Balbúrdia PoÉtica
Por Onde Andará Macunaíma?
Edição Especial
Dia 30 de junho no C. E. Paulo Roberto D. Mendonça em Ibitioca
– Campos dos Goytacazes-RJ
Com o Trio Balbúrdico: Artur Gomes, Estefany Nogueira e
Paulo Victor Santana
Concepção & Direção: Artur Gomes
O sax na voz da palavra dentro do poema
*
o impulso aqui não é pouco o espírito grita dentro do corpo deliro feito louco de tanta sede e fome como quem não vive em paz como quem não come há muitos séculos atrás
Artur Gomes
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Fotos: Nilson Siqueira
BalBúrdia PoÉtica 10
Poesia Ali Na Mesa
Casa da Palavra – Santo André-SP
Dias 12 de julho das 14 às 19h
Praça do Carmo, 171
Curadoria:
Artur Gomes, Cesar Augusto de Carvalho, Julio Mendonça, Jurema Barreto e Silvia Helena Passarelli
Homenagens:
Poesia Viva: Dalila Teles Veras
a memória de Antônio Possidônio Sampaio, Francis de Oliveira e Wilma Lima
exposição - livros - roda de conversa - performances - homenagens
*
Balburdiar : Eis O Verbo
Balbúrdia significa desordem barulhenta; vozearia, algazarra, tumulto. É isso que se propõe realizar na Casa da Palavra, em Santo André, em 12 de julho.
Projeto do multiartista Artur Gomes que passa por diversas cidades brasileiras, especialmente no eixo Rio – São Paulo, a Balbúrdia Poética chega a Santo André propondo ser um local de reflexões, trocas e muita poesia.
Poetas confirmados:
Abel Coelho + Ademir Demarchi + Alessandro de Paula + Antonio Carlos Pedro +Armando Liguori Jr. + Arnaldo Afonso + Augusto Contador Borges + Beth Brait Alvim + Betty Vidigal + Carlos Galdino + Carolina Montone + Cleber Baleeiro + Décio Scaravelli + Danihell TW + Dilène Barreto + Dione Barreto + Elcio Fonseca +Franklin Valverde + Urbanista Concreto + Ieda Estergilda Abreu + Ingrid Morandian + Jane Arruda de Siqueira + Julio Bittar + Junior Belle + Luisa Silva de Oliveira + Luiz Henrique Gurgel + Marcelo Brettas + Marise Hansen + Paulino Alexandre + Remisson Anicetto + Roberto Bicelli + Rosana Venturini + Roza Moncayo + Vera Barbosa + Vlado Lima
22 99815-1268 – zap
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essa África nos meus olhos
e navegar é minha sina
em toda febre todo fogo
que incendeia o
continente
nos teus olhos de
menina
eu sou um poeta e nunca
fui a China
mas vermelho é o meu sangue
desde que nasci
Artur Gomes
poema do livro Suor
& Cio
1985
Eu nunca fui a grande aposta
Minha família não me achava a mais inteligente
na verdade, até hoje não acham
Meus professores nunca viram em mim um futuro brilhante
Eu sempre fui aquela menina
com notas medianas
beleza mediana
com pouco amigos
que frequentava poucos lugares
Mas eu sempre sonhei em ser essa mulher
independente, segura, cheia de si
Eu nunca sonhei em me casar
usar véu, entrar numa igreja vestida de branco
Eu não gosto de igrejas, muito menos de branco hahaha
e sinceramente com tão poucas pessoas que eu convidaria
não ocuparia uma fileira sequer hahaha
É engraçado né?
parece que eu vivo a vida que eu sempre sonhei
Amo meu trabalho
me mudei pra cidade que eu queria
construí essa mulher forte e independente
Fui a primeira da minha família a me formar na faculdade
conheci pessoas incríveis
fui a shows dos meus artistas favoritos
Nadei no mar até anoitecer
inclusive foi no mar que eu aprendi a nadar
e perder o medo e o frio na barriga de quando não dá mais pé
Durante a minha vida eu amei loucamente pessoas que nunca
beijei
e também beijei pessoas que eu nunca consegui amar
E por mais que pareça que eu já tenha vivido 98 anos
na verdade não cheguei nem na metade disso
E o que mais me assusta é saber que um dia eu não vou estar
mais aqui
sim, eu tenho medo de morrer
Eu tenho tanto medo de não poder mais te olhar nos olhos
de não poder mais sorrir e chorar
de não poder mais usar a minha voz pra te emocionar
Eu tenho tanto medo de nunca mais pisar num palco
de nunca mais sentir esse frio na barriga...
Uma vez um professor de teatro me disse
que o meu papel é fazer a plateia reagir
não importa se vão te vaiar ou te aplaudir
a plateia só não pode dormir
Então... por favor... reaja!
Ellen Souza
Quem pagará o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Quem, dentre amigos, tão amigo
Para estar no caixão comigo?
Quem, em meio ao funeral
Dirá de mim: - Nunca fez mal...
Quem, bêbedo, chorará em voz alta
De não me ter trazido nada?
Quem virá despetalar pétalas
No meu túmulo de poeta?
Quem jogará timidamente
Na terra um grão de semente?
Quem elevará o olhar covarde
Até a estrela da tarde?
Quem me dirá palavras mágicas
Capazes de empalidecer o mármore?
Quem, oculta em véus escuros
Se crucificará nos muros?
Quem, macerada de desgosto
Sorrirá: - Rei morto, rei posto...
Quantas, debruçadas sobre o báratro
Sentirão as dores do parto?
Qual a que, branca de receio
Tocará o botão do seio?
Quem, louca, se jogará de bruços
A soluçar tantos soluços
Que há de despertar receios?
Quantos, os maxilares contraídos
O sangue a pulsar nas cicatrizes
Dirão: - Foi um doido amigo...
Quem, criança, olhando a terra
Ao ver movimentar-se um verme
Observará um ar de critério?
Quem, em circunstância oficial
Há de propor meu pedestal?
Quais os que, vindos da montanha
Terão circunspecção tamanha
Que eu hei de rir branco de cal?
Qual a que, o rosto sulcado de vento
Lançará um punhado de sal
Na minha cova de cimento?
Quem cantará canções de amigo
No dia do meu funeral?
Qual a que não estará presente
Por motivo circunstancial?
Quem cravará no seio duro
Uma lâmina enferrujada?
Quem, em seu verbo inconsútil
Há de orar: - Deus o tenha em sua guarda.
Qual o amigo que a sós consigo
Pensará: - Não há de ser nada...
Quem será a estranha figura
A um tronco de árvore encostada
Com um olhar frio e um ar de dúvida?
Quem se abraçará comigo
Que terá de ser arrancada?
Quem vai pagar o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Vinicius de Moraes
O AMOR
(Vladimir Maiakovski).
Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos,
apareça
numa alameda do zôo,
sorridente,
tal como agora está
no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela,
que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame
de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então,
de todo amor não terminado
seremos pagos
em inumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
– Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo,
a mãe,
pelo menos a Terra.
Vladimir Maiakovski
terra de santa cruz
I
ao batizarem-te
deram-te o nome:
posto que a tua profissão
é abrir-te em camas
dar-te em ferro
ouro
prata
rios
peixes
minas
mata
deixar que os abutres
devorem-te na carne
o derradeiro verme
Artur Gomes
poema dos livros Couro Cru & Carne Viva - 1987
e Pátria A(r)mada - 2022
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nesta cidade de palha
minha balbúrdia poética
não falha
corta palavra morta
na nervura dessa pedra
na carnadura desse osso
corte grosso de navalha
pra descascar esse caroço
Rúbia Querubim
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CarNAvalha Gumes
Escrito nos anos de 1990 este poema hoje no Brasil é atualíssimo visto esse atual congresso da
desordem democrática que o país em hoje. O que será que fizemos nos verões passados
para chegarmos a essa situação?
neste país de fogo & palavra
se falta lenha na fornalha
uma mordaz língua não falha
cospe grosso na panela
da imperial
tropicanalha
não me metam nesses planos
verdes/amarelos
meus dentes vãos a(r)mados
nem foices nem martelos
meus dentes encarnados
alvos brancos belos
já estão
desenganados
desta sopa
de farelos
Artur Gomes
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Balbúrdia PoÉtica 10
Dia 12 de julho
Das 14 às 19h
Casa da Palavra – Santo André-SP
Blog atualizado com poemas de Julio Mendonça e Simone Bacelar
Jura secreta 34
por que te amo
e amor não tem pele
nome ou sobrenome
não adianta chamar
que ele não vem quando se quer
porque tem seus próprios códigos
e segredos
mas não tenha medo
pode sangrar pode doer
e ferir fundo
mas é razão de estar no mundo
nem que seja por segundo
por um beijo mesmo breve
por que te amo
no sol no sal no mar na neve
Artur Gomes
poema do livro Juras Secretas
Litteralux – 2018
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Todo dia é dia D
santo de casa
não faz milagre
já me dizia Padre Olímpio
lá pelos idos de 1974
dentro da tipografia
depois aprendi com Torquato Neto
que todo dia é dia dela
todo dia é dia d
e então poesia é o que entrego
ao desafeto
com toda flor do bem querer
Artur Gomes
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Meu corpo não trafega pelos mares de lisboa procura por corpos desconhecidos pelos búzios da pessoa que ainda em maresia me provoca quando passa em ventania pelas frestas das janelas dos navios e não viu meus olhos d'água em direção aos olhos dela
Artur Gomes
Drummundana Itabirínica
Lidiane Carvalho Barreto na Balbúrdia PoÉtica 9 falando o poema Itabapoana Pedra Pássaro Poema de Artur Gomes
12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ
tabapoana Pedra Pássaro Poema
uma metáfora
não é apenas uma metáfora
quando a pedra é pássaro
em gargaú
às 5 horas da tarde
as garças voam
em direção
ao outro lado da pedra
em guaxindiba
tenho em mim
que pássaros voam
peixes nadam
quando procuram
outro pouso
bracutaia eterna lenda
estranho pássaro
da pedra ouviu o grito
que voou de gargaú pro infinito
Artur Gomes
poema do livro Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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Hoje
Balbúrdia PoÉtica 9
No Café Literário – 14h
12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ
Artur Gomes convida:
Clara Abreu + Grupo Gotta + Jailza Mota + Joilson Bessa + Lidiane Carvalho Barreto + Maycon Maciel + Paulo Victor Santana + Reubes Pess + Rossini Reis
Artur Gomes convida:
Clara Abreu + Grupo Gotta + Jailza Mota + Joilson Bessa + Lidiane Carvalho Barreto + Maycon Maciel + Paulo Victor Santana + Reubes Pess + Rossini Reis
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
uma metáfora
não é apenas uma metáfora
quando a pedra é pássaro
em gargaú
às 5 horas da tarde
as garças voam
em direção
ao outro lado da pedra
em guaxindiba
tenho em mim
que pássaros voam
peixes nadam
quando procuram
outro pouso
bracutaia eterna lenda
estranho pássaro
da pedra ouviu o grito
que voou de gargaú pro infinito
Artur Gomes
Do livro Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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choveu pedra em São Francisco do Itabapoana se de gelo ou granizo inda nem sei só depois da apuração da comissão de inquérito instaurada por alguns moradores da localidade do Macuco saberei.
Federico Baudelaire
cada qual com sua Natureza , pode ser garoa ou correnteza , é o tempo comandando a sua Fortaleza
Zhô Bertholini
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O Sol de César
poema de Salgado Maranhão
do livro em processo
"ARTE DE MATAR"
O Extraordinário, Magistral, Magnífico, poeta Salgado
Maranhão, estará na 12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ - dia 4 de
junho ao lado de Pedro Luis - na mesa Entre A Poesia E A Música - das 18:30 às
19:30h na Arena das Ideias -
Imperdível
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O poeta enquanto coisa
o meu lugar não é aqui
o meu lugar não é ali
o meu lugar é lá
onde garrincha entorta
os laterais esquerdos
dibla até o goleiro
e debaixo da trave
não faz o gol
um desacerto
volta ao meio do campo
para re-começar o desconcerto
Artur Gomes
O Sol de César
poema de Salgado Maranhão
do livro em processo
"ARTE DE MATAR"
O Extraordinário, Magistral, Magnífico, poeta Salgado
Maranhão, estará na 12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ - dia 4 de
junho ao lado de Pedro Luis - na mesa Entre A Poesia E A Música - das 18:30 às
19:30h na Arena das Ideias -
Imperdível
*







Balbúrdia PoÉtica 9
A resistência através da poesia
Dia 4 – junho – 14h
Café Literário – 12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ
Artur Gomes convida:
Grupo Gotta + Jailza Mota + Jilson Bessa + Lidiane Carvalho Barreto + Maycon Maciel + Reubes Pess + Rossini Reis
Kapi – presente – Lenilson Chaves – presente – Marielle Franco – presente – Maria Helena Gomes – presente – Ive Carvalho – presente – Lucia Miners – presente
Selvagem
" enterrem meu coração
na curva do rio"
peço
como pediu um índio
que, estrangeiro,
sabia falar a língua
da minha flauta alma,
índia que sou,
selvagem
Se as pernas cruzo
social,
em vernissagens,
a alma é acocorada,
ouvido alerta
para os ruídos
quase nada
de uma selva
em que, matreiro,
o inimigo surja.
Se, requintada,
canapés mordisco,
Dama da Corte,
a alma antropofagicamente,
rosna
o seu pedaço de caça.
Bebo na concha
das mãos
água riacho
quando levemente
seguro a taça
em que me servem
a mesma água.
O banho perfumado
em sabonete e shampoos,
é, apenas,
o verniz
que descascado,
desvenda o banho,
que, em meu rio,
limpo o corpo
com folhas
e flores abertas
madrugadas.
Jamais estive grávida,
mas prenhe;
nunca me nasceram filhos,
os pari,
quando meu grito
primevo
se fez soluço
ao agarrá-los,
fera,
e lambê-los
crias, curumins.
Cheiro, disfarçada,
o ar desses salões
e o meu faro
é faro de onça
na espreita
do perigo,
como só índio
e animal
sabem espreitar.
Meu grito de guerra
ecôa no silêncio,
se palavra cambaia
agride a minha
escuta
e não confundo
doce, àquela que amarga,
mesmo que enfeitada
em pétala de flor.
Sei exatamente
o curso do meu rio,
guia seguro,
mateiro,
meu irmão,
que me levará
a salvo
à clareira
em que adormeço.
Por isso peço:
"enterrem meu coração
na curva do rio".
E meu rio
é esse Paraíba
que se disfarça civilizado,
já que, em cidade corre,
mas que é,
como todo rio,
o que desliza na selva
em que algum dia
nasci.
Lucia Miners
Fulinaíma MultiProjetos
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