O Boi-Pintadinho
levanta meu boi levanta
que é hora de viajar
acorda boi, povo todo
povo e boi tem que lutar
levanta meu boi mineio
pintadinho e brasileiro
ninguém quer que o ferro em brasa
entre vivo sem seu traseiro
boi-animal de minha casa
mugindo em berro e desespero
levanta meu boi levanta
levanta meu boi menino
de poucos anos de história
tua carne não foi santa
nem santa a carne será
cataram teu ouro todo
e secarão teu paraná
levanta meu boi levanta
levanta que é tempo ainda
boi do frevo de Olinda
pois as tardes que eram mansas
estão caiadas de suor
mas teu passo é uma dança
vem traze coisa melhor
Fragmento do livro O Boi-Pintadinho de Artur Gomes, musicado por Paulo Ciranda – música vencedora do Festival de Miracema em 1981 – posteriormente
Cantamos na TVE-Rio e em 1982 Ciranda cantou O Boi-Pintadinho no programa Som Brasil pilotado por Rolando Boldrin na TV Globo.
O livro O Boi-Pintadinho, foi lançado em 1980com prefácio de Osório Peixoto Silva e imediatamente o transformei em Auto para Teatro Popular de Rua. Na primeira versão ainda em 1980, tínhamos no elenco, personas do teatro popular de Campos dos Goytacazes-RJ, como Amauri Joviano(dançarino), Pavuna, Verton, Ferrugem, Guilherme Leite, Gina Ruelles e Rosinha (Garotinho). A orquestra do Boi, era formada por estudantes da ETFC(Escola Técnica Federal de Campos), integrantes da Banda Marcial Olímpio Chagas.
Em 1981 passaram a integrar o elenco alunos da Oficina de Teatro, que dirigi de 1975 a 2002. Houve um período nessa época, que o meu parceiro Paulo Ciranda, morou em São Paulo, no apartamento do seu irmão Zilmar Araújo, que era técnico de gravação da gravadora Continental.
Nas minhas idas e vindas a São Paulo conheci um grupo de Teatro que encenava na época o espetáculo teatral Bumba-Meu-Queixada, veja no link abaixo:
file:///C:/Users/artur/Pictures/jornal-olho-vivo-nc.pdf - esse espetáculo me deixou criado dentro de sindicato de metalúrgicos, me deixou por 7 anos, refletindo o que fazer com o meu Boi-Pintadinho.
E em 1987 criamos a Ciranda do Boi Cósmico, um boi vestido de poesia, criado por Marcos Guimarães Maciel, professor do Laboratório de Eletro da então ETFC. Por ser um boi-eletrônico só encenávamos com ele pelas ruas de Campos em horário noturnos, porque seus olhos, duas lâmpadas movidas por uma bateria de 6 volts, piscavam de acordo com os seus movimentos.
O meu boi pernambuc
ano
dos cordéis dos Garanhuns
cada verso em teus açoites
rasga os panos dos nenhuns
com as espadas de São Jorge
com as rezas dos Oguns
o meu boi é brasileiro
êta boi cabra concreto
se um dia passa fome
noutros dia nós come
o campos neto
o meu boi é veranista
o meu boi é macutraia
misturamos Macunaíma
com o lendário bracutaia
ê meu boi da paraíba
mesmo fosse alagoano
nosso Brasil é soberano
e não vamos nos render
pra esse tal de trump americano.
Artur Gomes
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Coletânea de Poetas Vivos
mudança
com eu posso esconder
quando a tristeza é quem me vê
quando a própria vai além
e me leva de refém
de forma crua , uma mudança nua
com pessoas que eu não conheço
visões que eu não me lembro
cheiros que eu não conheço
listas que eu não fui membro
caminhos que eu não andei
corações que nunca amei
nostalgia que me deixa leve
por palavras vãs
que me trazem paz
do furacão que me desfaz
e que cresce, cresce e cresce
me corrói e me destrói
e me leva
cada vez mais para o centro
e eu não dou um passo
não faço um movimento
não grito por ajuda
não choro e nem pergunto
de quem foi a culpa
E mesmo ainda temendo e tremendo
do tremendo vazio
que se faz aqui dentro
procuro alívio nas brechas do sentimento
tentando controlar tudo o que ainda
dói
e como dói.
Yasmin Armaroli
Obs.: Yasmin é uma menina de 13 anos que conheci ontem na
minha noite dos 77 no Carioca Bar, é estudante do Colégio Estadual João Pessoa,
em Campos dos Goytacazes-RJ, deu tio Eduardo Armaroli e sua mãe Renata
Armaroli, sãos os proprietários do Carioca Bar, que fizeram questão que ela fosse ontem me conhecer. Com este
poema ela ganhou o Festival de Poesia do C. E. João Pessoas.
Artur Gomes
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