corpo
em trânsito
em São Paulo uma menina
me chamou de SerAfim
por saber que poesia
é tudo que transa em mim
e ainda uma outra
me chamou de desvairado
por saber que concretismo
anda sempre do meu lado
foi então que em Teresina
me chamaram de Torquato
ao perceberem minha boca
com esse meu vapor barato
e uma outra feminina
me chamou de Faustino
por re-V(L)ER no meu poema
esse sotaque feminino
no Recôncavo baiano
bem no centro o reconvexo
rasguei todos meus planos
quando fiz primeiro sexo
numa feirinha de verdura
uma linda criatura elegante sensual
me pediu pra ler Leminski
quando viu meu visual
no poema de Kandinsky
e encontrei fulinaíma
no universo paralelo
pra revirar o céu de anil
desse país verde amarelo
revirando a tropicalha
pelo avesso do avesso
foi tamanha a CarNAvalha
que perdi meu endereço
fui parar em Ipanema
num 1º de Abril
quando assisti pelo cinema
a pátria mãe que me pariu
fui pro morro da Mangueira
re-inventar Parangolé
por entender que esse brasil
ainda vai ficar de
pé .
Federico Baudelaire
O
homem com a flor na boca
www.fulinaimargens.blogspot.com
duas rosas vermelhas
em mim significam
tudo aquilo que o oculto
ainda me diz
metáfora lírica que me vem
dos olhos dela
a flor mais bela
que me pinta em aquarela
no engenho do encantado
e
me visita na janela
em meu sonho acordado
Artur Gomes
Deus Não Joga Dados
www.fulinaimicamente.blogspot.com
talvez
talvez
seja
um pouco panfleto
diabo concreto
quando avisto o mar à vista
surrealista
pra entortar a linha reta
mais anarquista
que poeta
Artur Gomes
https://www.facebook.com/arturgomespoeta
Depois da invasão das minhas contas no face e no zap levei algumas semanas em modo reflexão. Pensamentos vários se passaram, primeiro tentar rastrear para descobrir pistas dos invasores, ou das invasoras. Segundo como Flor de Lótus, respirar, concentrar, porque a vida segue sem limites, ponteiros de relógios de zincos ou de músculos não param, giram giram giram. Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu, verdade absoluta já cantou Chico Buarque. E de Dante a Chico Buarque todos os poetas já cantaram suas musas. Beatriz são tantas. Refletindo sobre o susto do absurdo, contabilizando as perdas tanto em um espaço e outro, duas semanas me fingindo de morto para voltar ao ataque com os atentados poéticos: Deus Não Joga Dados, e O Homem Com A Flor Na Boca é mais um petardo que se encontra em fase de construção. Depois de organizar em blogs todos os poemas dos livros Juras Secretas, O Poeta Enquanto Coisa e Pátria A(r)mada e de quebra ir me alimentando dos fragmentos que comporão o livro Da Nascente A Foz : Um Rio De Palavras, registros memorialísticos das minhas travessuras por este sertão do zeus me livre e alguns tratados sobre a minha produção poética.
MAKONDO
Meus Cem Anos de Solidão
vivi ali na Cacomanga
minha Itaguara
meu Grande SerTão Veredas
minha América Latrina
não sei por quanto tempo Apalo Seco
25 Anos De Sonho E Sangue
Santeiro do Mangue
me arrancou o fôlego me jogou na Transa
“triste Bahia ó quão
dessemelhante
estás e estou do nosso antigo Estado
a ti tocou-te a máquina mercante
que em tua larga barra tem entrado
tanto negócio e tanto negociante”
Gregório de Mattos Guerra
me deu o mote:
o bom cabrito não berra
tudo que vem do mar
a grana mata in-terra
ontem em um longo papo, ao telefone, com o parceiro KINO3 Tchello d´Barros,
conversávamos sobre a ideia de um Banquete Antropofágico que penso colocar
como uma das atividades do projeto: Vamos
Devorar 22. – 100 Anos Depois, como sátira a situação de um país com o
brasil onde parte da sua população se alimenta de osso e rejeitos dos açougues.
das veredas do silêncio
as vielas dos escombros
não sei mais por onde ando
nesse país agora esgoto
esgotada todas as possibilidades
da fala escrevo
dando descarga na privada
da latrina pública
no banheiro do palácio do planalto
Pastor de Andrade
Florbela
A mulher dos sonhos
Quem é ela
depois do sonho
sossego ou pesadelo
quem será capaz
de desatar o nó desse novelo
há tempos não te sinto
não te toco
não te abraço
não te beijo
não te foco
hoje tenho um corte no peito
unhas de serpente
fio de navalha
faca afiada
ontem sonhei
que Freud explica
nossa relação apimentada
quando acordei
era você
me dando uma dentada
Deus não joga dados
mas a gente lança
sem nem mesmo saber
se alcança
o número que se quer
mas como me disse mallarmè
:
- vida não é lance de dedos
A vida é lança de dardos
Deus não arde no fogo
mas eu ardo
Fulinaíma
origem e significados
Ela dormia oculta no inconsciente coletivo nasceu
dentro do mato à beira da estrada dos Bandeirantes, me chegou como um vulcão
relâmpago caldeirão fervendo. Seguia dentro de um fusca com Naiman, indo para o
SESC Campinas para dirigir uma Oficina de Criação de Artifícios com foco na
poesia experimental visual contemporânea.
Era 1996 tinha acabado de viver uma extraordinária
experiência com os Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia
de Mim e anteriormente a Mostra Visual de Poesia Brasileira - Mário de Andrade – 100 Anos.
Tinha passado os últimos 3 anos entre Campos dos
Goytacazes, São Paulo, ABC(Santo André, São Bernardo, São Caetano). Entre
Macunaíma, Paulicea Desvairada e Serafim Ponte Grande. Andava ainda entre os
Alpharrabios, os grafitemas e figuralidades, grávido de efervescências.
Ela e seus derivados seus substratos, foram chegando
e se tornando música, teatro, livro, cinema, referências marca registrada do
caldeirão de misturas. Foi se espalhando se espraiando entre palcos e
computadores nos papéis tecidos ao vento ganhando forma física corporal entre
praças ruas e estradas.
Até que um belo dia de ano que não sei quando baixa
em Pernambuco, no Recife pra ser exato. Uma ex aluna da ex Escola Técnica
Federal de Campos, ex namorada que em 1987 atravessou comigo a Ciranda do Boi
Cósmico no Ginásio de Esportes dos Carvalhos Voadores, resolve criar a
logomarca, e Dali nasce a Fulinaíma MultiProjetos .
Eis a origem, os significados¿ procurem pesquisem que
não dou de graça. Não é para entortar cabeças é o que mora na minha. Que são os
derivados transversais das travessias e travessuras tudo que me trouxe esse
cavalo selvagem indomável de nome Tempo.
Guaxindiba
preservar antes que acabe
santa clara sonhos sossego guaxindiba
em lagoa doce deixei a pindaíba
no beiral da barra – o ambiente aqui escarra
com a boca do diabo
numa quinta feira 25 de março pedalava até manguinhos para comer um peixe com uma linda burguesa gelada no boteco de seu Jorge Gary, passando por guaxindiba, meu olho gótico não resiste, paro e sequestro essas imagens deprimentes, e não me digam que a culpa é da natureza, não, isso é apenas a resposta que ela dá ao que os homens fazem com ela.
Hoje é o
Dia D do meu verão 73
Com mil e um poemas pra contar, no papel na pele na tela.
Indiozinho que saiu lá da cacomanga para
passo a passo ir desbravando o mundo com a palavra em punho e nem sei as quantas contas tive que fazer as contas
pra chegar até aqui. Mas aprendi com muita
sorte saber que tenho uma mãe afro-tupi e um pai que me ensinou a não
morrer antes da morte. Muitos amigos, parceiros conquistei nas travessias por
este sertão afora, cada um deles me levou a novas descobertas, novos
aprendizados e experimentações e hoje o que sou, agradeço a todos, que de uma
forma ou outra, me ensinaram a ser poeta.
IV
a poesia as vezes me vem da fala
outras de vozes absurdas
na travessia cantei pontos de Jongo
em Folias de Reis Festas Juninas
despachos de Macumba
para me defender dos capataz
nunca vivi porto seguro
na minha praia não tem cais
escrevo como falo aprendi com os ancestrais
literalmente
pego na enxada diariamente
para capinar o quintal
da estação três cinco três
literalmente
não é metáfora
para lamber cio da terra
como na canção que Chico fez
tem boi com fome tem boi com fome tem boi com fome home é boi e boi é home tem boi com fome tem boi com fome tem boi com fome home é boi é boi é home tem boi com fome tem boi com fome tem boi com fome home é boi é boi é home tem boi com fome tem boi com fome tem boi com fome home e boi e boi é home tem boi com fome tem boi com fome tem boi com fome home é boi é boi é home tem boi com fome tem boi com fome tem boi com fome home é boi e boi é home tem boi com fome tem boi com fome tem boi com fome home é boi e boi é home tem boi com fome
Boi-Pintadinho – 1980 –
Iriri
Mar que as vezes vem
mar que as vezes vai
quando vem me entra
e fica
quando vai
de dentro de mim não sai
Jura Não
Secreta
para Paulo Leminski
quando a ciranda de roda
atravessou minha rua
com os teus fogos de artifícios
pelos céus da tua boca
foi então que eu quis a lua
e disse então sem sabê-la
antes que ela me visse
neste dia via Alice
foi então que ele me disse
:
- foi nesse chão que eu fiz Estrela
Litoral
Muitas vezes quando beijo o litoral das suas costas encontro
algas pedrinhas e conchinhas mariscos estrela do mar procuro o que há nas
entrelinhas para quando espuma escorrer entre o mar das suas coxas seja líquido
esperma que saiu das entre minhas
Obscuro
objeto do desejo
Eu sempre encaro um livro como o objeto do desejo muitas vezes como o desejo do objeto Clarice como livros como fossem chocolates que roubou de Isadora a mulher que me devora numa febre de batom que é muito louca enquanto sou O Homem Com A Flora Na Boca
Estou procurando uma letra que complete a palavra que ainda não escrevi desafio que me propus quando escrevi a primeira ode para ela nem se deu conta da flauta mágica na metáfora azul do fauno em sua boca vermelha de batom e o cacho de uvas mastigados entre os dentes com cheiro de leite ardente esguichado na distância
As unhas
de Hera
O meu amor é um relâmpago
um coice nas trovoadas
caldeirão de raios elétricos
em noites de Cingapura
Algumas noites é Ana
nas madrugadas é Vera
na cama somos Bacantes
mil giga byte um tera
muito mais que tri amantes
no plug
me acelera
arranca do chão os meus pés
me lança na
atmosfera
ela - a louca de
Espanha
Medusa da Inglaterra
meu corpo trapezista dançantes
meu corpo tua quimera
enterra suas sete cabeças
enquanto me diz – espera
me morde me lambe – me lanha
com suas unhas de Hera
meta/fórica
ouço a música
nesse disco estrangeiro
a musa tem o nome:
guanabara
no silêncio ela ri da
nossa cara
a flor do mangue agora
mora
onde seu leito jorra lama
por sua boca desdentada
peixe podre explode angra
em meu poema carNAvalha
naturalismo onde supunha
sal da terra no esgoto
eco sistema não interessa
ao senhor do mato grosso
agro-negócio é matadouro
soja pasto para os bois
o simbolismo da escrita é
só metáfora
a concretude o modernismo
vem depois
Mitológica
Daqui desta cachoeira
no morro da barbárie
no país dos abandonos
sobre a minha ancestralidade voz digo
:
África sou raíz e raça
orgia pagã na pele do poema
couro em chagas que me sangra
alma satã na carne de Ipanema
na ponta da pedra
a faca risca o ponto para Ogum
tem um animal de vagina espacial na poesia
lá do alto na fresta do sol pela janela
Tranca Rua e 7 Pedreira
me resguardam quando avistam
o assassino pronto para o tiro
a bala rasga rente os pelos
a pele sangra a alma voa
desfere uma canhota de esquerda
no centrão da testa do atirador
o anjo caído despenca
do precipício que ele mesmo inventou
Metáforas
de Fogo
atravesso as letras entre sílabas semióticas Metáforas de Fogo atiçadas aos pés da porta antes do beijo que ficou para o depois
Artur Gomes
Fulinaimicamente
Juras Secretas O Poeta Enquanto Coisa
Pátria A(r) mada
www.porradalirica.blogspot.com
O Homem Com A Flor Na Boca
www.arturfulinaima.blogspot.com
EntreVistas
Da Nascente A Foz : Um Rio De Palavras
www.fulinaimargens.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário