domingo, 26 de junho de 2022

24 de Junho - Geleia Geral - Revirando A Tropicália


24 de junho Noite de São João

Uma noite tropicanalista com a realização da Primeira Edição na Santa Paciência Casa Criativa da Geleia Geral – Revirando a Tropicália – Semana 22 – 100 Anos Depois, realizada na última sexta feira 24 de junho.

Os primeiros registros fotográficos, que recebi, foram feitos e postados aqui no face,  pelo guerreiro do teatro Fernando Crespo Rossi.

Estes dois momentos que ilustram o post, foram registrados por uma outra guerreira, minha grande amiga de outros carnavais: Teresa Peixoto Faria (Tetê), que me deu a imensa alegria de revê-la numa noite tão especial de emoção a flor da pele.

Geleia Geral – Revirando A Tropicália – Semana 22 – 100 Anos Depois, começou a ser pensado enquanto projetos cultural, lá pelos meados do ano de 2019, quando começamos a imaginar a ideia de um banquete antropofágico para devorar 22 no brasil da fome.

 Dividiram o palco comigo nesta antropomágica noite de estreia,  na linguagem música, com interpretações   luxuosas:  Beth Rocha(piano), Marcella Roza(voz), e Reubes Pess (guitarra e voz). 

A segunda edição com outras atividades já está sendo pesada pra julho, aguardem maiores informações.


fotos: Welliton Rangel

Intervenção junina

 

era uma noite de junho

inverno não primavera

e eu de poema em punho

fazendo cantigas de amor para ela

mas ela não veio me ver

do outro lado da janela

era uma moça distante

que eu chamava  FlorBela

 

quantas noites sonhei Florbela

em minha cama sozinho

pensando na cama dela

bebia beijos e vinho

era uma vez uma rua

que tinha nome de formosa

não era grande sertão

nem eu era Guimarães rosa

 

mas era noite de junho

e mesmo assim

me sentia um riobaldo

amando diadorim

como se fosse lua cheia

clara como clarão

ela toca fogo em minha pele

incendeia meu coração

 

e 24 de junho

é noite de são joão

e meus fogos de artifícios

são pra chamar sua atenção

a moça que nunca veio

do outro lado da janela

não sabe que é tudo dela

meu céu meu mar meu chão

 

Artur Gomes

https://fulinaimagens.blogspot.com/


Fulinaíma MultiProjetos

fulinaima@gmail.com

22 99815-1268 – whatsaap

quinta-feira, 23 de junho de 2022

LITEROFAGIA

 


Literofagia

 

comer a palavra

degustar

deglutir

digerir

devorar

poesia

eu bebo

eu como

Oswald de Andrade

na geleia geral

pelos becos botecos e pelos

bares da cidade

literofagia


Geleia Geral – Revirando a Tropicália

Semana de 22 – 100 Anos Depois

Dia 24 – junho -2202 – 19h

Local: Santa Paciência Casa Criativa

Rua Barão de Miracema, 81 – Campos dos Goytacazes-RJ


Resenha do livro Juras secretas de Artur Gomes

 Juras secretas de um trovador contemporâneo

“Só uma palavra me devora / Aquela que meu coração não diz”. Esses versos de Jura secreta, canção de autoria da compositora brasileira Sueli Costa e Abel Silva, conhecida por grande parte do público pela passionalidade interpretativa da cantora Simone, pluraliza-se e faz emergir Juras secretas, décimo terceiro livro do poeta Artur Gomes. Não que haja intertextualidade explícita entre a canção e os poemas do livro, mas denota o intertexto como uma das principais marcas do poeta, recurso presente em seus livros anteriores.

Em SagaraNagens Fulinaímicas (2015), já se percebia um Artur Gomes um pouco distinto da ferocidade de crítica política predominante, por exemplo, em Couro cru & Carne viva (1987). Em Juras secretas, o poeta assume de vez sua faceta lírica, e é essa que pontua as cem “juras” que preenchem o miolo do livro.

 

Jura secreta 45

por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais

e minha língua fosse
  furor dos Canibais

E é com furor canibalesco que se nota, na tessitura poética de muitos versos, o poeta que se dedica também à leitura da literatura e de outras artes. Antropofágico, herdeiro de Oswald Andrade e do Tropicalismo, a língua do poeta devora tudo que o coração não diz para permitir que a poesia o diga. Hilda Hilst, Portinari, Glauber Rocha, são signos que denotam o repertório de um leitor-espectador de várias linguagens e que não esconde essas influências. Porém sua poesia não é enciclopédica. As alusões promovem efeitos sonoros e imagéticos que contribuem para o desenvolvimento de uma estilística pessoal e funcional.

 

Jura secreta 13

quantas marés endoidecemos
e aramaico permaneço doido e lírico
em tudo mais que me negasse
flor de lótus flor de cactos flor de lírios
ou mesmo sexo sendo flor  ou faca fosse
Hilda Hilst quando então se me amasse

ardendo em nós salgado mar e Olga risse
olhando em nós flechas de fogo se existisse
por onde quer que eu te cantasse ou Amavisse

 

Artur Gomes é um dos poucos poetas que mantém viva a tradição da oralidade. Participa de vários encontros Brasil afora recitando seus versos como um trovador  contemporâneo. Nota-se, na estrutura musical de sua poesia e nas imagens que cria, uma obra que se materializa por completo quando dita em voz alta. Mas mesmo no silêncio do quarto, da sala, da praia ou no barulho do carro, trem ou metrô; a poesia de Juras secretas oferece viagens estéticas aos que sabem que a poesia não está morta como andam pregando por aí.

 

Jura secreta 43

com os seus dentes de concreto
São Paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada
na carne da rua Aurora

 

 Adriano Carlos Moura

Mestre em Cognição e Linguagem (Uenf). Professor de Literatura do IFF – Atualmente faz doutorado na Universidade Federal de Juiz de Fora-MG


Mostra Cine Vídeo – Curtas

Cinema Ambiental

De 15 de junho a 15 de julho

 Local:

https://www.facebook.com/cinevideocurtas

 

Projeto Arte Cultura Oficinas

Curadoria: Artur Gomes

Design gráfico: Tchello d´Barros


 Fulinaíma MultiProjetos

fulinaima@gmail.com

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segunda-feira, 13 de junho de 2022

Coletânea Poetas Vivos

Porque hoje é dia de lembrar Pessoa!

PESSOA E SUAS PESSOAS

 

Há pessoas

que não sabem

quem é Pessoa.

Como é possível

alguma pessoa

não saber quem é Pessoa?

Que pessoa

foi Pessoa?

Pessoa não foi pessoa,

é Pessoa!

Pessoa e seus heterônimos.

"Pessoa inventava poetas inteiros".

Ou meios.

Pessoa foi pessoas,

várias pessoas!

Pessoa e seus inteiros:

ao longo,

o médico

- e poeta -

Ricardo Reis.

Ao largo,

um estrangeiro

- e poeta -

o alter ego e sua tabacaria,

Álvaro de Campos.

Ao vento,

o mestre ingênuo

- e poeta -

guardador de rebanhos,

Alberto Caeiro.

Pessoa e seus meios:

à margem,

em seu desassossego,

- o ajudante de guarda-livros -

Bernardo Soares.

Pessoa

e suas muitas pessoas:

entre o dia de seu nascer

e o de seu morrer,

todos os dias

foram seus.

Você sabe

quem foi(é) Pessoa?

Uma pessoa

que queria ser

o poeta Pessoa

- inteiro -

("o eu profundo e os outros eus")

sem condições

de outras pessoas!

 

(Nic Cardeal, em 13.06.2017 )


AQUELA MULHER SEM NOME

 

qual o nome daquela mulher sem nome

sentada na calçada, na porta do restaurante,

pedindo que uma boa alma pague

um prato de comida para seus filhos

— um de colo, outro de uns 4 anos?

 

será que aquela mulher tem um endereço

onde possa receber cartas?

será que tem um perfil no facebook

para contatar velhas amigas de escola?

será que vai ao supermercado fazer compras?

 

será que algum homem se importa

com aquela mulher sem nome?

será que alguma mão, mesmo áspera,

faz carinhos naquela mulher?

será que alguém beija aquela mulher?

 

será que aquela mulher sem nome

alguma vez ouviu falar em clitóris?

será que gosta de sexo oral?

será que teve algum prazer nas noites

em que engravidou daquelas crianças?

 

certamente aquela mulher sem nome

tem um nome, e foi criança, algum dia.

será que ganhou presentes de natal?

será que era coberta nas noites de frio?

será que viu desenho animado na TV?

 

ou sempre pediu dinheiro nas ruas?

ou sempre se vestiu com roupas velhas?

ou sempre foi tratada aos bofetões?

ou sempre comeu o pão seco, duro,

embolorado e encontrado no lixo?

 

como aquela mulher sem nome chegou ali,

na calçada, na porta do restaurante?

será que nunca teve sorte na vida?

será que nunca teve juízo?

será que perdeu o pai numa briga de faca?

será que perdeu uma criança num incêndio?

 

aquela mulher sem nome, de olhos tristes,

muito tristes, parece amar suas crianças.

talvez nem saiba mais, ou nunca soube,

o que é aquilo que atende pelo nome de amor.

mas se você olhasse, bem de perto, veria

ternura, além de tristeza, naquele olhar.

 

se você olhasse, bem de perto, veria,

por detrás da sujeira, da dureza ou

da desesperança daqueles olhos tristes,

alguma ternura, sim, alguma ternura,

o que deixava ainda mais triste o olhar

de quem olhava aquela mulher sem nome

 

sentada na calçada, na porta do restaurante,

pedindo que uma boa alma pagasse

um prato de comida para seus filhos

— um de colo, outro de uns 4 anos

 

(Ademir Assunção)

do livro Risca Faca

Selo Demônio Negro (2021)


(Da série: Poeta Artur Gomes, nosso avatar, seu Vilmar)

 

MARIA BOCA DE POESIA

 

Retirem as crianças da rua,

vai passar a Poesia despudorada,

desencarnada, é só osso luminoso e ofício,

a que não domina sua língua de fogo,

navalha flamejante.

Vai descer a avenida central,

se benzer na catedral,

insana matrona

de filhos mortos

dos dilacerantes abortos

em nome do pai que sumiu.

Freme os quadris

como se fizesse sexo grupal,

ao sol da via pública.

Potra,

pútrida,

puta,

contudo, é Poesia seminal.

Literatura do caos.

Sua risada estrala,

parece taça de vidro

jogada contra o mármore

do altar-mor.

Riso que revela dentes de animal,

dissolvida pastilha de sonrisal,

grossa espuma no canto da boca,

que avisa a hora do vômito,

alerta indômito

da praga rouca:

- aos que roubam nossa saúde,

defuntos no fundo do açude,

que violam a consciência das crianças,

e as deixam desmaiadas nas carteiras escolares,

tumulares.

cavaleiros da política,

guias da resignada cegueira

da grande malta servil,

desejo-lhes o grande inferno de Dante

e antes que me assassinem,

vão te à puta que lhes pariu!

 

(Fernando Leite Fernandes)

foto: Alice Lira –


#VIU! Geleia Geral 06: No mês de Santo Antônio, está faltando Antônio Roberto Cavalcanti Kapi *Por Artur Gomes

https://www.portalviu.com.br/arte /geleia-geral-06-no-mes-de-santo-antonio-esta-faltando-antonio-roberto-cavalcante-kapi


Geleia Geral - Revirando A Tropicália - Dia 24 - junho - 19h - Santa Paciência - Casa Criativa - Rua Barão de Miracema, 81 - Campos ex-dos Goytacazes


Lembrando do querido e saudoso Uilcon Pereira:


“Avelima, maninho, Avelimaninho saiu Nova tiragem,2 para amigos nossos, fora da patota já tão conhecida Não gosto do azedamento cê/Flô talvez cê tenha razões de sobra, às vezes ele endurece o jogo

vou cuidar de fazer a paz e começo por você, mais doce, flexível, meigo, soft ôh, ôh, que elogio heim?

terminei Livro de Biute e saio à procura de uma editora, não aguento mais esse lance de marginal, alternativo, out –sei lá o nome, sei lá qual o rótulo

o João foi experiência terminal, agora é no tip-top, vai ou racha
quero ser editado, enfim

e que tal? isso de Batatais, Tomatolândia. Couve city --- haja ubeé, para levar tanta paciência assim---
“expandir a mente do pessoal”, ô, Dylan
abração de bom 87 procê

Ulicon
7-jan-87


dentro da noite veloz

 

quando estive em Ubatuba

não era junho de chuva

lágrimas de Oxum menina

encharcaram minha íris – viúva

dentro da noite veloz

e na vertigem do dia

aquela prova dos nove

não foi nenhuma alegria

muito pelo contrário

me deu angústia agonia

a menina dos meus olhos

que beijei na algaravia

dentro da noite veloz

e na vertigem do dia

 

Artur Gomes

Geleia Geral

Revirando a Tropicália – Roteiro de Poesia

Leia mais n blog

https://centrodeartefulinaima.blogspot.com/




florbela

 

florbela as vezes espanca

florbela as vezes espanha

florbela as vezes arranha

os músculos da minha cara

com suas unhas amarelas

e minha alma então dispara

lendo este poema que é dela

:

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida

Meus olhos andam cegos de te ver!

Não és sequer razão de meu viver,

Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...

Passo no mundo, meu Amor, a ler

No misterioso livro do teu ser

A mesma história tantas vezes lida!

Tudo no mundo é frágil, tudo passa...

Quando me dizem isto, toda a graça

Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:

"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,

Que tu és como Deus: princípio e fim!..."

 

Federico Baudelaire

https://fulinaimagens.blogspot.com/

imagem: Jose Cesar Castro


BARDO Solista

 marginalha

 

os caranguejos explodem no meu crânio

mariposas pousam mas não cantam

borboletas voam mas não falam

os papagaios estão mudos

desde o grito de Cabral: o Terra à Vista!

a amazônia é exterminada por moto-serras ruralistas.

mas juro que não sou correto

juro que não sou decente

poesia é faca entre os ossos

navalha entre os dentes

desde todo tempo as milícias

des(matam) nas favelas

e todo Dia é Dia D Todo Dia É Dia Dela

vivo num brasil subvertido

na cadeia esteve preso um presidente

e os palácios são os covis desses bandidos.

 

Artur Fulinaíma

Juras Secretas - Editora Penalux – 2018

Pátria A(r)mada - Editora Desconcertos - 2019

O Poeta Enquanto Coisa – Editora Penalux- 2020




Fulinaíma MultiProjetos

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Live em homenagem a Antônio Cícero

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