em todas minhas
partes
concretas abstratas
o amor sempre retrata
todo espelho que vivi
poÉtika 1
a língua escava entre os dentes
a palavra nova
fulinaimânica/sagarínica
algumas vezes muito prosa
outras vezes muito cínica
tudo o que quero conhecer:
a pele do teu nome
a segunda pele o sobrenome
no que posso no que quero
a pele em flor a flor da pele
a palavra dândi em corpo nua
a língua em fogo a língua crua
a língua nova a língua lua
fulinaímica/sagaranagem
palavra texto palavra imagem
quando no céu da tua boca
a língua viva se transmuta na viagem
mar
esse mar que eu tanto quero
se não vem me desespero
esse mar me faz suspenso
esse mar que as vezes penso
e não sei onde vai dar
nesse mar onde mergulho
esse mar me faz barulho
nesse mar tanto silêncio
esse mar que as vezes tenso
e não sei se vai passar
fulinaímica
não sei se escrevo tanto
não sei se escrevo tenso
um fio elétrico suspenso
com tanta coisa no Ar
não sei se olho em teu olho
pra encontrar a entrada
da porta da tua casa
onde a palavra estiver
não sei se pinto um Van Gog
ou se escrevo um Baudelaire
Mar que as
vezes vem
mar que as vezes vai
Mar quando vem
me entra e fica
e quando vai
de dentro de mim não sai
boi morto
para Martinho Santafé
e Manuel Bandeira in Memória
a lua elétrica passeia
sobre os fios de cabelos
da minha cabeça
e ante que me esqueça te digo:
- um pássaro bêbado voa
à procura do boi morto
no pasto deserto
a fonte radioativa - agrotóxica
devasta o pouco que restou
da ácida tempestade.
lucidez
o mar se foi
como um boi solitário
na pastagem
olho a paisagem em frente
só silêncio
ouço apenas a voz do mar ao longe
me dizendo: Adeus
e o que havia em mim enlouqueceu
jura secreta 140
para o Mar que mora em mim
o enigma não está propriamente
na meta física da metáfora
mar de carne e osso
se eu não falasse ou não dissesse
esse relógio trágico
com seus ponteiros mágicos
arrastando segundo por segundo
tudo o que não passa tudo o que não cessa
o fluxo em tua boca de vênus - minhas unhas
só o céu é testemunha
desse instante único
em que passeio em tua pele
como uma flor de lótus
flor de cactos flor de lírios
ou mesmo sexo sendo flor
ou faca fosse mar de tanta espuma
com minha língua de espera
vou te mergulhar
tenho apenas
esse punhal de prata
e a lua já não é mais cheia
a poesia sempre na veia
e aquele beijo guardado
que ainda não foi roubado
na noite da santa ceia
Nenhum comentário:
Postar um comentário