domingo, 13 de outubro de 2024

a vida também é feita de memórias

Dia 15

outubro ou nada

dia do professor

meu compromisso

pensar com amor

o que é isso

se sou mestiço

e tudo aquilo que não sou

o que me vale

a mais valia que me entrega

ou a bendida missão

que me carrega

ao lugar de onde estou ?

 

Artur Gomes

 A todos os professores não apenas nesse dias mais em todos os dias de sua vida que se entregam na batalha de  ensinar ao outro um dia ser.

 

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Balbúrdia PoÉtica 5 

A Balbúrdia 1 e 2 foram realizadas na Taberna de Laura -  Copacabana – Rio de Janeiro. A Balbúrdia 3 foi realizada no Bistrô do Ernesto – Lapa – Rio de Janeiro – a Balbúrdia 4 será realizada na Patuscada – São Paulo – e a  Balbúrdia 5 – onde será?

São João Del Rey-MG, Campos dos Goytacazes-RJ?

 Tentem adivinhar.

 

Artur Gomes

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drummundana itabirina 2

 

não vivo sem arte

música teatro poesia

não tentem matar

meu ser anárquico

de raiva ou de tédio

com trabalho burocrático

ordens que não cola

se pisam no meu calo

a poesia berra

vê se me erra!

 

Artur Kabrunco Fulinaíma

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obs.: drummundana itabirina foi escrito em 1987 e publicado no livro BraziLírica Pereira : A Traição Das Metáforas em 2000, é dedicado ao personagem carnavalesco Fedra Margarida, de Chico de Aguiar,  que conheci numa noite de carnaval na porta da boate Sótão, no posto 6 em Copacabana – Rio de Janeiro.

 

drummundana itabirina 2, é dedicado a todo canalha burocrata engravatado que pensa ser dono do mundo mas no fundo não fede em cheira, vai estar no e-book Itabapoana Pedra Pássaro Poema, que lanço este ano e no livro físico que será lançado em 2025. 



Para Rúbia Querubim

 

tudo enquanto verso

tudo enquanto rima

a pele rara da menina

lança perfume parafina

no carnaval lança confete

perfume do bom é serpentina

 

Artur Gomes Fulinaíma


2002 -Imaginários de Ruptura - Poéticas Visuais - Antologia organizada por Fernando Aguiar e Jorge Maximino. Bienal Internacional de Poesia do Douro e Vale do Côa. Publicação do Instituto Piaget, Lisboa, Portugal.
Brasileiros participantes: Arnaldo Antunes, Artur Gomes, Avelino de Araújo, Hugo Pontes, J. Medeiros, Paulo Bruscky e Rodolfo Franco.



 a poesia tenho

entre os dentes

a carne os nervos

os músculos

em todas as células do corpo

  no sonho no sexo

na língua molhada no beijo

em tudo o que é desejo

nas pontas no meio

engravido minha ode

e estou de saco cheio

de tudo que não pode

 

Artur Gomes

https://www.instagram.com/p/C6RnkO-vQ-E/



boca do inferno

 

por mais que te amar

seja uma zorra

eu te confesso amor pagão

não tem de ter perdão pra nós

eu quero mais é teu pudor de dama

despetalando em meus lençóis

e se tiver que me matar que seja

e ser eu tiver que te matar que morra

em cada beijo que te der amando

só vale o gozo quando for eterno

infernizando os céus

e santificando a boca do inferno

 

Artur Gomes

Do livro Suor & Cio – MVPB Edições – 1985

 

LENÇÓIS DE RENDA

poderia abrir teu corpo
com os meus dentes
rasgar panos e sedas

com as unhas
arreganhar as tuas fendas
desatar todos os nós

da tua cama arrancar os cobertores
rasgando as rendas dos lençóis

perpetuar a ferro e fogo
minhas marcas no teu útero
meus desejos imorais

maldizendo a hora soberana
com a força sobre humana dos mortais
quando vens me oferecer migalha e fruto
como quem dá de comer aos animais

Artur Gomes

In Couro Cru & Carne Viva – 1987
e Pátria A(r )mada - 2ª Edição
Desconcertos Editora – 2022

 

Clique no link para ver o vídeo

 https://www.facebook.com/arturgomesfulinaima/videos/1192597537795702




posse na ACL – 19 outubro – 17h

como bem dizia

Jards Macalé

sua presença em minha posse

é sinal de bem-me-quer

 

tecidos sobre a terra

 

terra,

antes que alguém morra

escrevo prevendo a morte

arriscando a vida

antes que seja tarde

e que a língua da minha boca

não cubra mais tua ferida

 

entre aberto em teus ofícios

é que meu peito de poeta

sangra ao corte das navalhas

minha veia mais aberta

é mais um rio que se espalha

 

amada de muitos sonhos

e pouco sexo

deposito a minha boca

no teu cio

e uma semente fértil

nos teus seios

como um rio

 

o que me dói

é ter-te

devorada por estranhos olhos

e deter impulsos

por fidelidade

 

ó terra incestuosa

de prazer e gestos

não me prendo ao laço dos teus comandantes

só me enterro a fundo nos teus vagabundos

com um prazer de fera

e um punhal de amante

 

minha terra é de senzalas tantas

enterra em ti

milhões de outras esperanças

soterra em teus grilhões

a voz que tenta - avança

plantada em ti

como canavial que a foice corta

mas cravado em ti me ponho a luta

mesmo sabendo o vão - estreito em cada porta

 

usina

mói a cana

o caldo e o bagaço

 

usina

mói o braço

a carne o osso

 

usina

mói o sangue

a fruta e o caroço

 

tritura suga torce

dos pés até o pescoço

e do alto da casa grande

os donos do engenho

 controlam

:

o saldo e o lucro

 

Artur Gomes

In Suor & Cio – 1985

E Pátria A( r)mada – 2ª Edição

Desconcertos Editora

 https://www.facebook.com/arturgomesfulinaima/videos/1192597537795702

 

Jura secreta 14 

 

eu te desejo flores lírios brancos 

margaridas girassóis rosas vermelhas 

e tudo quanto pétala 

asas estrelas borboletas 

alecrim bem-me-quer e alfazema 

 

eu te desejo emblema 
deste poema desvairado 
com teu cheiro teu perfume 
teu sabor teu suor tua doçura 

e na mais santa loucura 
declarar-te amor até os ossos 

eu te desejo e posso : 
palavrArte até a morte 

enquanto a vida nos procura

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux - 2018 

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sábado, 12 de outubro de 2024

agora não se fala mais agora não se fala nada

 nas poéticas de Federico Baudelaire é foda-se quem quiser, as tragédias sempre estão presentes, sociais, humanas, políticas, reais ou su-reais. com os rasgos das mortalhas ele tece os carnavais, os atalhos, os becos, as vielas até mesmo os não canaviais.


Artur Fulinaíma

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todo sábado

me esqueço
me entorto
desconcerto
amanheço

Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa


esse vermelho

cabe muito bem

na saia

não na arei da praia 


poema

sânscrito meia  meia

o olho na alga

poema na veia 



para Fernando Aguiar

Redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras descobrimento
espinhas de peixe convento
cabrália esperas relento
e um cheiro podre no AR
como segurar um barco
em meio a tempestade
se está dificilíssimo navegar ?


             talvez

talvez eu seja
um pouco panfleto
diabo concreto
quando avisto o mar à vista
surrealista
pra entortar a linha reta
mais anarquista
                          que poeta


escrevo sobre o que vivo parido cuspido sangrado vivido - memórias do absurdo - su-realisticamente? - não. - fulinaimicamente.


A
vida sempre em suspense
alegria prova dos nove
fanatismo não me convence
muito menos me comove



                  Pedra Dourada


em pedra dourada
conheci 8 minas
uma me deixou de quatro
fez de mim gato e sapato
não fosse eu camaleão
quase lagarto
           cairia na cilada

agora não se fala mais
agora não se fala nada


ofício de poeta

franzir a noite
é o mesmo que bordar o dia
costuro o tempo
com linhas de pesar moinhos de vento
entre o franzido e o bordado
escrevo desenredos
e vou foto.grafando
filmando poesia
na solidão dos meus enredos

Artur Gomes

E a viagem antropomágica continua
venha viajar com cine vídeo poesia
Fulinaíma MultiProjetos
KINO3 – Studio Fulinaíma Produção Audiovisual



hoje me surgiu esta ideia:
estava lendo Antonio Cicero
e Antonio Carlos Secchin
e ai pensei - ler ler ler ler re-ler
não escrever - parece-me brincadeira
aprendizado para vida inteira
do mim dentro de mim
o Eu dentro do Eu
o Não dentro do Sim.


poema para todas as horas

 Primeiro de uma série está no AR - é só clicar no link baixar e navegar pelo coração do mato dentro - Gratidão mais uma vez ao grande amigo e parceiro Jiddu Saldanha, amizade e parceria que começou quando nos conhecemos em 1992 quando ele estava chegando de Curitiba no Rio de Janeiro.
Novo e-Books, esse eu fiz para o Artur Gomes, o poeta mais escrachado da geração 1970!
Acompanho a trajetória desse poeta a pelo menos 30 anos. Fizemos um e-Book arqueológico, o leitor vai garimpar seu vasto mundo na internet... http://bit.ly/PoemasParaTodasAsHoras 

 

 



 Dani-se morreale


se ela me pisar nos calos
me cumer o fígado
me botar de quatro
assim como cavalo
galopar meus pelos
devorar as vértebras
Dani-se

se ela me vier de unhas
me lascar os dentes
até sangrar o sexo
me enfiar a faca
apunhalar meus olhos
perfurar meus dedos
Dani-se

se o amor for bruto
até mesmo sádico
neste instante lírico
se comédia ou trágico
quero estar no ato
e Dani-se o fato
deste sangue quente
em tua boca dos infernos
deixa queimar os ossos
e explodir os nossos
poemas físicos pós modernos

Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
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suspenso
no Ar
não penso
atravesso
o portão da tua casa
o corpo em fogo
a carne em brasa
tudo arde
nas cinzas das horas
no silêncio da tarde
vou entrando sem alarde
sem comício
como o pássaro
que acaba de cantar
em pleno hospício

você pensa que escrevo em rua reta ou estrada sinuosa para você poesia é verso do inverso ou avesso de uma prosa? escrevi pscanalítica 67 em mil novecentos e sessenta e sete numa madrugada de setembro outubro quando visitei meu pai no henrique roxo e vi vespasiano contra a parede dando cabeçadas no manicômio mais uma vida exterminada e no fim das contas noves fora nada tudo o que eu queria dizer naquela hora explode agora quando atravesso o portão da tua casa o corpo em fogo a carne em brasa sem pensar estética estrutura estilo de linguagem sinto o desejo entre os teus mamilos a espera do beijo da esfinge que devora

Artur Gomes
PoÉticas ArturiAnas



 Fulinaimicamente – TranspoÉticas

Coletânea Poetas Vivos – Artur Gomes

cacomanga 2

ali nasci
minha infância
era só canaviais
ali mesmo aprendi
conhecer os donos de fazenda
e odiar os generais.
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 POETARIADO EM CARNE VIVA!


Seria horrivelmente interessante, levando a expressão ao pé da letra, ver poetas na rua declamando poemas em carne viva. Sem tentar depelar nenhum poeta ou escritor, e levando para o campo da poesia, a metáfora “carne viva” remete à própria função da poesia: desvelar os mistérios do mundo. Depelar o corpo da palavra, revelar seu mistério.

Muitos não conseguem transformar seus versos em bisturis. Outros fazem dessa habilidade sua marca:

TROVA

MEU coração é tão hipócrita
que não janta
e
mais imbecil
que ainda canta:
ou
viram no ipiranga
às margens plácidas
uma bandeira arriada
num país que não levanta.

Não, esse poema não foi escrito nos tempos atuais, foi publicado há muitos anos no livro Couro Cru & Carne Viva (Damadá, 1987) escrito por Artur Gomes, o convidado do Canal do Poetariado que acontece na próxima 2ª. Feira.

Artur Gomes é poeta, ator, videomaker e produtor de oficinas e atividades culturais. Nesse bate-papo, experimentaremos, junto com Tchello d´Barros e Ademir Assunção, seu bisturi poético.


Acho que você não deve perder.

Agende-se.
Clique no link:
https://youtu.be/qyCSwzGZ9lk

Bom programa!
Cesar Augusto de Carvalho


 poema atávico


e se a gente se amasse uma vez só
a tarde ainda arde primavera tanta
nesse outubro quanto
de manhãs tão cinzas

nesse momento em Bento Gonçalves
Mauri Menegotto termina
de lapidar mais uma pedra
tem seus olhos no brilho da escultura

confesso tenho andado meio triste
na geografia da distância
esse poema atávico tem
a cor da tua pele
a carne sob os lençóis
onde meus dedos
ainda não nasceram

algum deus
anda me pregando peças
num lance de dados mallarmaicos
comovido
ainda te procuro em palavras aramaicas
e a pele dos meus olhos anda perdida
em teu vestido

Artur Gomes

Do livro O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
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https://fulinaimargem.blogspot.com


 O poeta é um fingidor


chove aqui dentro
mais do que lá fora
eu tenho pressa
de olhar teus olhos
nesse mar de angra
o pau brasil sangra

enquanto isso
ela passeia no egito
entre templos sagrados
dessas múmias quânticas

me perdoa
o poeta é um fingidor
mas eu não sou Fernando Pessoa

Artur Gomes

por onde andará Macunaíma?
https://porradalirica.blogspot.com/


hoje
nesse tempo frio
me perdi de vista
bem na beira mar
quase beira rio

Federika Lispector


o curral das merdavilhas

o brasil já foi ilha de vera cruz
e nunca foi ilha
já foi terra de santa cruz
e nunca foi santa
hoje ninguém mais se espanta
com o volume das trapaças
no curral das merdavilhas

Artur Fulinaíma

https://ciadesafiodeteatro.blogspot.com/
 


entretanto

musicado por Paulo Ciranda

eu tenho sede
eu tenho fome
eu tenho sede de canto
eu tenho fome de conto
assim quando me encontro
ou desencontro
canto e conto
a música do desconcerto
o conto do desencanto
e no entanto confesso
que não sou triste
um poema ainda existe
pra me animar do desconforto
para me salvar do entretanto
pra me acertar no desconcerto

Artur Gomes
leia programação no blog

https://centrodeartefulinaima.blogspot.com



O Pau Brasil sangra


Amazônia clama por socorro
o fogo queima e o mundo
gira feito carrapeta
armar o país de livros
única forma de salvação para o planeta

olha o tesouro que acaba de chegar aqui na Estação 353. com este poema do livro Pátria A(r)mada 2ª Edição.
valeu Luis Turiba - grande amigo poeta e parceiro

Deus não joga dados
mas a gente lança
sem nem mesmo saber
se alcança
o número que se quer
mas como me disse mallarmè
:
- vida não é lance de dedos
A vida é lança de dardos
Deus não arde no fogo
mas eu ardo

Artur Gomes
Pátria A(r)mada –
Prêmio Oswald de Andrade – UBE-Rio 2020
2ª Edição – 2022
Desconcertos Editora – São Paulo-SP
https://arturgumesfulinaima.blogspot.com/

Goytacá Boy
musicado e cantado por Naiman
no CD fulinaíma sax blues poesia

ando por São Paulo meio Araraquara
a pele índia do meu corpo
concha de sangue em tua veia
sangrada ao sol na carne clara

juntei meu goytacá teu guarani
tupy or not tupy
não foi a língua que ouvi
em tua boca caiçara

para falar para lamber para lembrar
da sua língua arco íris litoral
como colar de uiara
é que eu choro como a chuva curuminha
mineral da mais profunda
lágrima que mãe chorara

para roçar para provar para tocar
na sua pele urucum de carne e osso
a minha língua tara
sonha cumer do teu almoço
e ainda como um doido curuminha
a lamber o chão que restou da Guanabara

Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
Gravado em vídeo pelo autor integra a Mostra Arte de Toda Gente – FUNARTE_Rio – 2021 – Curadoria: Tchello d´Barros
https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/



quando te tocar
é pra alvoroçar os teus cabelos
eriçar teus pelos
molhar os teus mamilos de saliva
com essa língua viva
aqui na minha boca

quando te roçar

é pra deixar-te louca

endurecer teus dedos

gozar em samba/enredo

se eu te cantar sem  medo

        toda loucura é pouca

quando eu provar da carne

te enfiando a língua

nessa garganta rouca

te engolindo ainda

até findar o coito

e não dormir de toca  

Artur Gomes
https://suorecio.blogspot.com/



 Juras secreta 62


tenho estado
entre o fio e a navalha
perigosamente – no limite
pulando a cerca da fronteira
entre o teu estado de sítio
e o meu estado de surto

só curto a palavra viva
odeio uma língua morta

poema que presta é linguagem
pratico a SagaraNAgem
na esquina da rua torta

Artur Gomes
Juras Secretas
Edititora Penalux – 2018
https://braziliricapereira .blogspot.com/



o poema as vezes é sabre

lâmina fina como o vento
ou folhas suspensas
sobre um verde
quase água
quase pluma
levita sobrevoa se espraia
na voragem do dia
como os dedos da moça
ao atiçar o clic
no instante exato da fotografia

                         Artur Gomes


Alice
para Alice Melo Monteiro Gomes

A música está no bico dos pássaros
na pétala da lamparina
no caracol dos teus cabelos
no movimento dos músculos
no m das tuas mãos
nada mais sagrado
do que teus olhos acesos
para me iluminar na escuridão

Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux - 2020
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discípulo de Rimbaud

minha tv pifou
nem tenho ido ao cinema
meu filme está carne da palavra
esse poema é trágico
me lembra infância lá na cacomanga
televisão nunca tivemos
era rádio de pilha depois de bateria
meu pai criava porcos
para vender na primavera
e complementar o seu salário
que nem o mínimo era
carteira de trabalho nunca teve
como administrador de uma fazenda
com mais de 1000 alqueires de terra
com produção agropecuária
canavieira e cerâmica industrial
esse é um poema em linha reta
nem seu por quê e para que
me tornei poeta discípulo de Rimbaud
talvez só para escrever
que no Brasil mesmo depois da Abolição
Escravidão nunca terminou

Artur Gomes

Balbúrdia Poética
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ela tem o olhar
sobre a ponte do conhecimento
de Darcy Ribeiro - primeiro grafou
o meu poema com sua bela grafia
depois pintou a ponte
com óleo sobre tela
e fez com que o meu olhar
fosse de encontro à sua arte
do outro lado da janela

Artur Gomes
5 - Abril - 2023 - para Bruna Barreto

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A flor dos meus delírios
tem cheiro de poesia
relâmpagos de Iansã
incêndio no meio dia
Netuno em polvorosa
me disse em verso e prosa
que ela vem com o frescor da maresia
e eu serei o seu Ogum
anjo da guarda e companhia
hoje mesmo distante
esse preamar me incendeia
ondas espumas explodem na areia
tempestades trovoadas ventania
e nem sei se estando perto
calmaria

Artur Gomes


Xingando poesia a convite de Marcelo Sampaio, na Abertura da VIII Conferência Municipal de Cultura de Campos


era uma vez um mangue
e por onde andará Macunaíma
na sua carne no seu sangue
na medula no seu osso
será que ainda existe
algum vestígio de Macunaíma
na veia do seu pescoço

tá no canto da sereia
no rabo da arraia
nos barracos da favela
nos becos do matadouro
na usina sapucaia?

Joilson Bessa me disse
Kapiducéu já ensaia
Macunaíma vem vindo
no Auto do Boi Macutraia

Artur Gomes

Fragmento do prefácio do livro O Homem Com A Flor Na Boca

Artur Gomes, este homem com a flor na boca, anda a espalhar o veneno agridoce de sua poesia, numa obra em que não há fronteiras entre o artista, o cidadão, o personagem, o eu poético, a obra. Seu livro não é um objeto, mas um produto interno e nada bruto. A obra é sempre muito maior que o livro, pois este, matéria assim como o homem, finda. A obra, esse totem que se pode cultuar no altar da memória, está sempre presente. E é disso que o poeta fala: do tempo presente, do homem presente, da vida presente. Parafraseando Drummond, com O Homem Com A Flor Na Boca, “não nos afastemos, não nos afastemos muito”, vamos de mãos dadas com a poesia de Artur.

Adriano Carlos Moura
Professor de Literatura – IFFluminense, Campos dos Goytacazes-RJ – Poeta, Ator, Dramaturgo

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minha madrinha se chamava cecília nunca soube onde minha mãe a conheceu por muitos anos morou na rua sacramento ao lado do colégio estadual nilo peçanha primeiro endereço que conheci nesta cidade antes de estudar no grupo escolar 15 de novembro de onde muitas vezes assisti desfilar a mocidade louca ao lado do meu padrinho benedito que inventou deixa que eu chuto meu guardião absoluto

Artur Gomes
Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim


 no princípio era fábula depois veio o verbo logo depois a ficção e aí começou a invenção bem depois das sagaranagens antes fulinaimargens depois das fulinaimânicas atrás das fulinaímicas nem circo nem tarde de mímica apenas alguma paisagem na janela da viagem quando lia o lado b me transmutando em alquimia na voragem da vertigem na vertigem da voragem 


Artur gomes
Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim
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 cacos de ossos

sonhos estilhaçados
no chão
palavras dilaceradas
carne incinerada
ditadura cão

reflexo no espelho
do poema
NÃO

Artur Gomes
Vampiro Goytacá/Canibal Tupiniquim
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Arte: Tchello d'Barros



meu coração marisco
pele de ostra em tua areia
em tarde de sol à pino
em noite de lua cheia

Artur Fulinaíma
- foto.poesia

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metáfora

meta dentro
meta fora
que a meta desse trem agora
é seta nesse tempo duro
meta palavra reta
para abrir qualquer trincheira
na carne seca do futuro
meta dentro dessa meta
a chama da lamparina
com facho de fogo na retina
pra clarear o fosso escuro

Artur Gomes
Balbúrdia Poética

      nas entre/linhas

no desenho da estrada que atravesso tem um corpo adormecido esperando por um beijo. Eu te desenho e você não vê a geografia corporal em cada traço. Eu te coloco dentro do poema e teu corpo treme nas entre linhas do desejo. Desenho teus olhos no espelho e você não vê nas águas o reflexo da alga que brotou no mar sob a luz da madrugada.

Artur Gomes


Toda Nudez Não Será Castigada

roberta agora
só se for cainelli
bruna só se for polleto

vestido
pode ser a pele
que encobre
a nudez do esqueleto

o beijo agora
só se for ao vivo
e-mail só se for inteiro

fantasia
só se for de tanga
camila agora
só se for pitanga

e carnaval
a gente transa
em fevereiro

Artur Gomes Gumes



fosse Alice essa menina
brincando à flor da pele

ou com a pele em flor

de purpurina
na menina dos meus olhos

flores do mal

ou bem-me-quer
seria eu um mar de abrolhos
pra molhar esses dois olhos
que me olham sem querer

Federico Baudelaire



sejamos pornográficos como
Carlos Drummond de Andrade

Em face dos últimos acontecimentos

Oh! sejamos pornográficos
(docemente pornográficos).
Por que seremos mais castos
Que o nosso avô português?

Oh ! sejamos navegantes,
bandeirantes e guerreiros,
sejamos tudo que quiserem,
sobretudo pornográficos.

A tarde pode ser triste
e as mulheres podem doer
como dói um soco no olho
(pornográficos, pornográficos).

Teus amigos estão sorrindo
de tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
Fosse a última resolução.
Não compreendem, coitados
que o melhor é ser pornográfico.

Propõe isso a teu vizinho,
ao condutor do teu bonde,
a todas as criaturas
que são inúteis e existem,
propõe ao homem de óculos
e à mulher da trouxa de roupa.
Dize a todos: Meus irmãos,
não quereis ser pornográficos


o fotógrafo é um fingidor
finge tão completamente
que chega a fingir que é foto
a realidade aqui presente

Artur Gomes
foto.poesia
da série: Litoral de São Francisco de Itabapoana


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Subversiva

A poesia
Quando chega
Não respeita nada.

Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos

Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha

Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.

E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.

E promete incendiar o país.

 

Poema Obsceno

Façam a festa
cantem e dancem
que eu faço o poema duro
o poema-murro
sujo
como a miséria brasileira

Não se detenham:
façam a festa
Bethânia Martinho
Clementina
Estação Primeira de Mangueira Salgueiro
gente de Vila Isabel e Madureira
todos
façam
a nossa festa
enquanto eu soco este pilão
este surdo
poema
que não toca no rádio
que o povo não cantará
(mas que nasce dele)

Não se prestará a análises estruturalistas
Não entrará nas antologias oficiais
Obsceno
como o salário de um trabalhador aposentado
o poema
terá o destino dos que habitam o lado escuro do
país
– e espreitam,

Ferreira Gullar


a navalha na carne
pode cortar
pode doer pode sangrar
e ferir fundo
prefiro a dor  do prazer
do que o riso
sub imundo

Federika Lispector



anti/bíblica

não vou guardar os sábados
em nome de Jesus
e me deixar crucificada numa cruz
que simboliza dor
aos sábados eu pratico a Arte
de fazer Amor

Federika Lispetor

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jura secreta 39

quando tenso
o poema penso
fio suspenso no
Ar

quando teso
o poema preso
peixe surpreso no
Mar




Artur Gomes

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 Toda Nudez Não Será Castigada


O face tem censurado e deletado postagens com a explicação de serem spam. na verdade não sei o que isso significa, quando sabemos que o verdadeiro motivo é provocado pelo "falso moralismo" que alastra com relação a arte erótica, seja ela em que linguagem se expressa ou o espaço onde está exposta. Apresentamos aqui o link de um blog com a poesia de Artur Gomes onde você poderá ler poesias que tem sido censurada e denunciada aqui no face. Que tenham todos uma boa leitura e uma bela viagem .

Toda Nudez Não Será Castigada


Artur Gumes



aldeia carioca
para Marko Andrade

ando entre a espada
o revólver e a navalha
o couro cobre a carne
como pano da mortalha
o grito preso na boca
e o relógio de músculos
move o sangue no asfalto
o beijo de cinzas
na quarta/feira antes do carnaval
subo os dois irmãos
o são conrado o vidigal
desce por um beco os farpados
deparo com o vinagre
os cacos de vidros quebrados
o brejo na curva
em frente os arcos da lapa
o samba que foi proibido
rasgaram a pedra do sal

Artur Gumes



poética 27

paixão é tudo
entre teu corpo e o poema
a faca desliza
amolada
entre a casca e a pele da fruta

quando sair para o banho
acenda a luz do abajour
aos pés da cama
e deixe que eu escreva nos lençóis
as palavras selvagens
que baudelaire nos ensinou

Artur Gomes

                      Sarau Gente de Palavra

Dia 26 novembro – 19h

*

Balbúrdia Poética 4

Dia 3 dezembro 19h

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Patuscada – Livraria Bar & Café

Rua Luis Murat, 40 – São Paulo SP

Encontro de Poetas para celebrar a Vida

 

Terra

antes que alguém morra

escrevo prevendo a morte

arriscando a vida

antes que seja tarde

e que a língua da minha boca

não cubra mais tua ferida

 

entre/aberto

em teus ofícios

é que meu peito de poeta

sangra ao corte das navalhas

e minha veia mais aberta

é mais um rio que se espalha

amada de muitos sonhos

e pouco sexo

 

deposito a minha boca no teu cio

e uma semente fértil

nos teus seios como um rio

o que me dói é ter-te

devorada por estranhos olhos

e deter impulsos por fidelidade

 

ó terra incestuosa

de prazer e gestos

não me prendo ao laço

dos teus comandantes

só me enterro à fundo

nos teus vagabundos

com um prazer de fera

e um punhal de amante

 

minha terra

é de senzalas tantas

enterra em ti

milhões de outras esperanças

soterra em teus grilhões

a voz que tenta – avança

plantada em ti

como canavial que a foice corta

mas cravado em ti

me ponho a luta

mesmo sabendo – o vão

estreito em cada porta

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

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a vida também é feita de memórias

Dia 15 outubro ou nada dia do professor meu compromisso pensar com amor o que é isso se sou mestiço e tudo aquilo que não sou ...