compartilhando do amigo parceiro KINO3 irmão das Ate Manhas Tchello d´Barros
Tenho a alegria de lhes apresentar a capa de meu
livro "Cataclísmica", que será lançado dia 22 pela Desconcertos Editora, em São Paulo - SP.
Quem acompanha meu trabalho a mais tempo, sabe
que gosto muito desse poema visual aí, pois um labirinto de letras é uma boa
metáfora para as vivências de quem escreve.
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Título: “CATACLÍSMICA” ®
Autor: Tchello d’Barros ©
Gênero: Poesia (100 poemas + um manifesto)
Páginas: 140 págs.
Formato: 14 X 21 cm
Ano: 2024
Edição: Desconcertos Editora
Projeto gráfico: Multi-Prisma
Orelha: Drª. Urda Alice Klueger
Prefácio: Poeta e prof. Franklin Valverde
Posfácio: Prof. Dr. José Endoença Martins
Imagem da capa: “Labiyrinthitesis” - poema
visual de Tchello
d’Barros
Preço de capa (pré-venda e lançamento): R$
50,00
jura secreta 101
tem dias que o amor
é incêndio
arde queima devora
tem dias que é só
mansidão calmaria
como agora
Artur Gomes Fulinaíma
leia mais em
https://braziliricapereira.blogspot.com/
mulher\cidade
curto
poema
curto
enxuto
curto e grosso
amo poema osso
o corpo
velo\cidade
língua\dente
mulher\cidade
mesmo não fosse
em mim tanto seria
e o que antes não foi feito
estando assim claro faria
algum poema no alvoroço
amo
a vera\cidade
amarelinho lapa
cinelândia
qualquer encontro de surpresa
a noite na lua tesa
no parque das ruínas
um beijo na rua guesa
o olhar quase alucina
vidrado em sua íris\retina
no trenzinho pra santa teresa
Artur
Gomes
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https://fulinaimicamente.blogspot.com/
Não há nada que não seja Deus
Que não seja eu
Que não seja nada
Não há nada,
Não há nenhum Deus nesse mundo que não seja eu criando possibilidades infinitas
Não há nenhum Deus em qualquer mundo possível que não seja eu
Manifestando possibilidades infinitas
Não há nenhum Deus possível em qualquer mundo possível
Que não seja eu gestando possibilidades infinitas de criar
Não há nada possível que não seja Deus
Nesse mundo e em todos os mundos possíveis e em mim
Não há nada, nem mundo possível
Que não seja Deus, que não seja eu criando possibilidades
Não há nada impossível
Então, não há nada que não seja eu
Que não seja Deus
Não há nada
Não há
Que não sejamos nós criando possibilidades infinitas, infinitas, infinitas...
Não há nada
Não há
Não há Deus
Não há eu
Não há nada
Margareth Bravo
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https://arturgumesfulinaima.blogspot.com/
o tempo tem seu avesso
para Prata Tavares in memória
cidade
quando penso nela
lembro
nossas angústias
dormem em camas
de
ferro
madeira
ou
palha
nossas palavras
também são foices
facãos
ou
car/navalhas
nossos poemas
estiletes
canivetes
para rasgarem
o pano de luxo
das mortalhas
nossas mágoas
lavamos
nas águas do paraíba
enquanto eles
que pensaram
serem donos da cidade
assassinaram
e incineraram os corpos
na usina cambaíba
Artur Kabrunco
https://fulinaimargem.blogspot.com/
antropofagia
esse poema é um tratado
entre o poeta que tem fome de clareza
e sua musa simbolismo de beleza
se eu não beber teus olhos
não serei eu nem mais ninguém
disse o poeta a sua musa ainda esfinge
beber na fonte dos seus olhos
sem medo de ser feliz
ela completa
não quero poema em linha reta
ainda sou clarice/beatriz
é ela quem me diz
mas eu não sou discreto
no abstrato do concreto
no concreto do abstrato
todo homem que tem fome
abapuru é o teu auto-retrato
Artur Gomes Gomes
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
https://porradalirica.blogspot.com
Pedra Pássaro Poema
e por onde andará Macunaíma
na sua carne no seu sangue
na medula no seu osso
será que ainda existe algum
vestígio de Macunaíma
na veia do seu pescoço?
na teoria dos mistérios
dos impérios dos passados
nas covas dos cemitérios
desse brasil desossado?
Macunaíma não me engana
bebeu água do paraíba
nos porões dos satanazes
está nos corpos incinerados
na usina de cambaíba
em campos dos Goytacazes
Macunaíma não me engana
está nas carcaças desovadas
na praia de manguinhos
em são francisco do itabapoana
Artur Gomes
Poesia Plural
Org. Chris Resplande
Editora Arribaçã – 2023
fotos: Artur Fulinaíma
https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/
MAR
ABERTO
Naquele dia
em que você me puxou
pelo braço
com força
para cima
eu já não respirava.
Michaela
v. Schmaedel
dia de sol
de chuva
aqui dentro
já não sei
a previsão
é sempre incerta
mudança
é a única certeza
que me cabe
Renata
Magliano
Trinta e Cinco Pausas
https://www.instagram.com/re.magliano/
A construção em camadas d’A inevitável fraqueza da Carne, de Wilson Gorj. [Por Rita Apoena, escritora]
No surpreendente romance de Wilson Gorj, A
inevitável fraqueza da carne (Editora Penalux, 2023), temos uma narrativa que
se impõe ao leitor, que o fisga desde a primeira frase e não o deixa abandonar
a leitura antes da sua completa finalização. Isso porque a verossimilhança é
plenamente alcançada pela bem elaborada construção das personagens. É por meio
de suas atitudes e de suas interações que a sua psicologia resplandece, bem
como os conflitos que os movem.
Como o romance mais interno é construído por uma
das personagens – e temos aqui um romance dentro do outro – não temos
elucubrações que o autor-personagem não poderia saber. Assim, os focos
narrativos são usados de modo muito assertivo. Ponto para ele: a narrativa
ganha em agilidade. Além disso, a linguagem é concisa, as cenas são dinâmicas,
cirurgicamente colocadas, de modo que cada elemento em cena tenha um sentido
preciso e profundo no texto. É como se, por trás de um texto “enxuto”, fossem
escondidas muitas metáforas nas entrelinhas, de modo a ampliar a significação
de cada elemento de criação.
Nessa narrativa, temos poucos personagens, mas
habilmente construídos. Carlos é contador e um dos sócios de um escritório de
contabilidade. Tendo estudado com o sócio na faculdade, mantém com ele boas
relações. Há quatro anos, ele é casado com Luísa, uma mulher que tange a
superficialidade das relações e que não demonstra muita sensibilidade por
aqueles que a rodeiam. Quando Carlos perde o pai, ela não finge condolências
nem se mostra muito sensível ao fato, mas imediatamente anima-se com o anúncio
de uma herança, pois ela tinha por objetivo viajar para a Europa e decorar o
quarto do filho que tanto esperava. Por mais que tentassem, entretanto, a
gravidez nunca acontecia.
Ao longo de toda a narrativa, vemos a personalidade
de Luísa ser construída paulatinamente e de forma bastante coerente, de modo a
corresponder aos desenlaces da trama. Ao visitarem a propriedade, ela
decepciona-se com o testamento modesto deixado para o marido, pois isto a
afastaria do sonho de fazer uma grande viagem. Essa insatisfação é tão grande
que ela cogita contratar um advogado para reaverem parte do apartamento que o
pai deixara à ex-companheira.
De todo modo, vemos como Carlos vai aos poucos se
subjugando frente aos sonhos e aos desejos de sua esposa. Ela geralmente não o
questiona quanto aos planos em comum, ela os arregimenta por conta própria,
ainda que ele tenha sido o único herdeiro. Mesmo os seus momentos íntimos não
parecem ser por afeição ao esposo ou à construção da relação, mas unicamente
para alcançar o seu objetivo: engravidar. Assim, Luísa parece ser, na trama,
uma mulher um tanto egoísta, fútil e cegamente obstinada. Carlos, por sua vez,
mostra-se muito pacífico e condescendente com todos que o cercam. Ele não é,
contudo, um personagem sem falhas: ele abarca em si as vulnerabilidades e
hesitações de um ser humano real. De qualquer modo, sabemos que um impulso não
satisfeito, especialmente no que concerne aos desejos, mantém-se adormecido,
mas luta por vir à tona, romper os mecanismos de defesa e se satisfazer. A meu
ver, esse é o grande embate desse romance: a discussão sobre os instintos e a
natureza humana. Por que não dizer: a própria natureza animal.
No início do romance, ficamos sabendo que a a mãe
de Carlos, uma mulher forte e considerada por ele como a sua grande heroína,
sofre de Alzheimer e vive numa casa de repouso, o que deixa Carlos um tanto
culpado, pois a mãe, durante toda a sua vida, havia se sacrificado por ele. Mas
ele tenta ser um bom filho, na medida do possível: diante da doença da mãe,
assegura-lhe a estadia no melhor asilo da região, visita-a com frequência e lhe
leva as suas flores preferidas. Tenta lhe proporcionar a vida mais digna que é
capaz. Algumas vezes, tem de acompanhar o seu discurso em demência. Outras
vezes, contudo, tem de mentir, dizendo-lhe que a levaria para casa.
Por razões que vamos descobrir no desenrolar da
trama, o seu pai fora um homem muito distante. Desde criança, quando ele deixou
a família para viver com a amante, Carlos e ele não mantinham quaisquer
vínculos. Mas, com o tempo, o ressentimento que Carlos sentia pelo pai foi se
desvanecendo. Desse modo, vemos que Carlos tenta ser um bom filho e um bom
marido, ainda que as intercorrências do destino o coloquem muitas vezes à prova.
Quando os vieses desse destino começam a suceder, ele é um homem em desamparo,
em busca da sua família perdida, e que ele vira se esfacelar.
Com a morte do pai, Carlos recebe uma chácara como
herança, e é a partir desse fato que a trama começa a se desenvolver, pois, com
as idas frequentes à nova propriedade, Carlos conhece Maya, a filha dos
caseiros, uma jovem muito bonita, estudante de Letras, por quem ele se sente
imediatamente atraído. Quando ele a encontra pela primeira vez, ela lê um
romance de Milan Kundera, A insustentável leveza do ser, que serve de
referência e epígrafe ao belo romance de Gorj.
A jovem parece perceber o seu interesse por ela e
não se mostra arredia, pelo contrário. A partir daí, Carlos empreende uma luta
com aquilo que ele acha certo e os desígnios do seu desejo. Essa metáfora é
ilustrada pelas repetidas aparições de uma jaguatirica nas imediações da
chácara. Guiada por seus instintos e por sua fome, o animal busca as aves do
local, mas é impedida pelas cercas de arame e pelos ferozes cachorros da
residência. De modo análogo, Carlos também é, a princípio, impedido pelas
circunstâncias, pela sua postura ética e pelas descobertas que faz.
O desenlace desse conflito é resolvido de modo
surpreendente pelo autor, com uma reviravolta muito inteligente na trama. Além
dela, o que mais surpreende na narrativa é o modo como o autor joga com as
instâncias do real, criando várias camadas de realidade, como um romance por
dentro de outro. Desse modo, há uma tênue linha divisória entre a ficção e a
realidade, o que nos faz perguntar o que seria real e o que seria
ficcionalizado, convidando-nos a outras leituras. Também surpreende, como
dissemos, o modo como a narrativa ganha extrema fluidez, a ponto de não
querermos deixar o livro antes da sua completa finalização.
Escreve o autor: “Os cães do caseiro, na casa ao
lado, latiam sem parar. No galinheiro, as aves também pareciam alvoroçadas. Ele
apontou a lanterna naquela direção e teve um sobressalto: a luz devolveu dois
olhos vermelhos olhando fixos para ele […] Os dois, homem e felino, ficaram se
mirando por um tempo […]. Como nas ocasiões anteriores, o facho da lanterna
tinha o efeito de inibir seus movimentos, deixando-a sem ação imediata: as
patas dianteiras já tocavam o grosso galho que se projetava sobre o muro. Ela
virou a cabeça um pouco para trás […] e, saltando sobre o galho, avançou para
dentro da árvore engolida pela escuridão.”
Como se vê, neste romance, a poesia de Wilson Gorj
está na escolha cuidadosa de cada um dos elementos que compõem as inúmeras
metáforas do texto. E essa percepção se aprofunda à medida que novas releituras
são feitas. Essa construção em camadas só é possível em grandes obras
literárias, feita por grandes autores.
PRONOME
crianças correm descalças
escorre seiva ainda
calçadas desertas
e inquietas
ruas incertas e tortas
lua antes ungida
ora proibida
ora pro nobis
sem nome choram
sem normas coram
carolas frígidas
até que o dia clareie
até que a noite a lua leve
até amanhã, talvez
Marcelo
Brettas
In florestas imaginárias
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