Artur
Gomes – 2023 – 50 Anos de Poesia – Memória e Resistência – Uma Trajetória
Multilinguagens
Em 1979 com Poema
Para O Povo Em Tempo de Abertura,
vencemos esse mesmo Festival e tivemos poesias publicadas na coletânea Ato5 – Grupo Uni-Verso.
Poema Para O Povo Em Tempo De Abertura
que em meu quarto moram
exilados e subversivos
perceberá o perigo que corre
de dormir comigo numa cama fria
de uma “Frei Caneca”
ou se mandar de vez
para a esquerda de Jesus
Quando nas grades,
paredes e muros
descobrir amor
o povo estará liberto
e poderá seguir: Fidel,
Guevara, Pablo, Neruda ou
Luther King.
- sem precisar pedir esmola –
basta lembrar
que o aborto
da manhã perdida
é uma menina-nua
in-consciente e tesa.
E para o que foi deposto:
mais vale o céu,
as estrelas,
o mar,
que o punhal ou sabre,
ou mesmo a bomba-sábia
que de uma vez arrasa
mas não basta por si só
pois se os sinais dos tempos
ainda não ruíram
é porque alguma coisa ainda existe
por detrás das crenças
ou mesmo desse Deus
em quem acreditamos
e para o que foi detido:
mais vale a terra,
o trigo,
o grão
que a navalha ou corda –
que amarra
prende
e corta:
mas não basta.
Não reforça
e nem destrói
tudo de uma vez.
- porque re-nasce e contiunua...
E para a morte:
não é preciso golpes
nem estrelas
nem estradas
e para o povo:
não é preciso o golpe
nem promessas
nem palavras.
É preciso pão.
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