os imprescindíveis
Há homens que lutam um dia
e são bons,
Há outros que lutam um ano
e são melhores,
Há os que lutam muitos anos
e são muito bons,
Mas há os que lutam toda vida
e estes são os imprescindíveis
Bertold Brecht
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Abertura das portas para as empreiteiras X
Bertold Brecht RE-Visitado
no primeiro dia
eles chegam olhando o mar
em frente a tua casa
depois chegam com seus estudos
pra empreendimentos promissores
a construção de um Porto - seguro
que gerarão desenvolvimento e o progresso da região
a seguir chegam com suas dragas
derrubam sua casa roubam sua dignidade
com promessas de indenização e moradia
aí começam a construir um Porto – inseguro
a iniciativa é privada
mas o dinheiro para investimento é público
mas um golpe de dados n história da república
depois de anos você vê que as promessas: NONADA
e você não pode fazer nada
o Estado está do lado deles
a Justiça está do lado deles
e para o país o empreendimento é de grande interesse
e aí eu lhe pergunto:
- Que País é Esse?
Artur Gomes
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O método de Brecht
O alemão Bertold Brecht(1898-1956) foi um teórico que praticamente antagonizou
com Stanislavski, tornando-se um dos pilares de sustentação das artes cênicas
no tocante à interpretação e a mentalidade mística a respeito da arte
dramática. Seu principal livro "Estudos sobre teatro", de
imprescindível leitura para aqueles que pretendem seguir na carreira artística,
demonstra passo a passo sua visão sobre o mundo naturalista (Stanislavskiano),
que pretende conquistar o público com o sonho, o fingimento e o jogo de
faz-de-conta, enquanto que, para Brecht a necessidade maior daqueles que
assistem um espetáculo, é absorver a mensagem emitida pelos artistas e não
confundir a ficção com a realidade.
Para conseguir que o público absorva a mensagem do espetáculo, não se iludindo
com a realidade do contexto, Brecht propôs o afastamento do público em relação
ao que ocorre no palco. Esse afastamento não se realiza fisicamente e sim
emocionalmente, de forma que o espectador não deve envolver-se com o
espetáculo, e sim, manter a imparcialidade e a postura crítica diante dos
acontecimentos expostos no palco. Para constituir esse afastamento, tudo aquilo
que Stanislavski propôs em sua teoria cai por terra, a começar com o cenário e
a iluminação, que segundo Brecht, não devem convidar o público ao sonho e sim a
certeza de que tudo que se passa no palco é uma mentirinha propositada.
Sobre a teoria do distanciamento do público em relação o que acontece no palco,
Brecht elucida:
“ Os esforços do ator convencional concentram-se tão completamente na produção
do fenômeno psíquico da empatia, que se poderá dizer que nele, somente se
descortina a finalidade principal de sua arte (...) a técnica que causa o
efeito do distanciamento é diametralmente oposta à que visa a criação da empatia.
A técnica de distanciamento impede o ator de produzir o efeito da empatia”
Porém, Brecth não descarta totalmente o uso da empatia por parte do público.
Para o teórico, o ator deve passar a informação com a mesma empatia que uma
pessoa passa uma informação cotidiana. Afinal, quem fala quer ser escutado, e
para que isso ocorra o emissor deve abordar os assuntos de uma maneira clara e
objetiva para que o receptor queira escutar, utilizando-se do recurso da
empatia somente para prender a atenção do receptor. Quando uma pessoa é
atropelada, por exemplo, alguém conta esse fato para outra pessoa, esse alguém
procurará representar essa ou aquela personagem para mostrar o que aconteceu,
de forma que, para isso, sem tentar induzir o receptor a uma ilusão de que sua
representação é real. O uso da empatia está justamente na forma natural que o
emissor busca chamar a atenção do receptor, com pantomima, com o movimento
escrachado, com a dor exagerada, com os movimentos trocista e brincalhões, ou
sérios e pesarosos, mas sempre no âmbito das informação clara, simples e
objetiva.
Para Brecht, o ator consegue distanciar o público, distanciando-se também de
sua personagem, buscando representá-lo da maneira mais fidedigna possível,
porém mantendo suas prerrogativas em relação a sua personagem, sem deixar de
pensar em nenhum momento em suas próprias aspirações, críticas e sentimentos. O
ator deve ser profissional o bastante para contribuir sempre para o crescimento
de sua personagem independente do que pensa a respeito dela, de forma que, para
alcançar a perfeição na interpretação, o ator deverá se ater ao que Brecht
chamou de “mesa de estudos”, rejeitando qualquer impulso prematuro de empatia
com sua personagem, buscando compreender sua personagem, como um leitor que lê
para si próprio, em voz baixa, e não para os outros. Para o teórico as
primeiras impressões do ator a respeito da personagem são demasiadamente
importantes, pois serão essas as impressões que os espectadores terão quando
virem o espetáculo.
Brecht criou o método de “determinação do não antes pelo contrário”. Para
conceber melhor o propósito de sua personagem e passar essa informação da
melhor forma possível para o público, o ator deve compreender que para cada
ação, há um movimento contrário que deve ser previsto. Ex: “Se a personagem
anda para direita, é porque ela não anda para a esquerda”. Esse só há de se
perguntar: “ Por que minha personagem não anda para a esquerda”. O que a leva
nesse momento a andar somente para a direita?”. Para Brecht é importante que o
ator saiba que, no palco, ele é apenas um artista que está interpretando uma
personagem, ou seja, um intérprete que mostra a personagem, mas não a vive, que
tenta interpretá-la da melhor maneira possível, mas que não tenta persuadir-se
(tampouco os outros) de que é a própria personagem. Dessa forma, o ator em cena
não é Otelo, nem Hamlet, nem Lear e sim um artista que os representa da melhor
maneira possível, que dá ao público a chance e o direito de tomar partido, de
criticar, de conceber um idealismo sobre as personagens de maneira própria.
Cabe ao ator, no palco, propor um debate e não debater.
fonte: http://atorearte.blogspot.com/.../09/o-metodo-de-brecht.html
com os dentes cravados na memória
nesses 18 dias já de quarentena venho re-visitando textos e
poemas inacabados, encontrei este que foi publicado na revista digital
Cronópios, acho que em 2008
Mamãe é Brega mas é Xique
Decididamente mamãe não ouve e nem gosta do "rei"
Roberto Carlos, porque não tem medo de lobisomem e desde os tempos em que lia
José Cândido de Carvalho sabe muito bem quem são os Coronéis. mamãe tem 78
rotações por minuto e mas não perde tempo diante da TV com o Encravo e a Rosa,
prefere assistir no TNT O Nome da Rosa, o filme, e fuma um baseado quando lê
Umberto Eco e passa a contar o que sobrou.
Mamãe é foda cultiva no jardim flores e trombetas e as vezes
sai pelos campos catando cogumelos e ervas cidreiras dizendo que o chá é bom
para o fígado, pois tem comido muitas flores que lhe dão indigestão. Mamãe ouve
Raul Seixas e sabe decor toda letra de Ouro de Tolo, e acha que não está com “a
boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”.
Ela vai pra rua e solta os bichos: 4 gatos recém paridos que
amamenta com carinho como se outros filhos fossem, mamãe usa um crucifixo de
madeira no pescoço põe alho no bolso e diz que é para espantar as cobras e
lagartos que vez em quando aparecem no seu quintal pedindo votos.
Assim que a noite chega ela reza pra são Jorge Ogum Oxossi e
todos os caboclos da mata e da cidade porque acha que na cidade é que estão
todos os bandidos de colarinho branco. mamãe não dá sopa nem merenda muito
menos bolsa escola cheque cidadão e outros baratos e diz não acreditar em
esmola, já leu até Bertold Brecht e tem pena dos analfabetos políticos pois
acredita que é aí que se encontra a grande miséria humana com que os
aproveitadores continuam a se alimentar nos períodos eleitorais para enriquecer
suas contas bancárias cada qual com seus laranjas.
Esperta que só ela, mamãe aperta contra o peito uma estampa de
Jesus Cristo e fala: “esse é o cara” não enganou o povo com passagem a 1 real
taxa de iluminação pública bolsa família bolsa emprego ou bolsa escola, deu
passagem de graça, e não precisou se disfarçar com outros nomes deu a cara a
forca e não nasceu pra ser otário como jogador de futebol.
Artur Gomes
in - Viagens InSanas
março de 2020
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Balbúrdia Poética 5
Dia 28 de março 19h
No Stand da ACL
Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ
OVERDOSE NU VERMELHO
retesar as cores
e os músculos
com os dedos agarrados no pincel
se faltar carne
para roçar os óvulos
a gente jorra tinta no papel
Artur Gomes
in Couro Cru & Carne Viva – 1987
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Prefácio
Quem fez esta manhã, quem penetrou
À noite os labirintos do tesouro,
Quem fez esta manhã predominou
Seus temas a paráfrases do touro,
As traduções do cisne: fê-la para
Abandonar-se a mitos essenciais,
Deflorada por ímpetos de rara
Metamorfose alada, onde jamais
Se exaure o deus que muda, que transvive.
Quem fez esta manhã fê-la por ser
Um raio a fecundá-la, não por lívida
Ausência sem pecado e fê-la ter
Em si princípio e fim; ter entre aurora
E meio-dia um homem e sua hora
Mário Faustino
O Homem E Sua Hora
Org. Benedito Nunes
Cia das Letras – 2002
*
Este é um dos livros de poesia mais importante que já li, e
que se tornou referência para minha caminhada
Poética. Fui apresentado a poesia de Mário Faustino, pela inesquecível amiga
Wilma Lima( vermelha), em Santo André, entre os anos de 1993 a 1996, onde ela
amigavelmente me recebia como hóspede em sua residência na rua Carneiro Leão,
22.
Artur Gomes
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um lance de dados
doze e quarenta
e seis
mallarmè
na hora incerta
dormindo
visível na besta
sinal inviável
na quarta
dedo de deus
na segunda
jogando dado
na sexta-feira
Artur Gomes
In BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas –
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desde menina
tive um sonho
que me desatina
beijar e ser beijada
com muita lança perfume
confete e serpentina
no carnaval de Veneza
ver toda coisa presa
solta livre no espaço
que couber
ver meu país soberano
com seu povo digno
impagável de pé
Irina Severina
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vozes do cerrado
brasília, Brasília,
onde estás
que não respondes?
em que bloco
em que superquadra
tu te escondes?
Nicolas Behr
Brasilírica
Antologia
Poemas escolhidos
1977-2017
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sub/VERSÃO
só desfraudando
a bandeia tropicalha
é
que a ente avacalha
com as chaves dos mistérios
dessa terra tão servil.
tirania sacanagem safadeza
tudo rima uma beleza
com a pátria/mãe que nos pariu
Artur Gomes
In Couro Cru & Carne Viva – 1987
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com os dentes cravados na memória
https://arturkabrunco.blogspot.com/
brumadinho
ainda tem
muita lama
no meio do caminho
Federika Lispector
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safadinho
ainda tem
muita cama
no meio do caminho
Lady CarNAvalha Gumes
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