segunda-feira, 7 de outubro de 2024

com os dentes cravados na memória

Com Os Dentes Cravados Na Memória

Mesmo com uma grande dor, provocada por um bico de papagaio que a décadas insiste em cantar na minha coluna, roubando-me as vezes a paciência, passei uma tarde de ontem super divertida no Auditório Miguel Ramalho em cia da equipe de Coordenação de Projetos de Audiovisual e Design Para Educação - Centro de Referência do IFF Campos Campus Centro.

Motivo do Encontro: um depoimento sobre os mais de 50 anos que Vivi no IFF desde os tempos de aluno no Ginásio Industrial na então ETC (Escola Técnica de Campos), de 1961 a 1964. Passando pelo período de 1968 a 1986 quando já servidor da ETFC(Escola Técnica Federal de Campos), trabalhei como Linotipista na Oficina de Artes Gráficas (Tipografia).

De 1975 a 1985 mesmo subvertendo a ordem natural vigente que direcionava a instituição, criei totalmente à revelia da direção na época, uma Oficina de Teatro, que se manteve subversiva até 1986 (pois era assim que os professores reacionários da época se referiam a atividade.

Nunca fui poeta de bons modos, bons costumes, e como os alunos da Oficina de Teatro, eram também alunos da ETFC, nos "anos de chumbo" onde o Diretor da instituição era escolhido pelo MEC, depois de algum curso na Escola Superior de Guerra, era normal que a minha atividade com Teatro dentro da Escola fosse tratada como Subversão.

Em 1986, acontece as primeiras "Eleições Diretas", nas Escolas Técnicas Federais e nas Universidades Federais, pós Ditadura. Na ETFC se elege Diretor o Professor de Matemática Luciano D´Angelo. Como desde 1980 o trabalho com a Oficina de Teatro havia ultrapassado os muros da cidade e ganhado as ruas de Campos, com o Auto do Boi-Pintadinho, Luciano então, me transfere da Tipografia para o Grupo de Atividades Culturais.

Em 1997 a ETFC já havia se transformado em CEFET, e com a nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases), criada por Darcy Ribeiro, a Oficina de Teatro, como outras Oficinas de Arte que já existiam então passam a fazer parte da grade curricular para os alunos do Curso Técnico (nível médio). No período de 1997 a 2002 passo então a Coordenador da Oficina de Artes Cênicas, até a minha aposentadoria.

De 2011 a 2012 convidado pelo então Diretor do IFF Campos Campus Centro, Jefferson Manhães, volto a instituição para Dirigir Oficinas de Criação e Produção Cine Vídeo e crio o I Festival de Cinema Curta-IFF, realizado em 2012 no Auditório Cristina Bastos.

As 3 horas de bate papo e gravações foram poucas para narrar os períodos e os fatos em seus mínimos detalhes. Esperava que um dia, acompanhando e vivendo as transformações do IFF como acompanho, que esse depoimento viesse a acontecer, e esses 50 anos vividos ali dentro pretendo transformar no livro Com Os Dentes Cravados Na Memória, onde não só o que vivi dentro do IFF será contado, mas também muito da minha travessuras culturais por este país a fora.

Equipe da Coordenação de Projetos de Audiovisual e Design para Educação que trabalharam nas gravações: Larissa Vianna, Rodrigo Otal, Carlos Henrique Morelato e Lionel Mota.

 

Artur Gomes

Com Os Dentes Cravados na Memória

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prezepino é um severino serafino curitibano que entortou meus planos quando atravessou os trópicos  de capricórnio no pomar da cacomanga para furtar as jacas da realeza nas ancas de uma madre senhora freira/nte  portuguesa

Artur Fulinaíma

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                     ontem tive um longo bate papo com Ronaldo Junior, presidente da ACL – Academia Campista de Letras, onde ele me passou o estatuto da Casa de Nelson Rebel e as orientações para minha posse dia 19 às 17h. A ACL comemorou neste 2024 seus 85 anos de existência em uma cidade onde a memória precisa  cada vez mais e com urgência ser. Resgatada

 

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Artur Gomes –

O Homem Com A Flor Na Boca

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uma cidade sem memória não é uma cidade

                           Federico Baudelaire

Campos precisa acordar para voltar a ser 

                                 Rúbia Querubim

tocar-te por dentro lentamente calmamente como quem morde a maçã na boca da serpente e uiva mastigando a carne como sobremesa

                                            Artur Kabrunco

o gosto da tua carne não conheço não me deste o endereço

                                              Federika Bezerra

transverso anjo avessso atravesso as artérias da cidade águas do paraíba emporcalhadas de esgotos

                                                Irina Serafina

como poesia devoro para matar a fome quando oro o prazer tem outro nome

                                                    Artur Gomes 

                          absinto impossível te sentir mais do que já sinto                 

Pastor de Andrade

cidade veraCidade nossas angústias penduradas nos varais

                                            Federika Lispector

 

viva a lira do delírio antropofágica paulistana metendo a língua desbragada nos bordéis de copacabana

                                            Lady Gumes

o delírio é a lira do poeta se o poeta não delira sua lira não concreta                                                

                                    Artur Fulinaíma

 

desde os tempos de moleque para descascar carne de manga faca facão canivete arma branca de pivete nos quintais da cacomanga

                                     EuGênio Mallarmè  

não tenho papas na língua  nem pastor me come as coxas eu sou do mar da tempestade beira mar é quem   lambe  as minhas ostras

                                            Gigi Mocidade 

Artur Kabrunco e suas metáforas vagabas me enclausuraram entre os corredores do presídio federal de brazilírica perdi a lírica nem sei o que estou fazendo por aqui -  enlouqueci

Macabea – A Outra 

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LITERATURA & COLETIVOS POÉTICOS

 POESIA E SARAUS, UM

  Cesar Augusto de Carvalho

 

A poesia é inútil, daí o paradoxo ser inevitável quando o tema é poesia. Se a poesia é inútil, por que falar dela?  A inutilidade da poesia é ideia recorrente, diria até unânime entre poetas, mas nem por isso eles deixam de surgir em número cada vez maior e os poemas florescerem no vasto campo da linguagem.

Se a poesia é inútil, então por que ela congrega pessoas em torno de saraus que aumentam em número e grau numa cidade como São Paulo? De onde vem essa força para reunir pessoas? O que as atrai: a poesia ou a necessidade do encontro?

O calor da presença humana nos fortalece, nos energiza, nos possibilita fazer novas amizades e renovar as antigas. Existem muitas maneiras de se criar estes elos socioculturais. Algumas exigem poucos recursos, referências culturais, outras, mais. Nesta segunda categoria, estão os saraus. Todavia, num sarau, o receptor, mesmo que tenha um baixo repertório simbólico, não deixa de experienciar, com os ouvidos abertos durante uma, duas horas, e se deliciar com poemas em diferentes vozes. Poesia é inútil?

 

A poesia é inútil

não cheira, nem fede

 soa

 

 No mundo mercantil em que vivemos, bastante segmentado, o mercado editorial poético é pequeno. Se o consumo de livros já é baixo, o de poesia é baixíssimo. Nem é necessário dado estatístico para comprovar isso. Basta observar os compradores na seção Poesia, das livrarias. Eles passam bom tempo folheando, lendo uma ou mais páginas e devolvem os livros às prateleiras. Na hora de comprar, compram os que nada têm a ver com poesia. Como disse Paulo Leminski num vídeo gravado em 1985:

“é muito mais lucrativo você abrir uma banquinha e vender banana do que vender poesia”.

 Poesia vende pouco. Nem por isso, o número de poetas e amantes da poesia deixou de crescer. Os saraus aumentaram em número e, facilitadas pela impressão sob demanda, novas pequenas editoras surgiram. 

 Em 2015, tínhamos, na Capital, mais de 60 saraus distribuídos pela cidade. E esse número cresceu até a chegada da COVID, quando, claro, os saraus foram suspensos. Durante o enclausuramento pandêmico, a comunicação virtual, além de permitir a continuidade de alguns saraus, criou novas formas para se falar de poesia.  Como um produto sem nenhum valor mercadológico tem esse poder de reunir pessoas, de congregá-las? De onde vem essa magia?

 (*) Não conheço poeta que desgoste de seu ofício. Escrever, expressar suas experiências é sempre motivo de amor e paixão

1 CARVALHO, Cesar Augusto de. Curto-circuito. São Paulo: Editora Patuá, 2019, pág. 50


 Para o poeta não importa o valor mercadológico, se o livro venderá ou não, importa é poetar aos quatro ventos. É no momento mágico da escrita, nem sempre alegre, muitas vezes dolorosa, que o poeta se revela. Na magia da linguagem, o eu lírico desnuda a condição humana por meio de uma experiência singular, transformada em poema. Isso embevece o receptor, pois é algo que lhe toca, indecifrável, misterioso e sedutor. Os símbolos poéticos estabelecem um diálogo mudo que se enraíza no corpo.

Não há como não concordar com a laureada poeta estadunidense, Ada Limón, quando escreveu:

“A poesia tem o poder de nos reconectar com nós mesmos e tem o poder de nos reconectar com a terra .”

Poderia dizer que foi essa inutilidade da poesia que me levou, não só a escrevê-la como, mais tarde, tornar-me produtor de saraus e eventos literários, tanto presenciais quanto virtuais. Em 2015, conheci Rubens Jardim, que foi participante do movimento poético Catequese Poética, criado por Lindolf Bell, em 1964. O lema era colocar a poesia em todos os lugares. Rubens o pratica até hoje, não só produzindo saraus como realizando pesquisas sobre poesia e publicando-as. Trabalho significativo é o levantamento das mulheres poetas desde o século XVIII até o século XXI.

Depois dessa pesquisa, o desconhecimento sobre o papel das mulheres na poesia ficou menor. Publicada em livro, são quase 400 poetas reunidas, o leitor é contemplado com suas biografias e alguns poemas .

No ano seguinte, convidou-me para participar de um novo sarau, que seria na rua. Topei a parada e criamos, junto com Claudio Laureatti, o Sarau da Paulista. Era um sarau mensal, 2 In:

https://youtu.be/zkl57-hC3ko?si=PUN9q2gEgghPHPRc 3

 JARDIM, Rubens. As Mulheres Poetas na Literatura Brasileira. Cajazeira, PB: Arribaçã, 2021.

 Realizado no último domingo de cada mês, com microfone aberto, na calçada da Avenida Paulista com a Rua Peixoto Gomide. Usamos um megafone nas três primeiras edições, mas ele era pouco eficiente para cobrir os ruídos da avenida fechada para veículos. A solução foi uma vaquinha feita pelos poetas que nos permitiu comprar um sistema de som que, acreditávamos, resolveria o problema. Não resolveu.

 O barulho atrapalhava muito. Por causa dele, num dos domingos, deslocamo-nos para o Parque Trianon, a poucas quadras de onde estávamos. Insistentes, tentamos manter o sarau na calçada, mas acabamos desistindo e nos abrigando no jardim da Casa das Rosas. Lá, com o apoio institucional, tínhamos um excelente sistema de som e uma tenda de lona, que nos protegia do sol e da chuva. Após a interrupção pandêmica, retornamos à Casa das Rosas, mas durou pouco. Cláudio Laureatti estava com dificuldades para dar continuidade ao trabalho. Eu e Rubens, por nossa vez, não tínhamos as habilidades artísticas do Claudio para conduzir um sarau bastante diferenciado, com inúmeras atividades de leituras interativas, que só ele seria capaz de fazer. Simultaneamente, mudanças internas ocorreram na instituição, e os respingos do poder levaram o Sarau da Paulista a deixar de existir. Por ser um sarau realizado na rua, pelo menos em sua primeira fase, pôde-se notar que a recepção dos poemas lidos é volátil. O transeunte, aquele que está de passagem, para, fica um tempo e continua sua andança. Alguns param, pedem uso do microfone e declamam poemas de autoria própria ou de outros autores. Como a característica da arte de rua é a impermanência, todos estão de passagem, o Sarau da Paulista também não consegue reter o receptor, o público, por laços que não sejam os efêmeros. Ao contrário de outros saraus dos quais participo ou participei, o Gente de Palavra Paulistano e o Artefatos Poéticos, por exemplo, por serem em espaços fechados, intensificam as relações que se estabelecem no espaço interno.

Artefatos Poéticos não é o melhor exemplo porque teve pouca duração. Apenas seis edições. Por sugestão de um amigo, criei-o em 2018 com a proposta de ser um sarau multimídia e temático. Iniciado sob o nome de Virada Poética, editamos duas revistas homônimas com poemas dos participantes. A partir da terceira edição mudamos para Artefatos Poéticos. A primeira razão dessa mudança foi que a natureza midiática do sarau pedia um nome mais adequado; a segunda é que éramos confundidos com um evento patrocinado pela Prefeitura da Cidade, a Virada Cultural, o que nos incomodava bastante.

Apesar da duração limitada, pude notar, pela convivência com os poetas paulistanos, que Artefatos Poéticos ampliou algumas redes de amizades e novos intercâmbios brotaram. Esse fenômeno o fez constatar com mais frequência no sarau Gente de Palavra Paulistano, do qual passei a ser co-curador, também a convite de Rubens Jardim, em 2018. O propósito de Gente de Palavra é reunir amigos para homenagear um poeta. Esta é sua principal característica: o participante do sarau, depois de uma hora e meia, duas horas lendo e ouvindo poemas do homenageado, sai de lá tendo conhecido o autor e parte de sua obra.

Para a escolha do poeta, levamos em conta sua produção e livros publicados. Gente de Palavra Paulistano não tem recursos financeiros. Então, a disponibilidade do poeta é vital. Se ele mora na capital, fica mais fácil em todos os sentidos – gasta menos em transporte e não há despesas com alimentação. Quando mora fora, depende de quando estará em São Paulo. O sarau acontece na última quarta-feira do mês, então, se coincidir a data da viagem e ele estiver disponível, será homenageado.

 Com todas as despesas pagas, por ele próprio. Nem por isso, deixamos de receber poetas vindos de diferentes estados do país. Mas você pode perguntar: o Gente de Palavra Paulistano, até pelo nome, não homenageia só paulistas e paulistanos? Não. O Paulistano do título é apenas para nos diferenciar do sarau gaúcho, do qual nascemos.

 Há dez anos, o poeta Renato de Mattos Motta criou o sarau Gente de Palavra, em Porto Alegre, RS. No final de 2015, David Kinski aceitou o convite de Renato e criou, em parceria com Rubens Jardim, o Gente de Palavra Paulistano. Com a saída de Kinski em 2018, fui convidado para ser parceiro do Rubens. Dada a qualidade dos poetas homenageados, ao completarmos oito anos de existência, Rubens e eu resolvemos publicar uma antologia reunindo todos eles e, como este sarau é sempre focado na poesia, propusemos o tema meta-poema, ainda que opcional. Essa antologia é um panorama significativo dos diferentes modos de se produzir poesia. Nelas, estão presentes poetas de todas as idades e poemas em suas diferentes formas verbais e visuais. O que a antologia não revela são os efeitos não visíveis, a interpelação viva, dinâmica e real entre pessoas a formar comunidades, redes poéticas.

 É por meio da poesia que os poetas se comunicam. Seus códigos simbólicos penetram igual raiz a se propagar lenta, suave, sem dor, até brotar. Efeitos lentos, mas duradouros.

 CARVALHO, Cesar Augusto de e JARDIM, Rubens. Antologia Gente de Palavra Paulistano. São Paulo: Editora Patuá, 2023.


corpoesia


no sarau
a poesia
muda


no corpo
a língua
muda

na língua

a vida

muda 



uma cidade sem memória não é uma cidade

                           Federico Baudelaire

Campos precisa acordar para voltar a ser 

                                 Rúbia Querubim

tocar-te por dentro lentamente calmamente como quem morde a maçã na boca da serpente e uiva mastigando a carne como sobremesa

                                      Artur Kabrunco

o gosto da tua carne não conheço não me deste o endereço

                                   Federika Bezerra

transverso anjo avessso atravesso as artérias da cidade águas do paraíba emporcalhadas de esgotos

                                        Irina Serafina

como poesia devoro para matar a fome quando oro o prazer tem outro nome

                                          Artur Gomes 

absinto impossível te sentir mais do que já sinto

                              Pastor de Andrade

cidade veraCidade nossas angústias penduradas nos varais

                               Federika Lispector

 

viva a lira do delírio antropofágica paulistana metendo a língua desbragada nos bordéis de copacabana

                                            Lady Gumes

o delírio é a lira do poeta se o poeta não delira sua lira não concreta                                                

                                  Artur Fulinaíma

 

desde os tempos de moleque para descascar carne de manga faca facão canivete arma branca de pivete nos quintais da cacomanga

                            EuGênio Mallarmè  

não tenho papas na língua  nem pastor me come as coxas eu sou do mar da tempestade beira mar é quem   lambe  as minhas ostras

                                      Gigi Mocidade 

*

In Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim

Livro inédito de Artur Gomes – lançamento previsto para 2025

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Artur Gomes -  Poesia Afro Tupiniquim

Dia 4  novembro 9:30h

performance com poesia dos  livros Suor & Cio 1985 e O Homem Com A Flor Na Boca 2023 –

Ciep 147 – José do Patrocínio – Campos dos Goytacazes-RJ

 Artur Gomes é poeta ator produtor cultural - atua na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima como Coordenador de Cultura e recentemente foi eleito para a Academia Campista de Letras para ocupar a cadeira 12 antes ocupada pelo professor Hélio de Freitas Coêlho

 

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Oficina de Teatro Multilinguagens

Em 2017 dirigi no Sinasefe IF Fluminense uma Oficina de Teatro Multilinaguagens, atividade que poderá voltar a ser realizada lá em breve, como ação de  um projeto de fomento a leitura.

O Sinasefe IF Fluminense está situado na Rua Álvaro Tâmega, 135 – Campos dos Goytacazes-RJ

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 Sarau Campos VeraCidade

                                fomento a leitura 

com roda de conversa – sobre um tema selecionado

Música e Poesia Falada

A partir de novembro 2024 na ACL – Academia Campista de Letras

Praça Nilo Peçanha, S/N – Jardim São Benedito


Fernando Andrade Entrevista Artur Gomes

 

Fernando Andrade - A língua em seu livro de poesia novo, é lúdica, metafórica, difícil não imobilizá-la na página, parece que sai andando. Queria que você falasse de toda essa cinética, brincante.

 

Artur Gomes – a algum tempo percebi que poesia pode ser corpos em movimento palavras voando ao sabor do vento não apenas verso mas também muito prosa com a possibilidade de signi ficar outros signi ficados acho que percebi isso lá pelos idos dos anos de 1983 quando criei o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira fazendo exposições  com todas as linguagens poéticas contemporâneas pós semana de arte de 1922.

 

Fernando Andrade - A cultura nossa você gosta de usá-la até criar efeito paródico sobre ela. Como você trabalha poeticamente, a cultura. Fale  disso.

 

Artur Gomes - sim além da poesia trabalho com artes visuais música cinema teatro estando e estando em contato com essas outras linguagens tive que ir aos poucos mergulhando nesse caldeirão cultural que é o brasil e essa efervecência  de uma certa forma é o que dinamiza a minha escrita buscando nela o cenário de que por muitas vezes aparece de forma bem explícita nas minhas narrativas em outras metaforicamente e claro tendo uma visão crítica sobre o que se passa não poderia deixar de satirizar ironizar sarcasticamente até de forma impiedosa as formas como que se sobrevive nesse país do futuro

 

Fernando Andrade - Você brinca de forma ágil com o modernismo brasileiro. A poesia tem essa possibilidade, transgressora de aglutinar/deglutir os movimentos.

 

Artur Gomes – em 1993 o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira completou 10 anos o grupo Livre-Espaço de Poesia de Santo André com todos os seus integrantes esteve presente em todas as 9 edições realizadas até então e também estava completando 10 anos de existência. uma das poetas integrantes de grupo: Dalila Teles Veras que em Santo André dirige o centro cultural e livraria Alpharrabio me convidou para fazer uma performance na  comemoração dos seus primeiro aniversário. dessa minha ida a Santo André nasceu a Mostra Visual de Poesia Brasileira – Mário de Andrade 100 Anos que foi executado pelo Sesc-SP, na unidade de São Caetano, com atividades também no Alpharrabio em Santo André, no Colégio Impacto e no entreposto cultural Beco das Garrafas, amos também em Santo André. Depois desse projeto a pedido do saudoso Danilo Miranda, criei Os Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, executado pelo Sesc em 1995 n a unidade Consolação. para conceber esses dois projeto mergulhei na vida e obra dos dois ícones da pauliceia desvairada e da cultura brasileira e daí fui me entranhando cada vez mais nessa diversidade cultural pós 22.

 

Fernando Andrade - O gênero não é só o poema é também o masculino/feminino, a mão direita/a mão esquerda, a fome a evacuação. Esse dualismo vi muito no seu livro.

 

Artur Gomes – gosto de brincar ironizar todas essas questões de gêneros e daí foram surgindo os personagens Lady Gumes, Federika Bezerra, Federico Baudelaire, Gigi Mocidade, EuGênio Mallarmè, Pastor de Andrade, Rúbia Querubim, Irina Serafina, Artur Fulinaíma e Artur Kabrunco que estarão presentes no próximo livro: Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim preparando a santa ceia para um banquete antropofágico. esses personagens são todos andróginos macho/fêmea masculino/feminino e desfilam na Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola d e Samba Oculta NO Inconsciente Coletivo e frequentam a Igreja Universal do Reino de Zeus. a relação entre eles é amorosa com a  fome dos desejos de amor e ódio com aranhas com cada um tecendo a sua rede de intrigas.

 

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