sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

jura secreta 54

 

Jura secreta 54

moro no teu mato dentro
não gosto de estar por fora
tudo que me pintar eu invento
como um beijo no teu corpo agora

desejo-te pelo menos enquanto resta
partícula mínima micro solar floresta
sendo animal da Mata Atlântica
quântico amor ou metafísica
tudo que em mim não há respostas

metáfora D´alkimim fugaz Brazílica
beijo-te a carne que te cobre os ossos
pele por pele sobre as tuas costas

os bichos amam em comunhão na mata
como se fosse aquela hora exata
em que despes de mim o ser humano
e do corpo rasgamos todo pano
e como um deus pagão pensamos sexo

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

www.secretasjuras.blogspot.com



lua nova

o imaginário
o su-real
a fantasia

como eu queria
ser a Cássia Eller
cantar nos seus ouvidos
:
nada disso
o tempo de espera é lua velha
a lua nova quando chega
bate a porta

abro para ver quem é
não há surpresa
é você mulher

Artur Gomes Gumes


 A tentação sou eu


Deito pra lua
só ela p(h)ode como eu quero
penetrar-me com sua luz de fogo
me deleitar com seu leite
eu quero a lua cheia
que me entre o mar das cochas
e me engravide com seu manto
e que não fique algum quebranto
o mal olhado o olho gordo
que me lave com seu líquido
e me leve até São Jorge
com o seu cavalo branco

Gigi Mocidade
 

www.porradalirica.blogspot.com


a Arte que me interessa
é sem mordaça
a muito tempo
minha boca do inferno
perdeu sua cabaça
pelo prazer de gozar
e fazer


                              Cristina Bezerra


             Poética 86


teu silêncio
pedra na garganta
saliva seca
nessa língua faca
por quê não canta
a dor de cotovelo?

derruba essa parede
que te cerca
desamarra essa corda
que te enforca
rasga essa mortalha
que te mata

 

os lençóis da cama

amanheceram amarrotados

te vejo nas vitrines

frente a janela contra luz

nos olhos  - me mostra

o litoral das costas

mar que não tem fim

 

mergulha que setembro

é outro tempo – o que se foi

já era – as ervas estão crescendo

nos canteiros

morremos de sede

do vinho que não bebemos

e do amor que não fizemos



Gigi Mocidade

www.porradalirica.blogspot.com


o sal que escorre
sobre tuas costas
é mar de esperma
que vai fecundar
entre tuas coxas
mariscos ostras
peixes vários
na explosão das algas

quando o mar do cio

em eclosão atlântica

for comunhão de olgas

e as conchas grávidas

de sereias

parir em seus ouvidos

Federico Baldelaire 


o mestre hoje me deixou sem palavras tive que me fingir de santa quase fiquei de quatro embora lendo as cartas de Rimbaud tive que concordar com ele aos 17 18 anos realmente meu corpo não cabia nos panos

Rúbia Querubim

https://arturfulinaima.blogspot.com/


poética 58

se a negritude ameríndia
do meu canto
lhe causa desconforto
insana criatura
não se assuste com essa química
isso se chama Sagaranagens Fulinaímicas
meu girassol de metáforas
meu caldeirão de misturas

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

www.secretasjuras.blogspot.com


o rascunho

 

contém um poema

           que o poema

                  impresso

                    não tem

 

o testemunho

            na lenta rasura

            na pressão do punho

            na linha da letra

 

o cunho

 

aquilo:

        o que a palavra

                               nem

 

Eduardo Tornaghi

In Sala de Visitas – poetas e poemas

Org. Chris Resplande

Goiânia – GO - 2022


Jura secreta 27

 rio em pele feminina 

o rio com seus mistérios 
molha meu cio em silêncio 

desejo o que nos separa 
a boca em quantos minutos 

as flores soltas na fala 
o pó dos ossos dos anos 

você me diz não ter pressa 
seus olhos fogo na sala 

o beijo um lance de dados 
cuidado cuidado cuidado 

que sou um anjo de fadas 
não beije assim meus segredos 

meus olhos faróis nos riachos 
meus braços dois afluentes 
pedaços do corpo do rio 
meus seios ilhas caladas 
das chamas não conhece o pavio 

se você me traz para o cio 

assim que o sexo aflora 
esta palavra apavora 

o beijo dado mais cedo 
quebra meu ser no espelho 

meu cerne é carne de vidro 
na profissão dos enredos 
quanto mais água me sinto 
presa ao lençol dos seus dedos 

o rio retrata meu centro 
na solidão de mim mesma 
segundo a segundo nas águas 

lá onde o sol é vazante 
lá onde a lua é enchente 
lá onde o rio é estrada 

onde coloca seus versos 
me encontro peixe e mais nada 

 

Artur Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux - 2018

www.secretasjuras.blogspot.com



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