sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Artur Gomes - Com Os Dentes Cravados Na Memória - I

Artur Gomes – 50 Anos de Poesia

Memória e Resistência – Uma Trajetória Multilinguagens

Com os Dentes Cravados Na Memória 

Em 23 de setembro de 1973, quando ainda trabalhava como linotipista, na Oficina de Artes Gráficas da então, Escola Técnica Federal de Campos, lancei o meu primeiro livro de poesia: Um Instante no Meu Cérebro, prefaciado pelo meu querido amigo Dr. Renato Marion de Aquino.

A poesia que dá título ao livro descreve o funcionamento de uma Linotipo, a máquina que me fez apaixonar pela Tipografia quando de 1961 a 1964 cursei o Ginásio Industrial na Escola Técnica de Campos, ainda situada na Rua Tenente Coronel Cardoso, hoje sede da UNIPLU.

A poesia desse livro, em sua maior parte é dedicada aos meus ídolos da época: Janis Joplin, Jimmi Hendrix, Joe Cocker e Led Zepelin. Eu frequentava a casa de Luiz Ribeiro, (eterno parceiro) e muitas tarde dos anos de 1972 passamos ouvindo rock ou assistindo os ensaios da sua banda Lúcia Lúcifer.

Em 1973 mesmo classifiquei uma canção para o Festival de Música de São Fidélis. Para defende-la criei um trio com dois alunos do curso de Eletrotécnica: meus caros amigos/irmãos: Romeu Carvalho e Ronaldo Bastos e fomos ensaiados pelo saudoso Anoeli Maciel.

Nossa apresentação no Festival em São Fidélis, não foi lá grande coisa, mas ali conheci Paulo Ciranda, que viria a se tornar o grande parceiro musical dessa minha trajetória.

Mas isso é assunto para a próxima postagem.

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Artur Gomes -  2023 50 Anos de Poesia

Memória e Resistência

Uma Trajetória MultiLinguagens

Com Os Dentes Cravados Na Memória – II

 Onde e Quando Começou Minha Paixão pela MPB

 Em 1967/1968 passei um ano entre Rio de Janeiro e Brasília, dentro do Quartel da Cavalaria – Dragões da Independência. Ali mesmo pela TV assistimos ao Festival Internacional da Canção, (TV Globo), onde ouvi pela primeira vez Milton Nascimento cantando Travessia, parceria dele com Fernando Brant.

Logo depois,  assistimos o emblemático  Festival da Record, lançando para o estrelato, Edu Lobo, Gilberto Gil, Chico Buarque e Caetano Veloso. E em 1968, Geraldo Vandré é consagrado com o seu hino anti-ditadura: Para Não Dizer Que Não Falei de Flores, uma parceria com Teo de Barros.

Ali estava sacramentada definitivamente a minha paixão pela MPB, que permanece viva até os dias atuais. Quando voltei do exército em maio de 1968, fui convidado a ocupar a vaga de linotipista na Oficina de Artes Gráficas da então Escola Técnica Federal de Campos , (ETFC), o que aconteceu a partir de 1 de julho daquele mesmo não.

Em 1973 quando lancei o livro Um Instante No Meu Cérebro, ainda morava na Fazenda Santa Maria de Cacomanga. EM 1974, passamos a morar em Campos, na Rua José Perlingeiro Junior, 22, no Parque Jockey Clube, e em um dos passeios que costumava fazer pelo centro da cidade, re-encontrei Paulo Ciranda e lhe apresentei 2 letras que havia acabado de escrever.

Uma semana depois, ele me mostrou as duas já musicadas: Deusas de Marfim e Caminho de Paz. Classificamos as duas no IV Festival de Música de São Fidélis e vencemos o Festival com Caminho de Paz, interpretada na voz de Vitor Meireles (Pardal), e eu ainda ganhei a medalha de Melhor Letra.

O Festival de Música de São Fidélis, era realizado na época, pela Secretaria de Turismo, que tinha como titular Mauri Simão, um grande entusiasta da cultura musical na cidade. A partir de então, ganhamos um grande fã na cidade, o advogado Fidélis Pereira.

A notícia sobre a nossa vitória em São Fidelis, chegou pela voz do radialista Nicolau Louzada, que integrou a Comissão Julgadora do referido Festival, e logo fomos convidados para a Festa de Fim de Ano, do também radialista Ismael Luis(Bolinha), realizada no Clube de Regatas Campista, onde pela primeira vez em Campos, nos apresentamos acompanhados pelo grupo Turma do Campo, composta por Paulo Ciranda, Vitor Meirelles, Apolinário, Leozinho, Abelha e Inês.

 E logo depois se inicia a minha incursão pelos palcos de Campos dos Goytacazes, no Teatro de Bolso, com o musical Gotas de Suor, produzido e dirigido por Kapi.

 Assunto para a próxima postagem

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Artur Gomes – 50 Anos de Poesia

Memória e Resistência

Uma Trajetória Multilinguaens

Com Os Dentes Cravados Na Memória – III

 Em 1975 lancei o meu segundo livro de poesia: Mutações Em Pré-Juízo, com prefácio de Marcos Wagner Coutinho, com quem passei inúmeras tarde na varanda de sua casa, conversando sobre literatura, música, poesia e o nosso cotidiano na Escola Técnica Federal de Campos.

 Havia começado a rascunhar alguns textos e poemas para um próximo livro, que ainda não tinha encontrado o título, quando Deneval Azevedo Filho, me propõe fazer uma adaptação para o Teatro, e assim nasceu a peça Judas – O Resto Da Cruz, encenada no Teatro de Bolso, em julho de 1975.

 Em 1975 também começo a cooptar estudantes da ETFC para uma Oficina de Teatro, e realizamos a segunda montagem de Judas – O Resto Da Cruz, no Teatro do SESC, com direção de Ronaldo Pereira, e alguns meses depois realizamos uma outra montagem no Centro Cultural de Macaé, com uma concepção cênica de Newton Rabello.

As parcerias com Paulo Ciranda seguiam ao sabor do vento, e em 1976, foram desaguar em outros Festivais.

 Mas isso é assunto para a próxima postagem

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Artur Gomes – 2023 – 50 Anos de Poesia

Memória e Resistência – uma Trajetória Multilinguagens – Com Os Dentes Cravados na Memória - IV

 Em 1975 com Ponto de Luz,  parceria com Vitor Meirelles(Pardal) e Bento Mineiro, vencemos o Festival de Música do SESC Campos.

Aqui preciso abrir um parêntese para descrever um acidente que aconteceu comigo em 1967 e que foi aos poucos me direcionando para outros caminhos em direção a Arte. Mas deixo essa questão para os apontamentos que tenho feito para o livro de memória: Da Nascente A Foz – Um Rio de Palavras.

Em 1976, com Balada Pros Mortais, parceria com Paulo Ciranda, vencemos o Festival de Música de Itaocara-RJ e posteriormente o Festival Universitário realizado no Rio pela Universidade SESRIO.

Interpretei o personagem Fando, da peça Fando e Lis, de Fernando Arrabal, contracenando com Maria Helena Gomes, direção de Orávio de Campos Soares, no Teatro do SESC.

 Me encontrava escrevendo alguns poemas e textos para o livro Além da Mesa Posta, que seria lançado em 1977, foi quando ouvi primeira vez a música Apalo Seco de Belchior e os versos “tenho 25 anos de sonho e de sangue e de América do Sul por força desse destino um tango argentino me vai bem melhor que um blues”, soaram como uma pedrada na cuca e vieram de encontro ao que estava escrevendo na época:

 

Tenho mais de 25 mil perguntas

Tenho mais de 25 mil cartas sem respostas

Tenho um futuro à minha frente

Um presenta às minhas custas

E o um passado às minhas costas

Eu tenho sangue nas veias

Não tenho estrela na testa

A vida vale o quanto custa

E poesia é o que me resta.

 

Daí, peguei o material  já escrito e criei o monólogo – 25 Anos de Sonho e Sangue, que algumas vezes de forma solo e outras contracenando com Jorge Pessanha Santiago, encenei no Teatro do SESC Campos, Teatro São João, em São João da Barra e em Santa Maria Madalena.

Vale lembrar que Jorge Pessanha Santiago(Baiano), na época era estudante do curso Técnico na Escola Técnica Federal de Campos e hoje é doutor em Antropologia, professor titular da Universidade de Lion, na França.

Em Santa Maria Madalena conheci Eurídice Hespanhol Macedo, amor à primeira vista e musa de algumas poesias que escrevi para concluir o livro Além da Mesa Posta.

 

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