não
me peçam
poeminha
agradável
com
apalavra amaciante
meu
ofício é liberdade
eu não
sou comerciante
*
eu
sempre madrugo Jiddu as tentações não me deixam sossegado e a madrugada me
ins-pira ouço as 7 sereias do longe lá em nova granada de espanha cada aranha
tece a sua teia eu teço cada palavra quando a musa me arranha
ela me inspira
me transpira
me transborda
estico
a corda
para alinhar o plumo
no rumo certo do poema
a seta no foco
o poema em linha torta
para entortar a linha reta
na argamassa do abstrato
no abstrato do concreto
sou
um vampiro bêbado de sangue
assassinei os alpharrábios
para inventar meu alphabeto
Artur Gomes
https://arturgomesgumes.blogspot.com/
Ofício de Poeta
franzir a noite
é o mesmo que bordar o dia
costuro o tempo
com linha de pescar
moinhos de vento
entre o franzir e o bordado
escrevo um desenredo
e vou foto.grafando
filmando poesia
na solidão dos meus brinquedos
Artur Gomes
O Homem Com A Flor Na Boca
Editora Penalux - 2023
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nasci em agosto
a contragosto
pai não me disse
mãe também
o preço da vida
o remédio pra ferida
o custo em cada missa
pra dizer
amém
Artur
Gomes
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Poema
Sujo
Ferreira Gullar - (fragmento)
turvo turvo
a turva
mão do sopro
contra o muro
escuro
menos menos
menos que escuro
menos que mole e duro
menos que fosso e muro: menos que furo
escuro
mais que escuro:
claro
como água? como pluma?
claro mais que claro claro: coisa alguma
e tudo
(ou quase)
um bicho que o universo fabrica
e vem sonhando desde as entranhas
azul
era o gato
azul
era o galo
azul
o cavalo
azul
teu cu
tua gengiva igual a tua bocetinha
que parecia sorrir entre as folhas de
banana entre os cheiros de flor
e bosta de porco aberta como
uma boca do corpo
(não como a tua boca de palavras) como uma
entrada para
eu não sabia tu
não sabias
fazer girar a vida
com seu montão de estrelas e oceano
entrando-nos em ti
bela bela
mais que bela
mas como era o nome dela?
Não era Helena nem Vera
nem Nara nem Gabriela
nem Tereza nem Maria
Seu nome seu nome era…
Perdeu-se na carne fria
perdeu na confusão de tanta noite e tanto dia
(Trecho de Poema Sujo, de Ferreira Gullar).
aqui na boa viagem do recife pensei jiddu carregando seus
chapéus em cabo frio nas tardes dos saberes e sabores nômades mas esqueci que
hoje ele está nas minas de são joão del rey do ouro preto na noite que conheci
gigi ela me trocou por artur gomes e o descarado nem me agradeceu mas o que eu
queria dizer é que hoje apresentei jiddu para diana neves uma estudante de
teatro que está terminando licenciatura no iff em campos dos goytacazes e
concluindo o seu tcc com foco na palhaçaria
Federico
Baudelaire
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art pop
macunaíma
ilumina o lobisomem
na selva de new York
o rato roeu ea roupa
do gênio da art pop
nosso samba popular
não precisa ser estar
cantando rock
geleia
geral
a coisa por aqui
não mudou nada
embora sejam outras
siglas no emblema
espada continua a ser espada
poema continua a ser poema
pessoa
não tenho pretensões
de ser moderno
nem escrevo poesia
pensando em ser eterno
veja bem na minha língua
as labaredas do inferno
e só use o meu poema
com a força de quem xinga
II
rente a pele
contra o muro
eu te grafito no escuro
quero um poema que revele
poesia em sua pele
Artur
Gomes
In Couro Cur & Carne Viva – 1987
Pátria A(r) mada 2022
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fome é tema de ensaio fotográfico com ossos à venda em
bandejas
come osso menina
come osso menino
não há mais metafísica no mundo
do que comer osso
no açougue ou no mercado
osso de graça já foi
dado
hoje é vendido hoje é
comprado come osso maria
come osso mané
come osso joão
com arroz e feijão quebrado
porque nesse país sem nome
temos que comer osso
para matar a nossa fome
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carioca
baby
vamos passear
por São Conrado
pela orla de Ipanema
olhar os dois irmãos
a gente salta pra fora do poema
dá um beijo na Rocinha
e faz amor no Alemão
transa
o sol Copacabana
num
domingo da semana
depois
das Dunas do Barato
ouvindo
um disco da Gal
convida
Marisa Mym Mesma
para
as Pimentas do Reino
no
altar do Reino de Zeus
depois
uma noite na Lapa
como
sempre a cara a tapa
até
espantar fariseus
encontrar
no Amarelinho
poetas veraCidade
que
não matam em nome de Deus
Artur Gomes
Do
livro O Poeta Enquanto Coisa
Editora
Penalux – 2010
Prefácio
Igor Fagundes
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Mais perguntas chegando sobre o livro Vampiro Goytacá Canibal
Tupiniquim. Desta vez da minha querida amiga Eugenia Henriques e me remetem
outras possíveis facetas do Vampiro que eu mesmo não tinha ainda atentado pra
elas. Como o livro é escrito por 12
personagens a resposta para Eugenia pode ser verdadeiramente positiva, ou pelo
menos estar presente nas entrelinhas das metáforas.
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Irina ontem me perguntou se eu estava bem. Em relação a
segunda sim, acho que o ofício de poeta me refaz. Enquanto isso Irina vem e vai
como uma rima levada pelo vento sem tempo de captar
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falsidade me irrita
contra toda moral fascista
da ignorância
nudez ampla geral irrestrita
em abundância
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Balbúrdia Poética 4
cerveja agora
só beb0 sem álcool
lendo poema sujo
e do palco não fujo
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Se digo vamos ela me diz: pronto
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ruidurbanos não tem planos
mas rasga os panos
de qualquer corpo na cidade
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sistema fascista do face
proíbe publicações nesse grupo
por 29 dias - motivo: foto da capa da
antologia Carne Viva
Antologia de Poesia Erótica
organizada por Olga Savary, lançada em 1986
https://www.facebook.com/groups/1002716243126137
Apesar da saúde da máquina corporal meio baqueada
vamos chegando aos 7.6. Com 51 deles dedicados a poesia, jornada iniciada em
1973 com o lançamento do livro Um Instante No Meu Cérebro, livro com poemas
dedicados aos ídolos musicais da época e a máquina linotipo, na Oficina de
Artes Gráficas da Escola Técnica Federal de Campos, onde trabalhei de 1968 a
1985.
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