sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Artur Gomes - 50 Anos de Poesia

Sarau Artur Gomes - 50 Anos de Poesia

com músicos e artistas convidados

Dia 23 - 18h - Festival Doces Palavras

Pauco Lamparão - Jardim do Liceu - Campos dos Goytacazes-RJ

 

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A Mulher Que Come Livros - Última Cena – Federico Baudelaire – Eu sou Drummundo 

Clarice me deixou vazio, de tanta paixão por G H secou os meus e-mails meus inteiros, me deixou a ver navios, me jogou em São Francisco. Poesia é risco, o poeta é um fingidor na obra de Fernando Pessoa, mas Itabapoana é pedra pássaro pedra que voa. Não a mulher que come livros não é apenas pelo desejo de ler, mas sim pela fome de arroz, feijão, macarrão, carne, chocolate, e também pela sede de sobreviver dessa barbárie para onde nos empurraram desde 2016.

Era uma vez um mangue e por onde andará Macunaíma na tua carne no teu sangue na medula no teu osso por acaso ainda existe algum vestígio de Macunaíma na veia do teu pescoço

guima meu mestre guima em mil perdões
eu vos peço por esta obra encarnada na carne cabra da peste da hygia ferreira bem casta
aqui nas bandas do leste a fome de carne é madrasta

ave palavra profana cabala que vos fazia
veredas em mais sagaranas a morte em vidas severinas tal qual antropofagia
teu grande serTão vou cumer

nem joão cabral Severino nem virgulino de matraca nem meu padrinho de pia me ensinou usar faca ou da palavra o fazer

a ferramenta que afino roubei do mestre drummundo qyue o diabo giramundo é o narciso do meu ser

não. não bastaria a poesia de algum bonde que despenca lua nos meus cílios num trapézio de pingentes onde a lapa carregada de pivetes nos seus arcos ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos.

não. não bastaria a poesia cristalina se rasgando o corpo estão muitas meninas tentando a sorte em cada porta de metrô. e nós poetas desvendando palavrinhas vamos dançando uma vertigemno tal circo voador.

não. não bastaria todo riso pelas praças nem o amor que os pombos tecem pelos milhos com os pardais despedaçando nas vidraças e as mulheres cuidando dos seus filhos.

não bastaria delirar Copacabana e esta coisa de sal que não me engana a lua na carne navalhando um charme gay e uma cheiro de fêmea no ar devorador

aparentando realismo hiper-moderno,
num corpo de anjo que não foi meu deus quem fez esse gosto de coisa do inferno como provar do amor no posto seis numa cósmica e profana poesia entre as pedras e o mar do Arpoador
uma mistura de feitiço e fantasia em altas ondas de mistérios que são vossos

não. não bastaria toda poesia que eu trago em minha alma um tanto porca, este postal com uma imagem meio Lorca: um bondinho aterrizando lá na Urca e esta cidade deitando água em meus destroços pois se o cristo redentor deixasse a pedra na certa nunca mais rezaria padre-nossos e na certa só faria poesia com os meus ossos.

 

Artur Gomes

Fulinaíma MultiProjetos 

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Vendedores de Ilusões

 

Senhoras e senhores eu me chamo Federico Baudelaire e sou mestre sala da Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola de Samba Oculta no Inconsciente Coletivo e estou aqui para apresentar para vocês a maravilha das maravilhas da invenção humana: o livro – e este livro que vou lhes apresentar é do espetacular poeta Paulo Leminski – e na verdade são 4 livros em 1 – se vocês procurarem por aí na livraria Noblesse e ao Livro Verde e até mesmo naquele sebo de livros antigos, ali próximo ao Colégio Nilo Peçanha, vocês não encontrarão por menos de 800 reais. E eu estou oferecendo por apenas 10 que é o preço de 25 paçoquinhas vendidas nas vans no Mercado Municipal de Campos dos Goytacazes. Dito isso então: dole uma dole duas dole três.

 

(nesse momento os vendedores e moradores de rua começam a despertar dos seus sonhos/pesadelos)

 

Em coro: ei você invadiu nosso lugar, esse espaço aqui é nosso, trata de se mandar meu chapa, o baú de silvio santos é lá na outra esquina onde é o seu lugar

A partir daí, os venderes de rua, vão se levantando, e cada um deles começa a vender as suas ilusões

 

Curso Teatro de Rua

Artur Gomes – criação

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