No próximo dia 23 às 16:hs à convite da minha amiga Renata
Barcellos BarcellArtes estaremos nessa live em homenagem a memória de
Antônio Cícero
https://www.youtube.com/live/ed5vFBpRtdQ?feature=shared
DIAMANTE
O amor seria fogo ou ar
em movimento, chama ao vento;
e no entanto é tão duro amar
este amor que o seu elemento
deve ser terra: diamante,
já que dura e fura e tortura
e fica tanto mais brilhante
quanto mais se atrita, e fulgura,
ao que parece, para sempre:
e às vezes volta a ser carvão
a rutilar incandescente
onde é mais funda a escuridão;
e volta indecente esplendor
e loucura e tesão e dor.
Guardar:
“Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não / se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a
coisa à vista. / Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la,
isto / é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. / Guardar uma coisa é vigiá-la,
isto é, fazer vigília por ela, isto é, / velar por ela, isto é, estar acordado
por ela, isto é, estar por ela / ou ser por ela. / Por isso melhor se guarda o
voo de um pássaro / Do que pássaros sem voos. / Por isso se escreve, por isso
se diz, por isso se publica, por isso se / declara e declama um poema: / Para
guardá-lo: / Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda: / Guarde o que
quer que guarda um poema: / Por isso o lance do poema: / Por guardar-se o que
se quer guardar.”
“O FIM DA VIDA
Conhece da humana lida
a sorte:
O único fim da vida
é a morte
e não há, depois da morte,
mais nada.
Eis o que torna esta vida
sagrada:
Ela é tudo e o resto, nada.”
Antônio Cícero
INVERNO
Antônio Cícero musicado e gravado por Adriana Calcanhoto
No dia em que fui mais feliz
Eu vi um avião
Se espelhar no seu olhar até sumir
De lá pra cá não sei
Caminho ao longo do canal
Faço longas cartas pra ninguém
E o inverno no Leblon é quase glacial
Há algo que jamais se esclareceu
Onde foi exatamente que larguei
Naquele dia mesmo
O leão que sempre cavalguei
Lá mesmo esqueci que o destino
Sempre me quis só
no deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar
Não sei o que em mim
Só quer me lembrar
Que um dia o céu
reuniu-se à terra um instante por nós dois
pouco antes do ocidente se assombrar.
Antônio Cícero
leia mais no blog
https://fulinaimargem.blogspot.com/
BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas
certa vez em assombradado tive uma puta princesa do meu lado e
a puta que pariu o presidente dos mil cheques tinha feito sua cama nos telhados
da alvorada e a puta mãe depois foi descoberta vendendo alguns saquinhos de pó
branco nas estradas vermelhas do planalto central de brazilíica lá pelas bandas
da groelândia tupiniquim da bertolínia aziática onde nem pó de guaraná faz mais
efeito estava escrito num para-choque de caminhão que trafegava pela estrada na
direção transamazônica
Biúte Jóia Pereira
inquisição:
por sermos duas metáforas novas, frescas, gostosas, desoprimidas
e sem qualquer pseudo complexo de fidelidade é que estamos aqui em brazílica pereira,
por sugestão da uilcona biúka diante desta outra inquisição. não, ainda não
fomos apresentadas a lady federika bezerra. mas, a conhecemos pela sua fama internacional
de porta/bandeira. macabea não pode se sentir frustrada pela nossa decisão de
estarmos aqui neste confessionário, primeiro, porque não temos, e nunca tivemos
nenhum compromisso com ela, segundo, é que alinhamos em outra frente liberal, e
desfrutamos de todo direito de ir e vir, ter e dar prazer, gozar da forma que
melhor nos convir. sexo? é uma opção de
gosto mesmo. até no palco, por quê não? irônicas? sim, nosso mestre serAfim nos
ensinou que do sarcasmo nasce a grande arte. mas o importante é que nós como
metáforas não precisamos estar somente em entre/linhas, estamos também nas
entre/tuas entre/minhas, e não se trata de traição, procuramos fazer algo
diferente, por exemplo, do que já vimos em filmes de Godard, construídos em
larga medida só com citações e referências, apoiamo-nos nas coplagens como elementos
básicos para ultrapassá-los e transcende-los.
agimos como uma espécie de conspiradoras conscientes dos bens culturais e
materiais que nos pertencem como patrimônios da humanidade.
*
uma outra
não deveria, portanto, macabea vociferar aqui sua ira, acusando-nos
veladamente de traidoras, sem assumir de fato em atitude pública a destilação
desse veneno como palavra que não entra em cena.
as belas letras, para nós, começaram através das letras belas,
narcisas pelos próprios nomes: metáforas, e por fidelidade a federika não
traímos macabea, apenas não fazemos parte de uma mesma concepção de que a palavra
parte, e as letras que pretendemos belas não são simplesmente nossas, muito
menos dela. podemos constatar com gratidão que emergem das lendas, fábulas,
crônicas e contos, poemas de uma visão de mundo bem nítida e pessoal. talvez,
quiçá, quem sabe única reflexão de ruidurbanos, restos de gravuras e resíduos
tipográficos. ou seja: uma série de gestos amorosos, eróticos de novo, repletos
de ironias sensuais, doce fervor, fogo de malícias explosão e gozo. por sinal,
diga-se de passagem, que essas dimensões éticas, jurídico-morais, nunca nos
interessaram. nossas relações com a propriedade privada, em todas as suas
formas e cristalizações históricas,
sempre foram tranquilas e sem remorsos.
1968
Ou
: a investigação
uilcorneana
quem és tu uilcon pereira?
que foste fazer na sorbonne
ter aulas com
sartre
ou cantar
a simone
?
antilírica
eu não
sou zen
muito
menos zhô
nem tão
pouco
zapa
nem ando
na contra capa
do teu disquinho
digital
não
alinho pela esquerda
nem à
direita do fonema
vôo no
centro/viagem
olho
rasante/miragem
veia
pulsante/poema
Artur Gomes
BraziLírica Pereira : A Traição Das Metáforas – Alpharrabio Edições
– 2000
https://braziliricapereira.blogspot.com/
A
nomes ou numes?
- a massa um dia ainda comerá os biscoitos finos que fabrico. cantarolava
DuBoi de Baudelaire pelo grande sertão serafim. pesava o trigo, lavava a roupa,
amassava o pão. jesus um velho coronel de joão Gullar não querendo saber das
massas mandou empastelar a padaria e incendiar o matadouro do caldo de cana.
DuBoi pensou então em ir embora de brasílica: sertãozinho, santo André,
ribeirão, rio preto, batatais e por fim nova granada de ouro preto e espanha. vestiu
seu uniforme de gala e foi prestar depoimento na cpi das metáforas:.
- como produtor das artes cínicas e mentor intelectual da sagaranagem federico de albuquerque Baudelaire vulgo DuBoi de bouvoir, mestre-sala do grêmio recreativo e escola de samba mocidade independente de padre olivácio, tem somente a dizer que virgem aqui só eu. as demais podem dar o capricórnio, peixe, aquário, vênus, quem sabe até balança mas não cai. como mestre-sala dos prazeres dos mares invisíveis entrego a vocês o destino das metáforas e volto à ilha das sereias. biscoitos finos, massas, padaria nem pão que o diabo amassou, às mulheres deixo somente a fome e meus olhos genitais.
*
drummundana
itabirina
fedra
margarida a resolvida desfilava pela última vez portando falo. decidira decepar
o pênis e desnudar de vez a sua outra mulher. brazílica amanheceu incrédula:
manchetes, vozerios, falatórios, assembléias, faixas, cartazes. por todos as
vias multivias, multimeios os ofendidos habitantes brazilíricos inconformados
com a fedra passearam em plebiscito vociferando Não ao Sim. e margaria flor impávida lá foi beira-mar olhando estrelas no cruzeiro. mas
césar que não é castro continuou a pigmentar seu mastro na outra parte da tela. e um dia fedra
sorrindo, com o pênis/baton da louca,
foi ao boca de luar da fedra e voltou com o luar na boca.
quatrilha
nasci na cacomanga
que amava tapera
que amava lagamar
que amava ururaí
cresci ali jogando bola
bola de meia bola de gude
em plena juventude
amei na comunidade
me veio então mocidade
com poesia no pulso
com poesia na veia
e nessa teia aranha
tece
um novo dia amanhece
feliz na maturidade
metáfora de um outro ser
quero matar a saudade
da terra que me viu crescer
abro a minha fala com esse
que acabo de
escrever
Artur Gomes
poema especialmente escrito em 17 novembro 2024 – para a fala
que farei no Ciep João Borges Barreto em Ururaí – Campos dos Goytacazes-RJ – no
próximo dia 19.
leia mais no blog
e ela vai pintando
o homem com a flor na boca
com seus pincéis de aquarela
poema que só é possível
pelas lentes dos olhos dela
Artur Gomes
poema do livro
O Homem Com A Flor Na Boca
leia mais no blog
https://arturgumes.blogspot.com/
*
Com os Dentes Cravados na Memória
No dia 26/6, de 2019 acompanhado de Álvaro Manhães na guitarra
e Iviih Cabral na percussão tive o prazer e honra de abrir a programação da
Casa das Artes do SESC Campos, com um fragmento da performance Poesia Para
Desconcertos. Tenho uma história ligada ao SESC que já se vão 45 anos. Em 1974
em parceria com Paulo Ciranda vencemos o Festival de Música com a canção
Caminho de Paz.
Em 1975 voltei a vencer este mesmo Festival com a canção Ponto
de Luz, em parceira com Vitor Meirelles (Pardal). Já perdi as contas de quantas
performances das mais variadas multi/faces multi/mídias já fiz no SESC em
eventos de Bossa Nova, Rock And Roll e Blues/Jazz. Também já perdi as contas de
quantas Oficinas e Cursos nas áreas de Poesia e Teatro, já dirigi por lá.
Meus primeiros trabalhos como ator na década de 70, form
realizados no SESC com direção de Orávio De Campos Soares, em 1976 com Fando e
Liz, de Fernando Arrabal e em 1977 com Avatar, de Paulo Afonso Grisoli.
Gosto sempre de lembrar que na primeira edição do
Boi-Pintadinho(1980), o SESC era o nosso QG, de lá saíamos em cortejo para a
rua com o Boi puxado por uma, (então menina) de nome Rosângela, que mas tarde
se tornaria Rosinha, a ex-governadora e ex-prefeita de Campos.
Em 2002, foi no SESC Campos que fizemos o primeiro lançamento
do CD Fulinaíma Sax Blues Poesia.
A Casa das Artes do SESC Campos, está totalmente equipada e
instrumentada para fomentar cultura e a produção artística não só de Campos,
mas de toda a região Norte/Noroeste do Estado do Rio.
Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Fulinaíma MultiProjetos
fulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 – whatsapp
@fulinaima @artur.gumes
MOENDA
usina
mói a cana
o caldo e o bagaço
usina
mói o braço
a carne o osso
usina
mói o sangue
a fruta e o caroço
tritura suga torce
dos pés até o pescoço
e do alto da casa grande
os donos do engenho controlam
:
o saldo e o lucro
Artur Gomes
dos livros - Suor & Cio - 1985
e Pátria A(r)mada - Editora Desconcertos – 2019 – Prêmio Oswald de Andrade – UBE-Rio 2020 – 2ª Edição – 2022
Fulinaíma MultiProjetos
22 99815-1268 – zap
@fulinaima @artur.gumes
metáfora
meta dentro meta fora
que a meta desse trem agora
é seta nesse tempo duro
meta palavra reta
para abrir qualquer trincheira
na carne seca do futuro
meta dentro dessa meta
a chama da lamparina
com facho de fogo na retina
pra clarear o fosso escuro
Artur Gomes
Poema do livro Pátria A(r)mada
Prêmio Oswald de Andrade – UBE-Rio- 2020 - Desconcertos Editora –
2ª Edição 2022
Fulinaíma MultiProjetos
22 99815-1268 – zap
@fulinaima @artur.gumes
leia mais no blog
Artur Gomes – FULINAIMAGENS