segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Juras Secretas - Lido por Alunos do IFF

 


Alunos do IFF Campus Centro lendo Juras Secretas – de Artur Gomes – aula de literatura de Eva Serberlich 

Jura Secreta 54

 

nossas palavras escorrem
pelo escorrer dos anos
estradas virtuais
fossem algaravias
nosso desejo que não se concreta

eu tenho a fome entre os dedos
a sede entre os dentes
e a língua sobre a escrita
que ainda não fizemos

e o que brota desse amor latente
se o desejo é tua boca
no lençol dos dias?



esse teu olho que me olha

azul safira – ou mesmo

verde esmeralda fosse

pedra – pétala rara

carne na matéria doce

ou mesmo apenas fosse

esse teu olho que me olha

quando me entregas do mar

toda alga que me trouxe



quando te tocar

é pra alvoroçar os teus cabelos

eriçar teus pelos

molhar os teus mamilos de saliva

com essa língua viva

 aqui na minha boca 

 

Artur Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

https://secretasjuras.blogspot.com/

domingo, 29 de janeiro de 2023

Artur Gomes - 50 Anos de Poesia

 

Artur Gomes – 2023 – 50 Anos de Poesia – Memória e Resistência – Uma Trajetória Multilinguagens

 Em 1977 em parceria com Paulo Ciranda compomos Ave da Paz, finalista do Festival de Música de Itaocara-RJ e gravada por Biafra em 1981, no disco Leão Ferido.

 Em 1978 com a poesia Canta Cidade Canta, vencemos o Festival de Poesia, realizado pelo Departamento Municipal de Cultura de Campos dos Goytacazes-RJ, dirigido na época pelo saudoso jornalista e poeta Prata Tavares.

Em 1979 com Poema Para O Povo Em Tempo de Abertura, vencemos esse mesmo Festival e tivemos poesias publicadas na coletânea Ato5 – Grupo Uni-Verso.


Poema Para O Povo Em Tempo De Abertura

 Quando você descobrir

que em meu quarto moram

exilados e subversivos

perceberá o perigo que corre

de dormir comigo numa cama fria

de uma “Frei Caneca”

ou se mandar de vez

para a esquerda de Jesus

 

Quando nas grades,

paredes e muros

descobrir amor

o povo estará liberto

e poderá seguir: Fidel,

Guevara, Pablo, Neruda ou

Luther King.

 

- sem precisar pedir esmola –

 

basta lembrar

que o aborto

da manhã perdida

é uma menina-nua

in-consciente e tesa.

 

E para o que foi deposto:

mais vale o céu,

as estrelas,

o mar,

 

que o punhal ou sabre,

ou mesmo a bomba-sábia

que de uma vez arrasa

mas não basta por si só

 

pois se os sinais dos tempos

ainda não ruíram

é porque alguma coisa ainda existe

por detrás das crenças

ou mesmo desse Deus

em quem acreditamos

 

e para o que foi detido:

mais vale a terra,

o trigo,

o grão

 

que a navalha ou corda –

que amarra

prende

e corta:

mas não basta.

Não reforça

e nem destrói

tudo de uma vez.

 

- porque re-nasce e contiunua...

 

E para a morte:

não é preciso golpes

nem estrelas

nem estradas

 

e para o povo:

não é preciso o golpe

nem promessas

nem palavras.

É preciso pão.

 

https://fulinaimargem.blogspot.com/

sábado, 28 de janeiro de 2023

Itabapoana Pedra Pássaro Poema

 


ontem não fui nem vim

fiquei sem onda magnética

feito folha seca no chão sem vento


Itabapoana Pedra Pássaro Poema 

https://porradalirica.blogspot.com/


prá muito mais além

de mim de ti de nós

a voz que vem da alma

mesmo calma

é muito mais aflita

quando grita

seu silêncio – infinita 



Teatro do Absurdo

 

no próximo dia seis

vou me despir de vez

rasgar os p(l)anos

no próximo dia seis

no parque desengano

plantar amoras

pedra bonita – metáforas

para os olhos de quem não vê

isa bela acha bonito

tudo aquilo que não falo

no  próximo dia seis

desmontar o circo

no universo paralello

montar pirandelo

ionesco artaud Fernando arrabal

no próximo dia seis

eu me despi pro carnaval

 

Artur Gomes

Laboratório de Teatro

Leia mais no blog

https://fulinaimamultiprojetos.blogspot.com/



Angra

 

assim como o pau-brasil

a flor do mangue

também sangra

 

Rúbia Querubim

https://fulinaimicamente.blogspot.com/


 


ontem não fui nem vim

fiquei sem onda magnética

feito folha seca no chão sem vento




Jura secreta 34 

 

por que te amo 

e amor não tem pele

nome ou sobrenome 

 

não adianta chamar 

que ele não vem quando se quer 

porque tem seus próprios códigos

e segredos 

 

mas não tenha medo 

pode sangrar pode doer 

e ferir fundo 

mas é razão de estar no mundo 

 

nem que seja por segundo 

por um beijo mesmo breve 

por que te amo 

no sol no sal no mar na neve

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

 https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/

 


Goytacá Boy 

musicado e cantado por Naiman 
no CD fulinaíma sax blues poesia 

ando por São Paulo meio Araraquara 
a pele índia do meu corpo 
concha de sangue em tua veia 
sangrada ao sol na carne clara 

juntei meu goytacá teu guarani 
tupy or not tupy 
não foi a língua que ouvi 
em tua boca caiçara 

para falar para lamber para lembrar 
da sua língua arco íris litoral 
como colar de uiara 
é que eu choro como a chuva curuminha 
mineral da mais profunda 
lágrima que mãe chorara 

para roçar para provar para tocar 
na sua pele urucum de carne e osso 
a minha língua tara 
sonha cumer do teu almoço 
e ainda como um doido curuminha 
a lamber o chão que restou da Guanabara 

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

Gravado em vídeo pelo autor integra a Mostra Arte de Toda Gente – FUNARTE_Rio – 2021 – Curadoria: Tchello d´Barros

 https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/

 


a musa da rua formosa

 

nem tudo ou nada

me leva para o ouro lado 

quando não quero

quero quero 

carne de tapioca

farinha de mandioca

temperada com azeite

sal pimenta

nada discreta

tecida de carioca

no morro de Ibitioca

minha sede não aguenta

essa cerveja campista

nem fiado nem a vista

nem sua fórmula secreta

tem musa que não entende

a linguagem de um  poeta

 

Artur Gomes

https://fulinaimagens.blogspot.com/


tem dias que a gente se sente

 

me sinto agora

só e bem acompanhado

meu lado de dentro

olhando meu lado de fora

 

Artur Fulinaíma

https://arturkabrunco.blogspot.com/




Juras secreta 62

 

tenho estado

entre o fio e a navalha

perigosamente – no limite

pulando a cerca da fronteira

entre o teu estado de sítio

e o meu estado de surto

 

só curto a palavra viva

odeio uma língua morta

 

poema que presta é linguagem

pratico a SagaraNAgem

na esquina da rua torta

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Edititora Penalux – 2018

https://secretasjuras.blogspot.com/



jura secreta 129

poema do livro SagaraNAgens Fulinaímicas

 

a coisa que me habita é pólvora

dinamite em ponto de explosão

o país em que habito é nunca

me verás rendido a normas

ou leis que me impeçam a fala

a rua onde trafego é amplo

atalho pra o submundo

o poço onde mergulho é fundo

vai da pele que me cobre a carne

ao nervo mais íntimo do osso

 

Artur Gomes

https://www.facebook.com/groups/155521691464333/?fref=ts


 




domingo, 22 de janeiro de 2023

FestCampos de Poesia Falada


FestCampos de Poesia Falada

 Projeto realizado pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, criado em 1999 com o objetivo de fomentar a criação e interpretação de poesia, chega a este ano de 2023 a sua XXIIIª Edição e volta a ser coordenado pelo seu idealizador: poeta.ator.vídeo.maker e produtor cultural Artur Gomes

 Na foto: Martinho Santafé, autor de Manual Para Assassinar Frangos, poesia vencedora do III FestCampos de Poesia Falada em 2001.

 Clique no link para ver o vídeo na interpretação de Aldebaran Bastos – que recebeu o prêmio de Melhor Intérprete do IIIº FestCampos de Poesia Falada - 2001

https://www.facebook.com/aldebaran.bastos/videos/3677343572354258

 leia mais no blog

FestCampos de Poesia Falada

https://coletivomacunaimadecultura.blogspot.com/

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Artur Gomes - O Poeta Enquanto Coisa


poética 44

 

na pedra do sossego
eu me abstenho

na pedra do sossego
eu me abstrato

na argamassa dos teus olhos
me preservo

 

na pele dos teus dedos

meu barato

nos mamilos dos teus seios
me concreto

no cio do teu corpo
eu me retrato

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

https://secretasjuras.blogspot.com/





 Jura Secreta 47 


a face oculta da maçã 
duas partes que se abrem pêssego 

campo de girassóis teus pelos 
alvoroçados sob o sol de Amsterdã 

enquanto isso 
em teus mamilos penso 
o que ainda não comi desta maçã 

 

Artur Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux - 2018

https://secretasjuras.blogspot.com/

 


 poética 43

 

a percepção acho que é um dom uma descoberta um pássaro que pousa em nossa cabeça e nos atira aos fios elétricos do corpo  liberdade vem de dentro do motor  dos músculos os ponteiros que só se movem quando querem o repouso absoluto é uma forma de silêncio não vejo muita graça em ser sozinho solidão as vezes faz bem noutras assusta mas sou tenho um amor que ainda não me diz abertamente do diamante que mora dentro dele mas toco a música dela tem itálias e palavrões as vezes quando me pergunto onde vou nem sempre tem resposta  aliás respostas é o que menos tenho encontrado para as 25 mil perguntas paradas no ar  o rascunho dos meus primeiros dias ficou esquecido numa tipografia do tempo emoldurado na tinta que mudou de cor

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

https://secretasjuras.blogspot.com/

 



poética 38

 

enquanto escavo a seiva
entre o vão das suas coxas 
para desfrutar do teu cio
e santificar o nosso  ócio

a selva amazônica perde 
mais 200 mil hectares de mata virgem
para as moto serras assassinas
desse venal agro negócio


poética 24

para lucia muniz de sousa

 

naquela manhã de sol em ubatuba
lambi o ácido que caiu depois da chuva

cheirei resíduos da resina  em caraguá

e a toxina que entranhou naquela uva
caiu da lágrima que bebi do teu olhar

 

 

poética 25

para salgado maranhão

 

a cor da tua palavra me conforta
porta que se abre pra beleza absoluta
a vida que tivemos na matéria bruta
a sorte de nascer dentro do norte
na   felina selvageria da pantera

 

o sal que temperou as nossas eras

na pele do  tempero ruptura em cada corte

e ao mesmo tempo é voz que predestina
que o  poeta  não vai morrer antes da morte

 

 

 poética 26

 

viajo para muito além do  corpo
onde habito no buraco

mais pro  fundo 
dos sentidos abstratos

no abstrato  um samurai
onde o concreto nem de longe 
significa o quântico
 do amor que ainda trai


poética 27
para ronaldo werneck

 

foto grafias
foto gramas
pomba rio
pomba minas
rio prece
rio drama
minas tomba

esquadro poema pátrio
partido país penetrado
por quem descobriu a pólvora
pavio explodindo  chamas

paiol nas colchas das camas

de um país esfarrapado


poética 28

funk dance funk

para sebastião nunes

 

a noite inteira invento Joplin na fagulha
jorrando Cocker na fornalha
funkrEreção fel fala
fábio parada de lucas é logo ali
trilhando os trilhos centrais do braZil.

 

rajadas de sons cortando os ínfimos
poemas sonoros foram feitos para os íntimos
conkretude versus conkrEreção
relâmpagos no coice do coração.

 

quando ela canta Eleonora de Lennon
lilibay sequestra a banda no castelo de areia
quando ela toca o esqueleto de lorca
salta do som em movimento enquanto houver
e federika ensaia o passo que aprendeu com mallarmè

 

punkrEreção pancada 
onde estão nossos negrumes?
nunkrEreçãonegróide nada

 

 descubro o irado tião nunes

para o banquete desta zorra
e vou buscar em madureira
a Fina Flor do Pau Pereira.

 

antes que barro vire borra
antes que festa vire forra
antes que marte vire morra
antes que esperma vire porra,

ó baby a vida é gume
ó mather a vida é lume
ó lady a vida é life!

 

 Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020 



O Poeta Enquanto Coisa

o dia passa a noite passa poesia passa passagem passa cerveja passa conhac passa música passa poema passa desejo passa paisagem passa vinho ...