domingo, 4 de fevereiro de 2024

múltiplas poéticas

 

Sem a mínima vontade de gastar meu precioso tempo escrevendo sobre política.

Como diz o outro, eles que são brancos - e ricos - que se entendam.

Minha filiação e refiliação sempre foi a poesia - essa viralata de raça que não dá dinheiro algum, muito menos poder - exceto o de me manter sempre atento, "distraidamente concentrado, concentradamente distraído", como me lembra o zen.

 

Ademir Assunção 


"os amores de Edgar Allan Poe"

 

Valéry amava Mallarmé que amava Baudelaire

que amava Allan Poe que amava Virginia

dos cabelos negros como o corvo

 

Valéry morreu depois de ter projetado o Anjo

sua última inspiração poética

Mallarmé ainda procura O Livro essencial

quando encontrou a Morte

Baudelaire sofreu uma longa agonia

antes de morrer e ser enterrado

no cemitério de Montparnasse em Paris

e Allan Poe casou-se com Virginia

que morreu aos 25 anos

 

"los amores de Edgar Allan Poe"

 

Valéry amaba a Mallarmé que amaba a Baudelaire

que amaba a Allan Poe quién amaba a la Virginia

de cabellos negros como el cuervo

 

Valéry murió después de proyectar el Angel

su última inspiración poética

Mallarmé buscaba aún El Libro esencial

cuando encontró la Muerte

Baudelaire sufrió uma larga agonía

antes de morir y ser enterrado

em el cementerio de Montparnasse en Paris

y Allan Poe se casó con Virginia

que murió a los 25 años

 

Cristiane Grando 

Traducción: Espérance Aniesa


                           *

 

"o mundo é um avesso"

 

o fogo-vento entra pelas entranhas

como se nascesse um bebê ao contrário

 

o vento toca as minhas pernas

como um fogo que acaricia

 

eu me olho por dentro

me molho por dentro

me abraço e me acaricio também

 

o vento, meu Deus, o fogo

era um homem

 

                  *

 

 "fevereiro generoso"

 

dia 1o é para celebrar

o aniversário de uma amiga

 

dia 2 para seguir celebrando

 

dia 3, agradecendo as bênçāos

do Pai, do Filho e do Espírito Santo

 

dia 4 é para pôr os pés

sobre a mesinha da sala

e ler um livro

 

dia 5 sair em bando de amigas

por aí

 

dia 6, tomar um café com pāo de queijo

 

dia 7, chocolate gelado

com um enorme cookie artesanal

 

dia 8 é para escrever

umas linhas a mais

que de costume

 

dia 9, um número apropriado

para fazer nada de nada de nada

 

dia 10, seguir vivendo

até o dia 28 chegar

ou o 29, se houver

 

dia 30, promessas que nunca se cumprirāo

(Deus que me livre e guarde!)

 

Cristiane Grando


Gravação de entrevista a Cineas Santos, Professor, Escritor e figura destacada das letras do Piauí, para o quadro "Cadeira na Calçada" no programa "Feito em Casa", transmitido pela TV Assembleia daquele estado brasileiro, na livraria Entrelivros.

 

Dalila Teles Veras 


                 AQUELE QUE MATA

 

Mata em nós

Por nós

Mesma espécie

 

Em cada um que morre

Morremos todos

Mesma carne

 

Somos quem mata e quem morre

 

O ato vil de um único homem

Nos envilece a todos

 

Quem mata faz da humanidade uma espécie assassina

Quem morre, nos faz vítimas

 

Os imorais nos igualam

Os íntegros nos diferenciam

Balança desequilibrada

 

Tudo o que é humano está latente

Nada nos escapa

Podemos tudo

E, talvez por isso,

Perdemos tudo 


Armando Liguori Junior 


Eu, Armando Liguori Junior, 59 anos, paulistano, ator e jornalista por formação, humano de nascença. Poderia ser médico, arquiteto, astronauta, oceanógrafo, carcereiro, estilista, personagem num parque da Disney, limpador de lutador de sumô, influenciador, meteorologista, filósofo, mergulhador. Poderia ser um viajante rodando o mundo quantas vezes fosse possível numa vida. Poderia ser qualquer coisa, qualquer um, sou humano: se outros podem, também posso.  Mas escolhi escrever para estranhos.


Atrás da porta

"Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei
Eu te estranhei, me debrucei
Sobre o teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito, teu pijama
Nos teus pés, ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
Até provar que ainda sou tua"

Francisco Buarque de Hollanda 


gosto de percorrer

territórios de palavras

às vezes as escrevo

de forma simples

noutras rebuscada

 

amarro o céu

na ponta da lua

para sacolejar estrelas

 

no café da manhã

pão com manteiga

o beijo do sereno

 

tenho pelas palavras

tremendo respeito

não as desajeito

em ideias mirabolantes

 

esses dias

vi uma delas

na carona de

um basculante

 

confesso fiquei atordoado

com tamanha ousadia

pensei se caísse

o que aconteceria

 

palavras tem dessas coisas

se desprendem

da razão

se contentam

em provocar emoção

 

também penso sobre isso

da necessidade do poema

se o tudo já escrito

já não valeu a pena

 

de drummond a pessoa

de quintana a leminski

dos novos e velhos poetas

que ainda insistem

 

vou parando por aqui

pra não enrolar mais a conversa

daqui a pouco vão dizer

que sou mais um

metido a poeta

 

Dinovaldo Gillioli 


OBLIVION

Esqueci os sons das palavras,
como consultar dicionários,
os nomes das borboletas.

Hoje vigoram ruídos,
os mergulhos dos afogados,
a estridência dos espectros.

Será preciso reconstituir
a ingenuidade da ortografia,
os resquícios dos pergaminhos,
a criação do alfabeto.

Só então poderei nomear
as flores fecundadas no silêncio.

 

Cleber Pacheco 


 

"Eu me esqueci no armário.
Pensei estar vivendo,
estudando, trabalhando, sendo!
Pensei ter amado e odiado,
aprendido e ensinado,
fugido e lutado,
confundido e explicado.
Mas hoje, surpreso,
me vi no armário embutido
calado, sozinho, perdido, parado."

Mário Quintana


Sem pouso

Como pássaros que voltam para um último olhar
Como anjos que voam pro infinito
Como folhas verdes que tremem na pulsação da terra
como o gotejar irregular da água caída das folhas
depois que a tempestade se acalma

Mártir da minha própria agonia
Sempre em sussurros de coceiras e sedes

E o amor, esse soluço líquido da vida

Volto para o útero da emboscada da vida
Vadia, em seus prazeres libidinosos tão-somente

Rogo aos ventos do outono
Uma vida áspera e viçosa
De caminhos nunca antes trilhados

Há um cansaço de inteligência abstrata em poder respirar a alma...
São tantas as incertezas...

'O mundo é para quem nasce para o conquistar. E não para quem sonha que pode conquisTá-lo, ainda que tenha razão'.

LUIZA SILVA OLIVEIRA


(Abaixo minha pintura , em horas de lazer kk)


Degenerados

(Clique sobre as imagens para ver melhor)

Valdir Rocha 


Seu nome eu não sei qual é,
pseudônimo ou terra natal;
sua arte, em meu simples chalé,
o torna um ser imortal.

Claudia Lundgren


CORPOS D’ÁGUA (Poesia, 2023)

 

Paulo Ramos

 

Mulê da Gota

Tentam esgotar o meu corpo

Tentam secar o meu corpo

Tentam definhar o meu corpo

Orquestradamente se escondem

Debaixo de minha saia

De gota, em gota

Que se enche o rio

De gota, em gota

Que se enche o balde

De gota, em gota

Que se enche o pote

De gota, em gota

Que se enche o copo

De gota, em gota

Se enche um corpo

De desgostos, esgoto

Esvazia o corpo

Seca, definha, esgota corpo

Corpo menstruação

Corpo amamentação

Corpo parto

Corpo lágrima

De gota, em gota sangue

De gota, em gota leite

De gota, em gota bolsa

De gota, em gota prantos

De gota, em gota dor

Meu corpo é como mandacaru

Quanto mais escasso

O Estado deixa

Mais água meu corpo destila

O Estado não sai debaixo de minha saia

É por medo de ser levado por um mar de gente

Ninguém percebe minhas inquietações

Logo, não me incomodo

Porque escondo as minhas dores

Debaixo da saia.

-

Paulo Ramos teceu com cuidado e beleza deste livro de poesia. Corpos d’Água é um presente - um vislumbre profundamente reflexivo e reflexivo da política de raça, gênero, sexualidade, ancestralidade, terra e tempo nas nossas vidas nas Américas. Cada palavra ecoa no espaço-tempo de nossa experiência negra. [...] Beba cada palavra e saboreie a vida. Obrigada Paulo, pela tua beleza, pela tua visão. Obrigado por nos ver, mulheres negras, e escrever nossas vidas na página. Axé. –

 

CHRISTEN A. SMITH, escritora e professora Departamento de Estudos da África e da Diáspora Africana Universidade de Austin, Texas.

 

A água e suas propriedades intrínsecas são mais que um motivo poético, mas um padrão estrutural para a reconexão de si com um fluxo perdido. Interrompido. Represado. Corrompido. “Corpo menstruação/Corpo amamentação/Corpo parto/ Corpo lágrima”, canta Ramos novamente. Materialidade fluida, como a poética e a própria negritude [...] Paulo Ramos, menino preto feiticeiro, faz do corpo água para enxaguar toda a dor de nossa História. –

 

OSMUNDO PINHO, escritor e professor Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

 

Este livro não é de poesia, puramente. Por favor, não o coloque nesta seção, na sua prateleira, nas bibliotecas. Não o faça assim. Seria minimizar a importância e o peso histórico que possui cada letra, palavra, frase e sentidos no fazer memória.

 

- DINA ALVES Doutora e Mestra em Ciências Sociais PUC/SP Atriz e advogada

PAULO RAMOS, natural do útero de Terê, ator/poeta e jurista. Doutorando e mestre do Programa de PósGraduação em Ciências Sociais Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Membro dos grupos de pesquisa: Observatório do Racismo e INANNA - Núcleo de Pesquisa sobre Sexualidade, Feminismo, Gênero e Diferenças PUC/SP. Idealizador do selo Pretaquisador.

 

Capa Brochura - formato 14x21 cm - páginas 92

 

Claudinei Vieira – Desconcertos Editora


Para Ti

Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida


 Mia Couto

In "Raiz de Orvalho e Outros Poemas" 


Pode ser que eu vá na tua boca

comer teu pão e entregar teu olho

matar o sono que nunca encontrei

ver tua alma e não saber de ti."

 

Romério Rômulo 


poesia

 

I

chegas a mim

como uma égua assanhada

não quer saber do meu carinho

só quer saber de ser trepada

 

II

 

eu te penetro

em nome do pai

do filho

do espírito santo

amém

 

não te prometo

em nome de ninguém

 

terra

 

amada de muitos sonhos

e pouco sexo

deposito a minha boca

nu teu cio

e uma semente fértil

nos  teus seios como um rio

 

Artur Gomes

Suor & Cio – MVPB Edições – 1985

leia mais no blog

https://arturgumes.blogspot.com/


metáfora

 

meta dentro
meta fora
que a meta desse trem agora
é seta nesse tempo duro
meta palavra reta
para abrir qualquer trincheira
na carne seca do futuro 
meta dentro dessa meta
a chama da lamparina 
com facho de fogo na retina 
pra clarear o fosso escuro


Artur Gomes

O Homem Com A Flor Na Boca

https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/


escrevo sobre a mulher que sou com letra cursiva
fujo dos nomes, das origens e da palavra que oprime

sem álibi ou embaraço
meus passos são largos
sempre apressados

equilibro-me num tango adulterado e dramático
às margens do abismo

minha mãe não contou sobre as ruínas do mundo
nada falou e calada apenas me olhou

naquele instante, tremi com o corpo úmido
sob um céu sem estrelas

e desde então, aprendi a inventar
pequenas alegrias
nas balbúrdias do dia a dia

Benette Bacellar - 2024
Imagem via Pinterest


BOLAÑOLATRIA

Me lembro do primeiro livro de Roberto Bolaño que caiu sob as minhas vistas.

Foi o "Noturno do Chile". Espiei lá dentro. O título e a linguagem me chamaram de imediato a atenção.

Notei que o autor havia morrido cedo, aos exatos 50 anos de idade. Pensei: parece ser um escritor latino-americanos adepto de experiências vanguardistas. Desses que aprontam um bocado e se despedem cedo do mundo.

Não comprei o livro. Só o leria bem mais tarde, depois de descobrir Bolaño de fato. E o meu primeiro passo efetivo rumo ao seu universo literário veio com o romance "Os detetives selvagens". Era o início de minha bolañolatria.

Quase toda a obra do chileno já foi lançada no Brasil. Do que restava publicar, chega agora um de seus livros badalados, "O gaúcho insofrível".

Mais uma vez é hora de celebrar o maior expoente literário de sua geração, responsável por promover um novo boom cujo epicentro se localizou na América Latina, como antes, com seus predecessores do realismo mágico.

Não faltou a Bolaño o reconhecimento da força daqueles que vieram antes dele, pavimentando-lhe o caminho.

Vejamos o que ele declarou a respeito daquele boom inaugural e seus principais protagonistas, na última entrevista que concedeu, reunida no livro "Roberto Bolaño - the last interview and other conversations":

"A literatura de Vargas Llosa ou de García Márquez é gigantesca. O trabalho de Vargas Llosa, por exemplo, é imenso. Ele tem milhares de pontos de entrada e milhares de pontos de saída. Assim é a literatura de García Márquez. Ambos são figuras públicas. Não são apenas figuras literárias. Vargas Llosa foi candidato a presidente. García Márquez é um peso-pesado político e muito influente na América Latina. Eles são superiores, superior às pessoas que vieram depois e, com certeza, aos escritores de minha geração. Livros como 'Ninguém escreve ao coronel' são simplesmente perfeitos."

Roberto Bolaño não viveu o suficiente nem para ver o estrago que a adesão ao neoliberalismo provocou em certas reputações, nem para colher os louros do seu sucesso estrondoso. Talvez não hesitasse em também se admirar com o mérito do seu próprio boom. 

 

                                    Paulo Lima 


 
cinquentenário

vivo comigo

há 50 anos

não me entendo

como não entendo

a minha poesia

talvez viver

seja isso

essa quase urgência

em nunca saber

viver é moderno

envelhecer é eterno

 

Do livro ‘ parangolares, pg. 26, do poeta

Aroldo Pereira.


Aroldo Pereira Poeta-Performer-Ator, ‘tá na pista’, já por 1/2 século com sua poesia sarcástica, marginal, ácida, sentimental, por esse Brasil a fora — vivendo, rebolando-se em ‘parangolés’, resistindo (sem correr com os versos debaixo dos braços / quando a barra pesa), vendendo seus filhos-filhas poéticas, ”só assim ele pode voltar e pegar um Sol em Copacabana”!

 

João Bosco Gomes 


A SINTONIA DO POEMA

 

O poema é elemento vivo que se estende

sobre a mesa feito um pão ou vero vinho,

é algo que perdura em oferenda,

hálito de sal, sopro de búzio e trompa,

toda uma sinfonia que sozinha soa

enquanto o maestro lhe solfeja o sol

da existência que lhe insufla uma alegria,

ser conforme o tempo em plena sintonia.

 

José Eduardo Degrazia


corpos à deriva

 

reativos

da ponta do indicador ao outro

 

... parecemos pinturas valiosas

expostas em molduras,

proibidos ao toque

 

corre um rio

um rio largo escorre

de uma boca a outra

 

mas se a conversa é séria

inter/dito

cada um na sua margem de contenção

quando o silêncio é o que impera

em um olhar que nos mira fundo

 

escapole diante às abordagens

do que há dentro da pele,

não penetra

a verdade

não remove as linhas do remendo

que nos ata o tear da vida

e nos faz incomunicáveis

- banais para o amor

impenetraveis ao coração

 

o desnudar

dos aflitos que somos

nos condenam às gazes do entorno

do peito

tirar dói, manter dói

fingir nos arrebenta

 

que queres aqui dentro

se não te pertenço, não te faço parte?

quem é você no mundo que te tem?

quem te habita o lado de dentro?

 

quem sustenta teu olhar em riste...

- sem, amolecer?

 

és tu,

ali naquela galeria de belas artes...

aqui em mim?

nessa boca que não alcanço

o fluir que leva adentro...

que muro é esse entre nós e o outro?

que é tão vapor

que quase sentimos o cheiro da pele?

 

acho que se fôssemos uma tela exposta

estaríamos tão frescos

que escorreríamos além da moldura,

da parede até o chão

e evaporaríamos para além do teto

 

estais à deriva dos desejos?

estou?

 

Rosa

 

Rosangela Ataide 


"Agora já não há espera

quando não estás, não sou.
E quando chegas,
o tempo não sabe mais de mim.
Eis-me prisioneiro
do instante infinito.
Posso sangrar
na lâmina da despedida.
Mas nunca mais
tenho partida."
.


Mia Couto 


A pesquisa acadêmica por vezes parece ser solitária. Há aquela imagem batida de um escritor/pesquisador sentado na escrivaninha, anotando coisas num caderninho, digitando rapidamente no computador, com óculos de tartaruga.

Uma coisa que aprendi ao longo dos 4 anos de doutorado é que, além de uma pesquisa focar em fenômenos coletivos, todo seu caminho de construção também pode ser feito com muitas mãos.

Daí que Cecília Castro, Ana Elisa Ribeiro e Samara Coutinho organizaram "Mulheres que editam", com a contribuição de outras mulheres pesquisadoras, a fim de incluírem diversos verbetes com o nome e a história de mulheres que editaram e editam livros no Brasil. Claro que estamos falando de um recorte, mas é fundamental que façamos esse rastreio na linha cronológica brasileira.

Tive o prazer de participar como pesquisadora, enviando 4 verbetes de editoras mulheres. Também fui entrevistada pela Samara Coutinho e incluída como um verbete, contando rapidamente sobre minha experiência enquanto editora da Macabéa Edições.

Uma grande conquista para as futuras e futuros pesquisadores de nosso país nas áreas de edição, literatura e história! 

 

Priscila Branco 


curuminha

para Rúbia Querubim

 

tua pele clara de pêssego

ou mesmo de manga fosse

lembra-me frutas tropicais

com sal e mel agridoce

intenso sabor tupiniquim

clarice beatriz que fosse

ou mesmo esse anjo serAfim

que dorme em praias distantes

e acorda dentro de mim

 

Artur Gomes

https://porradalirica.blogspot.com/


Todo Dia É Dia D Poesia Todo Dia


pela lei dos meus enganos

eu sou drummundo 

fulinaímico leviano

Zeus amante de Afrodite

mesmo que seja Vênus

e ninguém mais acredite

 

SagaraNAgens Fulinaímicas

 

guima meu mestre guima

em mil perdões eu vos peço

por esta obra encarnada

na carne cabra da peste

da hygia ferreira bem casta

aqui nas bandas do leste

a fome de carne é madrasta

ave palavra profana

cabala que vos fazia

veredas em mais sagaranas

a morte em vidas severinas

tal qual antropofagia

teu grande serTão vou cumer

nem joão cabral severino

nem virgulino de matraca

nem meu padrinho de pia

me ensinou usar faca

ou da palavra o fazer

a ferramenta que afino

roubei do meste drummundo

que o diabo giramundo

é o narciso do meu Ser

 

Artur Kabrunco 

Sagaranagens Fulinaímicas

Juras Secretas

leia mais no blog

https://secretasjuras.blogspot.com/


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era uma vez um rio

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