domingo, 29 de janeiro de 2023

Artur Gomes - 50 Anos de Poesia

 

Artur Gomes – 2023 – 50 Anos de Poesia – Memória e Resistência – Uma Trajetória Multilinguagens

 Em 1977 em parceria com Paulo Ciranda compomos Ave da Paz, finalista do Festival de Música de Itaocara-RJ e gravada por Biafra em 1981, no disco Leão Ferido.

 Em 1978 com a poesia Canta Cidade Canta, vencemos o Festival de Poesia, realizado pelo Departamento Municipal de Cultura de Campos dos Goytacazes-RJ, dirigido na época pelo saudoso jornalista e poeta Prata Tavares.

Em 1979 com Poema Para O Povo Em Tempo de Abertura, vencemos esse mesmo Festival e tivemos poesias publicadas na coletânea Ato5 – Grupo Uni-Verso.


Poema Para O Povo Em Tempo De Abertura

 Quando você descobrir

que em meu quarto moram

exilados e subversivos

perceberá o perigo que corre

de dormir comigo numa cama fria

de uma “Frei Caneca”

ou se mandar de vez

para a esquerda de Jesus

 

Quando nas grades,

paredes e muros

descobrir amor

o povo estará liberto

e poderá seguir: Fidel,

Guevara, Pablo, Neruda ou

Luther King.

 

- sem precisar pedir esmola –

 

basta lembrar

que o aborto

da manhã perdida

é uma menina-nua

in-consciente e tesa.

 

E para o que foi deposto:

mais vale o céu,

as estrelas,

o mar,

 

que o punhal ou sabre,

ou mesmo a bomba-sábia

que de uma vez arrasa

mas não basta por si só

 

pois se os sinais dos tempos

ainda não ruíram

é porque alguma coisa ainda existe

por detrás das crenças

ou mesmo desse Deus

em quem acreditamos

 

e para o que foi detido:

mais vale a terra,

o trigo,

o grão

 

que a navalha ou corda –

que amarra

prende

e corta:

mas não basta.

Não reforça

e nem destrói

tudo de uma vez.

 

- porque re-nasce e contiunua...

 

E para a morte:

não é preciso golpes

nem estrelas

nem estradas

 

e para o povo:

não é preciso o golpe

nem promessas

nem palavras.

É preciso pão.

 

https://fulinaimargem.blogspot.com/

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