sábado, 12 de outubro de 2024

poema para todas as horas

 Primeiro de uma série está no AR - é só clicar no link baixar e navegar pelo coração do mato dentro - Gratidão mais uma vez ao grande amigo e parceiro Jiddu Saldanha, amizade e parceria que começou quando nos conhecemos em 1992 quando ele estava chegando de Curitiba no Rio de Janeiro.
Novo e-Books, esse eu fiz para o Artur Gomes, o poeta mais escrachado da geração 1970!
Acompanho a trajetória desse poeta a pelo menos 30 anos. Fizemos um e-Book arqueológico, o leitor vai garimpar seu vasto mundo na internet... http://bit.ly/PoemasParaTodasAsHoras 

 

 



 Dani-se morreale


se ela me pisar nos calos
me cumer o fígado
me botar de quatro
assim como cavalo
galopar meus pelos
devorar as vértebras
Dani-se

se ela me vier de unhas
me lascar os dentes
até sangrar o sexo
me enfiar a faca
apunhalar meus olhos
perfurar meus dedos
Dani-se

se o amor for bruto
até mesmo sádico
neste instante lírico
se comédia ou trágico
quero estar no ato
e Dani-se o fato
deste sangue quente
em tua boca dos infernos
deixa queimar os ossos
e explodir os nossos
poemas físicos pós modernos

Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
leia mais no blog

https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/


suspenso
no Ar
não penso
atravesso
o portão da tua casa
o corpo em fogo
a carne em brasa
tudo arde
nas cinzas das horas
no silêncio da tarde
vou entrando sem alarde
sem comício
como o pássaro
que acaba de cantar
em pleno hospício

você pensa que escrevo em rua reta ou estrada sinuosa para você poesia é verso do inverso ou avesso de uma prosa? escrevi pscanalítica 67 em mil novecentos e sessenta e sete numa madrugada de setembro outubro quando visitei meu pai no henrique roxo e vi vespasiano contra a parede dando cabeçadas no manicômio mais uma vida exterminada e no fim das contas noves fora nada tudo o que eu queria dizer naquela hora explode agora quando atravesso o portão da tua casa o corpo em fogo a carne em brasa sem pensar estética estrutura estilo de linguagem sinto o desejo entre os teus mamilos a espera do beijo da esfinge que devora

Artur Gomes
PoÉticas ArturiAnas



 Fulinaimicamente – TranspoÉticas

Coletânea Poetas Vivos – Artur Gomes

cacomanga 2

ali nasci
minha infância
era só canaviais
ali mesmo aprendi
conhecer os donos de fazenda
e odiar os generais.
leia mais no blog

https://fulinaimicamente.blogspot.com/



 POETARIADO EM CARNE VIVA!


Seria horrivelmente interessante, levando a expressão ao pé da letra, ver poetas na rua declamando poemas em carne viva. Sem tentar depelar nenhum poeta ou escritor, e levando para o campo da poesia, a metáfora “carne viva” remete à própria função da poesia: desvelar os mistérios do mundo. Depelar o corpo da palavra, revelar seu mistério.

Muitos não conseguem transformar seus versos em bisturis. Outros fazem dessa habilidade sua marca:

TROVA

MEU coração é tão hipócrita
que não janta
e
mais imbecil
que ainda canta:
ou
viram no ipiranga
às margens plácidas
uma bandeira arriada
num país que não levanta.

Não, esse poema não foi escrito nos tempos atuais, foi publicado há muitos anos no livro Couro Cru & Carne Viva (Damadá, 1987) escrito por Artur Gomes, o convidado do Canal do Poetariado que acontece na próxima 2ª. Feira.

Artur Gomes é poeta, ator, videomaker e produtor de oficinas e atividades culturais. Nesse bate-papo, experimentaremos, junto com Tchello d´Barros e Ademir Assunção, seu bisturi poético.


Acho que você não deve perder.

Agende-se.
Clique no link:
https://youtu.be/qyCSwzGZ9lk

Bom programa!
Cesar Augusto de Carvalho


 poema atávico


e se a gente se amasse uma vez só
a tarde ainda arde primavera tanta
nesse outubro quanto
de manhãs tão cinzas

nesse momento em Bento Gonçalves
Mauri Menegotto termina
de lapidar mais uma pedra
tem seus olhos no brilho da escultura

confesso tenho andado meio triste
na geografia da distância
esse poema atávico tem
a cor da tua pele
a carne sob os lençóis
onde meus dedos
ainda não nasceram

algum deus
anda me pregando peças
num lance de dados mallarmaicos
comovido
ainda te procuro em palavras aramaicas
e a pele dos meus olhos anda perdida
em teu vestido

Artur Gomes

Do livro O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
leia mais no blog
https://fulinaimargem.blogspot.com


 O poeta é um fingidor


chove aqui dentro
mais do que lá fora
eu tenho pressa
de olhar teus olhos
nesse mar de angra
o pau brasil sangra

enquanto isso
ela passeia no egito
entre templos sagrados
dessas múmias quânticas

me perdoa
o poeta é um fingidor
mas eu não sou Fernando Pessoa

Artur Gomes

por onde andará Macunaíma?
https://porradalirica.blogspot.com/


hoje
nesse tempo frio
me perdi de vista
bem na beira mar
quase beira rio

Federika Lispector


o curral das merdavilhas

o brasil já foi ilha de vera cruz
e nunca foi ilha
já foi terra de santa cruz
e nunca foi santa
hoje ninguém mais se espanta
com o volume das trapaças
no curral das merdavilhas

Artur Fulinaíma

https://ciadesafiodeteatro.blogspot.com/
 


entretanto

musicado por Paulo Ciranda

eu tenho sede
eu tenho fome
eu tenho sede de canto
eu tenho fome de conto
assim quando me encontro
ou desencontro
canto e conto
a música do desconcerto
o conto do desencanto
e no entanto confesso
que não sou triste
um poema ainda existe
pra me animar do desconforto
para me salvar do entretanto
pra me acertar no desconcerto

Artur Gomes
leia programação no blog

https://centrodeartefulinaima.blogspot.com



O Pau Brasil sangra


Amazônia clama por socorro
o fogo queima e o mundo
gira feito carrapeta
armar o país de livros
única forma de salvação para o planeta

olha o tesouro que acaba de chegar aqui na Estação 353. com este poema do livro Pátria A(r)mada 2ª Edição.
valeu Luis Turiba - grande amigo poeta e parceiro

Deus não joga dados
mas a gente lança
sem nem mesmo saber
se alcança
o número que se quer
mas como me disse mallarmè
:
- vida não é lance de dedos
A vida é lança de dardos
Deus não arde no fogo
mas eu ardo

Artur Gomes
Pátria A(r)mada –
Prêmio Oswald de Andrade – UBE-Rio 2020
2ª Edição – 2022
Desconcertos Editora – São Paulo-SP
https://arturgumesfulinaima.blogspot.com/

Goytacá Boy
musicado e cantado por Naiman
no CD fulinaíma sax blues poesia

ando por São Paulo meio Araraquara
a pele índia do meu corpo
concha de sangue em tua veia
sangrada ao sol na carne clara

juntei meu goytacá teu guarani
tupy or not tupy
não foi a língua que ouvi
em tua boca caiçara

para falar para lamber para lembrar
da sua língua arco íris litoral
como colar de uiara
é que eu choro como a chuva curuminha
mineral da mais profunda
lágrima que mãe chorara

para roçar para provar para tocar
na sua pele urucum de carne e osso
a minha língua tara
sonha cumer do teu almoço
e ainda como um doido curuminha
a lamber o chão que restou da Guanabara

Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
Gravado em vídeo pelo autor integra a Mostra Arte de Toda Gente – FUNARTE_Rio – 2021 – Curadoria: Tchello d´Barros
https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/



quando te tocar
é pra alvoroçar os teus cabelos
eriçar teus pelos
molhar os teus mamilos de saliva
com essa língua viva
aqui na minha boca

quando te roçar

é pra deixar-te louca

endurecer teus dedos

gozar em samba/enredo

se eu te cantar sem  medo

        toda loucura é pouca

quando eu provar da carne

te enfiando a língua

nessa garganta rouca

te engolindo ainda

até findar o coito

e não dormir de toca  

Artur Gomes
https://suorecio.blogspot.com/



 Juras secreta 62


tenho estado
entre o fio e a navalha
perigosamente – no limite
pulando a cerca da fronteira
entre o teu estado de sítio
e o meu estado de surto

só curto a palavra viva
odeio uma língua morta

poema que presta é linguagem
pratico a SagaraNAgem
na esquina da rua torta

Artur Gomes
Juras Secretas
Edititora Penalux – 2018
https://braziliricapereira .blogspot.com/



o poema as vezes é sabre

lâmina fina como o vento
ou folhas suspensas
sobre um verde
quase água
quase pluma
levita sobrevoa se espraia
na voragem do dia
como os dedos da moça
ao atiçar o clic
no instante exato da fotografia

                         Artur Gomes


Alice
para Alice Melo Monteiro Gomes

A música está no bico dos pássaros
na pétala da lamparina
no caracol dos teus cabelos
no movimento dos músculos
no m das tuas mãos
nada mais sagrado
do que teus olhos acesos
para me iluminar na escuridão

Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux - 2020
https://centrodeartefulinaima.blogspot.com/


discípulo de Rimbaud

minha tv pifou
nem tenho ido ao cinema
meu filme está carne da palavra
esse poema é trágico
me lembra infância lá na cacomanga
televisão nunca tivemos
era rádio de pilha depois de bateria
meu pai criava porcos
para vender na primavera
e complementar o seu salário
que nem o mínimo era
carteira de trabalho nunca teve
como administrador de uma fazenda
com mais de 1000 alqueires de terra
com produção agropecuária
canavieira e cerâmica industrial
esse é um poema em linha reta
nem seu por quê e para que
me tornei poeta discípulo de Rimbaud
talvez só para escrever
que no Brasil mesmo depois da Abolição
Escravidão nunca terminou

Artur Gomes

Balbúrdia Poética
https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com







ela tem o olhar
sobre a ponte do conhecimento
de Darcy Ribeiro - primeiro grafou
o meu poema com sua bela grafia
depois pintou a ponte
com óleo sobre tela
e fez com que o meu olhar
fosse de encontro à sua arte
do outro lado da janela

Artur Gomes
5 - Abril - 2023 - para Bruna Barreto

leia mais no blog
https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/


A flor dos meus delírios
tem cheiro de poesia
relâmpagos de Iansã
incêndio no meio dia
Netuno em polvorosa
me disse em verso e prosa
que ela vem com o frescor da maresia
e eu serei o seu Ogum
anjo da guarda e companhia
hoje mesmo distante
esse preamar me incendeia
ondas espumas explodem na areia
tempestades trovoadas ventania
e nem sei se estando perto
calmaria

Artur Gomes


Xingando poesia a convite de Marcelo Sampaio, na Abertura da VIII Conferência Municipal de Cultura de Campos


era uma vez um mangue
e por onde andará Macunaíma
na sua carne no seu sangue
na medula no seu osso
será que ainda existe
algum vestígio de Macunaíma
na veia do seu pescoço

tá no canto da sereia
no rabo da arraia
nos barracos da favela
nos becos do matadouro
na usina sapucaia?

Joilson Bessa me disse
Kapiducéu já ensaia
Macunaíma vem vindo
no Auto do Boi Macutraia

Artur Gomes

Fragmento do prefácio do livro O Homem Com A Flor Na Boca

Artur Gomes, este homem com a flor na boca, anda a espalhar o veneno agridoce de sua poesia, numa obra em que não há fronteiras entre o artista, o cidadão, o personagem, o eu poético, a obra. Seu livro não é um objeto, mas um produto interno e nada bruto. A obra é sempre muito maior que o livro, pois este, matéria assim como o homem, finda. A obra, esse totem que se pode cultuar no altar da memória, está sempre presente. E é disso que o poeta fala: do tempo presente, do homem presente, da vida presente. Parafraseando Drummond, com O Homem Com A Flor Na Boca, “não nos afastemos, não nos afastemos muito”, vamos de mãos dadas com a poesia de Artur.

Adriano Carlos Moura
Professor de Literatura – IFFluminense, Campos dos Goytacazes-RJ – Poeta, Ator, Dramaturgo

leia mais no blog

https://arturgumes.blogspot.com/


minha madrinha se chamava cecília nunca soube onde minha mãe a conheceu por muitos anos morou na rua sacramento ao lado do colégio estadual nilo peçanha primeiro endereço que conheci nesta cidade antes de estudar no grupo escolar 15 de novembro de onde muitas vezes assisti desfilar a mocidade louca ao lado do meu padrinho benedito que inventou deixa que eu chuto meu guardião absoluto

Artur Gomes
Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim


 no princípio era fábula depois veio o verbo logo depois a ficção e aí começou a invenção bem depois das sagaranagens antes fulinaimargens depois das fulinaimânicas atrás das fulinaímicas nem circo nem tarde de mímica apenas alguma paisagem na janela da viagem quando lia o lado b me transmutando em alquimia na voragem da vertigem na vertigem da voragem 


Artur gomes
Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim
leia mais no blog 

           https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/



 cacos de ossos

sonhos estilhaçados
no chão
palavras dilaceradas
carne incinerada
ditadura cão

reflexo no espelho
do poema
NÃO

Artur Gomes
Vampiro Goytacá/Canibal Tupiniquim
https://arturgumes.blogspot.com/

Arte: Tchello d'Barros



meu coração marisco
pele de ostra em tua areia
em tarde de sol à pino
em noite de lua cheia

Artur Fulinaíma
- foto.poesia

https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/

metáfora

meta dentro
meta fora
que a meta desse trem agora
é seta nesse tempo duro
meta palavra reta
para abrir qualquer trincheira
na carne seca do futuro
meta dentro dessa meta
a chama da lamparina
com facho de fogo na retina
pra clarear o fosso escuro

Artur Gomes
Balbúrdia Poética

      nas entre/linhas

no desenho da estrada que atravesso tem um corpo adormecido esperando por um beijo. Eu te desenho e você não vê a geografia corporal em cada traço. Eu te coloco dentro do poema e teu corpo treme nas entre linhas do desejo. Desenho teus olhos no espelho e você não vê nas águas o reflexo da alga que brotou no mar sob a luz da madrugada.

Artur Gomes


Toda Nudez Não Será Castigada

roberta agora
só se for cainelli
bruna só se for polleto

vestido
pode ser a pele
que encobre
a nudez do esqueleto

o beijo agora
só se for ao vivo
e-mail só se for inteiro

fantasia
só se for de tanga
camila agora
só se for pitanga

e carnaval
a gente transa
em fevereiro

Artur Gomes Gumes



fosse Alice essa menina
brincando à flor da pele

ou com a pele em flor

de purpurina
na menina dos meus olhos

flores do mal

ou bem-me-quer
seria eu um mar de abrolhos
pra molhar esses dois olhos
que me olham sem querer

Federico Baudelaire



sejamos pornográficos como
Carlos Drummond de Andrade

Em face dos últimos acontecimentos

Oh! sejamos pornográficos
(docemente pornográficos).
Por que seremos mais castos
Que o nosso avô português?

Oh ! sejamos navegantes,
bandeirantes e guerreiros,
sejamos tudo que quiserem,
sobretudo pornográficos.

A tarde pode ser triste
e as mulheres podem doer
como dói um soco no olho
(pornográficos, pornográficos).

Teus amigos estão sorrindo
de tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
Fosse a última resolução.
Não compreendem, coitados
que o melhor é ser pornográfico.

Propõe isso a teu vizinho,
ao condutor do teu bonde,
a todas as criaturas
que são inúteis e existem,
propõe ao homem de óculos
e à mulher da trouxa de roupa.
Dize a todos: Meus irmãos,
não quereis ser pornográficos


o fotógrafo é um fingidor
finge tão completamente
que chega a fingir que é foto
a realidade aqui presente

Artur Gomes
foto.poesia
da série: Litoral de São Francisco de Itabapoana


leia mais no blog

https://arturkabrunco.blogspot.com/


Subversiva

A poesia
Quando chega
Não respeita nada.

Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos

Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha

Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.

E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.

E promete incendiar o país.

 

Poema Obsceno

Façam a festa
cantem e dancem
que eu faço o poema duro
o poema-murro
sujo
como a miséria brasileira

Não se detenham:
façam a festa
Bethânia Martinho
Clementina
Estação Primeira de Mangueira Salgueiro
gente de Vila Isabel e Madureira
todos
façam
a nossa festa
enquanto eu soco este pilão
este surdo
poema
que não toca no rádio
que o povo não cantará
(mas que nasce dele)

Não se prestará a análises estruturalistas
Não entrará nas antologias oficiais
Obsceno
como o salário de um trabalhador aposentado
o poema
terá o destino dos que habitam o lado escuro do
país
– e espreitam,

Ferreira Gullar


a navalha na carne
pode cortar
pode doer pode sangrar
e ferir fundo
prefiro a dor  do prazer
do que o riso
sub imundo

Federika Lispector



anti/bíblica

não vou guardar os sábados
em nome de Jesus
e me deixar crucificada numa cruz
que simboliza dor
aos sábados eu pratico a Arte
de fazer Amor

Federika Lispetor

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jura secreta 39

quando tenso
o poema penso
fio suspenso no
Ar

quando teso
o poema preso
peixe surpreso no
Mar




Artur Gomes

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 Toda Nudez Não Será Castigada


O face tem censurado e deletado postagens com a explicação de serem spam. na verdade não sei o que isso significa, quando sabemos que o verdadeiro motivo é provocado pelo "falso moralismo" que alastra com relação a arte erótica, seja ela em que linguagem se expressa ou o espaço onde está exposta. Apresentamos aqui o link de um blog com a poesia de Artur Gomes onde você poderá ler poesias que tem sido censurada e denunciada aqui no face. Que tenham todos uma boa leitura e uma bela viagem .

Toda Nudez Não Será Castigada


Artur Gumes



aldeia carioca
para Marko Andrade

ando entre a espada
o revólver e a navalha
o couro cobre a carne
como pano da mortalha
o grito preso na boca
e o relógio de músculos
move o sangue no asfalto
o beijo de cinzas
na quarta/feira antes do carnaval
subo os dois irmãos
o são conrado o vidigal
desce por um beco os farpados
deparo com o vinagre
os cacos de vidros quebrados
o brejo na curva
em frente os arcos da lapa
o samba que foi proibido
rasgaram a pedra do sal

Artur Gumes



poética 27

paixão é tudo
entre teu corpo e o poema
a faca desliza
amolada
entre a casca e a pele da fruta

quando sair para o banho
acenda a luz do abajour
aos pés da cama
e deixe que eu escreva nos lençóis
as palavras selvagens
que baudelaire nos ensinou

Artur Gomes

                      Sarau Gente de Palavra

Dia 26 novembro – 19h

*

Balbúrdia Poética 4

Dia 3 dezembro 19h

*

Patuscada – Livraria Bar & Café

Rua Luis Murat, 40 – São Paulo SP

Encontro de Poetas para celebrar a Vida

 

Terra

antes que alguém morra

escrevo prevendo a morte

arriscando a vida

antes que seja tarde

e que a língua da minha boca

não cubra mais tua ferida

 

entre/aberto

em teus ofícios

é que meu peito de poeta

sangra ao corte das navalhas

e minha veia mais aberta

é mais um rio que se espalha

amada de muitos sonhos

e pouco sexo

 

deposito a minha boca no teu cio

e uma semente fértil

nos teus seios como um rio

o que me dói é ter-te

devorada por estranhos olhos

e deter impulsos por fidelidade

 

ó terra incestuosa

de prazer e gestos

não me prendo ao laço

dos teus comandantes

só me enterro à fundo

nos teus vagabundos

com um prazer de fera

e um punhal de amante

 

minha terra

é de senzalas tantas

enterra em ti

milhões de outras esperanças

soterra em teus grilhões

a voz que tenta – avança

plantada em ti

como canavial que a foice corta

mas cravado em ti

me ponho a luta

mesmo sabendo – o vão

estreito em cada porta

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

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