Jura secreta 18
te beijo vestida de nua
somente a lua te espelha
nesta lagoa vermelha
porto alegre caís do porto
barcos navios no teu corpo
os peixes brincam no teu cio
nus teus seios minhas mãos
as rendas finas  que vestias
sobre os teus pêlos ficção
todos os laços dos tecidos
aquela cor do teu vestido
a pura pele agora é roupa
o sabor da tua língua
o batom da tua boca
tudo antes só promessa
agora hóstia entre os meus dentes
e para espanto dos decentes
te levo ao ato consagrado
se te despir for só pecado
é só pecar que me interessa
Jura secreta 20 
não fosse o amor 
essa faca de dois gumes 
e o tempo que chove na janela 
entre os meus e os olhos dela 
alguma face no espelho 
e o sangue escorrendo pelas veias 
atiçando unhas e músculos 
não fosse uma lâmina acesa 
entre os corredores do corpo 
quando a carne é brasa 
e as paredes dessa casa 
não separassem mais nada 
quando os pulsos saltam das portas 
para os porões do mais íntimo 
não fosse essa lâmpada esse cálice 
esse líquido pela boca tenso 
quando entro pelo teu quarto 
com tudo aquilo  que penso 
Jura secreta 23 
a lavra da
pa/lavra quero
a lavra da palavra quero 
quando for pluma 
mesmo sendo espora 
felicidade uma palavra 
onde a lavra explora 
se é saudade dói mas não demora 
e sendo fauna linda como a Flora 
lua Luanda vem não vá embora 
se for poema fogo do desejo 
quando for beijo que seja como agora 
a lavra da palavra quero 
seja pele pluma 
onde Mayara bruma 
já me diz espero 
saliva na palavra espuma 
onde tua lavra é uma 
elétrica pulsação de Eros 
a dança do teu corpo vero 
onde tu alma luna 
e o meu corpo empluma 
valsa por Laguna em beijos e boleros 
Jura secreta 29
 esfinge 
o amor 
não é apenas um nome 
que anda por sobre a pele 
um dia falo letra por letra 
no outro calo fome por fome 
é que a pele do teu nome 
consome a flor da minha pele 
cravado espinho na chaga 
como marca cicatriz 
eu sou ator ela esfinge: 
Clarice/Beatriz: 
assim vivemos cantando 
fingindo que somos decentes 
para esconder o sagrado 
em nossos profanos segredos 
se um dia falta coragem 
a noite sobra do medo 
é que na sombra da tatuagem 
sinal enfim permanente 
ficou pregando uma peça 
em nosso passado presente 
o nome tem seus mistérios que 
se escondem sob panos 
o sol é claro quando não chove 
o sal é bom quando de leve 
para adoçar desenganos 
na língua na boca na neve 
o mar que vai e vem não tem volta 
o amor é a coisa mais torta 
que mora lá dentro de mim 
teu céu da boca é a porta 
onde o poema não tem fim 
Jura Secreta 31 
de Dante a Chico Buarque 
todos os poetas 
já cantaram suas musas 
Beatriz são muitas 
Beatriz são quantas 
Beatriz são todas 
Beatriz são tantas 
algumas delas na certa 
também já foram cantadas 
por este poeta insano e torto 
pra lhes trazer o desconforto 
do amor quando bandido 
Beatriz são nomes 
mas este de quem vos falo 
não revelo o sobrenome 
está no filme sagrado 
na pele do acetato 
na memória do retrato 
Beatriz no último ato 
da Divina Comédia Humana 
quando deita em minha cama 
e come do fruto proibido 
Artur Gomes
Juras Secretas
www.secretasjuras.blogspot.com
Fulinaíma MultiProjetos
https://centrodeartefulinaima.blogspot.com/


.jpg)



.jpg)



.jpg)

