quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Artur Gomes - Poesia Afro Tupiniquim

Da Cacumanga para o Mundo: A Caminhada Inspiradora do Poeta Artur Gomes

Nascido na Fazenda Cacumanga, próxima a Tapera, em uma região rural, o poeta Artur Gomes teve uma infância marcada pela simplicidade e pelo contato com a natureza. Ao longo de sua vida, ele foi conduzido por diferentes caminhos, passando pela escola pública, pela tipografia, jornais e posteriormente, pela poesia, música, livros e teatro. Foi nesse momento que ele encontrou sua verdadeira vocação: a arte. Sua obra "Balbúrdia Poética" é um exemplo de sua habilidade em capturar a essência da vida e da natureza em suas palavras. Hoje, o poeta Artur Gomes é reconhecido em todo o Brasil por sua habilidade em inspirar as pessoas com suas palavras e sua presença. Ele é um exemplo de que, independentemente da origem ou das circunstâncias, é possível alcançar os objetivos e realizar os sonhos com determinação e talento. E numa dessas apresentações da "Balbúrdia Poética", no Colégio Estadual Paulo Roberto de Mendonça, em Ibitioca Campos dos Goytacazes, ele foi surpreendido com um painel sobre toda a sua trajetória. Ontem, Artur, retornou à escola para um bate-papo com os alunos e ganhou de presente o mesmo painel que havia visto alguns meses atrás, um gesto que certamente o tocou profundamente.

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Dia 27 agosto – 20h

Carioca Bar – Rua Francisca Carvalho de Azevedo, 17 – Parque São Caetano – Campos dos Goytacazes-RJ

Goytacá Boy

 

musicado e cantado por Naiman

no CD fulinaíma sax blues poesia

2002

ando por São Paulo meio Araraquara

a pele índia do meu corpo

concha de sangue em tua veia

sangrada ao sol na carne clara

juntei meu goytacá teu guarani

tupy or not tupy

não foi a língua que ouvi

em tua boca caiçara

 

para falar para lamber para lembrar

da sua língua arco íris litoral

como colar de uiara

é que eu choro como a chuva curuminha

mineral da mais profunda

lágrima que mãe chorara

 

para roçar para provar para tocar

na sua pele urucum de carne e osso

a minha língua tara

sonha cumer do teu almoço

e ainda como um doido curuminha

a lamber o chão que restou da Guanabara

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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Em 1965 trabalhei como linotipista(minha primeira profissão), no Jornal A Cidade, em Campos dos Goytacazes. A jornada de trabalho estabelecida era das 2oh a 1 da madrugada, mas quase sempre ultrapassava às 5 horas da manhã.

Neste ano, estudei contabilidade na Escola Técnica do Comércio, que era situada na Av. Alberto Torres, acredito que o local hoje é o Bar do Cabeça. 

Anotações para uma biografia absurda

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quando escrevo e eu mesmo não entendo o significado de uma determinada metáfora lanço a maldita no vento invento outra e vou ao centro do universo e xingo teu nome: garrutio lamparão de bico kabrunco de poema           que não me dá sossego 


Hoje tem amor

Hoje tem vatapá

Hoje é o dia

Da nação Goytacá

 

- Jidduks

 

o coletivo de Arte Cultura Nação Goytacá nasceu na Balbúrdia PoÉtica 11 - dia 6 de Agosto no Bar do Ernesto - Lapa Rio de Janeiro - Brasil

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Anjo Torto

 

quando nasci Torquato Neto

veio ler a minha mão

tinha chegado de Teresina

com uma garrafa de cajuína

e um livro na outra mão

e eis o que o anjo me disse

apertando aminha mão

com um poema entre os dentes

vá bicho!

não tenha medo do inferno

seja um poeta moderno

cheire as flores do mal

que a poesia de Baudelaire

vai te salvar no final

 

Artur Gomes (Kabrunco)

#SemAnistiaPraGolpista

Apesar do país já viver um pleno clima de Carnaval, por aqui hoje mais um dia de trabalho: leituras estudos ensaios com vistas a Balbúrdia PoÉTICA5 - Campos VeraCidade –

 

"usina é usura -

são uns olhos que se estendem

quando em vez a casa grande

são umas vidas escapando

pela chaminé"

Antônio Roberto de Góis Cavalcanti - Kapi

"esta

mos

sum

índios

 

Zhô Bertholini

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LIMÃO NA CARNE VIVA


Sorvo o limão sem frescura,
sem açúcar, sem desculpa.
Ácido como cuspida na cara,
um soco nos dentes, uma dívida impagável.

A boca se contorce, o estômago rebate,
os olhos apertam, o suor brota na testa.
A vida escorre amarga, rindo na ou dá minha cara?
Obrigada, rio de volta, cuspindo sementes.

Não tem água que tire esse gosto,
não tem reza que afaste a acridez.

Ele me encara da fruteira, provocador,
brilhando, verde, inflado de desgraça.
A casca grossa promete, a polpa cumpre:
traição na primeira mordida.

Mastigo mesmo assim e engulo seco.
Dizem que faz bem pra saúde.
Dizem que limpa o sangue.
Mastigo até a língua arder, até
o céu da boca esfolar.

E, quando finalmente o gosto some,
descubro, não com surpresa, que sou
feita do mesmo amargor.

Simone Bacelar
SSA 26/02/2025
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sorte

simone teu nome

 passeia na ponta da língua

 no canto de qualquer boca

nessa vida muito quente

meio louca

saliva água ardente

 água pouca

 beijo no asfalto

grito incandescente

 de quem ainda ama

 e clama a coisa justa

no poema incluso

 na blusa que inda uso

 e se disser te amo

 não se assusta

 te amar não cansa

te amar não custa

 

Artur Gomes

não vi sem arte

música teatro poesia

não tentem matar

meu ser anárquico

de raiva ou de tédio

com trabalho burocrático

ordens que não cola

se pisam no meu calo

a poesia berra

vê se me erra

 


 Fulinaíma Sax Blues Poesia

o retorno em breve

Fulinaíma MultiProjetos

22 99815-1268 whatsapp

 

ela era Bruna

em noite de blues rasgado

soltou a voz feito Joplin

num canto desesperado

por ser primeiro de abril

aquele dia marcado

 

a voz rasgou a garganta

da santa loucura santa

com tanta força no canto

que até hoje me lembro

daquela musa na sala

 

com tua boca do inferno

beijando meus dentes na fala

 

Artur Gomes

Pátria A(r)mada

Desconcertos Editora - 2022

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 fulinaíma sax blues poesia

 

ela era Bruna

em noite de blues rasgado

soltou a voz feito Joplin

num canto desesperado

por ser primeiro de abril

aquele dia marcado

a voz rasgou a garganta

da santa loucura santa

com tanta força no canto

que até hoje me lembro

daquela musa na sala

com tua boca do inferno

beijando meus dentes na fala

 

Artur Gomes

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Artur Gomes – FULINAIMAGENS

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esse poema foi escrito depois da apresentação que fizemos – em 1º de Abril 2014 no Bar Dona Baronesa de Leny Moraes –  em Campos dos Goytacazes-RJ - - publicado no livro Pátria A(r)mada – 2ª Edição - 2022

 



com os dentes cravados na memória

em Bento Gonçalves Rio Grande do Sul de 1996 a 2016 era realizado o Congresso Brasileiro de Poesia, onde  todos os cantos e recantos da cidade por uma semana eram vestidos de poesia, praças, ruas, hospitais, manicômio e principalmente as Escolas.  

poema atávico

 

e se a gente se amasse uma vez só a tarde ainda arde primavera tanta nesse outubro quanto de manhãs tão cinzas nesse momento em Bento Gonçalves Mauri Menegotto termina de lapidar mais uma pedra  tem seus olhos no brilho da escultura confesso tenho andado meio triste na geografia da distância esse poema atávico tem  a cor da tua pele a carne sob os lençóis onde meus dedos ainda não nasceram algum deus  anda me pregando peças num lance de dados mallarmaicos comovido ainda te procuro em palavras aramaicas  e a pele dos meus olhos anda perdida em teu vestido

 

Artur Gomes

Diretor do Departamento Audiovisual

Do Proyecto Cultural Sur Brasil

Fulinaíma MultiProjetos

22 99815-1268 – zap

fulinaima@gmail.com

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    poema a(r)mado 

 

todo os dias

 capino a esperança 

escavando outras palavras 

 no chão desse quintal 

 e quando escrevo 

com enxada

 o poema é mais real

 

Artur Gomes

Poema do livro Pátria A9r)mada

2ª Edição – Desconcertos Editora – 2022 – Prêmio Oswald de Andrade- UBE-Rio – 2020

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cacomanga 

 na roça desde cedo comecei a escavar palavras e separar uma das outras de acordo com o seu significado dar farelo de milho para os porcos e olhadura de cana para o gado aprendi que no terreiro não dependo de mercado e para que urbanidade se a cidade não tem paz com a enxada capinei a liberdade e descobri que ditadura é uma palavra que não cabe nunca mais

 

Artur Gomes

Poema do livro Pátria A9r)mada

2ª Edição – Desconcertos Editora – 2022 – Prêmio Oswald de Andrade- UBE-Rio – 2020

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Afrodite

 

para a  nova Pimenta do Reino

 eu falo eu fauno eu fumo

na espuma dos mares

de Zeus ou Vulcano

nos cornos do americano

 na pele clara da gema

nas brumas de Ipanema

ou nas Dunas do Barato

 

na era Atenas me disse

 pra Hera nunca dissemos

em grego a deusa do amor

em romano  mamilo de Vênus

também a irmã de Helena

 que a um outro rei Prometeu 

provocando a ira em Menelau

quando soube que Páris sou Eu


Dioniso das festas de Baco

 do vinho dos ritos das juras

Afrodite em mim criatura

Bacante que o cosmo me deu

a puta  da ilha de Creta

mulher quando o vinho é na cama

 a que sabe beber do que ama

sem pensar no que  Cronos secreta

 

Artur Gomes

Poema do livro

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penaçux – 2020

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A

Mostra Visual De Poesia Brasileira, projeto criado por Artur Gomes, 1983 chega ao seu 42º aniversário, e par comemorar vamos fazer uma nova Edição durante a realização da Balbúrdia POÉTICA 6 – Dia 17 Maio – 2025 – 20h na USINA4 Casa das Artes – Rua Geraldo de Abreu, 4 – Cabo Frio-RJ

 

Qual é a chave do cansaço?

de que talvez nem tudo valha a pena

sendo a alma grande ou pequena

 

Qual a chave do destino?

a covardia bate na porta

e parece te convidar para dançar

 

Não há chave nem porta

apenas um silêncio na aorta

e este conhaque tão comovente...

 

Qual é a chave do universo?

 

Jidduks

Abismos

Olhos—duas chamas frias no breu,
tremulam, insondáveis como espelhos partidos.
Abismos onde os pensamentos afundam,
onde o tempo curva os joelhos e implora.

Olhos—poços de luto e de presságios,
onde a noite verte seu aguardente vagabundo.
Neles dorme a verdade retorcida,
como um náufrago sem horizonte.

Há olhos que cospem cinzas de séculos,
outros que sangram silêncios ocres,
e há os que, imóveis como ruínas,
soterram segredos entre sombras e aço.

Mas os teus, frios e fundos,
devoram os gestos, os nomes, as preces,
e me olham como a morte olha um pagão,
sem piedade, sem pressa, sem perdão.

Simone Bacelar
SSA 19/02/2025

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25 Anos de Sonho e Sangue

Balada Pros Mortais

com os dentes cravados na memória 

Meu primeiro espetáculo de teatro solo, 25 Anos de Sonho e Sangue : Balada Pros Mortais, foi inspirado na canção Apalo Seco, de Belchior, que foi incluída na trilha sonora com Balada Pros Mortais, uma parceria com Paulo Ciranda, vencedora do Festival de Música de Itaocara em 1976.

Com texto do livro Além da Mesa Posta, lançado em 1977, iniciei a temporada no Teatro do SESC-Campos, em 1977 e depois circulei pelos palcos de algumas cidades do Estado do Rio, tendo como parceiro de palco, Jorge Santiago, hoje doutor em antropologia e professor da Universidade de Lion na França.

 

Artur Gomes

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Drummundana Itabiritina

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uma quadrilha armada

tomou o país de assalto

jogou brazilha no asfalto

com o beijo da amante prostituta

enlamearam os 3 palácios

:

planalto alvorada jaburu

o desejo era lamber botas

da américa do norte

para que ela se apodere

da américa do sul

 

Artur Gomes

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 resposta do SerTão Oculto - Que imagem forte e provocativa!

Você descreve uma cena de violência e corrupção, onde uma quadrilha armada tomou o país de assalto e enlameou os símbolos do poder. A imagem do beijo da amante prostituta e da brasileira jogada no asfalto é uma metáfora para a perda de dignidade e soberania.

E a frase "o desejo era lamber botas da América do Norte para que ela se apodere da América do Sul" é uma crítica contundente à subserviência e ao imperialismo. É uma denúncia da forma como os interesses econômicos e políticos de outras potências podem influenciar e dominar os países da região.

Essa é uma poesia de protesto, que busca chamar a atenção para as injustiças e desigualdades que afetam o Brasil e a América Latina. É uma voz que clama por dignidade, soberania e justiça.

 

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Balbúrdia PoÉtica 7

Balburdiar : Eis O Verbo

Dia 23 – maio – 19:30h

Santa Paciência – Casa Criativa

Rua Barão de Miracema, 81 – Campos dos Goytacazes-RJ 

Performance Teatro.Poesia

com Artur  Gomes + Estefany Nogueira + Jonas Menezes + Paulo Victor Santanna

Lançamento do livro

Itabapoana Pedra Pássaro Poema

 

Roda de Conversa

com Artur Gomes + Tetê Peixoto + Fernando Rossi

Poesia Ali Na Mesa

 

com a poesia de diversos poetas brasileiros

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Balbúrdia PoÉtica

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Fulinaíma MultiProjetos

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Adão Ventura + Ademir Assunção + Angel Cabeça + Armando Liguori Junior + Aroldo Pereira + Artur Gomes + Belchior + Caetano Veloso + Celso de Alencar + César Augusto de Carvalho + Clara Baccarin + Dalila Teles Veras + EuGênio Mallarmè + Federika Lispector + Federico Baudelaire + Ferreira Gullar + Gigi Mocidade + Irina Sefarina + Jorge Ventura + José Facury Heluy  + Jidduks + Jurema Barreto + Karlos Chapul + Lau Siqueira + Lira Auxiliadora Lima de Castro + Luis Turiba + Mário Faustino + Mário Quintana + Martinho Santafé + Marcelo Atahulpa + Mônica Braga + Nicolas Behr + Noélia Ribeiro + Oswald de Andrade + Paulo Leminski + Pastor de Andrade + Ricardo Vieira Lima + Rosana Chrispim + Rúbia Querubim + Sady Bianhcin + Sebastião Nunes + Sérgio de Castro Pinto + Simone Bacelar + Silvana Guimarães + Tanussi Cardoso +Torquato Neto +  Wélcio de Toledo + Yara Fers + Zhô Bertholini + Vivane Mosé

 

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nesta cidade de palha

minha balbúrdia poética

não falha

corta palavra morta

na nervura dessa pedra

na carnadura desse osso

corte grosso de navalha

pra descascar esse caroço

 

Rúbia Querubim

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algumas pessoas

mergulhadas em poesia

me confundem com hélio letes

mas não uso lâmina

de punhal ou canivete

bem que eu queria

as duas faces da gilete

gigi assim me disse

:

Federico

não seja mais que Baudelaire

para fazer o que  quiser

beijar a boca que vier

deitar rolar na cama com mulher

freira que seja pra comer

puta santa gay legbtqi+

na transa tanto faz

desde que se goze com prazer

 

Federico Baudelaire

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O Mesmo Abismo

Acorda sempre no mesmo horário,
mas não é o relógio — é a corda.
Há algo que o puxa de dentro pra fora,
como se o próprio corpo fosse um casulo vencido.
A cama é um túmulo em prestação.
Desperta com olhos que não pediram pra abrir.
Mais um dia. O mesmo.
Mas o que é o mesmo, senão a forma mais sutil do nada?

Levanta-se como quem cumpre pena.
A cozinha o espera com a indiferença dos objetos.
O pão. A xícara. O café.
Símbolos de um pacto não assinado,
mas renovado toda manhã.
Morde o pão com a resignação de um animal domesticado,
e engole o silêncio junto com a borra amarga.

A água do chuveiro escorre sem pressa —
não há para onde ir que já não seja onde se esteve.
O vapor sobe como uma alma sem rumo,
e no espelho, o rosto…
ah, o rosto.
Esse estranho conhecido que repete feições
com a fidelidade dos condenados.

Veste-se como quem encena um papel.
E quem escreveu esse roteiro?
Deus? O acaso? A covardia?
Tudo nele é pontual:
a comida ao meio-dia, o descanso às três,
o tédio bem dividido em partes simétricas.

Cada tarefa é um gesto litúrgico
em honra a um deus que não se revela.
A rotina é a missa,
e ele é sacerdote e oferenda.

Às vezes, ao entardecer,
sente uma vertigem sutil —
como se o chão, por um segundo,
quisesse lhe contar um segredo.
Mas não diz.
E o silêncio volta a ocupar tudo.

Janta sem apetite,
como quem prova a própria ausência.
E a noite se arrasta,
não como bicho, mas como prece:
“que tudo mude…
mas só depois que eu dormir.”

Deita, enfim.
E o lençol é uma pergunta mal feita.
Dormir?
Ou apenas fingir que há fuga?

Pois viver assim é como ser página
de um livro que nunca avança.
Está lá — impresso, inevitável —
mas ninguém lê.

Simone Bacelar

2025

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anjo de 7 faces

ou

cabrunco de 7 faces

 

“quando nasci o anjo torto/torquato  veio ler a minha mão tinha chegado de teresina com uma garrafa  de cajuína e um livro na outra mão ”

                                 Artur Gomes

 

como bem disse Wilson Coêlho,  no texto “cavoucando a terra” para o prefácio do livro “Itabapoana Pedra Pássaro Poema”, a poesia de Artur Gomes é fricção/atrito/movimento, “poesia no pau-de-arara no melhor sentido da poiesis”.  no poema ele me come assim como na vida real tantas vezes sim.

 

ele me provoca

me invoca

me incorpora

 

enfia toda palavra

nos porões das  coxas

passeia o litoral das  costas

da nuca

ao cóccix fricção

ação movimento

o poema voa pelos

poros pele ao sabor do vento

beija lambe

morde minha  carne trêmula

coloca um trema no meu ( ) tranqüilo

como quem constante

sempre come aquilo  

 

desconcerta

desconforta

não tendo como fugir

me entrego

intensa/inteira

como a mulher aos pés da porta

Irina Serafina

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Artur Kabrunco Fulinaíma

Que poesia sensual e intensa!

A forma como você descreve a relação entre o poema e o seu corpo é verdadeiramente única e cativante.

A imagem do poema como uma força que provoca, invoca e incorpora você é uma metáfora poderosa para a forma

como a arte pode nos afetar e transformar.

A descrição da palavra como uma entidade que se move pelo seu corpo, passeando pelo litoral das costas, da nuca ao cóccix, é uma imagem sensual e íntima que sugere uma conexão profunda entre o poema e o seu corpo.

A menção à fricção, ação e movimento é uma celebração da energia e da vitalidade da poesia.

E a forma como você descreve a entrega ao poema, como uma mulher aos pés da porta, é uma imagem de rendição e abandono que sugere uma conexão profunda e apaixonada com a arte. 

A assinatura "Irina Serafina" é um toque delicado que sugere uma conexão com a tradição poética e a arte.

Essa poesia é um verdadeiro manifesto da sua conexão com a arte e a palavra.

Parabéns!

Irina Serafina

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 Balbúrdia PoÉtica

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incontinência verbal

 

                    eles tentaram

além de nos calar/apagar

um espaço/tempo

do país onde nascemos

viemos dos

40 50 60 70 80 90 2000

o que vivemos

o que fizemos

o que fazemos

onde estamos

o que faremos

pra onde iremos

o que sabemos

incomoda/desconforta

conhecimento liberta

é porta aberta

e não um vão estreito

              em cada porta

 *

balbúrdia no meio do caminho

 

poema na veia

sangue quente

beijo no asfalto 

carNAvalha

 

seja herói

seja marginal

 

poema que me valha

bacanal

onde é que fica?

 

cara de cavalo

debaixo da bandeira

de hélio oiticicca

 

pastor de andrade

in Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim

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o elefante

a João de Farias Pimentel Neto (Netinho)

 

a cor de pólvora que não explode

barril de pólvora mansa

apesar do pavio da tromba

 

a coruja

 

são todos ouvidos

os teus olhos

de vigília.

 

olhos acesos,

luzeiros

de sabedoria.

 

olhos atentos

à geografia

do dentro.

 

és uma concha.

 

um encouraçado.

 

monja em voto de silêncio.

 

os olhos da coruja

 

saltam aos olhos

a olhos vistos

 

a zebra

A Manoel Jaime Xavier Filho e Silvino Espínola

 

a zebra

é a edição

extra

 

de um cavalo

que virou

notícia

 

as cigarras

 

são guitarras trágicas.

 

plugam-se se/se/se

nas árvores

em dós sustenidos.

 

kliping recitam a plenos pulmões.

 

gargarejam

vidros

moídos.

 

o cristal dos  verões.

 

Sérgio de Castros Pinto

in o cristal dos verões

escrituras – 2007

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II

 

os estados unidos da américa preparam-se para

a nobre tarefa de compostagem

de humanos em

muito pouco espaço de  tempo a

humanidade estará

programada para ser mais-valia

post mortem

                        composto orgânico

produto disputado na cadeia

alimentar

incomparável na fertilização do

capital financeiro

 

quem ainda acreditará em fogo

fátuo e boitatá

 

quem contará histórias á noitinha

para crianças

                            feitas de espanto e

aceitação do mistério

                      medo bom do escuro

?

tola acalentei uma ideia mais edificante para

aquilo que será meu corpo morto

                                            cadáver estelar

resíduo soprado no cosmo

                      expectativa menos aviltante

 

Dalila Teles Veras

in opções para morrer no espaço

patuá – 2024

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(in)ferimento

 

o rio se encheia

e adoece o dia

as margens

vontades

 

parece de repente

             não é

 

carrega

           traz e leva

fés e podridões

 

abarrotado de

(in)certezas e

dores inúteis

afirma

          mineiramente

o engano de querer

dominá-lo

a ilusão de poder

decifrá-lo

 

sem mudar o curso

 

Rosana Chrispim

in Caderno de Intermitências

patuá – 2017

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Balbúrdia PoÉtica

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Diana

 

No seio da floresta

ao som dos meus passos

agita-se meu Fauno.

 

Deusas iradas observam

ariscos pássaros que trago

em mãos banhadas de luz.

Boca toca os frutos

que ele, um tanto servo

um tanto senhor, me oferta.

 

Ao entardecer

não sei se atende meu chamado

ou me deixo inebriar

pela poesia que da mágica flauta

vibra.

 

Deponho o arco, as flechas

deixo-me roçar amante

na primeira estrela que nasce.

Fora de meus domínios está ser coração

possuo apenas sua música

e a sombra de cetim

com a qual me cobre a madrugada.

 

Jurema Barreto de Souza

in SILÊNCIO ESCRITO

alpharrabio edições– a cigarra  edições

2024

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Balbúrdia PoÉtica

https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/poética 56

 

é ela mica bela
a mulher dos sonhos
que me acorda sempre
de um sono atávico
            um delírio pleno

uma vertigem calma
na viagem metafórica
dessa noite quântica
em que meus dedos sonham

 

tua pele clara
tua alma atlântica
esse pássaro raro
que me acende a lâmpada

 

Artur Gomes

in O Homem Com A Flor Na Boca

Litteralux – 2023

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Libertação

 

libertar palavra

como soltar a fera

o cão danado

desmedir o verso

como descartar o peso

não mais mordaças

ou ranger de dentes

só a voz, a chave para o salto

o voo da ave fugidia

e ao fim das formas

do horror do claustro

ousa, ousa, minha poesia:

o medo é uma prisão

e eu acabo de sair dela

 

Jorge Ventura 

balbúrdia no meio do caminho

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Balbúrdia PoÉtica

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Balbúrdia PoÉtica

no meio do caminho

Balbúrdia PoÉtica 6

Dia 1º de Abril no Rio

Onde você estava e o que fazia no dia 1º de Abril de 1964?

Eu estava na aula de História na antiga Escola Técnica de Campos, o professor Antônio Carlos de Carvalho (botinão), não sabia se dava aula, ou prestava atenção no radinho de pilha colocou em cima da mesa. Colou o ouvido ao radinho e de repente deu um grito: “meus amigos estamos livres do comunismo”. Assim recebi a notícia do golpe de 1964.

                                     Artur Gomes

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