overdose nu vermelho
retesar as cores
e os músculos
com os dentes agarrados no pincel
se faltar carne
para roçar os óvulos
a gente jorra tinta no papel
tropicalha
VENDO a lua leviana
no império das bananas
papagaios periquitos
graviolas
a fruta eu chupo morena
semente eu plano cigana
na selva pernambucana
nossa língua deita e rola
Artur Gomes
Couro Cru & Carne Viva- 1987
poesia
saudade dessa moça bonita
na fotografia
Artur Fulinaíma
www.arturfulinaima.blogspot.com
a travessia vou fazendo
no inverso
entre os lábios da tua boca
e as letras do teu verso
além de tudo meu olho foca
meu olho toca meu olho vê
tudo aquilo que você não lê
Rúbia Querubim
www.porradalirica.blogspot.com
o cu do mundo onde fica?
minha língua afiada
onde enfiá-la?
fulinaimagem
metáfora nua na janela
meter a língua na linguagem dela
despir a musa
rasgar o vestido
a calça a blusa
despetalá-la
deixá-la lua
em carne viva nua e crua
palácio do planalto alvorada
o cu profundo o submundo
cu do boi
de um país que foi
contei duas estrelas
do outro lado do muro
uma era baudelaire
a outra luiz melodia
se eu fosse zeca baleiro
bolero blues cantaria
Artur Gomes
www.fulinaimagembaudelerico.blogspot.com
A poesia liberada de Artur Gomes
Por Uilcon Pereira
Leia mais no blog
www.fulinaimacentrodearte.blogspot.com
A
travessia no inverso do meu tempo
sem lenço sem documento
janelas abertas ao vento
o poema freudelérico
não tem nada de pessoa
na vitrola rola um demônios da garoa
e o poema mete a língua
no avesso da linguagem
rasga os tecidos da mortalha
assombrado com o verbo desemprego
afia ainda mais a carnavalha
com sua faca de dois gumes
no descompasso do desassossego
Federico Baudelaire
www.personasarturianas.blospot.com
Mostra Cine Vídeo Curtas
Cinema Ambiental – Inscrições abertas
Veja aqui https://centrodeartefulinaima.blogspot.com/2022/04/mostra-cine-curtas-cinema-ambiental.html
Mais Informações pelo e-mail fulinaima@gmail.com
filmado em Guarapari
com trilha sonora de Madan
sobre poema de Haroldo de Campos
FULINAÍMA MultriProjetos
Direção: Artur Gomes
https://www.facebook.com/studiofulinaima/videos/1353003141461269/?hc_ref=PAGES_TIMELINE
Naquele 22 de abril se inaugura,
deitando
raízes na até então, virgem
terra de homens livres, a era
da chamada modernidade.
Descoberta de outro rincão, onde
plantar domínio, pelas poderosas
graças do deus cristão, arcabuzes
ferro e fogo.
Na batizada Pau-Brasil, o outro
não existia como alteridade, apenas
como uma extensão, européia
em si mesma.
Paraíso de mulheres nuas, possíveis
escravos, ouro e prata, abundantes
para o sustendo da Coroa Real,
portuguesa
e divina como a Santa Igreja.
Era o caminho das Índias, dizia a
bússola
conselheira dos perdidos do mar,
cartográficas
e sobretudo sagradas, escrituras.
522 anos se passaram, e nada se
passou
a limpo, no itinerário das bandeiras
dos bandeirantes que, até hoje, em
nossos
quintais fincam seus mastros e
definem
posses sobre as cabeças dos
despossuídos.
Wilson Coêlho
Os bichos e os homens
para Márcio Faraco
Parte de nós anda a mugir
triste quando mastiga
o capim contaminado
o milho podre da espiga.
Outra segue relinchando
na calmaria das rédeas
a dor da espora, seu lanho
na caminhada de léguas.
mas nada mais me comove
que o balido lacrimoso
de meninos e meninas
sobre o campo calcinado
de um futuro que se finda
e nem bem foi começado.
Você não vê, sequer percebe
que raramente me engano
quando digo, pesaroso,
que a alegria do rebanho
é quando o lobo medonho
come a ovelha do lado.
Parte de nós ajoelha e reza
pondera o cão e o gatilho
mas abençoa o disparo
em nome do pai e do filho.
Outra se esconde e faz prece
foge assoprando o rastilho
que queima e lhe persegue
sempre esperando o estampido.
Há os que somos rescaldo
daquilo que não mais serve
seguimos estupefatos
minada a nossa verve
pois vemos que a alegria
do rebanho é quando o lobo
nos vendo assim de soslaio
nos deixa pra outro dia
e come a ovelha do lado.
Leonardo Almeida Filho
13 abril 2022
Fulinaíma MultiProjetos
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