quando estive em Ubatuba
não era junho de chuva
lágrimas de Oxum menina
encharcaram minha íris
– viúva
dentro da noite veloz
e na vertigem do dia
aquela prova dos nove
não foi nenhuma alegria
muito pelo contrário
me deu angústia agonia
a menina dos meus olhos
que beijei na algaravia
dentro da noite veloz
e na vertigem do dia
florbela
florbela as vezes espanca
florbela as vezes espanha
florbela as vezes arranha
os músculos da minha cara
com suas unhas amarelas
e minha alma então dispara
lendo este poema que é dela
:
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."
Artur
Gomes
www.arturkabrunco.blogspot.com
imagem: Jose Cesar Castro
Nenhum comentário:
Postar um comentário