domingo, 12 de junho de 2022

florbela


dentro da noite veloz

 

quando estive em Ubatuba

não era junho de chuva

 lágrimas  de  Oxum    menina

encharcaram minha íris  – viúva

dentro da noite veloz

e na vertigem do dia

aquela prova dos nove

não foi nenhuma alegria

muito pelo contrário

me deu angústia agonia

a menina dos meus olhos

que beijei na algaravia

dentro da noite veloz

e na vertigem do dia


florbela


florbela as vezes espanca
florbela as vezes espanha
florbela as vezes arranha
os músculos da minha cara
com suas unhas amarelas
e minha alma então dispara
lendo este poema que é dela
:
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."

Artur Gomes
www.arturkabrunco.blogspot.com
imagem: Jose Cesar Castro


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