Com Os Dentes Cravados Na Memória
Mesmo com uma grande dor, provocada
por um bico de papagaio que a décadas insiste em cantar na minha coluna,
roubando-me as vezes a paciência, passei uma tarde de ontem super divertida no
Auditório Miguel Ramalho em cia da equipe de Coordenação de Projetos de
Audiovisual e Design Para Educação - Centro de Referência do IFF Campos Campus
Centro.
Motivo do Encontro: um depoimento
sobre os mais de 50 anos que Vivi no IFF desde os tempos de aluno no Ginásio
Industrial na então ETC (Escola Técnica de Campos), de 1961 a 1964. Passando
pelo período de 1968 a 1986 quando já servidor da ETFC(Escola Técnica Federal
de Campos), trabalhei como Linotipista na Oficina de Artes Gráficas
(Tipografia).
De 1975 a 1985 mesmo subvertendo a
ordem natural vigente que direcionava a instituição, criei totalmente à revelia
da direção na época, uma Oficina de Teatro, que se manteve subversiva até 1986
(pois era assim que os professores reacionários da época se referiam a
atividade.
Nunca fui poeta de bons modos, bons
costumes, e como os alunos da Oficina de Teatro, eram também alunos da ETFC,
nos "anos de chumbo" onde o Diretor da instituição era escolhido pelo
MEC, depois de algum curso na Escola Superior de Guerra, era normal que a minha
atividade com Teatro dentro da Escola fosse tratada como Subversão.
Em 1986, acontece as primeiras
"Eleições Diretas", nas Escolas Técnicas Federais e nas Universidades
Federais, pós Ditadura. Na ETFC se elege Diretor o Professor de Matemática
Luciano D´Angelo. Como desde 1980 o trabalho com a Oficina de Teatro havia
ultrapassado os muros da cidade e ganhado as ruas de Campos, com o Auto do
Boi-Pintadinho, Luciano então, me transfere da Tipografia para o Grupo de
Atividades Culturais.
Em 1997 a ETFC já havia se
transformado em CEFET, e com a nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases), criada por
Darcy Ribeiro, a Oficina de Teatro, como outras Oficinas de Arte que já
existiam então passam a fazer parte da grade curricular para os alunos do Curso
Técnico (nível médio). No período de 1997 a 2002 passo então a Coordenador da
Oficina de Artes Cênicas, até a minha aposentadoria.
De 2011 a 2012 convidado pelo então
Diretor do IFF Campos Campus Centro, Jefferson Manhães, volto a instituição
para Dirigir Oficinas de Criação e Produção Cine Vídeo e crio o I Festival de
Cinema Curta-IFF, realizado em 2012 no Auditório Cristina Bastos.
As 3 horas de bate papo e gravações
foram poucas para narrar os períodos e os fatos em seus mínimos detalhes.
Esperava que um dia, acompanhando e vivendo as transformações do IFF como
acompanho, que esse depoimento viesse a acontecer, e esses 50 anos vividos ali
dentro pretendo transformar no livro Com Os Dentes Cravados Na Memória, onde
não só o que vivi dentro do IFF será contado, mas também muito da minha
travessuras culturais por este país a fora.
Equipe da Coordenação de Projetos de
Audiovisual e Design para Educação que trabalharam nas gravações: Larissa
Vianna, Rodrigo Otal, Carlos Henrique Morelato e Lionel Mota.
Artur Gomes
Com Os Dentes Cravados na Memória
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prezepino
é um severino serafino curitibano que entortou meus planos quando atravessou os
trópicos de capricórnio no pomar da cacomanga
para furtar as jacas da realeza nas ancas de uma madre senhora freira/nte portuguesa
Artur Fulinaíma
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ontem tive um longo bate papo com Ronaldo Junior, presidente da ACL – Academia Campista de Letras, onde ele me passou o estatuto da Casa de Nelson Rebel e as orientações para minha posse dia 19 às 17h. A ACL comemorou neste 2024 seus 85 anos de existência em uma cidade onde a memória precisa cada vez mais e com urgência ser. Resgatada
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Artur Gomes –
O Homem Com A Flor Na Boca
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uma cidade sem memória não é uma cidade
Federico
Baudelaire
Campos precisa acordar para voltar a ser
Rúbia Querubim
tocar-te por dentro lentamente calmamente como quem morde a
maçã na boca da serpente e
uiva mastigando a carne como
sobremesa
Artur
Kabrunco
o gosto da tua carne não conheço não me deste o
endereço
Federika
Bezerra
transverso anjo avessso atravesso as artérias da
cidade águas do paraíba emporcalhadas de esgotos
Irina Serafina
como poesia devoro para matar a fome quando oro o
prazer tem outro nome
Artur Gomes
absinto impossível te sentir mais do que já sinto
Pastor de Andrade
cidade veraCidade nossas angústias penduradas nos
varais
Federika
Lispector
viva
a lira do delírio antropofágica paulistana metendo a língua desbragada nos
bordéis de copacabana
Lady
Gumes
o
delírio é a lira do poeta se o poeta não delira sua lira não concreta
Artur Fulinaíma
desde
os tempos de moleque para descascar carne de manga faca facão canivete arma
branca de pivete nos quintais da cacomanga
EuGênio
Mallarmè
não
tenho papas na língua nem pastor me come as coxas eu sou do mar da
tempestade beira mar é quem lambe as minhas ostras
Gigi
Mocidade
Artur
Kabrunco e suas metáforas vagabas me enclausuraram entre os corredores do
presídio federal de brazilírica perdi a lírica nem sei o que estou fazendo por
aqui - enlouqueci
Macabea – A Outra
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LITERATURA & COLETIVOS POÉTICOS
POESIA E SARAUS, UM
Cesar
Augusto de Carvalho
A poesia é inútil, daí o
paradoxo ser inevitável quando o tema é poesia. Se a poesia é inútil, por que
falar dela? A inutilidade da poesia é ideia recorrente, diria até unânime
entre poetas, mas nem por isso eles deixam de surgir em número cada vez maior e
os poemas florescerem no vasto campo da linguagem.
Se a poesia é inútil, então
por que ela congrega pessoas em torno de saraus que aumentam em número e grau
numa cidade como São Paulo? De onde vem essa força para reunir pessoas? O que
as atrai: a poesia ou a necessidade do encontro?
O calor da presença humana
nos fortalece, nos energiza, nos possibilita fazer novas amizades e renovar as
antigas. Existem muitas maneiras de se criar estes elos socioculturais. Algumas
exigem poucos recursos, referências culturais, outras, mais. Nesta segunda
categoria, estão os saraus. Todavia, num sarau, o receptor, mesmo que tenha um
baixo repertório simbólico, não deixa de experienciar, com os ouvidos abertos
durante uma, duas horas, e se deliciar com poemas em diferentes vozes. Poesia é
inútil?
A poesia é inútil
não cheira, nem fede
soa
No mundo mercantil em que vivemos, bastante
segmentado, o mercado editorial poético é pequeno. Se o consumo de livros já é
baixo, o de poesia é baixíssimo. Nem é necessário dado estatístico para
comprovar isso. Basta observar os compradores na seção Poesia, das livrarias.
Eles passam bom tempo folheando, lendo uma ou mais páginas e devolvem os livros
às prateleiras. Na hora de comprar, compram os que nada têm a ver com poesia.
Como disse Paulo Leminski num vídeo gravado em 1985:
“é muito mais lucrativo você
abrir uma banquinha e vender banana do que vender poesia”.
Poesia vende pouco. Nem por isso, o número de
poetas e amantes da poesia deixou de crescer. Os saraus aumentaram em número e,
facilitadas pela impressão sob demanda, novas pequenas editoras surgiram.
Em 2015, tínhamos, na Capital, mais de 60
saraus distribuídos pela cidade. E esse número cresceu até a chegada da COVID,
quando, claro, os saraus foram suspensos. Durante o enclausuramento pandêmico,
a comunicação virtual, além de permitir a continuidade de alguns saraus, criou
novas formas para se falar de poesia. Como um produto sem nenhum valor
mercadológico tem esse poder de reunir pessoas, de congregá-las? De onde vem
essa magia?
(*) Não conheço poeta que desgoste de seu
ofício. Escrever, expressar suas experiências é sempre motivo de amor e paixão
1 CARVALHO, Cesar Augusto de.
Curto-circuito. São Paulo: Editora Patuá, 2019, pág. 50
Para o poeta não importa o valor mercadológico,
se o livro venderá ou não, importa é poetar aos quatro ventos. É no momento
mágico da escrita, nem sempre alegre, muitas vezes dolorosa, que o poeta se
revela. Na magia da linguagem, o eu lírico desnuda a condição humana por meio
de uma experiência singular, transformada em poema. Isso embevece o receptor,
pois é algo que lhe toca, indecifrável, misterioso e sedutor. Os símbolos
poéticos estabelecem um diálogo mudo que se enraíza no corpo.
Não há como não concordar com
a laureada poeta estadunidense, Ada Limón, quando escreveu:
“A poesia tem o poder de nos
reconectar com nós mesmos e tem o poder de nos reconectar com a terra .”
Poderia dizer que foi essa
inutilidade da poesia que me levou, não só a escrevê-la como, mais tarde,
tornar-me produtor de saraus e eventos literários, tanto presenciais quanto
virtuais. Em 2015, conheci Rubens Jardim, que foi participante do movimento
poético Catequese Poética, criado por Lindolf Bell, em 1964. O lema era colocar
a poesia em todos os lugares. Rubens o pratica até hoje, não só produzindo saraus
como realizando pesquisas sobre poesia e publicando-as. Trabalho significativo
é o levantamento das mulheres poetas desde o século XVIII até o século XXI.
Depois dessa pesquisa, o
desconhecimento sobre o papel das mulheres na poesia ficou menor. Publicada em
livro, são quase 400 poetas reunidas, o leitor é contemplado com suas
biografias e alguns poemas .
No ano seguinte, convidou-me
para participar de um novo sarau, que seria na rua. Topei a parada e criamos,
junto com Claudio Laureatti, o Sarau da Paulista. Era um sarau mensal, 2 In:
https://youtu.be/zkl57-hC3ko?si=PUN9q2gEgghPHPRc
3
JARDIM, Rubens. As Mulheres Poetas na
Literatura Brasileira. Cajazeira, PB: Arribaçã, 2021.
Realizado no último domingo de cada mês, com microfone aberto, na calçada da Avenida Paulista com a Rua Peixoto Gomide. Usamos um megafone nas três primeiras edições, mas ele era pouco eficiente para cobrir os ruídos da avenida fechada para veículos. A solução foi uma vaquinha feita pelos poetas que nos permitiu comprar um sistema de som que, acreditávamos, resolveria o problema. Não resolveu.
O barulho atrapalhava muito. Por causa dele,
num dos domingos, deslocamo-nos para o Parque Trianon, a poucas quadras de onde
estávamos. Insistentes, tentamos manter o sarau na calçada, mas acabamos
desistindo e nos abrigando no jardim da Casa das Rosas. Lá, com o apoio
institucional, tínhamos um excelente sistema de som e uma tenda de lona, que
nos protegia do sol e da chuva. Após a interrupção pandêmica, retornamos à Casa
das Rosas, mas durou pouco. Cláudio Laureatti estava com dificuldades para dar
continuidade ao trabalho. Eu e Rubens, por nossa vez, não tínhamos as
habilidades artísticas do Claudio para conduzir um sarau bastante diferenciado,
com inúmeras atividades de leituras interativas, que só ele seria capaz de
fazer. Simultaneamente, mudanças internas ocorreram na instituição, e os
respingos do poder levaram o Sarau da Paulista a deixar de existir. Por ser um
sarau realizado na rua, pelo menos em sua primeira fase, pôde-se notar que a
recepção dos poemas lidos é volátil. O transeunte, aquele que está de passagem,
para, fica um tempo e continua sua andança. Alguns param, pedem uso do
microfone e declamam poemas de autoria própria ou de outros autores. Como a
característica da arte de rua é a impermanência, todos estão de passagem, o
Sarau da Paulista também não consegue reter o receptor, o público, por laços
que não sejam os efêmeros. Ao contrário de outros saraus dos quais participo ou
participei, o Gente de Palavra Paulistano e o Artefatos Poéticos, por exemplo,
por serem em espaços fechados, intensificam as relações que se estabelecem no
espaço interno.
Artefatos Poéticos não é o
melhor exemplo porque teve pouca duração. Apenas seis edições. Por sugestão de
um amigo, criei-o em 2018 com a proposta de ser um sarau multimídia e temático.
Iniciado sob o nome de Virada Poética, editamos duas revistas homônimas com
poemas dos participantes. A partir da terceira edição mudamos para Artefatos
Poéticos. A primeira razão dessa mudança foi que a natureza midiática do sarau
pedia um nome mais adequado; a segunda é que éramos confundidos com um evento
patrocinado pela Prefeitura da Cidade, a Virada Cultural, o que nos incomodava
bastante.
Apesar da duração limitada,
pude notar, pela convivência com os poetas paulistanos, que Artefatos Poéticos
ampliou algumas redes de amizades e novos intercâmbios brotaram. Esse fenômeno
o fez constatar com mais frequência no sarau Gente de Palavra Paulistano, do
qual passei a ser co-curador, também a convite de Rubens Jardim, em 2018. O
propósito de Gente de Palavra é reunir amigos para homenagear um poeta. Esta é
sua principal característica: o participante do sarau, depois de uma hora e
meia, duas horas lendo e ouvindo poemas do homenageado, sai de lá tendo
conhecido o autor e parte de sua obra.
Para a escolha do poeta,
levamos em conta sua produção e livros publicados. Gente de Palavra Paulistano
não tem recursos financeiros. Então, a disponibilidade do poeta é vital. Se ele
mora na capital, fica mais fácil em todos os sentidos – gasta menos em
transporte e não há despesas com alimentação. Quando mora fora, depende de
quando estará em São Paulo. O sarau acontece na última quarta-feira do mês, então,
se coincidir a data da viagem e ele estiver disponível, será homenageado.
Com todas as despesas pagas, por ele próprio.
Nem por isso, deixamos de receber poetas vindos de diferentes estados do país.
Mas você pode perguntar: o Gente de Palavra Paulistano, até pelo nome, não
homenageia só paulistas e paulistanos? Não. O Paulistano do título é apenas
para nos diferenciar do sarau gaúcho, do qual nascemos.
Há dez anos, o poeta Renato de Mattos Motta
criou o sarau Gente de Palavra, em Porto Alegre, RS. No final de 2015, David
Kinski aceitou o convite de Renato e criou, em parceria com Rubens Jardim, o
Gente de Palavra Paulistano. Com a saída de Kinski em 2018, fui convidado para
ser parceiro do Rubens. Dada a qualidade dos poetas homenageados, ao completarmos
oito anos de existência, Rubens e eu resolvemos publicar uma antologia reunindo
todos eles e, como este sarau é sempre focado na poesia, propusemos o tema
meta-poema, ainda que opcional. Essa antologia é um panorama significativo dos
diferentes modos de se produzir poesia. Nelas, estão presentes poetas de todas
as idades e poemas em suas diferentes formas verbais e visuais. O que a
antologia não revela são os efeitos não visíveis, a interpelação viva, dinâmica
e real entre pessoas a formar comunidades, redes poéticas.
É por meio da poesia que os poetas se
comunicam. Seus códigos simbólicos penetram igual raiz a se propagar lenta,
suave, sem dor, até brotar. Efeitos lentos, mas duradouros.
CARVALHO, Cesar Augusto de e JARDIM, Rubens.
Antologia Gente de Palavra Paulistano. São Paulo: Editora Patuá, 2023.
corpoesia
no corpo
a língua
muda
na língua
a vida
muda
uma cidade sem memória não é uma cidade
Federico
Baudelaire
Campos precisa acordar para voltar a ser
Rúbia Querubim
tocar-te por dentro lentamente calmamente como quem morde a
maçã na boca da serpente e
uiva mastigando a carne como
sobremesa
Artur
Kabrunco
o gosto da tua carne não conheço não me deste o
endereço
Federika
Bezerra
transverso anjo avessso atravesso as artérias da
cidade águas do paraíba emporcalhadas de esgotos
Irina
Serafina
como poesia devoro para matar a fome quando oro o
prazer tem outro nome
Artur
Gomes
absinto impossível te sentir mais do que já sinto
Pastor
de Andrade
cidade veraCidade nossas angústias penduradas nos
varais
Federika
Lispector
viva
a lira do delírio antropofágica paulistana metendo a língua desbragada nos
bordéis de copacabana
Lady
Gumes
o
delírio é a lira do poeta se o poeta não delira sua lira não concreta
Artur
Fulinaíma
desde
os tempos de moleque para descascar carne de manga faca facão canivete arma
branca de pivete nos quintais da cacomanga
EuGênio
Mallarmè
não
tenho papas na língua nem pastor me come as coxas eu sou do mar da
tempestade beira mar é quem lambe as minhas ostras
Gigi
Mocidade
*
In Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim
Livro
inédito de Artur Gomes – lançamento previsto para 2025
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Dia 4 novembro 9:30h
performance com poesia dos livros Suor & Cio 1985 e O Homem Com A
Flor Na Boca 2023 –
Ciep 147 – José do Patrocínio –
Campos dos Goytacazes-RJ
Artur Gomes é poeta ator produtor cultural -
atua na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima como Coordenador de Cultura e
recentemente foi eleito para a Academia Campista de Letras para ocupar a
cadeira 12 antes ocupada pelo professor Hélio de Freitas Coêlho
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Oficina de Teatro Multilinguagens
Em 2017 dirigi no Sinasefe IF
Fluminense uma Oficina de Teatro Multilinaguagens, atividade que poderá voltar
a ser realizada lá em breve, como ação de
um projeto de fomento a leitura.
O Sinasefe IF Fluminense está
situado na Rua Álvaro Tâmega, 135 – Campos dos Goytacazes-RJ
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Sarau Campos VeraCidade
fomento a leitura
com roda de conversa – sobre um
tema selecionado
Música e Poesia Falada
A partir de novembro 2024 na
ACL – Academia Campista de Letras
Praça Nilo Peçanha, S/N –
Jardim São Benedito
Fernando
Andrade Entrevista Artur Gomes
Fernando
Andrade - A língua em seu livro de poesia novo, é lúdica, metafórica,
difícil não imobilizá-la na página, parece que sai andando. Queria que você
falasse de toda essa cinética, brincante.
Artur
Gomes – a algum tempo percebi que poesia pode ser corpos em
movimento palavras voando ao sabor do vento não apenas verso mas também muito
prosa com a possibilidade de signi ficar outros signi ficados acho que percebi
isso lá pelos idos dos anos de 1983 quando criei o projeto Mostra Visual de
Poesia Brasileira fazendo exposições com
todas as linguagens poéticas contemporâneas pós semana de arte de 1922.
Fernando
Andrade - A cultura nossa você gosta de usá-la até criar efeito
paródico sobre ela. Como você trabalha poeticamente, a cultura. Fale disso.
Artur
Gomes - sim além da poesia trabalho com artes visuais música cinema
teatro estando e estando em contato com essas outras linguagens tive que ir aos
poucos mergulhando nesse caldeirão cultural que é o brasil e essa efervecência de uma certa forma é o que dinamiza a minha
escrita buscando nela o cenário de que por muitas vezes aparece de forma bem
explícita nas minhas narrativas em outras metaforicamente e claro tendo uma
visão crítica sobre o que se passa não poderia deixar de satirizar ironizar
sarcasticamente até de forma impiedosa as formas como que se sobrevive nesse
país do futuro
Fernando
Andrade - Você brinca de forma ágil com o modernismo brasileiro. A
poesia tem essa possibilidade, transgressora de aglutinar/deglutir os
movimentos.
Artur
Gomes – em 1993 o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira
completou 10 anos o grupo Livre-Espaço de Poesia de Santo André com todos os
seus integrantes esteve presente em todas as 9 edições realizadas até então e
também estava completando 10 anos de existência. uma das poetas integrantes de
grupo: Dalila Teles Veras que em Santo André dirige o centro cultural e
livraria Alpharrabio me convidou para fazer uma performance na comemoração dos seus primeiro aniversário.
dessa minha ida a Santo André nasceu a Mostra Visual de Poesia Brasileira –
Mário de Andrade 100 Anos que foi executado pelo Sesc-SP, na unidade de São
Caetano, com atividades também no Alpharrabio em Santo André, no Colégio
Impacto e no entreposto cultural Beco das Garrafas, amos também em Santo André.
Depois desse projeto a pedido do saudoso Danilo Miranda, criei Os Retalhos
Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, executado pelo Sesc
em 1995 n a unidade Consolação. para conceber esses dois projeto mergulhei na
vida e obra dos dois ícones da pauliceia desvairada e da cultura brasileira e
daí fui me entranhando cada vez mais nessa diversidade cultural pós 22.
Fernando
Andrade - O gênero não é só o poema é também o masculino/feminino, a
mão direita/a mão esquerda, a fome a evacuação. Esse dualismo vi muito no seu
livro.
Artur
Gomes – gosto de brincar ironizar todas essas questões de gêneros e
daí foram surgindo os personagens Lady Gumes, Federika Bezerra, Federico
Baudelaire, Gigi Mocidade, EuGênio Mallarmè, Pastor de Andrade, Rúbia Querubim,
Irina Serafina, Artur Fulinaíma e Artur Kabrunco que estarão presentes no
próximo livro: Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim preparando a santa ceia para
um banquete antropofágico. esses personagens são todos andróginos macho/fêmea
masculino/feminino e desfilam na Mocidade Independente de Padre Olivácio – A
Escola d e Samba Oculta NO Inconsciente Coletivo e frequentam a Igreja
Universal do Reino de Zeus. a relação entre eles é amorosa com a fome dos desejos de amor e ódio com aranhas
com cada um tecendo a sua rede de intrigas.
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O Homem
Com A Flor Na Boca
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