quinta-feira, 11 de novembro de 2021

claro enigma



                GELÉIA GERAL

 

a coisa por aqui

não mudou nada

 

embora sejam outras

siglas no emblema

 

espada continua a ser espada

poema continua a ser poema

 

 

PESSOA

 

não tenho pretensões

de ser moderno

nem escrevo poesia

pensando em ser eterno

 

veja bem na minha língua

as labaredas do inferno

e só use o meu poema

com a força de quem xinga

 

II

rente a pele

contra o muro

eu te grafito no escuro

 

quero um poema que revele poesia em sua pele

 

Artur Gomes

Couro Cru & Carne Viva

www.suorecio.blogspot.com


claro enigma

 

ela disse-me também te amo depois de um beijo na face em sinal de mais uma despedida, estávamos na esquina da conselheiro josé fernandes com tenente coronel cardoso naquela manhã de sábado de novembro  dois mil e dezenove

quando eu for beijar teus olhos nesse mar de escuridão vou pedir a todos os santos a luz de um novo dia e que seja luz do fogo de lamparina ou lampião para aquecer tua pele em minhas mãos 



FRUTAS

 

no vermelho dos morangos

marrom dos sapotis

na pele das romãs

carne das goiabas

polpa das amoras

licor das melancias

e tropical abacaxi

 

no gosto que elas têm de beijo

e jeito que elas têm de sexo

penetro os dentes mordendo

chupando dragando em ti

 

a terra das frutas na boca

arando o vale das coxas

com o caule da minha espada

eu planto a língua molhada

 

PRIMEIRO AMOR

 

montado no sol a pino

no pasto do céu em chamas

eu cavaleiro menino

enlouqueci na sua cama

 

VOO SELVAGEM

 

I

 

correndo nos  cavalos

cresceu

meu coração de égua

enxertado

em ilusões de águias

 

II

 

meu coração galopa

pelo campo afora

no dorso dos poemas

na pele das esporas

 

III

 

diante da cerca

estão os bois

saciando o sexo:

corpos sob o sol

selvagens & parceiros

guiados pelo odor

amando pelo cheiro

 

IV

 

no pasto

o encontro boca a boca

a égua abriu-se toda

para que nela

entrasse

 

                 bastasse ver

o seu pulsar

           e gozo

para que o alazão também

          entre o capim

gozasse

 

V

 

com espada em riste

galopamos pradarias

e lutamos ferozmente

por dois segundos e meio

 

tua fúria era louca

e agarrei-me em tua crinas

para não cair da cama

 

mas o amor era tanto

e tanto era o prazer

quando fomos pra cama

não tinha mais o que fazer

  

Artur Gomes

Suor & Cio

MVPB Edições - 1985

www.suorecio.blogspot.com




Artur Gomes

Overdose NU Vermelho

www.fulinaimagens.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

uma menina chamada Beth Araújo

  Esse espaço tem "mil"textos fantásticos. Poesia ? Prosa ? Não importa ! Imponderáveis,   não há como definí-los. A construção po...