GELÉIA
GERAL
a coisa por aqui
não mudou nada
embora sejam outras
siglas no emblema 
espada continua a ser espada
poema continua a ser poema 
PESSOA
não tenho pretensões 
de ser moderno
nem escrevo poesia
pensando em ser eterno
veja bem na minha língua
as labaredas do inferno
e só use o meu poema
com a força de quem xinga 
II
rente a pele 
contra o muro
eu te grafito no escuro
quero um poema que revele poesia em sua pele 
Artur
Gomes
Couro Cru & Carne Viva
claro enigma
ela disse-me também te amo depois de um beijo na face em sinal
de mais uma despedida, estávamos na esquina da conselheiro josé fernandes com
tenente coronel cardoso naquela manhã de sábado de novembro  dois mil e dezenove
quando eu for beijar teus olhos nesse mar de escuridão vou
pedir a todos os santos a luz de um novo dia e que seja luz do fogo de lamparina
ou lampião para aquecer tua pele em minhas mãos 
FRUTAS
no vermelho dos morangos 
marrom dos sapotis
na pele das romãs
carne das goiabas
polpa das amoras 
licor das melancias
e tropical abacaxi
no gosto que elas têm de beijo
e jeito que elas têm de sexo
penetro os dentes mordendo
chupando dragando em ti 
a terra das frutas na boca
arando o vale das coxas
com o caule da minha espada
eu planto a língua molhada 
PRIMEIRO
AMOR
montado no sol a pino
no pasto do céu em chamas
eu cavaleiro menino
enlouqueci na sua cama
VOO
SELVAGEM
I
correndo nos  cavalos
cresceu
meu coração de égua
enxertado 
em ilusões de águias
II
meu coração galopa
pelo campo afora
no dorso dos poemas
na pele das esporas
III
diante da cerca
estão os bois
saciando o sexo:
corpos sob o sol
selvagens & parceiros
guiados pelo odor
amando pelo cheiro
IV
no pasto
o encontro boca a boca
a égua abriu-se toda
para que nela
entrasse
                 bastasse
ver 
o seu pulsar 
           e gozo
para que o alazão também
          entre o capim
gozasse
V
com espada em riste
galopamos pradarias
e lutamos ferozmente
por dois segundos e meio
tua fúria era louca
e agarrei-me em tua crinas
para não cair da cama
mas o amor era tanto
e tanto era o prazer
quando fomos pra cama
não tinha mais o que fazer
Artur
Gomes
Suor & Cio 
MVPB Edições - 1985
Overdose NU Vermelho 
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