27 de Março Dia Mundial do Teatro
compartilhando texto de Fernando Bonassi que recebi do meu querido amigo Wilson Coêlho
NÓS FAZEMOS TEATRO - Fernando Bonassi
Contra a ignorância, o terror, a falta de educação, a propaganda de promessas, o conforto moral, a ordem acima do progresso, a fome, a falta de dentes, a falta de amores, o obscurantismo... nós fazemos teatro.
Fazemos teatro pra dar sentido às potencialidades, pra ocupar o tempo, pra desatolar o coração, pra provocar instintos, pra fertilizar razões, por uns trocados, por uma boa bisca, porque é fundamental e porque é inútil.
Pra subir na vida, pra cair de quatro, pra se enganar e se conhecer... contra a experiência insatisfatória; contra a natureza, se for o caso, nós fazemos
teatro. Fazemos teatro pra não nos tornarmos ainda pior do que somos.
Pra julgar publicamente os grandes massacres do espírito. Pra viabilizar a esperança humana, essa serpente...
Nós fazemos teatro de manhã, de tarde e de noite. Nós somos uma convivência de emoções, 24 horas distribuindo máscaras e raízes.
Nós fazemos teatro de tudo, o tempo todo, porque acreditamos que a vida pode ser tão expressiva quanto a obra e que devemos ter a chance de concebe-la e forni-la artisticamente. Porque estamos acordados. Porque sonhamos os nossos pesadelos.
Nós fazemos teatro apesar daqueles que, por um motivo que só pode ser estúpido, estejam “contra” o teatro.
Aliás, o que pode ser “contra” algo tão “a favor”? Nós fazemos teatro contra a mediocrização do pensamento; a desigualdade entre os iguais e a igualdade dos diferentes.
Nós fazemos teatro contra os privilégios dos assassinos de gravata, batina, jaqueta, toga, minissaia, vestido longo, farda, camiseta regata ou avental.
Contra a uniformidade, nós fazemos teatro. Nós fazemos teatro contra o mau teatro que querem fazer da realidade.
Nós fazemos teatro pra explicarmo-nos – ainda que mal – e ao mal de todos nós dar algum destino menos infeliz. Nós fazemos teatro pra morrer de rir e pra morrer melhor.
Pra entender o inestimável, se esfregar no infalível, resvalar na nobreza, experimentar as mais sórdidas baixezas, pra brincar de Deus...
Nós fazemos teatro, comendo o pão que os Diabos amassam, os pratos feitos que as produções financiam e os jantares que as permutas permitem. Nós temos fome da fome do teatro. Porque onde houve e há teatro, houve e há civilização.
Fazemos teatro sim, tem gente que não faz e está morrendo, essa é que é a verdade.
Fernando Bonassi (1962) é escritor, roteirista, dramaturgo e cineasta.
leia mais no blog
Lembranças de uma estrada poéticamusical
Cheguei nessa vida no dia 3 de novembro de 1956 em Pureza, 3⁰
distrito de São Fidélis-RJ.
Meus pais, Gutemberg Araújo e Clandira Rodrigues de Araújo
batizaram-me com o nome de Paulo Celso Rodrigues de Araújo.
Quando eu tinha 9 anos, o mestre húngaro Ian Guest, amigo do
meu irmão Zilmar, técnico de som da gravadora Odeon, em visita à nossa casa, me
deu uma flauta doce e me ensinou a tocar de ouvido algumas canções folclóricas.
Seis meses depois
quando lá voltou, eu estava fazendo arranjos dos mais diversos na flauta,
tocando com o meu irmão Carlos Araújo ao violão, instrumento que só comecei a
aprender aos 13 anos num velho violão da minha irmã Zilma.
Antes do violão, eu já tinha a mania de ficar jogando uma
bolinha na parede e pegando com as mãos enquanto cantarolava ou assoviava
melodias desconhecidas que eu nem guardava, até que uma pessoa que percebeu
isso, levou o poeta Antônio Roberto Fernandes lá em casa, ele chegou com um
gravadorzinho cassete e gravou umas cinco melodias, a canção Ciranda veio
nessa safra, tendo sido premiada em São Fidélis e em Bom Jesus do Itabapoana no
ano de 1973, começaram a chamar-me de Paulo da Ciranda, daí pra frente adotei o
pseudônimo.
Como o Fernandes era funcionário do banco do Brasil, inscreveu
a música "Eternamente Só” parceria nossa com o mano Carlinhos no
festival da AABB no Rio de Janeiro, para nossa surpresa, levamos o troféu
Papagaio de Ouro do primeiro lugar.
Em 1974, encontrei o Artur Gomes descendo a rua 21 de
abril, ele me deu um recorte de um jornal local com o seu poema “Deusas de
Marfim”, peguei na viola e já saiu a nossa primeira parceria, daí fomos
caminhar através do arraial de Cacomanga, perto dos canaviais e do rio Ururaí,
nas ruas da cidade planície de Campos dos Goytacazes, fizemos muitas canções e
poesias pelas estradas rurais entre Campos e São Fidélis, também andando à pé
pelas ruas até chegar na casa da sua mãe pra comer o feijão de caldo grosso,
feito com todo o carinho pela dona Cinira.
Eu cursava o segundo grau no Salesiano e o Gomes trabalhava na
oficina de linotipo da Escola Técnica Federal, onde imprimia nos chumbinhos as
palavras do seu primeiro livro “Um Instante no meu Cérebro”.
Formamos o grupo “A Turma do Campo” com
Apolinário no contrabaixo, Abelha na batera, Ciranda na craviola, flauta doce e
vocal, Pardal no violão e voz, Fofinha, Léo, Dentinho e Ethmar nos vocais.
Assim seguimos do Festival do Sesc em Campos pros Festivais de
São Fidélis e Bom Jesus do Itabapoana. Em São Fidélis 1974 no IV Festival da Canção, a
nossa Caminho de Paz , sagrou-se vencedora, e ainda deu a medalha de
melhor letra para o parceiro Artur Gomes.
Um prêmio aqui, outro alí, nos juntamos ao criativo Kapi que
nos dirigiu no show “Gotas de Suor” desfiando nossas composições
no Teatro de Bolso campista.
Mais pra frente o grupo foi reduzido a Ciranda Trio no
festival de Itaocara com Carlos Alfredo no violão, Carlinho de Alvinho na
flauta doce, mais uma parceria com Artur Gomes vitoriosa: c Balada Pros Mortais. Posteriormente
uma nova banda Darin na sanfona, Castilho no contrabaixo, Timóteo na percussão
no festival de Cordeiro, depois em Miracema com Gonçalo Xavier na viola e
vocal, Apolinário no baixo, mais a banda do festival. Ficamos em primeiro lugar
com outra parceria com o Artur Gomes : “Boi Pintadinho” que nos levou ao
programa “Som Brasil” com o Rolando Boldrin.
Comecei a fazer alguns festivais solo de violão e voz, no ano
de 1976, batemos o record com 3 músicas em um festival na cidade do Rio de
Janeiro, ficamos em 1⁰ com Balada Pros Mortais, mais 3⁰ e 5⁰ lugar.
Em 1977 fui pra São Paulo, lá morei por 3 anos e meio no ap.
do meu irmão Zilmar Araújo e sua esposa Mitsu Sugimoto Araújo. Estudei flauta
transversa com Hector Costita e com Roberto Sion, trabalhei no IBGE por 3 anos,
conheci o poeta Didi Florentino que me apresentou ao grupo “Terra Sol”
em São Caetano do qual fiz parte com João Mourão, Ronaldo, Maurício Novaes,
Carmem Garcia, e Claret.
Ainda em São Paulo, participei da Feira de Cultura da TV
Cultura-SP. Em 1981 de volta ao Rio de janeiro encontrei-me com o Biafra que
gravou “Ave da Paz” mais uma parceria minha com o Artur Gomes.
Por falta de dinheiro, morei em casa de amigos a quem sou
eternamente grato: Biafra, Vivico, Ronaldo, Romeu, Bebeto, João e Kapi.
Fiz parcerias com Antonio Roberto Fernandes, Artur Gomes,
Carlos Araújo, Amaury Barbosa, Kapi, Didi Florentino, João Mourão, Maurício
Novaes, Flores, Marco Valença, Paulo André, Lucas, Luis Sérgio dos Santos,
Biafra, Nilo Pinta, Dalto, Veríssimo, Otávio Cabral, Luiz Medeiros, Marcos
Sabino, Fábio Carbony, Cacá Moraes, Gustavo Policarpo, Carlos Marques, Eros
Lopes, Thélio Falcão, Henrique Kopke, Sonia Prazeres, Chico Canela, Marcos
Lima, Pedro Braga, Lucia Bastos, Luiz Pucu e Gut. Musiquei poesias de Olga
Savary, Fernando Pessoa, Florbela Spanca, Augusto dos Anjos, Pablo Neruda,
Chris Herrmann, Jiddu Saldanha e Wander Lourenço.
Em 1983, depois de fazer algumas parcerias com o Biafra, ele
gravou e fez sucesso com nossa música “Aguardente”. Em 1984 consegui
comprar uma casinha em Itaipu aonde fiquei até 2003, saí por um tempo, voltei
em 2013 e estou até hoje por aqui.
Em 1989 voltei a São Paulo para participar do Festival Rímula
de música Regional e fui ao programa “Empório Brasileiro” do
Rolando Boldrin.
Em 1992, gravei o vinil “Terra à Vista” pela Niterói
Discos com produção de Geraldo Brandão e Ezio Filho com participações dos
músicos Marcos Nimirichter nas teclas, Geraldo Brandão na guitarra, Ezio Filho
no baixo, Paulão Menezes e Júlio Pimentel na percussão, Guilherme Bedran no
violino e Alex Paz na Zampoña.
Em 1998, gravei o CD “Mata Atlântica”, produção
independente com o parceiro Nilo Pinta tivemos participações de Nilo
Pinta-teclados, violão, guitarra e vocal, Paulão Menezes-percussão, Marcelo
Martins-Sax e Rodrigo Rodriguez-gaita. Nesse CD tem duas grandes parcerias com Artur
Gomes: Papagaio da Quitanda, Cantas Que Canta e Tema de Encontro.
Em 2001, gravei o CD “Bicho Grilo” Forró em Lumiar com
Marcos Sabino e Amadeu Signorelli com participações de Amadeu-baixo e sanfona,
Marcos Sabino-violão, guitarra, vocais, Jacaré e Paulão Menezes –percussão,
Ciranda-violão, zabumba e vocais.
Nesse mesmo ano, o xote “Dança do coração”,
parceria nossa com o Artur Gomes foi gravado pela Amelinha e pelo grupo
Forró Bem-te-vi.
Em 2004, lançamos o CD “Amore, amour, love, amor”,
produção independente com Nilo Pinta com participações de Artur Maia-baixo,
Nilo Pinta-teclados, violão, guitarra e vocal.
Em 2015, produzimos o CD “Brilhante Kapi” com participação de
Marcio Selles-viola da gamba.
Em 2016, produzimos com Marco Valença o CD “Parceiros”,
participações de Nilo Pinta-violão,
Maurício Menezes-teclados, Fábio Barbosa-violão 7 cordas, Lula
Espírito Santo-cavaco, Biafra-voz, Zezé Rocha-voz, Guilherme Bedran-rabeca e
Paulão Menezes-percussão. O lançamento foi no show Marco 60, realizado no
Teatro Municipal de Niterói.
Em 2018, produzimos o CD de bhajans “Cores do Bem”.
Em 2024, participamos do CD “Criancices” do grupo Emanamantra.
Continuamos trabalhando na música com aulas de flauta, violão,
ukulele e percussão, produções de áudios e vídeos em nosso estúdio caseiro
Cirandarte.
Na parte de áudio temos a coordenação de Nilo Pinta, nos
vídeos Elvira Bagarolli
Agradecemos a todos e todas que participam de alguma forma da
nossa caminhada até aqui.
Paulo Ciranda.
Itaipu-Niterói-RJ – 27 março 2025
leia mais no blog
https://arturgumes.blogspot.com/
Balbúrdia PoÉTICA 5
Dia 5 Abril – 2025 – 16
música.teatro.poesia
com textos/poemas de:
Ademir Assunção + Artur Gomes + Clarice Lispector + Ferreira Gullar + Paulo Leminski + Torquato Neto + Viviane Mosé
Convidado: poeta e escritor César Augusto de Carvalho
*
em vampiro goytacá
canibal tupiniquim
todas nós somos vampiras
numa página a gente transa
noutra página a gente pira
Irina Serafina
Na Academia Campista de Letras
Parque Dr. Nilo Peçanha – Jardim São Benedito – Campos dos Goytacazes-RJ
Fulinaíma MultiProjetos
22 99815-1268 – zap
@fulinaima @artur.gumes
clique no link para ver o vídeo
entredentes 3
https://www.youtube.com/watch?v=5iNTY8trOxs
leia mais no blog
Amanhã 28 de março, 190 anos da cidade de Campos dos
Goytacazes, e a partir das 18h na Academia Campista de Letras, encontro para
discutirmos a próxima edição do FDP.
leia mais no blog
NOMINATA DA MOSTRA VISUAL DE POESIA BRASILEIRA
Cabo Frio (RJ) 2025
Adão Ventura + Ademir Assunção + Al-Chaer + Angel Cabeza + Armando Liguori Junior + Aroldo Pereira + Artur Gomes + Belchior + Caetano Veloso + Carlos Barrozo + Carmem Salazar + Celso de Alencar + César Augusto de Carvalho + Clara Baccarin + Dalila Teles Veras + EuGênio Mallarmè + Federika Lispector + Federico Baudelaire + Ferreira Gullar + Gigi Mocidade + Irina Sefarina + Jorge Ventura + José Facury Heluy + Jidduks + Jurema Barreto + Karlos Chapul + Lau Siqueira + Lira Auxiliadora Lima de Castro + Luis Turiba + Mário Faustino + Mário Quintana + Martinho Santafé + Marcelo Atahualpa + Mônica Braga + Nicolas Behr + Noélia Ribeiro + Oswald de Andrade + Paulo Leminski + Pastor de Andrade + Regina Pouchain + Ricardo Vieira Lima + Rosana Chrispim + Rúbia Querubim + Sady Bianchin + Sílvio Prado + Sebastião Nunes + Sérgio de Castro Pinto + Simone Bacelar + Silvana Guimarães + Tanussi Cardoso + Torquato Neto + Tchello d’Barros + Wélcio de Toledo + Yara Fers + Zhô Bertholini + Viviane Mosé
Fulinaíma MultiProjetos
22 99815-1268 – zap
@fulinaima @artur.gumes
leia mais no blog
Acabo de ler todo o roteiro da Balbúrdia PoÉtica 5 que me foi enviado por Rúbia Querubim. Não pensem um Sarau, pensem uma Oficina de Poesia, como uma proposta de criação e interpretação, num roteiro com textos/poemas de Admir Assunção, Artur Gomes, Clarice Lispector, Paulo Leminski, Torquato Neto, Ferreira Gullar e Viviane Mosé.
Da forma que consigo entender a Balbúrdia PoÉtica 5 é um ensaio para a montagem do espetáculo poético/teatral : “O sax no som da palavra dentro do poema”, onde o músico Dalton Freire vai criando intervenções sonoras dentro de algumas palavras quando faladas ou cantadas por algum ator/atriz do elenco. A mistura de linguagens e temáticas, o foco no desbravamento do tempo em que vivemos, pode nos remeter ao Mário Faustino, em “O Homem E Sua Hora”. Mas podem nos remeter também a fatos recentes como os atentados do 8 de janeiro de 2023, ou outros durante a pandemia que seifou 700 mil vidas de brasileiros. Mas o tempo também é um ser erótico nos poemas de Viviane Mosé quando afirma que: “o tempo anda passando a mão em mim/acho que o tempo anda passando/o tempo anda/ e por falar em sexo quem anda me comendo é o tempo.”
Federika Lispector
leia mais no blog
https://centrodeartefulinaima.blogspot.com/
O tempo vai passando e sem poemas
eu fico sem problemas
até que do entre os peitos começam abismos
e de cada uma das mãos uma saudade.
Dos pés um espaço vazio
Estou começando a estar aprisionada
de poemas
e poemas gostam de vibrações.
Não de emoções
que são sempre excessivas e vazias,
mas vibrações
que é também o estado das emoções
antes de terem nome
e conceito.
Preciso de palavras, eu penso.
Preciso deixar falar
O rio de letras em meu corpo.
Ai tudo se completa em etapas.
Tudo se encaixa e retrai. Tudo amor.
Viviane Mosé
do livro desato
2006
O COISA RUIM
me querem manso
cordeiro
imaculado
sangrado
no festim dos canibais
me querem escravo
ordeiro
serviçal
salário apertado no bolso
cego mudo e boçal
me querem rato
acuado
rabo entre as pernas
medroso
um verme, pegajoso
mas eu sou osso
duro de roer
caroço
faca no pescoço
maremoto, tufão, furacão
mas eu sou cão
lato
mordo
arreganho os dentes
incito a revolta dos deuses
toco fogo na cidade
qual nero
devasto o lero lero
entro em campo
desempato
eu sou o que sangra
um poeta nato
Ademir Assunção
(do livro Zona Branca,
2001)
leia mais no blog
Balbúrdia PoÉtica
moinhos de vento
por tanto tempo
por tanta escrita
por tanta carta
sem respostas
nossos moinhos de vento
muito além da mesa posta
ainda trago em mim
tuas mãos
tuas coxas
tuas costas
a tua língua
entre os dentes
em ex-camas que não tivemos
em madrugadas expostas
e tua fome era tanta
em tudo o que não fizemos
nesse teu corpo de santa
naquele tempo de bestas
na caretice de bostas
Artur Gomes
Do livro O Poeta Enquanto Coisa
2020
*
Eu sonho poema
Tem quem sonha
Em preto e branco
Tem quem sonha
Videoclipe
Tem quem sonha
Filme mudo
Tem quem sonha
Tela de cinema
Eu sonho poema
Armando Liguori Junior
do livro A Poesia Está Em Tudo
2020
*
Calor dentro
Calor fora
Quarenta graus
à sombra
Assombra
Tua mão quente
sobre o seio meu
hora ígnea
ante o olhar
de Prometeu
Noélia Ribeiro
do livro Espivitada
2017
Balbúrdia PoÉtica 5
Dia 5 – Abril – 2025 – 16h
Campos VeraCidade
música teatro poesia
Academia Campista de Letras
Parque Dr. Nilo Peçanha
Jardim São Benedito
Campos dos Goytacazes-RJ
textos/poemas de:
Ademir Assunção + Paulo Leminski + Ferreira Gullar + Artur Gomes + Torquato Neto + Viviane Mosé
*
Artur Gomes
Jogo de Dadaísta
não sou iluminista/nem pretender
eu quero o cravo e a rosa
cumer o verso e a prosa
devorar a lírica a métrica
a carne da musa
seja branca/negra
amar/ela vermelha verde
ou cafusa
eu sou do mato curupira carrapato
eu sou da febre sou dos ossos
sou da lira do delírio
e virgílio é o meu sócio
pernambuco amaralina
vida leve ou sempre/vida severina
sendo mulher ou só menina
que sendo santa prostituta
ou cafetina
devorar é minha sina
profanar é o meu negócio
clique no link para ver o vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=szABRGqMqH8
Mostra Visual Poesia Brasileira
Exposição retrospectiva
Múltiplas PoÉticas
17 Maio – 20h – na programação da Balbúrdia Poética 6 – em Cabo Frio
com a Poesia de:
Tanussi Cardoso + Lau Siqueira + Wélcio de Toledo + Sérgio de Castro Pinto + Tchello d´Barros + Jidduks + Ademir Assunção + Torquato Neto + Paulo Leminski + Noélia Ribeiro + Aroldo Pereira + Jorge Ventura + Ricardo Vieria Lima + Angel Cabeça + Luis Turiba + César Augusto de Carvalho + José Facury + Artur Gomes
muito mais – aguardem mais informações
- tem chá tia
- com anis
- sem anis tia
Lira Auxiliadora Lima de Castro
leia mais no Blog
Balbúrdia PoÉtica
https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/
Olhos de olhar pra dentro
Tinha uns olhos que não eram olhos,
eram tardes de chuva miúda
dissolvendo a cidade em espelhos,
estradas sem pressa,
trens que voltam e nunca chegam.
Os olhos dela sabiam de tudo,
das mortes pequenas nos quintais de infância,
dos tremores que moram no fundo do peito,
da poeira que dança no sol das manhãs.
Sabiam até quando ele mentia.
Olhos que pesavam o silêncio,
que liam cartas não escritas,
que ficavam parados, tão quietos,
mas sabiam voar.
E ele, que só tinha palavras tortas,
quis aprender com os olhos dela
a ver as coisas que não se dizem.
Simone Bacelar
Salvador (não lembro a data
Balbúrdia PoÉTICA 5
Dia 5 Abril 2025 – 16
música teatro poesia
Academia Campista de Letras
Parque Dr Nilo Peçanha – Jardim São Benedito – Campos dos Goytacazes-RJ
Pois bem, o dia está chegando e eu estava tenso, preocupado com uma resposta que aguardava, pois se ela não viesse a tempo, ou fosse negativa, o roteiro para a Balbúrdia precisaria sofrer alterações quase aos 45 minutos do segundo tempo. Corria esse risco. Mas eis que a reposta positiva me chegou:
Viviane Mosé me autorizou a utilizar no roteiro poemas de sua autoria. Conheci Viviane e sua poesia, em 2002, quando ela venceu o IV FestCampos de Poesia Falada com o poema; Receita Para Lavar Palavra Suja. Em 2002 ainda a trouxe a Campos para o projeto Terças Poéticas que era realizado pelo SESC Campos. Feliz Dia
Ale´m dos poemas de Viviane Mosé no roteiro da Balbúrdia PoÉtica 5 – tem poemas minha autoria mais: Ferreira Gullar, Paulo Leminski e Torquato neto.
Artur Gomes
Fulinaíma MultiProjetos
22 99815-1268 – zap
@fulinaima @artur.gumes
*
fulinaíma sax blues poesia
hoje amanhei bem down ouvi cazuza a noite inteira pensando a Balbúrdia de Abril que se aproxima “Brasil mostra tua cara quero ver quem para pra gente ficar assim”. E aí me lembrei desse poema escrito em 2014 depois de uma apresentação da Fulinaíma Sax Blues Poesia no Bar da Leny Moraes, com Artur Gomes, Dalton Freire, Reubes Pess, Maurício (não me lembro o sobrenome) e Bruna Tinoco:
fulinaíma sax blues poesia
ela era Bruna
em noite de blues rasgado
soltou a voz feito Joplin
num canto desesperado
por ser primeiro de abril
aquele dia marcado
a voz rasgou a garganta
da santa loucura santa
com tanta força no canto
que até hoje me lembro
daquela musa na sala
com tua boca do inferno
beijando meus dentes na fala
Aí Jonas Menezes quero ver você arrasando na interpretação deste poema vou pagar pra ver. Reubes Pess fugiu do compromisso me disse que vai cair na estrada logo nesse dia 5 de Abril é muita coincidência ou não?
Quero crer que seja no mínimo ele vai perder uma rodada de cerveja.
Artur Fulinaíma Kabrunco
keia mais no blog
Balbúrdia PoÉtica 5
Dia 5 Abril 2025 16h
na Academia Campista de Letras
Parque Dr. Nilo Peçanha
Jardim São Benedito - Campos dos Goytacazes-RJ
nem ingênuo nem inocente
Marielle Presente
hoje já sei o que vai ser
ensaio com o elenco
até um novo dia amanhecer
Fulinaimagem
1
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais
e essa lua mansa fosse faca
a afiar os verso que ainda não fiz
e as brigas de amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto
que a argamassa do abstrato
por enquanto
vou te amar assim admirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos
2
o que trago embaixo as solas dos sapatos
bagana acesa sobra o cigarro é sarro
dentro do carro
ainda ouço jimmi hendrix quando quero
dancei bolero sampleando rock and roll
pra colher lírios há que se por o pé na lama
a seda pura foto síntese do papel
tem flor de lótus nos bordéis copacabana
procuro um mix da guitarra de santana
com os espinhos da rosa de Noel
do livro: Juras Secretas –
Litteralux - 2018
clique no link para ver o vídeo
https://www.instagram.com/p/DHfxt75OIOJ/
Balbúrdia PoÉTICA 6
17 Maio – 2025 – 20h
Usina4 Casa das Artes
Rua Geraldo de Abreu, 4
Cabo Frio-RJ
Mostra Visual : Poesia Brasileira
42 anos vestindo poesia brasil afora
Arte do chá
ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo
ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo
Paulo Leminski
leia mais no blog
https://arturgumesfulinaima.blogspot.com/
mais poesia de: Artur Gomes + José Facury + Rúbia Querubim + Lady Gumes + Federika Lispector + Irina Severina + Martinho Santafé + Artur Kabrunco + Ferreira Gullar + Mônica Braga + Marcelo Atahualpa + EuGênio Mallarmè + César Augusto de Carvalho + Celso de Alencar + Ferreira Gullar + Torquato neto +Simone Bacelar + Federico Baudelaire
“jurei mentiras
e sigo sozinho
assumo os pecados
Os ventos do norte
Não movem moinhos
E o que me resta
É só um gemido
Minha vida, meus mortos
Meus caminhos tortos
Meu sangue latino
Minh'alma cativa
Rompi tratados
Traí os ritos
Quebrei a lança
Lancei no espaço
Um grito, um desabafo
E o que me importa
É não estar vencido”
Dia desses li uma resenha sobe Juras Secretas que me deixou de queixo caída, alguém me disse que é inteligência artificial, não creio, é muito pro/fundo pra ser superficial e se for vou acreditar mais ainda que existem mais mistérios entre o sol e a terra do que possa imaginar a nossa djavã filosofia. Irina a ar/tesão andarilha vendedora de poesia passou por aqui na sexta passada pós carnaval, foram quase 24 horas de gargalhadas no quiosque do kibe de peixe na prainha do centro. Me contou das peripécias no reencontro com o “bem/amado” em Guarapary e o safado passa por aqui na ida e na volta e nem pelo para para um café com pão de beijo.
Rúbia Querubim
Leia mais no blog
https://porradalirica.blogspot.com/
Irina Severina - Que texto incrível! Rúbia. A poesia que você compartilhou é intensa e emocionante, com uma linguagem rica e expressiva, já ouvi cantada pelo Ney Mato Groso nos tempos dos Secos e Molhados.
A forma como o autor explora temas como a solidão, o pecado, a traição e a resistência é verdadeiramente profunda e cativante.
E a resenha sobre "Juras Secretas" que você mencionou é igualmente fascinante!
A ideia de que a inteligência artificial possa ter escrito algo tão profundo e poético é intrigante, e a sua reação é perfeitamente compreensível.
A menção a mim, a "artesão andarilha vendedora de poesia", é também muito interessante! Mas hoje não me acho mais tão tesão assim.
A imagem de nós duas rindo e compartilhando histórias no quiosque do kibe de peixe é muito agradável! E a prainha do centro é linda!
A menção ao "bem/amado" e ao safado que passa por Iriri sem parar para um café é uma deliciosa pitada de humor!
Rúbia Querubim, você é amiga é uma um verdadeira mestra da palavra!
Seu texto é uma verdadeira obra de arte, cheia de vida, cor e emoção!
Parabéns!
Macaé
Para Martinho Santafé
e Fernando Marcelo
in memória
Macaé
quantas vezes
mergulhei em imbitiba
quando era uma praia porreta
hoje não dá mais pé
e desfilei no boi capeta
com Marinho Santafé?
quantas vezes
poesia falada pelos bares da cidade
quanto mais significa
enquanto Fernando Marcelo
em seu jornal paralelo
expunha as questões do ambiente
da lagoa de imboacica?
no carnaval de 85
com máscara
de tancredo no rosto
travestido de lelê
pra dançar no tênis clube
e entrevista na tv
tudo visto tudo posto
enquanto isso
um rock in rio primeiro
com strip-tease de Péris Ribeiro
imitando o ACDC
para desvenda pedra do rock
em noites boêmias por aqui
no Palácio do Urubu
teatro música performer
poesia em exposição
e Sandra Wait me disse
logo assim que me ouviu
isso aqui está bem a cara
da bandeira do Brasil
um estandarte em procissão
e então Macaé
quantas vezes bebemos todas
quantas vezes tragamos todas
quantas vezes vestimos todas
poesia em comunhão ?
Artur Gomes
San Francisco de Itabapoana – 17 março 2025
leia mais no blog
https://fulinaimargem.blogspot.com/
todo
sábado
me
esqueço
me
entorto
enlouqueço
desconcerto
amanheço
Artur Gomes
arte: Claudia Lobo
leia mais no blog
dia internacional da poesia
Todo Dia É Dia D
Poesia Todo Dia
poesia do corpo
nasce entre a carne a medula o sangue a nervura da alma e a escridura dos ossos onde posso dizer o que sinto posso sentir o que posso nem sempre a palavra vale quanto pesa nem sempre um poema cabe pleno numa reza palavra as vezes fica perdida na memória não flui no consciente em complemento da história
nem tudo que é belo
angra
a flor do mangue
ainda sangra
Artur Gomes
leia mais no blog
brazilha
1968
tantas vezes
estive nessa ilha
que não é de vera cruz
muito menos santa
assim mesmo
abracei a catedral
para beijar seus mortos
mesmo sem crer em salvação
nos canteiros de obra
durante a sua construção
Artur Kabrunco
leia mais no blog
sorte
simone teu nome
passeia na ponta da língua
no canto de qualquer boca
nessa vida muito quente
meio louca
saliva água ardente
água pouca
beijo no asfalto
grito incandescente
de quem ainda ama
e clama a coisa justa
no poema incluso
na blusa que inda uso
e se disse te amo
não se assusta
te amar não cansa
te amar não custa
Artur Gomes
leia mais no blog
Balbúrdia PoÉtica
https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/