Poema para Abertura do Sarau Cultural
As Multilinguagens no Museu- 4ª
Edição - Dia 30 junho – 19h 
No Museu Histórico de Campos 
em memória de Kapi e Yve Carvalho 
Pontal.Foto.Grafia 
Aqui, 
redes em pânico pescam 
esqueletos no mar 
- esquadras - descobrimento 
espinhas de peixe convento - 
cabrálias esperas relento - 
escamas secas no prato 
e um cheiro podre no 
AR 
caranguejos explodem 
mangues em pólvora 
Ovo de Colombo quebrado 
areia branca inferno livre 
Rimbaud - África virgem 
carne na cruz dos escombros 
trapos balançam varais 
telhados bóiam nas ondas 
tijolos afundando náufragos 
último suspiro da bomba 
na boca incerta da barra 
esgoto fétido do mundo 
grafando lentes na marra 
imagens daqui saqueadas 
Jerusalém pagã visitada 
- Atafona.Pontal.Grussaí - 
as crianças são testemunhas: 
Jesus Cristo não passou por aqui 
Miles Davis fisgou na agulha
 
Oscar no foco de palha 
cobra de vidro sangue na fagulha 
carne de peixe maracangalha 
que mar eu bebo na telha 
que a minha língua não tralha? 
penúltima dose de pólvora 
palmeira subindo a maralha 
punhal trincheira na trilha 
cortando o pano a navalha 
- fatal daqui Pernambuco 
Atafona.Pontal. Grussaí - 
as crianças são testemunhas : 
Mallarmé passou por aqui. 
bebo teu fato em fogo 
punhal na ova do bar 
palhoças ao sol fevereiro 
aluga-se teu brejo no mar 
o preço nem Deus nem sabre 
sementes de bagre no porto 
a porca no sujo quintal 
plástico de lixo nos mangues 
que mar eu bebo afinal? 
Artur Gomes
do livro Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
foto: Alice Lira
leia mais no blog https://secretasjuras.blogspot.com/
Poema de Adriano Moura
Para a 4ª Edição do Sarau Cultural
As Multilinguagens no Museu
Dia 30 de junho 19h
no Museu Histórico de Campos 
Porque não só rio
Porque me cortas a cidade
E o peito
Com águas e lembranças,
Deságuas nos meus olhos
Alegrias e detritos,
Alimentas e derrubas
Minhas casas e esperanças
E quando seco
Meninos brincam nas areias de teus
quintais
Porque inspiras protestos e poesias
Dais abrigo a beatas e piranhas,
Lavas homens e animais...
Rio
E te atravesso apesar das correntezas
E
Só 
Rio
Porque tens lágrimas demais
E meus dentes se misturaram a teu
lodo fértil,
Manguezais formaram-se em minha boca,
Guaiamuns fartaram-se de poesia
E as palavras tragaram os catadores
de livros
E puãs
Entre a minha
e a tua vida
há o naufrágio de grandes vapores
e a teimosia de pequenos barcos
Rio 
Porque me guarda um beijo quente
O oceano
Sarau Cultural – As Multilinguagens
no Museu
Dia 30 junho 19h – no Museu Histórico
de Campos 
performance teatral: poema Usina –
autor: Antônio Roberto de Góis Cavalcanti – Kapi
Usina:
Usina são uns olhos
Despertados antes do sol.
A boca mal lavada 
num gole de café
e um esfregar de mãos
para aquecer o dia.
Usina é uma longa 
e curta
caminhada.
Inventada em carrocerias,
carroças e bicicletas
ou um usar de pés
para se fazer o dia.
Usina é um balé:
de lenços de cabeça,
camisas de xadrez,
foice e facão
entre gole e outro
de café.
Usina é um apito,
de sol à pino 
(feito de marmitas)
quando os olhos nada dizem
e as bocas são limpas
por mãos em costas.
Usina é um gosto
(doce-amargo)
de uns caldos
escorrendo,
ora nas moendas
ora nos moídos.
É um fazer-de-conta,
pós-apito,
na birosca ao lado
com uns parceiros:
um remedar de vida.
Depois 
um mal dormir
de pais e filhos
(de fome, de frio, de medo)
para que antes do sol 
se tenha despertado.
USINA É USURA.
São uns olhos
que se estendem
quando em vez
a casa grande.
São umas vidas
escapando
pela chaminé.
Antonio Roberto de Gois Cavalcanti
(Kapi) – ATO 5 – GRUPO Uni-Verso - Campos dos Goytacazes-RJ – 1979 
encenação: Paulo Victor Santana e
Jonas Menezes
Direção Cênica: Paulo Victor Santana 
Leia mais no blog
https://fulinaimagens.blogspot.com/
Movimento Companhia de Dança
apresenta coreografia inédita em homenagem a Gal Costa, no Sarau Cultural – As Multiliguagens
no Museu 
Dia 30 junho – 19h – no Museu
Histórico de Campos.
foto: Cristiano França - pra sempre fotografia
Direção: Maurício Arêas 
Rapper
Zabú e Ancorano estarão nesta sexta 30 de junho às 19h mostrando  algumas músicas  de seus repertórios no Sarau Cultural – As Multilinguagen
no Museu – no Museu Histrórico de Campos 
Produção e Direção Musical: Saullo Oliveira
leia mais no blog https://fulinaimagens.blogspot.com/
Nesta 4ª Edição do Sarau Cultural As
Multilinguagens Museu, entre uma atração e outra teremos dicas sobre Educação
Ambiental, com o Engenheiro Ambiental, Professor e Escritor: Cristiano Peixoto Maciel
Dia 30 junho - 19h
no Museu Histórico de Campos 
leia mais no blog 
https://fulinaimargem.blogspot.com/
Sarau
Cultural – As Multiliguagens no Museu
Dia 30
junho 19h – no Museu Histórico de Campos 
performance
poética musical: Saullo Oliveira e Gabrielle Almeida
música:
Boi Pintadinho – Artur Gomes/Paulo Ciranda
poema:
Muda – Aluysio Abreu Barbosa 
muda
a memória sai da toca
sobe pela palafita
ainda escorrendo lama
e me fita
com olhos de caranguejo
entre as tábuas do piso
do bar do espanhol
quando o pontal era ponta
tinha fé de igreja 
e luz de farol
na boca do mangue
passei minha rede de arrasto
mas só peguei filhotes de bagre
que me ferraram o pé
ao chutá-los de volta à água 
até que pedro me ensinou
a pegar pitu de mão
entre raízes do mato
na beira do alagadiço
hoje passo no mangue
e não piso na lama
mas na asfixia lenta
dos aterros do homem
e do avanço do mar
perto das ilhas da convivência e
pessanha
siamesas da mesma terra
onde ficou minha casca da muda
de caranguejo a espera-maré
atafona, 06/2000
Aluysio Abreu Barbosa
*Poema vencedor do IX FestCampos de
Poesia Falada, em 2007
e parte do repertório do espetáculo
poético teatral Pontal - criado e dirigido por Kapi – 2010 
Lunática
poema de Artur Gomes
publicado nos livros: Couro Cru & Carne Viva - 1987 - e Pátria A(r)mada -
2022 - ganha versão musical de Gustavo Rangel 
lunática 
um gato noturno
atira pedra nas estrelas
palavras e mais palavras
na carne da princesa 
onde o papel não bate
onde o pincel não toca 
o gato noturno lambe a barriga
bem perto da virilha
e trepa
no muro mais próximo
tentando alcançar o outro lado da rua
em seu instante letal
de desespero e solidão 
Direção: Paulo Victor Santana
Equipe de Produção:
Artur Gomes, Guilherme Freitas, Paulo Victor Santana, Jonas Menezes e Saullo Oliveira
Direção Geral: Artur Gomes













.jpg)

