sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

dani-se morreale

 

Dani-se morreale

 

se ela me pisar nos calos

me cumer o fígado

me botar de quatro

assim como cavalo

galopar meus pelos

devorar as vértebras

 

Dani-se

se ela me vier de unhas

me lascar os dentes

até sangrar o sexo

me enfiar a faca

apunhalar meus olhos

perfurar meus dedos

 

Dani-se

se o amor for bruto

até mesmo sádico

neste instante lírico

se comédia ou trágico

quero estar no ato

 

e Dani-se o fato

deste sangue quente

em tua boca dos infernos

deixa queimar os ossos

e explodir os nossos

poemas físicos pós modernos


Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

https://secretasjuras.blogspot.com/



Poétttica

Imburi – essa palavra estranha
só existe em são francisco
e me arrisco
a pensar que seja engano
o biscoito de polvilho
farinha branca no trilho
morreu mais um – menos nada
a tapioca na telha
e o sol sumiu na estrada

Artur Gomes Fulinaíma 

www.fulinaimacentrodearte.blospot.com


esfinge


o amor
não e apenas um nome
que anda por sobre a pele

um dia falo letra por letra
no outro calo fome por fome
é que a pele do teu nome
consome a flor da minha pele

cravado espinho na chaga
como marca cicatriz
eu sou ator ela esfinge
clarisse/beatriz

assim vivemos cantando
fingindo que somos decentes
para esconder o sagrado
em nosso profanos segredos

se um dia falta coragem
a noite sobra do medo

na sombra da tatuagem
sinal enfim permanente
ficou pregando uma peça
em nosso passado presente

o nome tem seus mistérios
que se esconde sob panos

o sol e claro quando não chove
o sal e bom quando de leve
para adoçar desenganos
na língua na boca na neve

o mar que vai e vem
não tem volta

o amor é a coisa mais torta
que mora lá dentro de mim
teu céu da boca e a porta
onde o poema não tem fim

artur gomes
http://juras-seecretas.blogspot.com 


Jura secreta 7


fosse sampa uma cidade
ou se não fosse não importa
essa cidade me transporta
me transborda me alucina
me invadeinter fere na retina
com sua cruel beleza

como Oswald de Andrade
e sua realidade
como Mário de Andrade
e sua delicadeza

Artur Gomes
https://secretasjuras.blogspot.com/




Goitacá Boy

ando por são paulo meio araraquara
a pele índia do meu corpo

concha de sangue em tua veia
sangrada ao sol na  carne clara

juntei meu goitacá seu guarani
tupy or not tupy
não foi a língua que ouvi
na sua boca caiçara

para falar para lamber para lembrar
de sua língua
arco íris litoral como colar de uiara
é que eu choro como a chuva curuminha
mineral da mais profunda lágrima
que mãe chorara

para roçar para cumer para tocar
na sua pele urucum de carne osso
minha língua tara
sonha lamber do seu almoço
e ainda como um doido curuminha
a lamber o chão da Guanabara

Artur Gomes
musicado e cantado por Naiman, no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia - 2002

clique no link para ver o vídeo
http://www.youtube.com/watch?v=Y0KKfii2BKY


Pedra Dourada


amo a pedra
onde mora
estive lá
já vim embora
assim sozinho
mas é como se a pedra
estivesse ainda em meu caminho

Artur Gomes

www.arturkabrunco.blogspot.com




Jura Secreta 98


fosse quântico esse dia
calmo claro intenso inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria

mesmo que em meio a tarde
TROVOADAS tempestades
insanidades guerras frias
iniqüidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria

20 horas
20 noites
20 anos
20 dias

até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria

Artur Gomes

www.secretasjuras.blogspot.com


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