAgens Fulinaímicas, (livro e CD ) poesia-música... e teatro, para os que têm o privilégio de assistir aos shows de Artur Gomes, declamando pelas ruas, bares, palcos... pela vida. Em sua inquietude, Gomes, impregna o mundo com o som de poemas no cotidiano, quando os torna existência em sua voz. 

O valor deste trabalho poético e musical ganha maior intensidade quando inserido no contexto da sociedade contemporânea, no qual a poesia quase não tem espaço nem estudo.

A poesia de Artur Gomes fere sem ferir. Num universo de navalhas, sexo, cio, náuseas, estrumes, sua poesia tem dois gumes: um, marcado pela tradição dos poetas malditos, retomando Baudelaire, Rimbaud e Mallarmé em inúmeros poemas; outro pela musicalidade, arma com a qual assalta/assusta o leitor desprevenido. Em lances de versos metalingüísticas, o próprio poeta define o fazer poético: “pense sinfonia em rimas raras”.

Para ler Artur Gomes, devemos sempre estar atentos aos jogos de palavras, à riqueza do trabalho sonoro e rítmico, à musicalidade, à inquietude de seus conceitos, à plurissignificação, à multiplicidade das formas que as palavras assumem no espaço da folha em branco, às maiúsculas e minúsculas usadas de forma nada convencional, à criação de neologismos e novas expressões, como drummundo, sabe/sabre, fogo de palha/fogo & palha, bola de gude/gosma de grude, boca do estômago/bala no estômago.

 Um exemplo de trabalho formal e inovador e representado no poema “ Dia D”, cujas estrofes iniciam-se por uma vírgula.

A cultura brasileira ganha valor e significado quando é convocada à sua festa criativa uma grande quantidade de elementos indígenas e africanos, relegados muitas vezes pela sociedade brasileira. Da mesma forma, estilos musicais variados, associados à vanguarda da música contemporânea, também são convocados a esta festa de livros e CDs de Artur Gomes que pode ser conferida ouvindo o CD Fulinaíma Sax Blues Poesia, onde desfia com os seus parceiros Luiz Ribeiro, Naiman, Dalton Freire e Reubes Pess a sua “Marca Registrada.

A palavra poética é uma ponte, uma celebração da liberdade pela qual as pessoas podem ou devem ao menos tentar cruzar, para se salvarem ou para gritarem contra as injustiças sociais e abusos que o império comete em seus extra-muros.

A arte que assume Artur Gomes em seus versos e em sua vida é a arte da palavra em movimento. Sendo ator, gestor e produtor cultural, Artur caminha por diversas vertentes artísticas. Assim como o mímico Jiddu Saldanha, Artur Gomes sabe

 “arrancar do gesto/ a palavra chave/ da palavra a imagem xis/ tudo por um risco/ tudo por um triz”.

Agradecimentos ao poeta Leo Lobos, pela leitura da obra de Artur Gomes e pelo diálogo, sugestões e comentários tecidos durante a elaboração do texto.

Cristiane Grando
Escritora, fotógrafa e professora
Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada – Universidade de São Paulo (USP). Laureada UNESCO-ASCHBERG de Literatura 2002-2003



Meu povo, meu poema

Meu povo e meu poema crescem juntos
como cresce no fruto
a árvore nova

No povo meu poema vai nascendo
como no canavial
nasce verde o açúcar

No povo meu poema está maduro
como o sol
na garganta do futuro

Meu povo em meu poema
se reflete
como a espiga se funde em terra fértil

Ao povo seu poema aqui devolvo
menos como quem canta
do que planta

Ferreira Gullar




Musa
que é musa
não tem vergonha de nada
escancara a cara no espelho
se desnuda pra fotografia
teu corpo camisa de vênus
a flor da pele irradia
rasgando a camisa de força
tua carne é só poesia.

Federico Baudelaire
https://porradalirica.blogspot.com/




por aqui nessa trincheira
por entre mangues soterrados
tenho de sobra algum desejo

:
Dê Livros
Dê Lírios
Dê Beijos


A vida sempre em suspense
alegria prova dos nove
fanatismo não me convence
muito menos me comove

Pátria A(r)mada 

Artur Gomes poemas para segunda edição Editora Desconcertos –

 Fulinaíma MultiProjetos
https://arturgumesfulinaima.blogspot.com


os preços
pelos olhos da cara
gasolina óleo diesel
gáz de cozinha
sem falar em remédios
sem falar em alimentos
o país foi loteado
tudo entregue de mão beijada
as multinacionais do petro-negócio
pré-sal foi entregue de bandeja
a preço de água com açúcar
e para o povo ficou o salamargo
mas para o genopresidentecida
tanto faz como tanto fez
para ele foi ótimo o resultado
do golpe de estado no ano de dois mil e dezesseis


Jura secreta 16
para may pasquetti

fosse esta menina Monalisa
ou se não fosse apenas brisa
diante da menina dos meus olhos
com esse mar azul nos olhos teus

não sei se MichelÂngelo
Da Vinci Dalí ou Portinari
te anteviram
no instante maior da criação

pintura de um arquiteto grego
quem sabe até filha de Zeus

e eu Narciso amante dos espelhos
procuro um espelho em minha face
para ver se os teus olhos
já estão dentro dos meus

Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018

www.secretasjurasblogspot.com


tão distante teresina
me lembro da cajuína
saudade da faustina

que conheci no carnaval
da mostra visual de poesia
brasileira

tinha carlos careqa
jormmad muniz de brito
rubervam du nascimento

o verbo então carnal
argamassa no cimento

mas a carne tão macia
viva crua quase nua
acenderam a luz no apartamento


 
O poeta enquanto coisa


Cristina Bezerra me disse
que trepo no corpo
das palavras
na desconstrução da normalidade
dos seus significados

o poema é um jogo de dedos
um lance de dados
e o poeta enquanto coisa
é mediúnico
amoral em sua estética

na transa poética
tudo o que sai do corpo
é o que já foi incorporado


Fulinaimiamente – TransPoÉticas
Coletânea Poetas Vivos – Nic Cardeal + Fernando Pessoa + Ademir Assunção + Fernando Leite Fernandes + Artur Gomes + Benette Bacelar + Luis Avelima + Federico Baudelaire + Luis Mendes + Artur Fulinaíma + Florbela Espanca

dentro da noite veloz

quando estive em Ubatuba
não era junho de chuva
lágrimas de Oxum menina
encharcaram minha íris – viúva
dentro da noite veloz
e na vertigem do dia
aquela prova dos nove
não foi nenhuma alegria
muito pelo contrário
me deu angústia agonia
a menina dos meus olhos
que beijei na algaravia
dentro da noite veloz
e na vertigem do dia

Artur Gomes
https://fulinaimicamente.blogspot.com/
 


 

Literofagia

comer a palavra
degustar
deglutir
digerir
devorar
poesia
eu bebo
eu como
Oswald de Andrade
na geleia geral
pelos becos botecos e pelos
bares da cidade
literofagia

Geleia Geral – Revirando a Tropicália
Semana de 22 – 100 Anos Depois
Dia 24 – junho -2202 – 19h
Local: Santa Paciência Casa Criativa
Rua Barão de Miracema, 81 – Campos dos Goytacazes-RJ



o curral das merdavilhas

o brasil já foi ilha de vera cruz
e nunca foi ilha
já foi terra de santa cruz
e nunca foi santa
hoje ninguém mais se espanta
com o volume das trapaças
no curral das merdavilhas

Artur Fulinaíma
https://ciadesafiodeteatro.blogspot.com/


atentado poético


a hipocrisia aqui é muita
liberdade muito pouca
com meus dentes de navalha
vou rasgar a tua roupa
esse poema beijo/bomba
vai explodir na tua boca

Federico Baudelaire
https://arturfulinaima.blogspot.com/
 


MINHA MEDIDA

Meu espaço é o dia
de braços abertos
tocando a fímbria de uma e outra noite
o dia
que gira
colado ao planeta
e que sustenta numa das mãos a aurora
e na outra
um crepúsculo de Buenos Aires

Meu espaço, cara,
é o dia terrestre
quer o conduzam os pássaros do mar
ou os comboios da Estrada de Ferro Central do Brasil
o dia
medido mais pelo pulso
do que
pelo meu relógio de pulso

Meu espaço — desmedido —
é o nosso pessoal aí, é nossa
gente,
de braços abertos tocando a fímbria
de uma e outra fome,
o povo, cara,
que numa das mãos sustenta a festa
e na outra
uma bomba de tempo.

Ferreira Gullar


quantas eras quantas anas

estive em muitos lugares algumas páginas de livros jornais paredes e muros de cidades que nem mesmo conhecia. Me lembrava agora de um poema do livro BrazilLírica Pereira: A Traição das Metáforas e da minha passagem por Santo André entre 1993 e 1997.


Lá conheci um músico mineiro de nome Alexandro Silva, mas que gostava de ser chamado de Naiman. Foram longos anos de parcerias musicais que, algumas, estão gravadas no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia, lançado em 2002. Em 1996, numa viagem que fizemos em um fusca para Campinas, onde eu fui dirigir uma Oficina de Criação de Artifícios no SESC, que me veio pela primeira vez a palavra Fulinaíma, talvez soprada por alguma divindade mística, que nem mesmo Freud explica.

Não há vagas

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.

Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.

Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira.

Ferreira Gullar

Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?

Ferreira Gullar


 
Subversiva


A poesia
Quando chega
Não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos
Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha
Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.
E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.
E promete incendiar o país.

Ferreira Gullar

poemas portugueses

Nada vos oferto
além destas mortes
de que me alimento

Caminhos não há
Mas os pés na grama
os inventarão

Aqui se inicia
uma viagem clara
para a encantação

Fonte, flor em fogo,
quem é que nos espera
por detrás da noite ?

Nada vos sovino:
com a minha incerteza
vos ilumino

Ferreira Gullar 

psicanalítica

freudelicamente
meu coração fellini
tem estado bergman
por desejar branquinha
em seu estado avesso

Federico Baudelaire

https://www.facebook.com/federicoduboi/?fref=ts 

se eu soubesse o endereço
da estrada que atravesso
marcaria outro começo
no final da madrugada
vestiria um linho branco
numa calça engomada
e beberia um vinho tinto
na boca da namorada

 

do outro lado do olho
seus dedos abusam
do smartphone
ela com suas pernas largadas
nuas ao espaço do mar
solta um riso frouxo
quando limpa o sangue
escorrido do meu olho

 

veneno

as tintas de Almodóvar
faíscam no meu corpo
qual centelhas
ferve o sangue
toxina em cada veia
como veneno que bebi
no ferrão de alguma abelha

colei tua foto.grafia
em minha face
para ver do outro lado do olho
se o teu olho me olha
como antes
na face da liberdade
por nunca mais
te querer distante
por toda essa eternidade

espelho

flechas que sangraram Oxóssi
em meu peito quebro
espelho do outro lado
da rua mato a fera
Ogum me deu a lança
tua fúria não me alcança
não ando só Yansã
me leva em sua ventania
trovão estampido coice elétrico
tenho o reflexo do fluxo
do sangue que me embala
bala na veia tiro de letra
não tenho trava não tenho treta
branca ou preta eu traço o tempo
ao sabor do vento que vem
ao sabor do vento que vai
onda do mar eu tenho o sal
e quero sol a solidão não pega
de surpresa nunca fui presa
fácil pra tua armadilha
eu tenho a trilha que os teus pés
jamais irão pisar.

Federika Lispector
https://www.facebook.com/federikalispector/?fref=ts 

injúria secreta 2

o meu amor
não é um bicho
mas é um pássaro
afogado no lixo


Gigi Mocidade
foto: Artur Gomes

Sob a Espada

mas que sentido tem tecer palavras e palavras
- amoras
auras
lauras
carambolas -
com esta mão mortal
enquanto o tempo luze sua espada
sobre mim?

Para que armar mentiras
se a água é água se a água é nuvem (entre meus pés) se a folha é por si só lâmina verde e corta e se meus dentes estão plantados em mim?
nesta gengiva sim
que sou eu mesmo
e unha e ânus
e anca e osso
e pele e pêlo
e esperma e
escroto
com que invento
um verso torto

Ferreira Gullar 

espírito santo

Guarapari aqui estou
aqui me encontro
em estado de espírito santo
nesse mar azul e branco
como a s cores da Portela
o rio já passou em minha vida
nas marés de um serafim
mar é o que fica
como o deus que me habita
sem princípio meio ou fim

Federika Bezerra
foto: Artur Gomes

www.fulinaimargem.blogspot.com

 feminina


fosse apenas flor da pele
nessa flor tão feminina
me afoga me naufraga
me engole pelo estômago
nesse mar entre teus pelos
nessa pedra entre teus poros
nesse vento entre os cabelos

Gigi Mocidade

foto: Artur Gomes

www.porradalirica.blogspot.com

alguma poesia

não. não bastaria a poesia deste bonde
que despenca lua nos meus cílios
num trapézio de pingentes onde a lapa
carregada de pivetes nos seus arcos
ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos.

não. não bastaria a poesia cristalina
se rasgando o corpo estão muitas meninas
tentando a sorte em cada porta de metrô.
e nós poetas desvendando palavrinhas
vamos dançando uma vertigem
no tal circo voador.

não. não bastaria todo riso pelas praças
nem o amor que os pombos tecem pelos milhos
com os pardais despedaçando nas vidraças
e as mulheres cuidando dos seus filhos.

não bastaria delirar Copacabana
e esta coisa de sal que não me engana
a lua na carne navalhando um charme gay
e uma cheiro de fêmea no ar devorador
aparentando realismo hiper moderno,
num corpo de anjo que não foi meu deus quem fez
esse gosto de coisa do inferno
como provar do amor no posto seis
numa cósmica e profana poesia
entre as pedras e o mar do Arpoador
uma mistura de feitiço e fantasia
em altas ondas de mistérios que são vossos

não. não bastaria toda poesia
que eu trago em minha alma um tanto porca,
este postal com uma imagem meio Lorca:
um bondinho aterrizando lá na Urca
e esta cidade deitando água
em meus destroços
pois se o cristo redentor deixasse a pedra
na certa nunca mais rezaria padre-nossos
e na certa só faria poesia com os meus ossos.

Artur Gomes
In Couro Cru & Carne Viva

Prêmio Internacional de Poesia - Quebec - Canadá 1987

www.suorecio.blogspot.com

Ali

quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro ou está por fora
quem está por fora
não sustenta um olhar que demora
diante do meu centro
este poema me olha

ali
se Alice ali se visse
quando Alice viu e não disse
se ali Alice dissesse
quanta palavra veio e não desce
ali bem ali dentro da Alice
só Alice com Alice ali se parece

Paulo Leminski

meu corpo
no epicentro do mundo
parabolicamará
quando o mar dá no sertão
e o sertão está no mar

               Beatriz Gumes

Poema Obsceno

Façam a festa
cantem e dancem
que eu faço o poema duro
o poema-murro
sujo
como a miséria brasileira

Não se detenham:
façam a festa
Bethânia Martinho
Clementina
Estação Primeira de Mangueira Salgueiro
gente de Vila Isabel e Madureira

todos
façam
a nossa festa
enquanto eu soco este pilão
este surdo
poema
que não toca no rádio
que o povo não cantará
(mas que nasce dele)

Não se prestará a análises estruturalistas

Não entrará nas antologias oficiais

Obsceno
como o salário de um trabalhador aposentado
o poema
terá o destino dos que habitam o lado escuro do
país
– e espreitam.
 

Ferreira Gullar

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