quem me vê
assim
tão comportado
não sabe
o que se passa
aqui no centro
não sabe do vulcão
em erupção
nesse serTão
do mato dentro
Artur
Gomes
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irreverência
ou morte
disse-me
federico daudelaire
o mestre/sala
da mocidade independente
de padre olivácio
e escola de samba
oculta
no inconsciente coletivo
não fujo do perigo
no asfalto
o beijo sujo
é preciso
estar atento e forte
não temos tempo
de temer a morte
disse-me caetano
na canção tropicalista
o genocida anda solto
não podemos
nos perder de vista
Artur
Gomes
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carne viva da loucura
escrevo
pra não morrer
antes da morte
me disse
gigi mocidade
no homem
com a flor na boca
transitivo
ou intransitivo
vivo
na mais sagrada
ilógica
do inconsciente
coletivo
na semeadura
dos ossos
enquanto posso
palavrar
o que procuro
enquanto ócio
vou lavrando
o criativo
na carne viva
da loucura
Artur Fulinaíma
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Artur
Gomes
O Homem Com A Flor Na Boca
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estávamos em um papo descontraído no domingo no FDP numa
roda de amigos e estava rolando no palco uma mesa sobre cerveja e cachaça e um
deles me perguntou se preciso de alguma bebida específica para detonar meu estado de poesia respondi
especificamente que não mas como sou por demais envolvido com as milotologias
gregas afros e romanas nada que um bom vinho como esse agora não vá fazer a diferença
escrevi as juras secretas em sua maioria em bento gonçalves e por lá estivemos
sempre em estado de vinho e poesia
sala de ensaio
moram dentro o mar
dois olhos florescentes
por trás desta paisagem
não são olhos de peixe
são dois feixes de luz
dois faróis brilhantes
que olham infinito
desde um outro tempo
mar de outras eras
nem era primavera
aquela vez primeira
nem era quarta feira
na sala de ensaio
diante dos espelhos
os olhos como raios
encontraram os meus
nem brilhavam ainda
como brilham agora
neste mar de Zeus
Artur Gomes