Literofagia
comer a palavra
degustar
deglutir
digerir
devorar
poesia
eu bebo
eu como
Oswald de Andrade
na geleia geral
pelos becos botecos e pelos
bares da cidade
literofagia
Geleia Geral – Revirando a Tropicália
Semana de 22 – 100 Anos Depois
Dia 24 – junho -2202 – 19h
Local: Santa Paciência Casa Criativa
Rua Barão de Miracema, 81 – Campos dos Goytacazes-RJ
Resenha do livro Juras secretas de Artur Gomes
“Só
uma palavra me devora / Aquela que meu coração não diz”. Esses versos de Jura secreta, canção de autoria da
compositora brasileira Sueli Costa e Abel Silva, conhecida por grande parte do
público pela passionalidade interpretativa da cantora Simone, pluraliza-se e
faz emergir Juras secretas, décimo
terceiro livro do poeta Artur Gomes. Não que haja intertextualidade explícita
entre a canção e os poemas do livro, mas denota o intertexto como uma das
principais marcas do poeta, recurso presente em seus livros anteriores.
Em
SagaraNagens Fulinaímicas (2015), já
se percebia um Artur Gomes um pouco distinto da ferocidade de crítica política
predominante, por exemplo, em Couro cru
& Carne viva (1987). Em Juras secretas, o poeta assume de vez
sua faceta lírica, e é essa que pontua as cem “juras” que preenchem o miolo do
livro.
Jura
secreta 45
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e minha língua fosse
só furor dos Canibais
E
é com furor canibalesco que se nota, na tessitura poética de muitos versos, o
poeta que se dedica também à leitura da literatura e de outras artes.
Antropofágico, herdeiro de Oswald Andrade e do Tropicalismo, a língua do poeta
devora tudo que o coração não diz para permitir que a poesia o diga. Hilda
Hilst, Portinari, Glauber Rocha, são signos que denotam o repertório de um leitor-espectador
de várias linguagens e que não esconde essas influências. Porém sua poesia não
é enciclopédica. As alusões promovem efeitos sonoros e imagéticos que
contribuem para o desenvolvimento de uma estilística pessoal e funcional.
Jura secreta 13
quantas marés endoidecemos
e aramaico permaneço doido e lírico
em tudo mais que me negasse
flor de lótus flor de cactos flor de lírios
ou mesmo sexo sendo flor ou faca fosse
Hilda Hilst quando então se me amasse
ardendo em nós salgado mar e Olga risse
olhando em nós flechas de fogo se existisse
por onde quer que eu te cantasse ou Amavisse
Artur
Gomes é um dos poucos poetas que mantém viva a tradição da oralidade. Participa
de vários encontros Brasil afora recitando seus versos como um trovador contemporâneo. Nota-se, na estrutura musical
de sua poesia e nas imagens que cria, uma obra que se materializa por completo
quando dita em voz alta. Mas mesmo no silêncio do quarto, da sala, da praia ou
no barulho do carro, trem ou metrô; a poesia de Juras secretas oferece viagens estéticas aos que sabem que a poesia
não está morta como andam pregando por aí.
Jura secreta 43
com os seus dentes de concreto
São Paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada
na carne da rua Aurora
Mestre em Cognição e Linguagem (Uenf). Professor
de Literatura do IFF – Atualmente faz doutorado na Universidade Federal de Juiz
de Fora-MG
Mostra Cine Vídeo – Curtas
Cinema
Ambiental
De 15 de junho a 15 de julho
https://www.facebook.com/cinevideocurtas
Projeto Arte Cultura Oficinas
Curadoria: Artur Gomes
Design gráfico: Tchello d´Barros
Fulinaíma MultiProjetos
fulinaima@gmail.com
(22) 99815-1268 - whatspp
Nenhum comentário:
Postar um comentário