edra de toque
quem viver verão
no
verão a gente houve rock
viva
jimmi hendrix janis Joplin
cazuza
cássia eller luiz ribeiro
e
tantos outros que nos deram o toque
Artur Gomes
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felínica
desfolhei teu bem-me-quer
flores do mal não dá sossego
a hora
do desassossego
me chega sem aviso como agora
teu corpo fala o infalível
e tem as curva de estradas
que não percorri
não sei porque ainda estou com fome
e não comi
Artur Gomes
May Pasquetti - foto: Artur Gomes Gumes - na Usina do Gasômetro - Porto Alegre-RS
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jura secreta 27
o rio com seus mistérios
molha meu cio em silêncio
desejo o que nos separa
a boca em quantos minutos
as flores soltas na fala
o pó dos ossos dos anos
você me diz não ter pressa
seus olhos fogo na sala
o beijo um lance de dados
cuidado cuidado cuidado
que sou um anjo de fadas
não beije assim meus segredos
meus olhos faróis nos riachos
meus braços dois afluentes
pedaços do corpo do rio
meus seios ilhas caladas
das chamas não conhece o pavio
se você me traz para o cio
assim que o sexo aflora
esta palavra apavora
o beijo dado mais cedo
quebra meu ser no espelho
meu cerne é carne de vidro
na profissão dos enredos
quanto mais água me sinto
presa ao lençol dos seus dedos
o rio retrata meu centro
na solidão de mim mesma
segundo a segundo nas águas
lá onde o sol é vazante
lá onde a lua é enchente
lá onde o rio é estrada
onde coloca seus versos
me encontro peixe e mais nada
artur gomes
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o delírio
é a lira do poeta
se o poeta não delira
sua lira não profeta
Artur Gomes
foto: Rachel Louback
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EntreDentes
a lavra da palavra quero
quando for pluma
mesmos endo espora
felicidade uma palavra
onde a lavra explora
se é saudade dói mas não demora
e sendo fauna linda como a flora
lua lunda vem não vá embora
se for poema fogo do desejo
quando for beijo
que seja como agora
Artur Gomes
https://www.youtube.com/watch?v=Y0KKfii2BKY
a face oculta da maçã
duas partes que se abrem pêssego
campo de girassóis teus pelos
alvoroçados sob o sol de Amsterdã
enquanto isso em teus mamilos penso
o que ainda não comi desta maçã
Artur Gomes
http://youtube.com/fulinaima
Bolero Blue
beber
desse conhac em tua boca
para matar a febre
nas entranhas entredentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é
que a fome desse beijo
furta qualquer palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai
Artur Gomes
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a poesia
da barra
ainda esbarra
no centro imponderável
que o tempo
ainda me traz
Artur Gomes
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Beatriz – A Morta
Oswald de Andrade Re-Visitado
como pedra me olhas
como fedra te vejo
vestida de carne nua
a língua na maçã navalha
tua alma transparente crua
o olho por detrás da porta
poema com pavio aceso
quando Oswald pariu A Morta
tinha o dente
nos teus olhos preso
Artur Gomes
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Muito Prá Lá de Além do Mar
ontem conversando com Zeus
olha só o que me disse
:
- àquela Eva
que me roubaste
em outras Eras
no Jardim de Bento
quero a devolução
- Sai prá lá Zeus não sou Adão
- mas tuas juras secretas
me veio criar tormentas
insandeceu as serpentes
mudou do vento as correntes
no mar inverteu marés
incendiou luas cheias
- que posso fazer
se tenho veneno nas veias?
tenho o sangue intoxicado
por tudo que bebo e como
aliás não és meu dono
pra me dar ordens do além
- posso não ser seu dono
mas sou que vos ilumina
te botei nas mãos a menina
pra te arder de paixão
deixar tua alma feminina
e dilacerar teu coração
- seu descarado bandido
deixa de conversa fiada
que a menina que vos fala
alinhavou meus desvelos
bebeu meu sangue na sala
e despertou do pesadelo
é amor pra nunca mais
nas 4 casas que tenho
em todas o amor é sagrado
como algum sonho secreto
que a poesia me trouxe
com alguma coisa de céu
alguma coisa da terra
do outro lado do mar
tenho em mim
que o amor navega
em mares de tempestades
raios relâmpagos trovoadas
e quando deságua no porto
quando ancora no cais
é coisa de dar em doido
é amor pra nunca mais
acabar
Poética 2
beijos tantos bem de perto
quem sabe acerto
o caminho do trilho
e foco dos teus olhos o brilho
bem na íris retina
ceu cio em teu
olhar
enquanto fores menina
do outro lado do mar
Artur Gomes
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Jura Secreta 16
fosse essa menina Monalisa
e se não fosse apenas brisa
diante dos meus olhos
com este mar azul nos olhos teus
nem sei se Michelângelo, Dali, ou Portinari
te anteviram no instante maior da criação
pintura de um arquiteto grego
ou quem sabe até filha de Zeus
e eu Narciso amante dos espelhos
procuro um espelho em minha face
para ver se os teus olhos já estão dentro dos meus
meta metáfora no poema meta
como alcançá-la plena
no impulso onde universo pulsa
no poema onde estico plumo
onde o nervo da palavra cresce
onde a linha que separa a pele
é o tecido que o teu corpo veste
como alcançá-la pluma
nessa teia que aranha tece
entre um beijo outro no mamilo
onde aquilo que a pele em plumo
rompe a linha do sentido e cresce
onde o nervo da palavra sobe
o tecido do teu corpo desce
onde a teia que o alcançar descobre
no sentido que o poema é prece
Artur Gomes
www.secretasjuras.blogspot.com
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